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30 Oct 17:55

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22 Oct 11:48

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by ladybird13
08 Oct 12:49

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08 Oct 12:36

Langston Hughes

06 Oct 12:41

Mobstr

02 Oct 12:34

32 desde os 25

by acnoide

Esse ano, comemorei meu aniversário de forma antecipada. Fiz um churrasco em casa, convidei algumas dezenas de amigos, outra dezena de familiares e celebrei a proximidade dos “enta” – sim, os anos voam, sei que eles estão por aí, e chegarão em breve. O problema, talvez, é que pelas contas, eu teria, hoje, 39 anos. Isso porque desde os 25, me dizem que aparento ter mais de 30. Quando somos mais jovens – durante a adolescência, principalmente -, é muito bom ouvir isso: “Nossa, você tem 16? Pensei que tivesse 20!” Denota maturidade, experiência, inteligência. Já quando se passa dos 20, ah, meu amigo… você vira tio ou tia.

Lembro da fatídica vez que estava no Hangar 110 com um amigo (não lembro qual) para ver um show. No intervalo entre uma banda e outra, fui ao bar e o encontrei conversando com uma garota. Típica da casa: cabelo tingido, piercing no nariz, alargador na orelha e camisa de banda. Entrei na conversa por não conhecer mais muita gente por ali. Em certa altura, ela faz a pergunta que homem nenhum gosta de ouvir, ainda mais vindo de uma mulher.

– Quantos anos acha que tenho?

Sinceramente, não faço a menor ideia do porque ela tenha me perguntado aquilo. Mas senti um frio na espinha. Mulher é diferente. Se você diz que ela é mais nova, entende que parece menina, criança. Se você chuta alto, leva aquilo como uma ofensa. Chutei colocado, com calma.

– Bem, você não aparenta ter muito mais do que realmente deva ter – completei com um risinho a resposta patética.
– Mas, fala! Sério! Quantos anos? – maldita.
– Ahm, vejamos… você está num show onde a maioria do pessoal tem entre 25 e 30… então… tem… 25?
– Isso! Tá vendo, fulano? (esse amigo que não me lembro quem é) Ele acertou na hora!
– É que aparenta, mesmo – mentira, ela tinha cara de uns 29, mas né…

Foi então que o fulano – também maldito – mandou a pá de cal:

– E você? Quantos anos acha que o Koelho tem?

A resposta foi tão rápida e certeira que jurei ter deixado o RG cair do bolso.

– 32!

Acenei com a cabeça afirmativamente e pedi licença da conversa para ir fumar. E lamentar: eu já tinha cabelos brancos aparentes na lateral da cabeça. Eu já tinha rugas na testa. Eu tinha sido visto como um cara que se chama de “tio” ou “senhor” por uma “adulta” de 25 anos. E eu também tinha 25.

Contei para a esposa – à época, namorada – que riu. “Quem manda ficar xavecando essas menininhas roqueiras por aí?”

Se tivesse sido um xaveco, de repente, não teria me sentido tão incomodado. Lembro que naquela semana fiz a barba 3 vezes. Cortei o cabelo. E não adiantou nada – eu tinha, mesmo, envelhecido mais rápido.

Hoje, aos 32, acho isso bom. Não ótimo. Mas bom. Ao menos, posso dizer que aos 32 já completei partes importantes da vida: já fiz um filho, já formei uma família, já “escrevi um livro” – considero fazer músicas como sendo a mesma coisa.

Só me falta plantar uma árvore.
Vou plantar uma daquelas enormes, centenárias, que crescem demais a ponto de estragar as calçadas com suas raízes e a rede elétrica com seus galhos. E ainda suja a rua inteira derrubando uma quantidade absurda de folhas.

Só para irritar, como todo velho faz.

25 Sep 12:58

imoquest: your face when











imoquest:

your face when

14 Sep 22:43

elle-lafille: micdotcom: Watch: Serena Williams shuts down a...

03 Sep 22:05

Married to the Sea

03 Sep 21:59

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27 Aug 21:39

Free falling

24 Aug 22:56

"983 Followers", a new mural by Daniel "SAN" Munoz in Scotland

by Street Art News
Daniel Munoz aka "SAN" recently stopped by Scotland where he spent a few hours working on a brand new indoor piece somewhere in the Scottish countryside.

