Shared posts

11 Apr 19:01

The secret of a successful code review

by CommitStrip
11 Apr 18:51

Immune Response

I don't care whether you win or lose, as long as you have-- ...okay, sorry, I'm being reminded I very much care whether you win or lose. I need you to win, that's very important.
11 Apr 18:47

Vaccine Guidance

I can't wait until I'm fully vaccinated and can safely send chat messages in all caps again.
11 Apr 18:28

Até aqui?

by Andre Noel
tirinha
Inclua essa tirinha em seu site
COLE ESSE CÓDIGO EM SEU SITE x
Fonte: Vida de Programador
Transcrição ↓

real historia;
string sender = "Não deixe de fazer terapia";

(Na terapia...)
Programador: ... e daí faz 4 anos que eu trabalho com programação...
Psicóloga: Legal! Front-end ou back-end?
Programador: Back. Ah, você já conhece a área... Já trabalhou com RH antes da clínica?
Psicóloga: Na verdade, eu ainda sou recrutadora autônoma. Depois da consulta a gente pode conversar um pouquinho? Tenho uma vaga boa para Java...
Programador: PLOFT!
--
Camiseta: Tão bom me desligar um pouco do trabalho...

O artigo "Até aqui?" foi originalmente publicado no site Vida de Programador, de Andre Noel.

15 Feb 21:44

mRNA Vaccine

To ensure lasting immunity, doctors recommend destroying a second Death Star some time after the first.
11 Feb 02:57

Cientista diz que pode haver dinossauros na Lua. E a ideia faz sentido

by Carlos Cardoso

Dinossauros na Lua? Isso é insano. Sabemos que há incas em Vênus, Kardecistas em Júpiter (sério), na Lua temos o Vigia, Inumanos e até Mulheres Amazonas, mas agora uma ideia foi proposta e desafia até a ficção: Há uma possibilidade de termos dinossauros reais por lá.

...... (no espaço ninguém escuta você rugir - Crédito: Editoria de Arte)

Calma, eles muito provavelmente estão mortos, ou estão bem velhinhos, mas o conceito é fascinante.

Em algum momento, 66 milhões de anos atrás o mundo viveu seu último dia perfeito. Pastando, caçando, dormindo ou coelhando (embora tecnicamente coelhos só surgiriam bem mais tarde) milhões de dinossauros testemunharam o céu pegar fogo. Vindo de muito, muito longe um meteoro com algo entre 11 e 80Km de diâmetro rasgou a atmosfera a mais de 20Km/s.

Grande demais para ser afetado pela pressão do ar à sua frente, ele atingiu o chão intacto, percorrendo a distância entre a altitude de cruzeiro e o nível do mar em 0.3 segundos.

Em número de Hiroshimas, a energia do impacto foi calculada como algo entre 21 e 921. Bilhões. 921 bilhões de detonações nucleares, ali, no mesmo ponto, ao mesmo tempo.

Isso jogou uma quantidade imensa de detritos na atmosfera, escurecendo o planeta por décadas. Plantas morreram, animais que comiam plantas morreram, animais que comiam animais que comiam plantas morreram. 75% de toda a vida da Terra foi extinta.

Cratera de Chicxulub, não muito após o impacto. (Crédito: Agência Espacial Mexicana)

Essa é a hipótese proposta em 1980 por Luiz Alvarez e seu filho e também geólogo Walter Alvarez. Até então havia várias outras propostas para a extinção dos dinossauros, de pandemias até erupções vulcânicas em cadeia.

O modelo dos Alvarez fazia bastante sentido, mas havia um problema: Eles tinham o crime, mas não tinham a arma do crime. Como costuma acontecer eles foram bem criticados e a hipótese não foi levada mais a sério do que outras.

Dois geofísicos da Pemex, a estatal mexicana de petróleo, Glen Penfield e Antonio Camargo fizeram pesquisas em 1978 procurando marca geológicas que indicam locais aonde há petróleo.

