Shared posts

20 Feb 23:29

A gente lemos: Sabor Brasilis

by Poderoso Porco
Mahayana

fiquei a fim de ler, hein?


Nunca antes na história deste país eu acreditaria que ia ficar tão na pilha pra ler uma HQ sobre… novela!

Tudo começou no último FIQ, quando alguém (acho que foi o Hector Lima) me entregou um teaserzinho de uma nova HQ que estava sendo produzida, Sabor Brasilis. Esse teaser (que você pode ler aqui) narrava a história de uma mulher, Olívia que, sendo amante e estando grávida do chefe, está com seus dias contados. Um grupo de cinco misteriosas pessoas planejava como dar cabo da garota e de suas ambições. Seriam os Iluminatti? Alguns dissidentes das treze famílias sanguíneas que fundaram a América? Não senhor, nada tão ridículo! Os cinco algozes de Olívia (Antônio Callado, Matheus, Helena, Zulu e Lauro) não passam de… roteiristas de televisão, pois Olívia é apenas uma personagem da novela das oito duma certa emissora brasileira!

E é sobre isso que Sabor Brasilis, o álbum, supostamente versa – os obscuros bastidores da criação de uma novela das oito de sucesso, a Sabor Brasilis.

Hector Lima e Pablo Casado (os roteiristas) nos conduzem pelos bastidores (e os bastidores dos bastidores) de uma das produções culturais que praticamente é marca da sociedade brasileira, a telenovela. As intrigas, os jogos de poder, as emoções que evoca na população, tudo isso aparece na trama de maneira muito clara, muito crível, muito reconhecível.

Inclusive, faço gancho para puxar já meu maior elogio ao álbum: Lima e Casado atingem na veia uma das coisas que mais me incomoda em produções culturais em geral no Brasil, sejam novelas, livros, HQ’s, cinema: os diálogos duros. Ao contrário da imensa maioria dessas produções que falei, a dupla nos entrega diálogos altamente naturais, onde cada personagem, vindo de nichos culturais (a gente poderia dizer “tribos”?) diferentes, tem uma “voz” diferente. Não há aquele formalismo que se vê por aí, aquele clichê, que ora pende para um vocabulário tão arcaico que não faz eco no leitor de 2013, ora pende para um coloquialismo exagerado, falso. Em Sabor Brasilis os personagens parecem (e falam como) pessoas de verdade.

Esses diálogos, leves e naturais, casam perfeitamente com a trama, que conserva em si vários elementos de uma típica telenovela: há traição, desejos de vingança, jovens sonhadores, finais felizes. Talvez, por ser uma trama com elementos tão cotidianos (mas bem trabalhados) que gera a sensação de que Sabor Brasilis, o álbum, é algo autêntico e, pasmem, inovador justamente por isso. É como se você se perguntasse, ao terminar de ler: cara, porque ninguém pensou nisso antes? No fim, os caras acabam fazendo uma HQ genuinamente brasileira, com um tema genuinamente brasileiro – goste você de novela ou não.

Na arte, Felipe Cunha e George Schall dividem os lápis, e aqui se estabelece provavelmente a minha única crítica ao álbum. A arte de Schall e Cunha são muito diferentes: Schall tem um estilo mais livre e ágil, arte-finalizado a pincel e muito característico. Ao passo que Felipe Cunha tem um traço irregular, um tanto inseguro, às vezes meio distorcido (os personagens ora têm cabeças grandes demais, ora braços muito curtos, ora mãos muito grandes, quase externas aos corpos) e acaba soando meio desnivelado perto do trabalho do George Schall. Inclusive, diferente do roteiro, onde não se vê a divisão do trabalho, a arte gera uma clara separação, com direito até a um furo de continuidade que segue bem aquilo que os personagens estão vivenciando na trama: se todos estão preocupados que os furos que a novela Sabor Brasilis tem apresentado (como um personagem que aparece sem a pasta que foi buscar na cena anterior), em Sabor Brasilis, o álbum, Antonio Callado usa brinco dependendo de quem o desenha. Numa cena, sob o traço de Schall, ele usa quase um alargador, de tão grande. Na cena seguinte, já desenhado por Felipe Cunha, o adereço desaparece completamente!

.

Acima, arte de Felipe Cunha.
Abaixo, George Schall.

.

Enfim, depois de uma espera de quase dois anos e a despeito desse pequeno descuido com a arte, Sabor Brasilis valeu cada minuto – de espera e de leitura (se bem que devorei o álbum de um dia pro outro). Uma graphic novel bacana, divertida, autêntica, tratando de um tema genuinamente brasileiro, sem exageros, sem elogio à violência e essas bobagens que tanto vemos por aí. Valeu muito a espera!

.

Sabor Brasilis, de Hector Lima e Pablo Casado (roteiros) e Felipe Cunha e George Schall (arte). Editora Zarabatana, 128 páginas. R$ 45,00.

.

Nota: 9

Ah, e se você mora em São Paulo ou estará lá neste fim de semana próximo, aproveite para ir ao lançamento oficial da HQ e pegar a sua autografada!

19 Feb 20:36

theatlantic: The Astonishing Growth of Government Spending on...

by joberholtzer




theatlantic:

The Astonishing Growth of Government Spending on the Poor

Market wages have declined for the poorest 40 percent of the country and more than 33% for the bottom fifth. Without means-tested government transfers, income inequality would be much, much worse. With means-tested government transfers (particularly for health care) income inequality is at least somewhat mitigated.

Read more. [Image: Rorschach]

19 Feb 16:54

Você me deixa vulgar

by marcus

Acho um fenômeno interessante este que a maior expressão de brasilidade que ouvi nos últimos tempos seja feita por brancos, de classe média, que juntaram indie com axé.


Link para o vídeo

~se você passar, por favor, balança devagar~

O que não deixa de apenas confirmar a tese de que bar ruim é lindo, bicho! Gente meio intelectual, meio de esquerda, só encontra o verdadeiro Brasil quando os seus iguais o emulam.

18 Feb 17:49

deep.

Mahayana

mas que bundinha minha gente



deep.

18 Feb 15:04

Photo



17 Feb 20:00

O Melhor do Twitter: edição “Memeteoro”

by Lúcio Ribeiro
Mahayana

shareando apenas pelo seguinte tweet:

"Daniela Mercury flagrada aos beijos com assessora. Essa mulher é capaz de tudo para ser reconhecida como cantora de MPB e não de axé music"

>>

Santo Twitter! Santa época para se viver! Abaixo, os melhores tweets de uma semana que começou com bundas deformadas na avenida, um Jack White de Halloween, um Justin Bieber brigando com o Black Keys, um Papa renunciando no meio do Carnaval e terminou com – apenas – um meteoro caindo na Rússia. Nada mais importa. ~Daora~ a vida.

@ambaggio No episódio de hoje no twitter: meteoros

@_kaliep ACORDEI MINHA MAE GRITANDO E DANDO TAPA NELA ”’METEOROS CAINDO NA TERRA E VC AI DORMINDO MULHER ONDE VC ESTA COM A A CABEÇAAAA”

@raulramone O primeiro tuíte do dia é um GIF que mostra a queda do meteorito na Rússia http://tinyurl.com/adavubz

@bomsenhor Alguém por favor acorde o Bruce Willis e peça pra ele ficar de prontidão

@revistaclaudio Imagens exclusivas rs http://tinyurl.com/bcof63k

@tatato Imagina as possibilidades desse meteorito: adamantium, vibranium, kryptonita, um simbionte ou até um bebê.

@donafernanda Como caiu depois do valentine’s day, cientistas descartaram a hipótese de este ser o meteoro da paixão

@elgroucho Se isso fosse nos anos 90 rolaria um axé chamado dança do meteoro

@marcusdejean Ai quando eles vai ver nos destroço encontra um corpo de batina e uns balaozinho do lado

@chicobarney Qualquer avião aqui em Moema eu já acho que é meteorito russo

@oraporra Quando tem trovao aqui no bairro eu faço um falsete subindo 3 oitavas de tanto susto!!!!