Daniel Munoz aka "SAN" recently stopped by Scotland where he spent a few hours working on a brand new indoor piece somewhere in the Scottish countryside.
Entitled "983 Followers", the Spanish street artist created this beautiful piece of work which was painted on concrete using acrylic and brushes. The piece is showing hundreds of monochrome silhouettes giving a rather impressive effect.
Hit the jump for some extra angles on this artwork and then check back with us soon for more updates from Spain.

Read The Full Story »
19 Aug 14:45

Tem horas em que você para e reflete. E se auto...

by Camila
Tem horas em que você para e reflete. E se auto-analisa. E vê que putz, tá bom não. Tá legal não. Tu não tá fazendo nem 1/10 do que deveria, e, embora parte disso seja compreensível, há uma parte que não é porque ela se resume a: você perde tempo com coisas bobas. E o Triângulo das Bermudas da falta de produtividade, para mim, é o Facebook.

Eu acabo escrevendo muitas coisas lá, coisas que eu poderia escrever aqui. Eu percebi que eu realmente não consigo ficar sem escrever, seja onde for. E lá é fácil, as pessoas estão lá, e eu não divulgo esse blog porque é tão pessoal que chega a ser vergonhoso. E lá vai um texto, um textão, uma semi-crônica, uma reflexão. Um comentário no grupo de professores de inglês, um começo de discussão por conta desse comentário. Aquele texto sobre a Dilma, aquele texto sobre depressão, aquele texto sobre vícios, aquele texto. Vídeos de gente engraçada, comentários, mais vídeos, e quando eu vi eu estava soterrada num mundo que não é o meu.

Recentemente um amigo falou "amor, você está gastando energia demais com coisas desnecessárias". Eu não desprezo o mundano, sabem. O mundano faz parte, as frivolidades idem. Mas quando isso está te atrapalhando e fazendo que seus níveis de procrastinação estejam tão altos quanto a poluição em Pequim, é porque chegou a hora de admitir: você tem um vício.

E resolvi gritar um SÓ POR HOJE, e desativei minha conta de lá, temporariamente.

Não acredito em dieta detox mas estou num detox do Facebook. Primeiro dia: fiz em 4 horas o que não fazia há dias. Segundo dia: nada de mais porque fiquei muito ocupada, mas li. Livro. Algo que eu não fazia há muito tempo. Terceiro dia: pretendo ir passear no Centrão porque tirei o dia de folga. Quarto dia: pretendo trabalhar e render no meu trabalho.

E assim por diante.

Uma vez fiz isso com o Twitter e funcionou. Nunca mais eu tive o mesmo hábito doentio de ler tweets compulsivamente. Vamos ver se agora conseguirei ser resgatada do Triângulo das Bermudas da Produtividade e começar a colocar minhas ideias de dominação mundial em prática.


19 Aug 12:13

Try and stop her

18 Aug 21:25

Meeting, The Gentleman’s Armchair

13 Aug 23:50

Uma coisa que aconteceu comigo semana passada no metrô e que, se eu fosse convidado pra participar de uma dessas coletâneas do tipo “I love rio” seria a trama do meu segmento

by João Baldi Jr.

city of god

daí que eu tinha saído do futebol lá na tijuca e entrei no metrô. no rosto aquele cansaço e aquele desespero que apenas o atleta de meio de semana e o jogador profissional márcio araújo conseguem demonstrar, o corpo como uma imensa pokebóla contendo dentro dela um pokemon chamado “dor” que falaria apenas “dor dor dor dor…arrependimento!”.

por ser a primeira estação as cadeiras tão vazias, sem aquele dilema moral de sentar ou não, então pego uma cadeira perto do final do vagão, me sento, coloco minha mochila do lado, vou dar aquela respirada funda que apenas pessoas cansadas e psicopatas de filme dão, e o metrô vai chegando na segunda estação. logo após ele chegar, eu, já respirando normalmente, decido pegar um livro na mochila e começo um elaborado processo de busca arqueológica porque apenas vou jogando as coisas lá dentro, sem muito critério.