Eles usaram medidas gravitacionais para mapear o solo submarino, e quando analisaram dados da Península de Yucatan, obtidos em 1940, perceberam algo que os cientistas originais não haviam visto, provavelmente por não terem computadores capazes de gerar modelos tridimensionais em tempo real, ou provavelmente por não terem computadores.

Anomalia de Chicxulub (Crédito: United States Geographic Survey)

Os dados mostravam claramente marcas concêntricas indicativas de uma cratera de impacto, mas ela era enorme. Localizada perto da cidade de Chicxulub, a cratera ganhou seu nome.

São 150Km de diâmetro, e 20Km de profundidade. Só como comparação, mesmo sendo impossível visualizar mentalmente isso, a famosa Cratera do Meteoro, no Arizona, tem UM Quilômetro de diâmetro.

Cratera do Meteoro, Arizona (Crédito: Tsaiproject / Wikimedia Commons)

Quando os dados foram apresentados em um Congresso em 1981, pouca gente deu atenção, a PEMEX como toda boa estatal não liberou os dados para que outros cientistas confirmassem os cálculos, e solicitações de amostras minerais foram negadas, com alegações de que haviam sido perdidas ou destruídas. Os dois acabaram voltando pro trabalho normal.

Ao mesmo tempo um estudante da Universidade do Arizona, Alan R. Hildebrand publicou uma pesquisa detalhando as características do solo resultante de um mega-impacto, e começou a analisar amostras de solo de todo o mundo, chegando a descobrir que a parte com mais presença dos minerais previstos ficava na região do Caribe.

Ele começou um trabalho de detetive para tentar identificar o local do crime. Eis que em 1990, um repórter do Houston Chronicle comentou com Hildebrand sobre a pesquisa de Glen Penfield e Antonio Camargo. Imediatamente ele revisou os dados da região, e contactou a PEMEX atrás de amostras. Dessa vez eles foram prestativos.

As amostras de solo mostraram os exatos materiais gerados pela colisão de algo muito, muito grande. Distribuídos nas regiões certas, nas proporções certas. Um crime de 66 milhões de anos havia sido desvendado, infelizmente Luiz Alvarez havia morrido em 1988 e não viu sua hipótese se tornar um fato aceito pela comunidade. Mas não fique triste, ele ganhou um Nobel de Física em 1968, seus méritos eram bem reconhecidos.

E os Dinossauros na Lua?

No livro The Ends of the World, Peter Brannen cita uma conversa com o oceanólogo e geofísico Mario Rebolledo aonde ele descreve o impacto do Meteoro de Chicxulub, e faz uma consideração: O impacto foi tão forte que muito, muito material não só foi lançado na atmosfera, como atingiu velocidade de escape, se movendo rápido demais para ser recapturado pela gravidade terrestre.

Esse material era em sua maioria rochas, terra e água, mas no meio da imensa área de impacto havia uma boa quantidade de árvores, peixes e... dinossauros.

Como o campo gravitacional da Lua é respeitável, é possível, na verdade bem provável que parte desse material tenha sido capturado e caído na superfície do satélite.

Nada chegou vivo, mas ao mesmo tempo nada se decompôs. É possível que no futuro, quando astronautas em uma missão de colonização estiverem escavando os alicerces de nossas futuras casas, fábricas e laboratórios, encontrem um fragmento, ou mesmo um esqueleto inteiro de um T-Rex, e esse grito vai ser ouvido por todo o Sistema Solar.

E não, a hipótese de dinossauros na Lua não é astronomicamente improvável. Estamos lidando com Grandes Números, isso já aconteceu antes e pode acontecer de novo. Por exemplo, esta pedra:

Meteorito marciano NWA 7034 (Crédito: NASA)

É um meteorito, mas tem uma composição que não combina com meteoritos comuns. É uma pedra (pra irritar o SpaceToday) muito nova. Aos poucos outras parecidas foram encontradas, e em 1976 dados das sondas Viking mostraram que o solo marciano tinha uma composição bem parecida com essas pedras.