@peppygingerale O temporal em SP causou mais estragos do que esse meteorito na Rússia.

@Eddiemasses O meteoro se tornará um assunto tão predominante em redes sociais que astrônomos o batizarão de memeteoro.

@elgroucho E esse foi mais um giro meteorológico

@tiposdepedante Pedante brasileiro que comemorou o ano novo chinês

@marcusdejean To fera na aula de chines autodidata 1 semana de estudo e ja sei ate falar eu água mulher tenho 1 2 3 4 5 6 7 8 9 você dragão amor

@eaimauricio Comecei dieta há 2h e já tô morrendo

@andrebrandt Desliguei o video-game pra assistir Girls. Sorte que acordei cedo hoje e matei um alce com meu rifle senão já ia ficar preocupado.

@sylcs_ Radiohead em São Luiz do Paraitinga, a prova: pic.twitter.com/c7QahkCI

@nananeri Após 3 meses em clínica, ‘mendigo gato’ coleciona presentes de fãs – http://goo.gl/cdmXL

@davidbutter “Hoje fui ao Habibs tomar sorvete!”: assim começa uma queixa de um consumidor no Facebook. Bem, amigo, bem feito

@oimperador Ganso ta jogando com a vontade de um namorado em uma loja de sapatos.

@rilaws Jack White liked his Clea DuVall costume so much he’s been wearing it since Halloween.

@djmulher Jack white, uma mistura de michael jackson com fernanda young

@greggutfeld You’d think Jack White, at this point, could afford a simple comb.

@flaviadurante Beth Guzzo no Grammy!!! pic.twitter.com/03AIpvir

@themodernageorg Johnny Depp and Jack White are both at the Grammys. Wanna bet they get mistaken for one another at least a billion times tonight?

@quartopiso O mestre-sala da Salgueiro tá com um paletó mais legal que 90% dos boys do Grammy.

@justinbieber The black keys drummer should be slapped around haha

@jose_simao Puxador de escola de samba pensa q a gente é surdo:”Portela, o dia clareou. CLA-RE-OU!”. Lá vou eu! E LÁ VO-U EU!

@Serjones Daniela Mercury flagrada aos beijos com assessora. Essa mulher é capaz de tudo para ser reconhecida como cantora de MPB e não de axé music

@OGlobo_Rio 50 amigos se reúnem e saem de “50 tons de cinza” no carnaval! http://migre.me/ddZ0t

@fransuel NO CARNAVAL ESCUTEI TANTA MUSICA RUIM QUE MINHA MENTE TA QUASE FAZENDO SEGUNDA VOZ DE DUPLA SERTANEJA

@alechandracomix Voltei do trabalho 23h fui presentiada por meio quarteirao de um bloco de homens de piru arriado mijando em arvores casas portoes carros etc

@marvio Saudades da genitália desnuda. Olha o que somos obrigados a ver no Carnaval de hoje em dia… http://tinyurl.com/cgsakbq

RealMorte Já estou com a lista de nomes dos juízes da apuração de São Paulo aqui. Só depende de vocês…

@marcusdejean Mancha verde caiu e olha que carnaval de sp já é mei segunda divisão né kkkk

@yadayadayada a Mancha Verde caiu? caralho, que fase. agora vão trocar a rainha da bateria por cinco baianas. e uma delas vai recusar.

@flaviogomes69 Caraca, a Mancha caiu. Isso sim é solidariedade de uma torcida a um time.

@gloriafperez Sósia do Papa Bento XVI faz sucesso no carnaval de rua do Rio de Janeiro http://tinyurl.com/d2c6e57

@JornalOGlobo Fantasias de Bento XVI tomam conta do carnaval de rua do Rio. http://glo.bo/VQ3UY0

@izadorapimenta Melhor história do carnaval: a saga de naldo para encontrar will smith http://tinyurl.com/c8y4a7h

@screamyell 30 imagens que você não precisava ter visto do carnaval… http://tinyurl.com/a2a3krj

@cvazmarques Está explicado, finalmente, o que levou o Papa a abdicar pic.twitter.com/wGyOLko8

@djmulher Vatileaks: agora até o papa vazou

@Xauvinista Notaram que o Papa Bento XVI renunciou pouco tempo depois que entrou no Twitter? Isso aqui faz qualquer um perder a esperança na humanidade

@lucaspfvr Fazendo curso no senai para ser papa

@nestux Vaticano’s Next top Papa.

@StevenErtelt Seeing some funny tweets. So you know, “Viva La Papa” means long live the potato. “Viva El Papa” means long live the Pope.

@relaxei Tomara que o próximo papa seja contra quem curte o próprio status no Facebook

@caiobudell Tomara que o próximo papa seja a favor do casamento entre o homem e a comida

@GuyFranco Baixando toda a discografia do papa.

@cajademonstruos PAPA DONT QUIT!

@discolataerkegi Losing my religion – Papa

@camilorocha O Papa é flop…

@KinKa1111 DARTH PAPA pic.twitter.com/7xhlgt8I

@SoyTuCharlie Error 404: Papa not found.

@estrupixel PRIMEIRAS IMGS DA DEMISSÃO DO PAPA!! pic.twitter.com/frkjUPj2

@viniciusduarte AHA UHU O VATICANO É NOSSO! –> RT @Estadao: Próximo papa pode ser brasileiro, afirma secretário da CNBB: ‘Brasil tem chances’

@leogodoy Com qual outro evento histórico que não acontece há seis séculos nossa geração será agraciada agora?

@marcioguilherme Ontem ouvi o argumento definitivo sobre a superioridade de João Paulo II em relação a Bento XVI: JPII imitava melhor o sotaque gaúcho.

@iavelar Zero Hora consegue fazer uma matéria sobre a renúncia do Pontifex em q a primeira palavra é… GAÚCHO! http://bit.ly/UYxAay

@riqfreire De agora em diante: “é como ir a Roma e não ver o Papa renunciar”

@leoeoleo “Bento xvi faz primeira aparição após renuncia” e já imagino ele de berma, camiseta da abercrombie, boné da fubu

@AndreFerrazBR Eu imagino ele aparecendo em uma torrada como Jesus costuma fazer.

@RealMorte Papa bom é Papa que morre no cargo. Bento 16 é um amarelão! #prontofalei

@MeredithBlake “Popes don’t quit! God has a way of telling popes when to retire. It’s called death.” –Stephen Colbert

@_INRICRISTO Meus filhos, muitos estão dizendo na mídia que eu deveria assumir o lugar de outrem, mas eu já vim do Pai com um mandato irreversível.

@sergueirock Não me interessa o cargo de papa. Mas papar vcs sim, numa boa, sem grilos.

@dexter_ Ouvi dizer que o ronaldo está trazendo o papa para o corinthians

@brunafeia Se o papa que passa o dia de boua de vestido e tomando vinho tá desempregado, imagina a gente

@GTMacalossi Querem um Papa liberal que seja a favor do uso de camisinha, faça uma crítica histórica a Cristo e passe a fazer a hóstia em pão integral.

@Lucasof Marca-papasso

@marvio Quando sai o Guia Placar do conclave?

@sorryperiferia PETIÇÃO DO FACEBOOK PRA TIRAR O RENAN CALHEIROS DO CONCLAVE DO PAPA REPASSEM

@revistapiaui Renúncia do Papa provoca ressurreição de Humberto Gessinger http://goo.gl/ej8nw

>>

14 Feb 23:48

One Love: Gay Rights in US, State by State. Created by the...

by chartistinresidence
Mahayana

Pensilvânia, o Texas do nordeste



One Love: Gay Rights in US, State by State. Created by the incredible interactive team at the Guardian UK.

14 Feb 14:30

Fish at Work

Mahayana

Bah, mas hoje trouxe tilápia e brócolis =(



Fish at Work

14 Feb 14:29

buzzfeed: Photoshop: Before And After

by joberholtzer
Mahayana

Olha a barriguinha que tiraram da última!