é aí então que ouço a porta do fundo do vagão se abrindo – não era daqueles vagões novos, vazados, era dos vagões antigos, com portinha de maçaneta – mas sigo na busca pelo livro, que aparentemente se colocou entre uma cueca e meu tênis de ir pro trabalho. e aí eu, olhando na direção contrária, ouço o cara que acabou de entrar no vagão gritar bem alto

“QUEM TIVER DINHEIRO NA CARTEIRA AÍ JÁ PODE IR SEPARANDO PRA ME PASSAR, NADA DE GRACINHA, PODE SEPARAR…”

e aí o tempo, num fenômeno que eu, que tranquei a faculdade de ciência no terceiro período, só posso classificar como “muito doido”, se dilata mas também se comprime. se dilata porque eu tive tempo de pensar cerca de mil vezes o mantra “perdi tudo, vou morrer, perdi tudo, vou morrer, perdi tudo, vou morrer” e comprime porque eu nem tive tempo de conseguir achar a caceta do livro. tava muito escondido o livro. eu preciso organizar melhor essa bolsa, tá complicado achar qualquer coisa.

mas era aquilo. perdeu perdeu, e quando tu perde tu apenas perde, respira fundo, aceita que é a vida, aguenta o parabéns, com vela e tudo, com é big é big é big, porque se reagir é pior, vamos viver pra lutar outro dia. mas aí o cara, que tinha invadido o vagão gritando, completa a frase dele, é claro.

“QUEM TIVER DINHEIRO NA CARTEIRA AÍ JÁ PODE IR SEPARANDO PRA ME PASSAR, NADA DE GRACINHA, PODE SEPARAR…”

“…PORQUE EU TÔ VENDENDO O CHOCOLATE MAIS GOSTOSO DO RIO DE JANEIRO!”

e aí ele dá uma risada. aquela risada gostosa, aquela risada cheia, aquela risada do olho brilhar.

o filho da puta.

o filho da puta tava vendendo chocolate.

o filho da puta tava vendendo suflair.

peguei meu livro, xingando baixinho só pra mim. as pessoas ainda compraram uns 10 reais de suflair dele. a galera é foda, sério. a galera é foda.


Arquivado em:é como as coisas são, Crônicas, Rio, Sem Categoria, situações limite Tagged: a alegria e a sagacidade do carioca constrastando com o receio e o eterno desconforto do mineiro, a galera realmente é foda, a gente nunca tá preparado, aí não, assim você me quebra, atingindo seu pokemon interior, é a vida, chocolate suflair, Crônicas, dramas do cotidiano, histórias reais da vida real, o crime anda muito grande, pessoas, problemas, rio de janeiro, suflair sério suflair, vivendo no limite
12 Aug 15:07

Webcomics | ec8.jpg

ec8.jpg
07 Aug 12:32

Jenny Holzer

06 Aug 12:26

(1) Likes | Tumblr

by kleeft
06 Aug 12:24

~ Weird Animated Gif ~

by jean-manuel
04 Aug 23:15

3 breves momentos de sutil terror no processo de interação humana

by João Baldi Jr.

Parksandrec_Bendisaster

#a intimidade súbita: o ambiente é a academia, o aparelho é o supino, a carga é 40, mas o verdadeiro esforço vem quando o professor diz “vocês dois, revezando aqui”. você malha ali tem um ano, o cara já tava antes, mas vocês nunca trocaram uma palavra até esse momento e dá pra notar na feição dos dois que existia um plano quinquenal quase stalinista de manter as coisas assim. ele fala algo sobre regular o peso, você tira o fone pra responder, ele faz um comentário sobre a música na rádio, você tudo bem, aí ele ajuda a tirar um peso do caminho, você agradece. uma interação breve, uma interação simples, tudo bem menos pior do que você imaginava, você pensa. aí o professor comenta que a série tá boa, porque você tá bem suado, você diz que realmente transpira muito, é uma coisa que você tem, e aí o cara, que nunca tinha falado contigo antes e que pronunciou, nessa tarde, as três primeiras frases trocadas entre vocês dois, levanta a voz e diz “ISSO AÍ SUANDO DESSE JEITO QUANDO TRANSA DEVE SER UMA CHUVARADA DO CACETE NA CARA DA MINA, NÉ? ELA DEVE ACHAR QUE TÁ NUMA CACHOEIRA, PLOFT PLOFT SÓ ÁGUA, SÓ ÁGUA, É UMA DUCHA NA GAROTA”. “bem menos pior do que eu imaginava”, é a frase que você tinha dito pra você mesmo.

