
touché.
According to chemistry, alcohol IS a solution.
Alan Portoeverybody!
Alan Portovia Osias Jota
O capitão desse navio deve ser um mestre em Tetris ou um especialista no joguinho de estacionar carros. A forma como ele manobra esse petroleiro, o Galway Fisher, no estreito Porto de Galway, na Irlanda, é simplesmente incrível de se ver por cima.
Ele não apenas encaixa o navio em uma passagem muito estreita, como também desvia de outro navio para fazer a curva e enfim atracar. Mestre!
O post Visão aérea incrível de um petroleiro atracando com perfeição em um porto estreito apareceu primeiro em Gizmodo Brasil.
Por longos anos da minha infância eu fui um menino de apartamento que não saía de casa pra nada. A minha vida era escola, video game e Cartoon Network. Por causa dessa superproteção, não tive a oportunidade de ser uma daquelas crianças que corriam só de camiseta e cueca no meio da rua. O saldo disso tudo (além de eu não virar um usuário de crack) é que eu me tornei um moleque frouxo.
A propósito, uma observação rápida sobre as crianças de cueca aqui. Já reparou que sempre tem uma dessas no seu bairro? É aquela criança com uma barriguinha protuberante, um umbiguinho estufado e que geralmente tem umas casquinhas de ferida no corpo que é melhor você não encostar. Depois procura bem.
E justamente por eu ser frouxo, quando finalmente tive liberdade para brincar nas ruas do meu Bairro Califórnia, eu não estava preparado. Eu simplesmente não tinha o Know-How. Além disso, o meu campo de diversão limitava-se apenas à minha rua (uma rua sem saída, diga-se de passagem). Ou seja, se todos quisessem brincar com o pessoal da rua do lado, eu não podia participar. Ir, por exemplo, à padaria, que era a dois quarteirões de distância, tratava-se basicamente uma aventura impossível.
Minha concepção de como era comprar pão.
Nessa minha realidade de não conhecer a vida como ela é, meio que perdi a noção de realidade muitas vezes. Coisas bobas eram o suficiente pra eu ficar neurótico e achar que iria a óbito em menos de 24h. Rapaz, se eu fosse contar todas as vezes em que achei que iria morrer por algo estúpido, daria pra escrever uma série de livros maior que Game of Thrones. E essas aqui foram três muito marcantes pra mim…
Quando eu tinha, sei lá, uns 7 anos, estava no quarto dos meus pais à noite vendo TV. Ao lado da cama, como toda boa cama, tinha um criado-mudo. E dentro dele um canivete do meu pai. Era um daqueles canivetes suíços bonitões da Victorinox que são vermelhos na medida certa pra chamar atenção de uma criança.
Olha que bonito
Eu, explorador que só, esperei o momento certo para abrir a gaveta quando ninguém estivesse vendo para pegar aquele artefato e descobrir como ele funcionava. Comigo não tinha receio, fui abrindo tudo sem pensar nas consequências. Puxei tesourinha, puxei serrinha, puxei a pinça…aí tinha um que estava emperrado. Fiz força. Continuava emperrado. Força força. Agora sim estava quase indo e PLUFT. A função mais cortante do canivete mostrou que não estava ali pra sacanagem. Aquela lâmina abriu muito rápido, muito de surpresa. E com a mesma velocidade, o sangue que circulava no meu dedo descobriu que estava livre para viver uma nova vida. Eu tinha me cortado.
O negócio sangrou, e olha, como sangrou. Eu olhei pro meu dedo e estava lá o melado escorrendo. Até então eu não tinha visto algo assim na minha vida. Pelo menos não ao vivo e muito menos comigo. Aquele cortezinho pra mim era um massacre e no mínimo eu iria virar uma peça de açougue. Fui correndo ao banheiro lavar aquela sanguinolência porque minha cabeça água salvaria. Eu botaria água lá e o sangue não sairia mais. Água é vida.
Só que nada impedia aquele dedo de sangrar.
A situação era basicamente essa
Qual o meu raciocínio lógico? Na escola aprendi que quando perdemos muito sangue, morremos. Ou seja, eu tava virando um cadáver ali mesmo. Comecei a chorar e a gritar no banheiro “EU TO MORRENDO, MAMÃE. ESTOU PERDENDO MEUS SENTIDOS, Ó MEUS PROGENITORES. YA NO PUEDO MÁS VIVIR, PAPÁ! ADIÓS”. Quando eles chegaram correndo a cena era eu no chão do banheiro sangrando esperando a morte me carregar.
Eu
Não morri. Eu era só burro mesmo. A lição estava aprendida e só encostei naquele canivete depois de 10 anos.