13 Feb 16:20

Popes and prophets

by Geoffrey K. Pullum

Professor Heinz Giegerich has pointed out to me that in the wake of Pope Benedict's resignation of his position at least two BBC reporters have been referring to the next pope, whoever that might be, using singular they. I don't have specific word-for-word quotations, but (apparently) reporters have been using phrases like The next pope will find that they, or Anyone who expects the cardinals to elect them, and so on. Further evidence (to be added to evidence like the case of "They are a prophet") that singular they is not motivated solely or necessarily by ignorance or indecision about which gender is appropriate. The next pope, whoever they may be, will surely be a man, so the pronoun he would be appropriate and unobjectionable. But we have no idea which man, so singular they also feels entirely appropriate, contrary to what all the dumb usage pontificators say.

Neil Kelley (to whom thanks are due) emailed me to say that he heard what appeared to be another instance of singular they in a discussion of popes on NPR's Morning Edition. Curiously, in this case there was no ambiguity to either the identity or the gender of the pope in question (Celestine V). Nevertheless:

Linda Wertheimer: "Wasn't there a resignation of a pope whose name was Celestine, Celestine the fifth? What happened to them?"

"Them" apparently means "the pope in question, whoever it was". You can hear it around the 1:45 mark here.

Meanwhile Karl Narveson told me that he once got an email at work explaining the absence of an upper manager who was mourning the sudden death of his father. The sender was moved to share the following advice: "If you still have your father, be sure to tell them you love them."

It's all the same phenomenon: when the antecedent is similar enough semantically to a quantifier expression and the pronoun functions as a bound variable ("if you still have the X such that X fathered you, be sure
to tell X that you love X"), singular they/them feels grammatically acceptable, even if (as here) in retrospect it is a little bit odd that it should be used in preference to he/him.

13 Feb 16:17

a special place in heaven.



a special place in heaven.

13 Feb 02:14

There’s no such thing as racism in Brazil. Photo from...



There’s no such thing as racism in Brazil.


Photo from Brazilian Carnaval, Salvador.

12 Feb 13:23

Bento XVI: o lado B

by Carlos Orsi
Uma prova da forte influência católica na sociedade global -- e, por tabela, na mídia -- é o fato de Joseph Ratzinger estar deixando o pontificado como "um grande teólogo" e não como um "um facilitador e acobertador de crimes sexuais contra crianças". Nada, é claro, impede que ele seja as duas coisas ao mesmo tempo, e ambos os títulos dependem, até certo ponto, de uma série de juízos de valor,  mas a escolha de ênfase pelo noticiário é sintomática.

A justificativa mais ampla para o menos lisonjeiro dos títulos veio a público há quase dois anos, quando advogados ligados à causa dos direitos humanos apresentaram uma denúncia contra Bento XVI no Tribunal Penal  Internacional, (TPI), em Haia. E em 2010, o jurista britânico Geoffrey Robertson já havia publicado o livro The Case of the Pope: Vatican Accountability for Human Rights Abuse , onde argumenta que documentos ratificados por Ratzinger enquanto cardeal, responsável pela Congregação da Doutrina da Fé, a antiga Inquisição, impuseram uma lei do silêncio mafiosa a padres, bispos e católicos leigos, efetivamente proibindo-os de denunciar padres pedófilos às autoridades civis. O livro, aliás, saiu no Brasil, com o título O papa é culpado?, mas a acho que a imprensa estava ocupada demais babando ovo para a  Jornada Mundial da Juventude para notar.

"Não existe dúvida de que a escala do escândalo de abuso sexual só foi atingida porque diretrizes do Vaticano -- especificamente, da Congregação para a Doutrina da Fé -- exigiam que todas as queixas de abuso sexual fossem processadas em absoluto segredo e escondidas da polícia e das cortes, sob uma Lei Canônica que era obsoleta e não-punitiva", escreve Robertson.

Em pelo menos um caso, o do padre Lawrence Murphy -- acusado de molestar cerca de 200 meninos deficientes auditivos -- o então cardeal Ratzinger foi informado, por carta, dos abusos, mas nada fez a respeito. O Vaticano defende-se dizendo que as cartas chegaram décadas depois de os crimes terem sido cometidos. Ainda assim, a ausência de qualquer tipo de reação ou resposta é intrigante.

Sua atuação como papa  também não foi muito melhor que a de inquisidor, ainda que tenha envolvido algum esforço de relações públicas: como a punição de Marcial Maciel, o maníaco sexual fundador dos Legionários de Cristo, cuja carreira de crimes foi absurdamente relevada por João Paulo II. No entanto, a queda de Maciel, sob Bento XVI, foi um caso típico  de "gato fora do saco": veio tarde demais, quando o escândalo já era de domínio público e o culpado se encontrava quase à beira da morte.

Criticamente, a norma De gravioribus delictus, editada no reinado de Bento XVI, em 2010, não exige que bispos que tenham conhecimento de atos criminosos praticados por padres os denunciem à polícia, mas apenas à Congregação para a Doutrina da Fé. De fato, o Vaticano chegou a publicar, depois de muita pressão, uma "sugestão" de que os bispos procurassem as autoridades civis, mas ela não foi incorporada à norma. Sugestões à parte, a lei da Igreja segue exigindo "o segredo dos julgamentos, para preservar a dignidade dos envolvidos".

A ONG americana Survivors Network of those Abused by Priests (SNAP) emitiu uma nota sobre a renúncia de Ratzinger, também largamente ignorada pela imprensa. A SNAP oferece, a meu ver, o melhor resumo do pontificado de Bento XVI, tanto sob o ponto de vista teológico quanto moral: "Bento deixa uma Igreja ainda regida por leis sob as quais (...) não se pode ser casado e padre, nem mulher e padre, mas pode-se ser um estuprador de crianças e padre".





12 Feb 01:51

Recently The Gordon Parks Foundation discovered over 70...









Recently The Gordon Parks Foundation discovered over 70 unpublished photographs by Parks at the bottom of an old storage box wrapped in paper and marked as “Segregation Series.” These never before series of images not only give us a glimpse into the everyday life of African Americans during the 50′s but are also in full color, something that is uncommon for photographs from that era.

09 Feb 02:34

Pelo fim do êxodo compulsório

by ImpedCorp

neymarMais uma atuação de Neymar apagada pela Seleção Brasileira reforçou o coro de que ele bateu em um teto no futebol brasileiro e que para seu futebol desabrochar de vez precisa ir para a Europa. Faz algum tempo que os sul-americanos internalizaram a ideia de que um jogador só se torna verdadeiramente bom jogando na Europa, de que é uma espécie de ciclo natural do jogador sul-americano ir para o futebol europeu. A cada partida ruim de Neymar contra adversários fortes da Seleção, esta noção ganha mais adeptos.

Há um enorme pano de fundo para que isto se torne “natural”. Primeiro, a ridícula eleição da FIFA, na qual o “melhor do mundo” é, de fato, apenas o melhor da Europa (nos últimos anos o melhor do planeta é mesmo Messi, não há o que discutir, mas o que dizer de Riquelme em várias temporadas pelo Boca, ou Robinho no Santos e Romário pelo Vasco?), o que faz com que seja obrigatório ir para a Europa para almejar este título. Depois, o futebol europeu tem um soft power que se vale até mesmo dos videogames que os nossos atletas jogam na concentração, sonhando em um dia estar na tela. Consideramos normal, por exemplo, a concepção absurda de que um jogador como Oscar, que passou por São Paulo e Internacional está realizando um “sonho” ao jogar pelo Chelsea, um clube insípido e muito menor que os dois gigantes brasileiros.

Mas há também um motivo técnico. Os times europeus, em geral, jogam mais compactados e, por isto, acredita-se que Neymar irá sucumbir enquanto não jogar lá (aqui, por exemplo). O santista, de fato, tem muito mais dificuldades quando joga com espaço reduzido. Dificuldade que ele tem, por exemplo, ao enfrentar o Vélez de Ricardo Gareca, ou o Corinthians de Tite. E que tem nos jogos pela Seleção Brasileira. Mas aí fica a pergunta: ele não está aprendendo nada com estes jogos? Se Neymar sucumbe na Seleção e contra adversários sul-americanos bem organizados taticamente, ele não está aprendendo com isto? Ele tem mesmo que sair do Brasil?