#o risco de ficar marcado pra sempre por causa de uma frase: daí que naquele ambiente você sempre foi calado. não interagia muito com as pessoas, não havia ganho intimidade com ninguém, num jogo de war você estaria com todos os seus exércitos num território chamado “na suinha” e teria atirado os dados debaixo da cama. chegava, resolvia seus problemas, saia e tal qual o lateral-esquerdo maxwell na copa do mundo no máximo cumprimentava uma pessoa imaginária pra passar um senso de que alguém lá conhecia você. e estava indo tudo muito bem, claro. você não precisava de mais do que isso em termos de interação humana e aquelas pessoas também não nutriam a menor curiosidade em relação a você, o que te permitia ser apenas mais uma presença anônima no local, sem ajudar e não prejudicar o dia de ninguém. e assim foi durante dias, semanas, meses, anos. até que um dia, você tava perto da janela, olhou de relance e um pombo voou de frente na direção do vidro. bateu. caiu. você tomou um susto. mas não foi um susto leve. foi um susto forte. quer dizer, não foi um susto forte. foi um susto forte pra cacete. quer dizer, não foi um susto forte pra cacete. foi um susto que você gritou CARALHO, POMBO, PUTAQUEPARIU, RATO DE ASA DO CACETE VAI DAR SUSTO NA CARALHA DA SUA MÃE, SEU BICHO SUJO DO INFERNO, CACETE DE CARALHA DE POMBO DE MERDA. agora todo mundo te conhece como “o cara que odeia pombos”.

#a piadinha tópica que cai no limbo das diferenças cognitivas: poucas coisas são mais perigosas do que hábitos e reflexos. você se acostuma com teto alto vai bater com a cabeça quando morar num local menor, você se acostuma com uma família barulhenta e quando almoça na casa dos outros parece que está gritando com as crianças, você tem o hábito de dormir sozinho e na manhã seguinte à noite em que perdeu a virgindade acorda empurrando a garota da sua cama porque MEU DEUS TEM UMA PESSOA NA MINHA CAMA QUE MERDA É ESSA. e claro, você se acostumou a fazer piadinhas. pai fazia piadinha, mãe faz piadinha, namorada faz piadinha, amigos fazem piadinha, daí você faz piadinha. até que um dia, num ambiente em que não se costuma fazer piadinha, você vai e faz piadinha. uma piadinha inocente, uma piadinha boba, uma piadinha daquelas do tipo “ah, mas quem nunca, né? risos”. mas a galera não conhecia a piadinha. a galera não tava familiarizada com a piadinha. a galera não manjava o pequeno paranauê retórico da piadinha que consiste em falar o “quem nunca?” não para solidarizar com a ação realizada mas sim para enfatizar com ironia o quão bizarra é a situação observada. em suma, agora acham que uma vez você já bebeu urina. é uma história meio longa.


Arquivado em:Rio, Sem Categoria, situações limite, Vacilo, Vida Pessoal Tagged: academia, acontece com todo mundo, antigo curso de inglês, é a vida, dramas da vida real, esse dia não foi fera, interação humana, mundo sem sentido, não foi uma ótima primeira vez, pessoas, problemas, realmente eu transpiro um pouco demais, séries canceladas, situações aí da vida, situações chatas, situações limite, situações na firma

04 Aug 17:30

Campania, Italy


Ella & Pitr in Campania, Italy


Ella & Pitr in Campania, Italy


Ella & Pitr in Campania, Italy

Campania, Italy

31 Jul 13:48

oh my gdO CAN YOU DRAW GODZILLA MOMMA CARRYING LIKE A HUNDRED LIZARD BABIES ON HER BACK FOR TAKE YOUR CHILD (lizard) TO WORK DAY

oh SHOOT well i cant swing 100 but how bout

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31 Jul 13:40

Bristol

28 Jul 13:35

Ant-Man, because.

28 Jul 13:33

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24 Jul 17:59

Ô abre alas

by brunomaron

maniqueismo


Arquivado em:dinâmica de bruto
22 Jul 12:59

An Incantation

by Grant

This comic/magic spell appears in the Summer 2015 issue of The Southampton Review. Thanks to editor Lou Ann Walker, and apologies to William Shakespeare.
22 Jul 12:28

