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As ilustrações de Camila Rosa têm uma potência impressionante. E sabe o motivo? Ela se entende como ser político e busca colocar no que desenha o que acha do mundo. Fala de feminismo, de resistência, da multiplicidade de ser mulher.
Ela conta mais disso na entrevista a seguir, espero que gostem!
Mais em: @camixvx e camilarosa.net
#entrevistadonttouch
#galeriadonttouch
#minasdonttouch
– Conta um pouco sobre você, sobre como você se encontrou na ilustração e o que você mais gosta de desenhar?
Eu sou a Camila, 29 anos, natural de Joinville/SC e formada em design de produto. Trabalhei na área da minha formação durante um tempo e em 2012, depois de terminar a universidade, decidi ir morar em SP pra começar a trabalhar com design gráfico e ilustração. Meu interesse pela ilustração de forma mais profunda veio através do Coletivo Chá – um coletivo de street art que eu faço parte na minha cidade natal com mais 4 amigas. Através do coletivo eu vi que era possível trabalhar com ilustração e arte e naquele momento eu decidi que queria viver disso. Mas como é muito difícil viver de arte no Brasil eu continuei trabalhando em agências de design e publicidade até 2016. Só em 2017 que passei a viver apenas como ilustradora e desde então eu me sinto muito mais segura com o trabalho que estou fazendo e gosto muito do que faço, gosto de desenhar mulheres de realidades diferentes, gosto de ilustrar sobre temas me que interessam, temas políticos que fazem parte das minhas posturas pessoais.
– O que a arte representa na sua vida?
A arte na minha vida é parte do que eu sou, minha urgência de mostrar minhas ideias ao mundo e também uma maneira de estar presente na vida das pessoas. Ela me dá a sustentação e a segurança em relação a viver dentro de uma sociedade tão problemática como a nossa e me incentiva a cada vez mais usá-la como ferramenta de transformação social, que é algo tão urgente pra mim.
– O que você acha que faz seu trabalho reverberar? Quais são os temas que você acha mais importante abordar?
Eu acredito que quando o trabalho aborda assuntos que as pessoas se identificam ele acaba chegando muito mais longe e de maneira muito mais profunda e relevante na vida das pessoas. Eu sempre tive uma urgência em falar sobre assuntos políticos que faziam parte da minha realidade ou que eu percebia como urgentes em relação ao mundo. Demorei pra conseguir encontrar um meio de abordar esses temas – que era tão intrínsecos pra mim, mas que eu não sabia como transpor para as minhas ilustrações. Hoje eu consegui me encontrar e transferir para o meu trabalho todos os meus posicionamentos como um ser político. Gosto de falar sobre feminismo e o universo feminino através de uma perspectiva alternativa, sobre racismo, homofobia, diversidade, libertação animal. Meu trabalho carrega a minha essência de maneira muito direta, quem me conhece pessoalmente percebe isso de maneira muito fácil.
– Como é ser mulher no seu meio?
É sempre um desafio ser mulher existindo nesse mundo, mas dentro da ilustração e do design é fácil de perceber que o mercado é um meio ainda altamente masculino e também estruturalmente machista. Dentro de agências o que sempre percebi é o que todo mundo percebe: que os grandes cargos normalmente são ocupados por homens, salvo exceções, claro. Mas como freelancer trabalhando em casa eu percebo que a maior dificuldade fica nas entrelinhas, na falta respeito e confiança no trabalho, no desafio de chamar nós mulheres ilustradoras pra matérias durante o ano todo e não só no mês de março, naquele pedido de emagrecer a personagem, de fazer ela seguindo um determinado padrão visual. Além da parte que, como feminista, ter que me posicionar contra muitas iniciativas, inclusive feita por mulheres que buscam abordar o feminismo apenas de maneira comercial, e não como um movimento político com diferentes visões e abordagens.
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O post Camila Rosa: ilustrações de um ser político apareceu primeiro em Don't Touch My Moleskine.