Este é um tira-teima que o futebol brasileiro precisa ter, não com Neymar saindo, mas com ele ficando. Nós naturalizamos que o jogador brasileiro cresce na Europa por um motivo muito simples: desde o final dos anos 1980, pouquíssimos bons jogadores do país chegam à maturidade jogando aqui. Não há grandes craques jogando no futebol brasileiro com 26, 27 anos. Então, fica a pergunta: a maturidade chega porque o sujeito foi para a Europa ou chega porque chegaria de qualquer jeito, na idade em que tem que chegar?

Isto nós só vamos saber se permitirmos que desabroche o novo ciclo que parece estar chegando ao futebol brasileiro, com o “fico” de Neymar, com a relutância do Internacional em vender Leandro Damião, com o Corinthians desdenhando de propostas por Paulinho, continue sua marcha. Se houver uma comoção dos próprios brasileiros em mandar nossos jogadores para a Europa (até Mano Menezes, enquanto contratado da CBF defendeu isto), nunca vamos ter a resposta.

Minha opinião é de que o futebol brasileiro tem qualidade para que os jogadores cheguem ao auge por aqui mesmo. Um exemplo, em menor escala, do que digo foi o de Alex, ex-Internacional e Corinthians. Quando ele chegou ao Inter vindo do Guarani, em 2004, aos 22 anos ele era um coadjuvante razoável e esforçado, e assim permaneceu até 2008, aos 26 anos, quando se tornou um jogadoraço.

Outro exemplo é o de Robinho. O Santos demorou para vendê-lo, para os padrões atuais, e, entre 2002 e 2004 se tornou um jogador muito mais completo. Em seguida foi para o Real Madrid e… aprendeu alguma coisa? Acho que não. Muitos consideram um fracasso de Robinho. Temos a tendência vira-lata de achar que quando um jogador brasileiro não dá certo na Europa foi sempre culpa dele, que “não se adaptou”, mas, neste caso, talvez tenha sido um fracasso do Real Madrid, que contratou o jogador mais promissor do Brasil e não conseguiu utilizá-lo de maneira satisfatória. E a carreira de Nilmar, evoluiu ou abatumou no Villarreal? A mesma coisa vale para Alexandre Pato. Será que um Milan caindo aos pedaços é mesmo melhor para evoluir como jogador do que qualquer clube brasileiro? Penso que não.

Acho jogadores como Danilo, – que nunca jogou na Europa – melhores que 99% dos jogadores que atuam no Velho Continente. Danilo, aliás, derrotou duas vezes os badalados times ingleses no Japão. Nunca perdeu. O Internacional de 2006 bateu um grande time do Barcelona com pouquíssimos jogadores que já tinham atuado por algum clube europeu. Isso para não falarmos que Riquelme destroçou o Real Madrid em 2000 sem nunca ter pisado num clube de lá.

Para ficarmos no exemplo do amistoso contra a Inglaterra, Fred, que teve apenas uma passagem apagada pela Europa, entrou e não tomou conhecimento da organização tática dos gringos. Será que a passagem na qual foi pouco utilizado no péssimo futebol francês fez um milagre, ou a diferença é que ele tem 29 anos, enquanto Neymar tem apenas 21? Ainda sobre a Seleção, jogadores que atuam no Brasil, como o próprio santista e Leandro Damião, se destacaram nas Olimpíadas, enquanto o lateral Rafael, que joga desde menino no Manchester United, foi um fiasco.

Neymar não é bobo, muito antes pelo contrário. A cada jogo em que ele é neutralizado, vai percebendo que precisa carregar menos a bola, jogar mais coletivamente, cavar menos faltas, etc. Ele tem só 21 anos. Ele nem ganhou um Brasileiro ainda, para podermos dizer que está tão fácil. Os treinadores brasileiros, mesmo que não costumem montar times compactados, também não são burros e têm capacidade de aconselhar Neymar.

Além disto, um futebol brasileiro em que os craques ficam no país vai ser bom para Neymar e para todo mundo. Eu quero meu Inter de novo com jogadores do nível de Falcão, Carpegiani, Figueroa, Valdomiro, jogando aqui com 27 anos, não até os 21. Eu quero um Santos que reúna ao mesmo tempo gente como Pelé, Gilmar, Coutinho, Zito. Vocês não querem? O fico de Neymar não traz de volta tudo isto automaticamente, mas significa dizer que não é natural ir para a Europa, porque lá é melhor e fim de papo. Temos muito mais a ganhar se o guri ficar no país.

Por fim, é preciso pontuar que qualquer ser humano pode aprender muito indo morar um tempo longe de onde nasceu, isto vale para qualquer profissão e para a vida. Conhecer outros modos de pensar, de trabalhar, de falar, de comer, etc. é enriquecedor. Neste sentido, vale para Neymar e para qualquer jogador, seja ele sul-americano ou europeu. Sendo assim, porque é natural que todo bom jogador brasileiro tem que ir para a Europa e não o contrário? Os ingleses não ganham nada desde 1966. Será que eles não evoluiriam vindo jogar aqui?

Um abraço,
Felipe Prestes

A foto é do site da CBF

08 Feb 15:34

Let’s Chart About Sex

by a-smack-of-ham


Let’s Chart About Sex

07 Feb 22:29

Sex in PISA

by Mark Liberman

People are endlessly fascinated by average sex differences in cognitive measures, despite the fact that the between-sex differences are generally so small, relative to within-sex variation, that they have no consequential effects outside of the ideological realm. Here's a striking example — Hannah Fairfield, "Girls Lead in Science Exam, but Not in the United States", NYT 2/4/2013:

For years — and especially since 2005, when Lawrence H. Summers, then president of Harvard, made his notorious comments about women’s aptitude — researchers have been searching for ways to explain why there are so many more men than women in the top ranks of science.

Now comes an intriguing clue, in the form of a test given in 65 developed countries by the Organization for Economic Cooperation and Development. It finds that among a representative sample of 15-year-olds around the world, girls generally outperform boys in science — but not in the United States.

The arresting graphic that accompanies the text:

What does this have to do with language?

Well, there's a common cognitive mistake that works like this:

We measure some property of a set of individuals, divided into subsets A and B. We accept that the average of the samples represents the average of the populations that were sampled — and if the samples are large and representative, this much is probably harmless, though whether the samples are representative is often questionable. We then use generic plurals to describe the relationship among the group averages, so that if the average value for property P in group A is larger than the average value in B, we say that "A's are ahead of B's in P" or something similar. (Here we have, for instance, "Girls outperformed boys in a science test given to 15-year-olds in 65 countries — but in the United States, boys led the girls".)

And then we forget about the distribution of individual values that lies behind the group averages, and act as though the group averages were properties of the individual group members.

In the 2009 science test in the Program for International Student Assessment (PISA), the U.S. average for females was 495  (out of 1000), with a standard error of 3.7, and the average for males was 509, with a standard error of 4.2. (2009 is the last year for which this data has been published, as far as I can tell.) This sex difference, which is displayed on the NYT graphic as a difference of 2.7% in favor of the boys, was statistically significant — but it's a tiny effect.

How small is this sex effect? In the U.S., 5,233 students participated. Assuming that half were male and half female, this would be about N=2616 of each sex. Since the standard error is the standard deviation divided by the square root of N, we can estimate the standard deviations by multiplying the standard errors by sqrt(2616) ≈ 51, giving us standard deviations of about 3.7*51 ≈ 189 for females, and about 4.2*51 ≈ 214 for males. "Cohen's d" (a measure of the effect size) is then the difference in the means divided by the pooled standard deviation, which here is roughly

s = sqrt((2616*189^2 + 2616*214^2)/5233) ≈ 202

So the effect size is about 14/202 ≈ 0.069. And as Wikipedia tells us,

For Cohen's d an effect size of 0.2 to 0.3 might be a "small" effect, around 0.5 a "medium" effect and 0.8 to infinity, a "large" effect.