sobre eva, nina simone e minha mãe

by noreply@blogger.com (Patricia C.)
Semana retrasada assisti o documentário sobre a Nina Simone no Netflix. É realmente uma pancada, mas isso aí todo mundo já falou - e super bem - nas redes sociais. Não é novidade. Pensei durante todos esses dias na forma como julgamos as outras pessoas tendo em vista o nosso modelo de reação. Eu não aceito que homem algum me bata. Então, sempre me custou entender mulheres que aturam esse tipo de tratamento, principalmente aquelas independentes financeiramente dos seus maridos, embora haja a dependência emocional. Minha mãe ficou casada dez anos com um agressor. Sempre tive dificuldade de entender como. Por quê? Por que não se separou antes? Como continuar apaixonada por um merda e se sujeitar a isso? Algumas pessoas estão tão inseridas em uma cultura que as rebaixa que é difícil para elas perceber. Em Django livre, filme do Tarantino sobre a escravidão, um dos personagens é um negro escravizado que defende os brancos e com essa defesa ele ganha "regalias" do seu opressor. No lançamento do filme foi a maior polêmica, pois a nossa ideia do negro vítima da escravidão é a de resistência e não de complacência. Lembro de uma matéria sobre um historiador negro que pesquisou seus antepassados esperando conhecer uma história de luta e bravura, descobriu que o tataravô era o capataz da fazenda, caçava negros fugidos e os trazia de volta ao inferno. Tanto o personagem da ficção, como o da vida real, foram vítimas de um sistema, aprenderam a jogar para poder sobreviver. Minha mãe, Nina Simone e tantas outras mulheres, não sofreram a violência com resignação por falta de coragem. Talvez, para elas, era a parte que cabia. É a conta menor que tiraste em vida. Tenho um conhecido que é gay assumido, mas detesta beijo gay em público, acha um desrespeito com os outros. Uma vez pensando, ponderei o fator idade, ele tem uns 50 anos, é de outra geração. Sendo ou não a idade, a raiz está no não reconhecimento da igualdade. Eu, gay, não sou igual a eles, heteros, não tenho os mesmos direitos, sou de uma classe inferior. É um sistema estrutural que te faz pensar assim. Faz ter ódio de si mesmo. Outro dia no grupo show de horrores no whatsapp, a gata perguntou se alguém conhecia uma diarista que passasse roupas, emendou dizendo "não aguento mais passar as roupas do meu marido". Ela trabalha, ele também. Nunca imaginaria um homem fazendo a mesma pergunta. Por que ela, mulher, acredita ter essa função? Veja bem. Se há uma troca, sem problemas. Eu passo suas roupas e você faz a comida, mas a gente sabe que essa não é a realidade. Meu ponto é. A gata tem 30 anos em 2015. Olha o sistema opressor que a faz achar natural passar as roupas e "cuidar" do marido. Enxergar é difícil e meu papel aqui não é julgar mulher nenhuma, é reconhecer que, tal como o capataz negro, elas também são vítimas. E não é por vontade ou por apatia. Mexer com a estrutura é algo revolucionário, pois estamos lidando com a mudança de crenças coletivas. Conheço Maria que namora João, que ficou com Bia, melhor amiga de Maria, bêbada. Maria rompeu com a amiga e permaneceu namorando João por entender que Bia buscou, Bia provocou, Bia bebeu porque quis, Bia pediu. Maria, veja só você, é feminista. Não vejo como contradição. Vejo com uma tristeza enorme, e mais uma vez, não faço julgamentos a ela. Entender os dez anos de casamento da minha mãe com o meu pai agressor, entender as agressões e os estupros sofridos pela Nina, entender amigas namorando babacas, tudo isso me foi, até um tempo atrás, extremamente difícil. Eu não percebia que meu dedo em riste - como você pode aturar isso - era também uma forma de agressão. Pela falta de compreensão do quanto uma estrutura é capaz de se perpetuar no mundo e no imaginário das pessoas. E se reconheço essa estrutura e luto contra suas correntes, não é todo mundo que iniciou o processo de libertação. Posso nunca ter aceitado apanhar de homem, mas um dia acreditei na falácia "mulheres não são confiáveis" e me orgulhava de ter a maioria de amigos do sexo masculino. Acreditei numa história contada desde antes da ideia de Adão e Eva surgir, ideia aliás que nem é exclusiva do velho testamento. A concepção de Adão e Eva, tendo a mulher como a responsável pela queda da humanidade, está presente em várias lendas da antiguidade. A quem interessou, ao longo dos anos, contar essa história? A mim, mulher, é que não foi. Meu objetivo hoje é de uma maior compreensão diante daquelas pessoas presas em correntes, não posso quebrar a corrente por elas, é um caminho longo e individual. Minha parte é estar aqui para esperar e dar apoio nesse processo.
16 Jul 14:03

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by Pai Osias