Esse não foi um caso isolado, mas sim recorrente. Quando eu era criança, um dos presentes que mais ganhava da família era Lego. Na época eu não tinha muita noção e acabei não dando tanto valor quanto deveria, MAS VOCÊS JÁ VIRAM O PREÇO DO LEGO HOJE EM DIA? Com uma dessas caixas temáticas grandes você já pode dar entrada num apartamento duplex em Ipanema. Dei uma breve pesquisada aqui no Mercado Livre e estou indiguilouco.
Qual a necessidade disso gente
Modéstia à parte, sempre mandei bem naquelas construções e vez ou outra me sentia o próprio Le Corbusier (acabei de colocar “melhor arquiteto do mundo” no Google e peguei o primeiro nome. Não vou mentir pra vocês). Minha carreira ia de vento em popa até o dia eu cometi o erro de ler a caixa do Lego.
Situando vocês melhor, sabe quando você pega uma bula de remédio depois de tomar, lê os efeitos colaterais e do nada começa a sentir todos ao mesmo tempo? É basicamente isso. Só que eu acredito que tenha levado a psicologia a um patamar muito maior: eu li que aquele brinquedo não era recomendado para crianças menores de 3 anos pois continha peças que poderiam ser engolidas.
Maluco…PRA QUÊ. Não teve nem desenrolo, NO ATO eu senti uma peça de Lego obstruindo a minha garganta. Isso sequer fazia sentido porque minhas duas mãos estavam segurando a caixa, eu não tinha colocado nada na boca e já tinha muito mais de 3 anos de idade. Não fez diferença: lá estava eu agoniado com a certeza de que meu sufocamento era iminente. Eu ia ficar roxo até morrer e pronto. Comecei a tossir alto como se tivesse sido envenenado com Cianeto, com as mãozinhas segurando meu pescoço e me estrebuchando no chão até meus pais chegarem no quarto.
Eu de novo
O que sei é que mesmo depois de constatarmos que não havia nada na minha glote, eu continuava sentindo ela lá. Inclusive só de ter lembrado disso eu já to sentindo de novo. É hoje.
A escola primária serve não só pra te dar uma base de conhecimento e te ensinar, mas também pra aterrorizar as suas noites de sono tranquilo. Quero dizer, nas aulas de ciências a gente via coisas que uma criança não pode ver assim sem uma preparação, sabe? Tem coisa perturbadora ali, coisa que mexe com a nossa cabecinha.
Tipo, lembra daquela imagem do Ciclo da Esquistossomose? Meu amigo, eu tinha um pavor daquilo. Até hoje eu não sei como funciona. Se eu prestasse atenção demais eu ia cismar que qualquer coisa que acontecesse comigo seria esquistossomose. Se eu entendi bem, parece que eu não posso ir em um lago e cagar em um caracol, sei lá. Olha a cara desse caipira.
Quê…
Numa dessas aulas conheci o Tétano. Esse bad boy foi o meu terror por muitos anos porque eu sabia que o tétano era uma realidade e que ele estava pronto pra me matar a qualquer deslize. Não tinha essa de anti-tetânica não. Pra mim ele era invencível. Tu já viu como o tétano te mata? Você começa a envergar que nem um berimbau e se der mole tu vai envergando até quebrar ao meio. TU ENVERGA ATÉ MORRER. Isso não é doença isso é praga bíblica.
Aí um dia eu estava brincando na rua com um menino chamado Pedrinho. O Pedrinho era mais velho que eu, o que nas regras das ruas, significava que eu sempre teria uma desvantagem. A brincadeira era show de bola: pegamos duas barras de ferro e encenamos clássicas cenas de combates de espadas. Tinha tudo pra dar certo.
Eu tava me sentindo o Sephiroth de Nova Iguaçu quando num momento de distração VLÁU a espada (barra de ferro) do Pedrinho cortou minha perna. Foi um corte razoável na panturrilha, sangrou bem mas não era nada que um poderoso Band-Aid não resolvesse. Só que eu lembrei o que causou aquele corte. E lembrei das aulas de ciências.
Puta merda eu tava com tétano. Tinha nem argumento. Aquele bastão de ferro a gente pegou na rua, é o próprio tétano em forma de objeto.
Fui correndo pra casa tomar banho com aquele desespero tomando conta de mim e antes de dormir eu peguei uma camiseta e meio que amarrei meus pulsos no meu tornozelo, de forma que eu ficasse deitado em posição fetal pra não envergar até morrer durante noite. Acordei inteirão e nunca mais me preocupei com tétano.
Quer dizer, eu fui dar uma olhadinha rápida na Wikipedia e…
Meu deus do céu, eu nunca mais saio de casa.