On this scale, an effect size of 0.07 qualifies as "tiny".

If the standard deviations for the two groups are set at the pooled value of 202, and if a normal distribution accurately predicts the overall results of this test, then the top-scoring half of the overall student population would be about 51% male. The top-scoring 1% would be about 55% male. Here's what those distributions would look like:

In fact, the larger standard deviation for male students makes a bigger difference — it means that a somewhat larger proportion of male students will have extreme (really low or really high) scores. This lifts the (lower and upper) tails of the male distribution enough to substantially increase the proportion of males in the extreme sets. Given the actually reported standard deviations (and again assuming that a normal distribution accurately predicts the behavior of the tails), the top half of U.S. students (in terms of this test) would still be about 51% males, but the top 1% of students would be about 73% male.

This last point is close to the one that Larry Summers actually (and fatally) made — he suggested that it might be greater male variance rather than higher male scores that is responsible for the over-representation of males in mathematics and the natural sciences. The point is a statistically valid one, but (in my opinion) not very persuasive, since (above a certain threshold) test scores at age 15 are not very effective in predicting career success. And Summers' remark was spectacularly inappropriate from a diplomatic point of view, since it's obvious that there are many other relevant factors that (unlike a putatively greater male variance in test-taking outcomes) are within the power of a University president to modify.

Still, the country-by-country PISA data do show males with generally greater standard error (the male value is greater in 26 of 34 comparisons available in the data I could find online; the female value is greater in 5 comparisons, and they're equal in 3):

Again, however, this is an intriguing psychometric puzzle that has little if anything to do with sex differences in career outcomes. At least, any effect must be a psychological one due to students misinterpreting scores in the same sort of way that the NYT article does.

And we should note in passing that the vertical axis in the NYT plot — which denotes country differences — has a vastly greater range than the horizontal axis, which denotes (percentage) sex differences. The lowest-scoring data point (for the Kyrgyz Republic) has average scores of 318 for males and 340 for females; while the highest-scoring data point (Shanghai, China) has average scores of 574 for males and 575 for females, about 75% higher overall. By contrast, the largest difference favoring females was Jordan (where females scored about 9% higher than males), and the largest difference favoring males was Columbia (where there was a difference of about 5%).

In terms of those country scores on the 2009 PISA science test, Canadian students (for example) outperformed U.S. students by 529 to 502, on average — a difference almost twice as great as the difference between U.S. males and females. Of course, breast-beating about country-level generic-plural test scores is also a popular rhetorical move.

07 Feb 13:55

Satire: How to Be a Photographer in Four Simple Lessons

by Michael Zhang
Mahayana

a última foto do "how to be a conceptual photographer" é bem o tipinho de coisa que o hipster do marcus faria.

Satire: How to Be a Photographer in Four Simple Lessons howtobeaphotographer0

Looking to jump into a particular genre of professional photography? Instead of shelling out money and time for lessons, workshops, and/or internships, check out the handbook, “How to be a Photographer in Four Lessons.” Written by Brussels-based photographer Thomas Vanden Driessche, it offers the basic gist of how you can instantly become great in contemporary photography, war photography, conceptual photography, and more!

Okay, okay… the whole thing is a tongue-in-cheek project designed to give you a laugh. It’s still funny seeing various photography stereotypes listed out officially, though. Enjoy!

Satire: How to Be a Photographer in Four Simple Lessons med how to be02 jpg

Satire: How to Be a Photographer in Four Simple Lessons med how to be03 jpg

Satire: How to Be a Photographer in Four Simple Lessons med how to be04 jpg

Satire: How to Be a Photographer in Four Simple Lessons med how to be05 jpg

Satire: How to Be a Photographer in Four Simple Lessons med how to be08 jpg

Satire: How to Be a Photographer in Four Simple Lessons med how to be09 jpg

Satire: How to Be a Photographer in Four Simple Lessons med how to be10 jpg

Satire: How to Be a Photographer in Four Simple Lessons med how to be11 jpg

Satire: How to Be a Photographer in Four Simple Lessons med how to be13 jpg

Satire: How to Be a Photographer in Four Simple Lessons med how to be14 jpg

You can also read the entire handbook over on Driessche’s personal website. You can also find more of his photography work on picturetank and through Out Of Focus.

Image credits: Photographs by Thomas Vanden Driessche and used with permission

06 Feb 12:22

Inauguração com gol contra

by douglasceconello
Mahayana

O mineirão ficou feio pra cacete com esse concreto aparente.

mineirão
Posso me considerar um veterano de inaugurações de estádios. Durante os 973 dias em que o futebol esteve afastado do Mineirão, estive presente nas reinaugurações da Arena do Jacaré, em Sete Lagoas (Atlético 2×2 Atlético-GO), e do Independência (América 2×1 Argentinos Juniors). Antes disso, bati ponto na primeira inauguração da Arena do Jacaré (um Democrata 3×0 Atlético em 2006), e em 2007, no Rio de Janeiro, assisti um Brasil 4×0 Uruguai, jogo de futebol feminino que ao que me recordo foi o segundo evento recebido pelo Engenhão. Em comum entre todos esses eventos? Nenhuma das canchas foi inaugurada em condições de atender o público que se fez presente. Informações desencontradas, bares inexistentes, trânsito (ainda mais) caótico, banheiros sem água e luz, autoridades dando entrevistas se eximindo de culpa. Racionalmente, deveria ter levado isso em conta e esperado alguns meses para conhecer o Novo Mineirão. Mas futebol não é racional, e o Mineirão é a minha MECA particular das tardes de domingo.

Um dérbi Cruzeiro x Atlético foi marcado para a reestreia do Gigante da Pampulha, o jogo capaz de mobilizar toda Minas Gerais. Porém, nas semanas anteriores ao clássico os torcedores não discutiam sobre goleiros e centroavantes, não trocavam acusações sobre práticas sexuais envolvendo mastros de bandeira, como deveria acontecer sempre, mas trocavam flautas sobre ECONOMIA E FINANÇAS. Os cadernos de esporte davam manchetes sobre os acordos comerciais assinados com Minas Arena e BWA (empresas que administram Mineirão e Independência, respectivamente), e pouco se falou sobre os méritos do Galo em segurar todo o time titular vice-campeão brasileiro, ou sobre as contratações feitas pelo Cruzeiro para evitar que a temporada desastrosa de 2012 se repita.

Dentro de campo, o Galo deixou visíveis os mesmos erros do final de 2012. A falta de um meia que jogue próximo a Ronaldinho, a insistência em utilizar dois centroavantes quando em desvantagem no placar, Réver tornando-se o principal armador da equipe, os lançamentos desde o campo de defesa para algum dos grandalhões que povoam a grande área adversária. Méritos para Bernard, que mesmo muito marcado conseguiu criar duas ou três grandes oportunidades no início do segundo tempo, e para Vítor, que impediu uma derrota maior quando esteve na alça de mira dos contragolpes cruzeirenses.

panorâmica
54 mil pagantes no clássico – cerca de 6 mil assentos padrão Fifa ficaram vagos

Pelo lado cruzeirense, Marcelo Oliveira conseguiu armar bem o time, com jogadores leves no ataque (Éverton Ribeiro, Ricardo Goulart, Éverton e Anselmo Ramón), marcação forte principalmente sobre Ronaldinho e Bernard, e muita velocidade nos contra-ataques. Em um desses contra-ataques nasceu o segundo gol, cruzamento de Anselmo Ramón para cabeçada de Dagoberto (que havia substituído Ricardo Goulart). E em outras jogadas semelhantes, os azuis tiveram chances de ampliar a vitória, mas terminaram satisfeitos com o 2×1 e a taça do TROPEIRÃO BOWL.

E o citado tropeirão, uma das grandes marcas do Mineirão, não apareceu nesse jogo festivo. Cheguei a comprar uma ficha em um dos poucos bares abertos, mas após uma hora de espera (com muitas reclamações, pequenos tumultos e centenas de IMAGINA NA COPA), os bares esgotaram seus estoques de água e refrigerante e FECHARAM AS PORTAS, devolvendo o dinheiro aos que haviam depositado suas esperanças de almoço nas lembranças daquele prato de feijão tropeiro, arroz, couve, vinagrete e bife de porco com um ovo estrelado por cima. Os vendedores ambulantes não conseguiam AMBULAR, pois logo ao saírem de seu ponto de abastecimento eram cercados por torcedores em busca de qualquer coisa que pudesse ser ingerida. Bebedouros, que no setor onde eu estava não existiam, e banheiros ficaram sem água (e alguns foram depredados).

torcida galo
A vã esperança pelo tropeiro inexistente

Como eu já sabia, não se pode esperar uma inauguração sem falhas, mas todos esses problemas ocorridos no dia do jogo, somados à saga da compra de ingressos e à drenagem que se mostrou falha na véspera – felizmente, nao choveu no domingo – conseguiram fazer com que o maior estádio de Minas Gerais fosse reinaugurado com um gol contra. O gol contra de Marcos Rocha, que abriu o placar do clássico, acabou fazendo jus à história desse 3 de fevereiro.

Ainda acredito que nas cadeiras desse “Novo Mineirão” os belorizontinos poderão viver tardes tão agradáveis quanto nos tempos pré-Padrão Fifa. Mas apenas quando o estádio estiver concluído e em pleno funcionamento, talvez a tempo do aguardado BURKINA FASO X TAHITI pela Copa das Confederações. (Para esse, consegui comprar meu ingresso sem transtornos. Já é um bom começo.)

Paulo Torres

05 Feb 22:00

Não é, mas deveria ser

by Carlos Orsi
É uma pena que a maior parte do conteúdo da revista Free Inquiry não seja oferecido online. Isso é até parte de uma estratégia de marketing -- "o melhor conteúdo sobre humanismo e ateísmo não está na internet!", diz o slogan da publicação -- mas aí o pessoal perde coisas como o artigo publicado no fim do ano passado pela jornalista Katrina Voss, chamado Homosexuality Is Not a Choice, But It Should Be: ou, "Homossexualidade Não É Uma Escolha, Mas Deveria Ser".

 O argumento é o de que o movimento gay americano (e, por tabela, no resto do mundo) acabou caindo numa armadilha dos conservadores religiosos ao usar o dado científico, de que a orientação sexual tem base biológica, para sustentar a reivindicação de direitos civis iguais aos dos heterossexuais e o fim do preconceito.

A ideia geral parece ser a de que, se convencermos os fundamentalistas de que ser gay é um fato biológico, como ser canhoto ou ter olhos azuis, e não algo sob a tutela do livre arbítrio, então não tem como ser pecado; se não tem como ser pecado, então, ora bolas, não é pecado; e se não é pecado, não tem por que esses carolas ficarem enchendo o saco.

Os problemas em adotar essa linha de argumentação são tantos que chega a ser difícil começar uma enumeração, por isso vou citar apenas três: primeiro, quem assume essa ideia de igualar o "natural" ao "irrepreensível" um dia corre o risco, a depender dos avanços da ciência, de ter de declarar pedófilos, estupradores e autores de crimes de ódio (homofóbicos, racistas, etc.) como pobres vítimas inimputáveis de pulsões plantadas no cérebro do primata tribal pela evolução.

Segundo, implicitamente legitima o conceito altamente problemático e autoritário de "pecado" -- que corresponde, na raiz, não àquilo que prejudica outros seres humanos ou demais seres vivos capazes de sofrer, que é a preocupação básica da ética racional,  mas àquilo que "ofende a Deus".

Terceiro, e talvez mais grave, a estratégia subestima de modo cabal a capacidade que "Deus" tem para se ofender com as coisas que Ele mesmo faz. Há vários casos clássicos na Bíblia -- o mais famoso deles provavelmente é o do Dilúvio, onde toda a natureza criada de repente passa a ser vista como "ofensiva" pelo Criador, com os resultados conhecidos.

Mas temos ainda outros exemplos. Aqui, durante o Êxodo: quem viu o filme do Charlton Heston provavelmente se lembra de que as pragas foram enviadas ao Egito porque o faraó tinha desobedecido à ordem de Deus para deixar partir os hebreus, certo? Usou o livre-arbítrio para fazer bobagem, danou-se.

Mas:

O Senhor disse a Moisés: “Vê: vou fazer de ti um deus para o faraó, e teu irmão Aarão será teu profeta./Dirás tudo o que eu te mandar, e teu irmão Aarão falará ao rei para que ele deixe sair de sua terra os israelitas./Mas eu endurecerei o coração do faraó, e multiplicarei meus sinais e meus prodígios no Egito./Ele não vos ouvirá. Então estenderei minha mão sobre o Egito e farei sair dele os meus exércitos, meu povo, os israelitas, com uma grandiosa manifestação de justiça. 
(Êxodo 7:1-4)
Ou seja, o Senhor fez o faraó desobedecê-lo só para poder castigá-lo depois. Até mesmo o Rei David caiu numa dessas:
1. A cólera do Senhor se inflamou novamente contra Israel e excitou Davi contra eles, dizendo-lhe: Vai recensear Israel e Judá./ (...) /Depois que foi recenseado o povo, Davi sentiu remorsos e disse ao Senhor: Cometi um grande pecado, fazendo isso. Mas agora apagai, ó Senhor, a culpa de vosso servo, porque procedi nesciamente. (2 Samuel 24) .
Quer dizer, Deus induz o rei a fazer um censo (o que, por algum motivo, era pecado) e, depois, o rei ainda tem que pedir desculpas. Não vou nem entrar na questão do papel de Judas Iscariote no plano da salvação, para não complicar demais a coisa, mas os exemplos são bem claros: Deus volta e meia cria situações só para ter a quem punir depois. Nada impede, portanto, que ele tenha inventado o fenômeno natural da homossexualidade só para "se ofender" e aí ter o prazer de atormentar os gays. Mesmo dentro da lógica bíblica, portanto, a ideia de "é natural, logo não é pecado" não funciona.
Toda a discussão sobre se a homossexualidade é "natural" ou não, no fim, não passa de uma armadilha: um atoleiro retórico. E se não fosse natural? Óculos não são, e nem por isso a moral cristã exige que os míopes andem por aí dando trombadas nas paredes. O verdadeiro critério de certo e errado, admissível e inadmissível, etc., não é, não pode ser esse.

(Claro, a investigação dos limites e das interações entre o biológico e o cultural tem valor intrínseco; o que questiono aqui é o uso dos resultados dessas investigações na esgrima -- ou seria no pugilato? -- em torno dos direitos civis dos gays.)

Em seu romance The Forever War, escrito na ressaca da Guerra do Vietnã, Joe Haldeman fala de um soldado que, depois de passar séculos numa guerra, volta à Terra e descobre que, por conta de uma campanha maciça de propaganda do governo, toda a população tornou-se homossexual. Ele quase chega a seduzir uma mulher com tendências heterossexuais latentes, mas evita fazê-lo, para que ela não fique estigmatizada.

A ficção de Haldeman, escrita numa época em que a sexualidade humana era vista como perfeitamente maleável, explicita o fato de que a relação da cultura e da sociedade com a homossexualidade depende muito mais dos mores do momento do que de qualquer outra coisa.

Se nossa soi-disant civilização tem alguma vantagem nesse campo, é a capacidade de refletir criticamente sobre esses mores e sobre as tradições que os trouxeram até nós: matar e roubar têm consequências negativas óbvias, mentira e traição causam sofrimento em gente inocente, mas duas pessoas adultas e descompromissadas que sentem desejo uma pela outra e agem com base nisso estão prejudicando quem, exatamente?

Quem considera a homossexualidade imoral e, portanto, deseja ver os direitos dessas pessoas restringidos, tem a obrigação de encontrar uma resposta para isso. Não são os defensores dos direitos dos homossexuais que devem explicações à comunidade maior dos seres humanos pensantes, mas o contrário.

Por fim, voltando um pouco à questão bíblica: alguns exegetas mais sofisticados já concluíram que as condenações à homossexualidade na Escritura, em Levítico e nas cartas de Paulo, não se referem à prática em si, mas a um tipo de prostituição ritual praticada em honra de deuses pagãos. Ou seja, o que temos não é YHWH fiscalizando o que cada um faz com as partes pudentas, e sim tendo apenas mais uma das inúmeras crises de ciúme tão exaustivamente documentadas no Velho Testamento.

Em seu artigo The Husband of One Husband, o teólogo Robert M. Price pondera:

Romanos 1:27 condena homens que, contra suas inclinações, têm relações com outros homens, mas não é disso que trata a homossexualidade moderna. Pelo contrário, ser gay é obedecer às inclinações de ser atraído pelo mesmo sexo. Então, dá para dizer que Paulo está condenando os gays?
05 Feb 15:08

Eu Ri Muito!!!

by noreply@blogger.com (Tati - Panelaterapia)
Mahayana

hahahahahah por favor, atenção para as fotos!


A dica veio da Larissa e eu me acabei de dar risada!
Duas amigas criaram um blog para divulgar tentativas fracassadas de reproduzir projetos do Pinterest. Muito engraçado! O Pinstrosity mostra pérolas do desastre culinário como estas:





Para quem não viu ainda o Panelaterapia também tem uma coluna com o registro dos meus fracassos, veja aqui. ***Este é um conteúdo do blog www.panelaterapia.com. Por gentileza não responda este e-mail, pois não será replicado.
02 Feb 00:30

Intercâmbio Gastronômico: Mercado Central de BH

by noreply@blogger.com (Tati - Panelaterapia)
Mahayana

Mercadão de BH = MELHOR mercado do Brasil.

Mercadão de SP é muito overrated perto dele.

A Sandra Rocha, amiga e leitora antiga aqui do Panela, me mandou um monte de fotos do Mercado Central de BH, que segundo ela é um local bem bacana de se conhecer. Vendo as fotos é o tipo de lugar que eu ia "me jogar" fortemente, e vocês?

A Sandra enlouqueceu com a castanha caramelizada que comeu por lá e por isso peço a ajuda de vocês. Se alguém souber a receita poste aqui por favor. A castanha é essa:

Mercado Central Av. Augusto de Lima, 744 . Centro
Belo Horizonte MG ***Este é um conteúdo do blog www.panelaterapia.com. Por gentileza não responda este e-mail, pois não será replicado.
31 Jan 23:23

freedom.

Mahayana

abraço para quem entende a beleza desse momento.



freedom.

31 Jan 12:59

Photo



30 Jan 17:27

10 Razões porque a escola falha em formar novos leitores

by noreply@blogger.com (Douglas Eralldo)
Mahayana

Mais um motivo: posts, como esse, que acham que incentivar a leitura significa incentivar a leitura de livros, além de gente que é ~autor~ achando que entende tudo de educação.

Embora eu tenha sim levado em conta que segundo as pesquisas a escola é a principal incentivadora entre o público leitor, é também a escola uma, das tantas responsáveis por sermos um país de poucos leitores. Obviamente esta lista leva em consideração um pouco da minha época de escola - que já faz um tempo, mas não mudou muito - e dos relatos que ouço sobre a escola e suas ações de incentivo à leitura. Nesta lista, 10 de algumas atitudes que colaboram para tão pouco interesse dos estudantes na leitura, especialmente dos estudantes do ensino público e das camadas mais humildes da população brasileira:
1 - Grade Curricular Defasada: Creio que isto é uma realidade nacional, onde temos a impressão que a literatura não produziu mais nada desde Machado de Assis, Jorge Amado, Eça de Queirós, e outros autores  clássicos da literatura mundial. Não que tenhamos de abolir os clássicos, mas também não se pode incentivar a formação de novos leitores sem debater a produção literária contemporânea;
2 - Obrigação: Não raro encontramos escolas em que muitas vezes a leitura é imposta como obrigação. Leia Tal livro. Resenhe tal autor. Isto nunca funcionou, e jamais funcionará, pois muitas vezes os estudantes por questão da obrigação da leitura, encontram formas mais criativas de resenhar o livro, o que hoje aliás, está ainda mais facilitado com tantos blogs de literatura;
3 - Leitura Isolada: Geralmente são exigidas ações isoladas de cada leitor, que lê e apresenta seus livros para os colegas. Apenas isso, sem debate, e muitas vezes nem mesmo o professor fomenta o debate, sendo que em alguns casos, muitas vezes há professor que não leu o livro cobrado pelo estudante. 
4 - Bibliotecas Desatualizadas: Salvo raras exceções, também não há muito o que o professor fazer, já que muitos são os exemplos de bibliotecas escolares cujo acervo está totalmente desatualizado, sem investimentos e recursos que viabilizem aos estudantes a leitura gratuita de obras de interesse dos jovens;
5 - Formas atrativas são a exceção: Não estou querendo dizer neste post que a escola apenas é a culpada por novos leitores, sendo que pelo Brasil há muitas experiências exitosas de incentivo a leitura, mas que no entanto geralmente são a exceção num sistema em que a prática é falar da histórias da literatura e exigir algumas leituras durante o ano;
6 - Não há cobranças: Pode parecer contraditório dizer que a obrigação é um dos problemas, e no mesmo post dizer que não haver cobranças também, no entanto os olhos desviados de resenhas copiadas e a não cobrança sobre os estudantes criam cenários tristes como em uma palestra que fiz a alunos do ensino médio em que uma turma de 40 estudantes, menos de 10 haviam lido no máximo 1 livro no ano;
7 - Apartheid Intelectual: Já na escola e nas suas indicações de leitura se começa a prática do apartheid intelectual dividindo os livros em aqueles que são "para pessoas inteligentes" ou aqueles "que são coisas para crianças ou que não possuem valor intelectual". Este é um debate muito importante pois o prazer da leitura deve ser algo evolutivo;
8 - Língua e Literatura separados: Outro fator que pode gerar a falta de interesse pela leitura é que o ensino da língua e da literatura são muitas vezes distantes. É necessário primeiramente que o indivíduo conheça bem sua língua, tenha noção do impacto e do poder da palavra, pois só assim aprenderá a reconhecer a dubiedade de sentimentos impressos numa frase, ou num verso, e assim reconhecer a importância da mesma, e da mesma forma compreender como aquela leitura acabou auxiliando-o;
9 - Ensino não evolutivo: No sistema de ensino um dos grandes problemas, muitas vezes até comentados aqui no blog, é que o mesmo não é evolutivo, exigindo muitas vezes leituras que um adolescente de nove, dez anos talvez não entenderá. Além disso, venhamos e convenhamos, que exigir de um estudante de menos de quinze anos a compreensão total de textos que autores escreveram em sua plenitude intelectual é um tanto exagerado. Há de se haver uma evolução no incentivo da leitura, é possível iniciar-se lendo os mistérios de Marcos Rey, Ana Maria Machado, e também autores contemporâneos, criando uma espécie de armadilha estabelecendo o hábito em manter a leitura.
10 - Dificuldade de convencimento: E para mim, talvez o motivo que pode ser compartilhado por toda a sociedade, que no seu todo tem sido incapaz de convencer sobre a importância da leitura e os impactos positivos para o leitor.
29 Jan 23:15

Sobre pessoas peladas

by Ana Freitas

Um supermercado aqui na Alemanha deu 250 euros de desconto pras primeiras 100 pessoas que chegassem pra fazer compras peladas

Eu não precisei de muito tempo aqui pra ver gente pelada.

Na realidade, eu nem morava na Alemanha quando eu vi gente pelada na Alemanha pela primeira vez. Em 2011, em um festival de música no interior do país, onde eu acampei por três dias, tive a infelicidade de presenciar não um, não dois, mas três coitados que, muito bêbados e debaixo de um frio de 11 graus, abaixaram as calças na frente de todo mundo e fizeram xixi.

No meio do acampamento. Não era nem entre as barracas ou em uma árvore: nego tirou a calça no meio do acampamento, em plena vista, e se aliviou ali mesmo.

Claro que, na ocasião, não associei isso com um comportamento cultural (mesmo tendo visto três caras fazendo isso em só dois dias). Na minha cabeça, foi mais uma coisa de ‘nossa, eles estão tão bêbados que fizeram xixi na frente de todo mundo’. Eu devia ter me ligado, já que o banheiro também era ‘esquisito’: os chuveiros não tinham divisórias. Todas as mulheres ficavam ali tomando banho, uma ao lado das outras.

Mas foi só morando aqui que eu entendi como os alemães têm uma relação completamente diferente com o corpo nu do que a que nós, brasileiros, temos. Um corpo nu, pra eles, é só um corpo nu, dissociado de qualquer conotação sensual ou sexual – e esse corpo só ganha essa conotação em um contexto apropriado. Fora de contexto, não significa nada. Ninguém olha, ninguém repara, ninguém se importa nem com ficar pelado, nem em estar rodeado de gente pelada.

Tem a ver com a quase absoluta igualdade de gêneros aqui. Eu ainda estou tentando entender como a etnia alemã perpetuou-se ao longo da história, porque aqui a mulher é tão respeitada como igual ao homem que não há faísca nenhuma entre os gêneros. Como eles flertam, namoram, se reproduzem? Uma conhecida, alemã e psicóloga, me disse que ela mesmo não compreende e acha que seu povo está fadado à extinção. Claro que essa falta de machismo tem muitas vantagens: já vi moças andando de bicicleta de minissaia, com partes importantes à mostra, e nenhum homem se atrevou a lançar um olhar de rabo de olho que fosse. Não importa como você esteja vestida, se é que estiver: se for fora de contexto, eles não vão olhar. Nem elas, aliás. E isso é ótimo.

Tio pelado no metrô em Berlim

Mas a coisa pode chegar a níveis prejudiciais: no metrô, não é costume oferecer lugar pras mulheres grávidas. Dificilmente alguém vai te oferecer ajuda se você for mulher e estiver na rua carregando algo pesado. Não há ‘cavalheirismo’, e por mais que isso seja um produto da diferença de gêneros, há mulheres que sentem falta. E não há troca de olhares, de toques, nem em ambientes apropriados pra isso, como um nightclub. É tudo muito plano.

É por isso que aqui, no verão, quando eles vão pros lagos próximos a Berlim andar de barco e tomar sol, todo mundo fica pelado. Homens e mulheres não se preocupam com bíquini, maiô, sunga. Nas saunas, é tudo sem roupa – e em alguns casos, são mistas. E eu já vi fotos de gente pelada no metrô, sem contar o cheiro de xixi que você sente às vezes dentro de um vagão. Não sei se torço pra que seja um cachorro com o dono mal-educado.

Como eles não veem a nudez de maneira sexual, a pressão social pelo ‘corpo perfeito’ é menor. E dá pra entender, já que por aqui, você passa a maior parte do ano com o corpo bem coberto. Dá uma olhada nesse relato no Yahoo! Respostas pra ter uma ideia – tem até escolas secundárias com vestiários mistos, por exemplo.

O nudismo sempre foi algo muito mais tolerado pelos alemães culturalmente, e há registros de grupos sociais defendendo o hábito (ou a falta dele, se a pessoa for uma feira ou um padre) desde o fim do século 19. Existe até um orgão (risos) responsável por promover o nudismo no país, a German Association of Free Body Culture, e os naturistas por aqui tem até força política (sério!). Durante o nazismo, Hitler passou uma lei pra tentar proibir essa amoralidade inaceitável. Daí, ficar pelado acabou se tornando uma forma de protesto: com tantos banimentos, essa era a maneira dos alemães de mostrarem um controle, ainda que mínimo, pela última coisa que lhes restava controlar: o próprio corpo. A proibição durou um mês.

Daí que há pouco mais de duas semanas eu comecei a frequentar uma academia aqui em Berlim. E apesar de os vestiários não serem mistos (acho que eu não saberia lidar com isso), o vestiário feminino é uma grande profusão de corpos de mulheres nus.

Veja bem – qualquer corpo nu chama a atenção pra quem não está acostumado. Elas não se preocupam em usar toalha pra ir do chuveiro até o armário. Na sauna, permanecem sem roupa. E o vestiário tem uma centena de espelhos posicionados estrategicamente de maneira que, não importa onde você se esconda, alguém do outro lado do recinto vai estar vendo você pelada.

Nos chuveiros, tem uma antesala em que você pendura sua toalha e só.

No primeiro dia, eu preferi não tomar banho na academia. Mas o treino foi se intensificando e, no segundo dia, sair suada não era uma opção, não com -8 graus lá fora. E aí eu precisava entender qual era a etiqueta da nudez ali. Sabe, tipo aquelas regras que dizem que homem tem dentro do banheiro masculino?

Quer dizer, se eu ia tomar banho com todo mundo e caminhar pelada pelo vestiário, eu precisava entender o que estava dentro da normalidade pra eles. Entenda que a partir do momento em que a normalidade é todo mundo estar pelado, fica difícil estabelecer novos parâmetros. Mas eu precisava descobrir ser era aceitável me secar no vestiário ou se eu tinha que me secar na antesala dos chuveiros; se eu precisava levar calcinha e sutiã pro chuveiro ou se podia colocar tudo na frente do meu armário, mesmo.

Alguns dias de observação depois e eu entendi como funcionava. No chuveiro, as regras parecem sensatas – cruzar olhar com alguém pareceu não aconselhável. Conversar também não é uma prática comum enquanto as pessoas estão ali, nuas (ao menos na academia). Todo mundo toma banho muito rápido, só o essencial.

E todas as mulheres tomam banho viradas pra parede. Não é como se você não fosse de fato ver tudo de qualquer jeito, mas ficar olhando pra bunda das outras pessoas é desnecessário. Então todo mundo toma banho virada pra parede e tá tudo certo.

Menos essa mulher esquisita. Eu tava lá tomando meu banho e tinha uma moça imediatamente na minha frente, na linha oposta de duchas. E ela estava virada pra mim. Completamente. E ela não estava, digamos, tomando banho. Ela estava com um olhar morto apenas deixando a água cair nas costas. Imóvel.

Ainda estou tentando entender se o que ela fez é socialmente aceitável em um ambiente pelado. Mas acho que não seria normal nem se todo mundo estivesse de roupa.

 

O post Sobre pessoas peladas apareceu primeiro em Olhômetro.

29 Jan 23:07

Photo





29 Jan 03:02

Reverse Fiscal Federalism

by Daniel Hamermesh

The Texas Legislature is back in session, providing its usual cookie jar of absurd economic proposals.  A real winner is House Bill 649, which would provide compensatory tax reductions to companies that become taxed under the Affordable Care Act because their employer-provided health insurance fails to cover employees’ emergency contraception.  Such a bill means Texas would be giving firms incentives to thwart federal law. It also opens up the possibility of much broader tax offsets.  I’m certain that our governor and legislature dislike the recent imposition of higher federal income tax rates on high-income families. Why not take the logic of this bill one step further and offer tax reductions (sales tax, since we have no income tax) to very high-income families?  Indeed, the reductio ad absurdum would construct all state tax policy to offset to the extent possible any incentives provided by federal tax policy.

28 Jan 01:18

yes.

Mahayana

bjo pra quem pegou a referência =**



yes.

27 Jan 00:53

Airport Logic

by DOGHOUSE DIARIES

Airport Logic

I apply this same logic to pancakes. You heard me… -Ray

Tweet