Depois disso foram encontrados bolsões de ar dentro da pedra. Análises de isótopos e composição mostraram ar totalmente compatível com as medições da atmosfera marciana também feitas pelas Viking.

A conclusão era óbvia: Aquela pedra havia vindo de Marte. Como? Bem, se não foram aliens, a hipótese mais provável é que um meteoro dos grandes atingiu Marte e lançou parte do planeta no espaço, e por uma imensa sorte, aquele pedaço vagou por milhões de anos até colidir com a Terra.

Improvável? Extremamente, mas no âmbito de milhões de anos há tempo pra muita coisa improvável acontecer. Tanto que não temos um, mas 207 meteoritos comprovadamente de Marte.

E sim, se é possível termos restos de dinossauros na Lua, também é possível que fragmentos tenham chegado até Marte. Mas não espalhe, vamos esperar o Elon Musk tomar um susto.

Cientista diz que pode haver dinossauros na Lua. E a ideia faz sentido

08 Feb 21:27

Metacarcinization

Scientists still don't know how marine biologists manage to so consistently bring up whalefall ecosystems, when relevant conversational openings are so few and far between.
08 Feb 21:27

Trash Compactor Party

What an incredible smell you've discovered.
21 Jan 01:54

Altair 8800: 45 anos do computador que deu início à Revolução Digital

by Carlos Cardoso

O Altair 8800, para um jovem gamer de hoje em dia (micreiros já foram extintos) parece, e honestamente é algo pré-histórico, feito com barro fofo e pedra lascada, mas ali tínhamos a essência da microinformática, pela primeira vez os computadores rastejavam do lodo do simbólico mar e se aventuravam na terra da casa das pessoas.

Altair 8800 em exposição no Instituto Smithsoniano. (Crédito: Ed Uthman / Wikimedia Commons)

Em 1974 existiam três tipos de computadores: Mainframes, ocupando salas inteiras, custado milhões, minicomputadores, que custavam o equivalente a uns US$250 mil hoje em dia, e os computadores montados por hobbystas, que tinham profundos conhecimentos de eletrônica digital.

Esses micros eram exclusivos, e a graça era construí-los. Os circuitos eram compartilhados em fanzines e encontros de entusiastas, mas pouca gente conseguia replicar os projetos.

Em Julho de 1974 a Radio-Electronics publicou um artigo com o  Mark-8 de Jerry Ogden, mas ele usava o processador Intel 8008, que era BEM fraco, e era realmente um kit, tudo que Jerry vendia eram as instruções, esquemas, layout das placas de circuito impresso e lista de componentes, o leitor tinha que se virar para achar tudo.

Os editores da revista Popular Electronics decidiram que seria muito legal publicar um artigo resenhando um kit de microcomputador, um kit de verdade. Várias empresas foram contatadas, incluindo a MITS, fundada por Ed Roberts e Forrest M. Mims III. Eles construíam equipamentos de telemetria para foguetes amadores, e mais tarde kits de calculadoras.

Como todo mundo, a MITS estava de olho em computadores, e os processadores estavam começando a se tornar viáveis. Em Abril de 1974 a Intel laçou o 8080, processador de 8 bits com incríveis 6000 transístores. Ele tinha capacidade de processamento de sobra e Ed Roberts começou a brincar com o bichinho, construído um computador em volta dele.

CPU Intel 8080 (Crédito: Wikimedia Commons)

Quando a Popular Electronics o contatou com a oferta de publicar o projeto na revista e vender o computador com kit, a MITS abriu um sorriso enorme; a empresa estava falindo, seu negócio de calculadoras já era, e não havia fogueteiros suficientes para tornar o negócio lucrativo.

Com já tinham experiências com kits, a MITS conseguiu projetar o Altair 8800 para ser simples o bastante para que um hobbysta com experiência mediana o conseguisse montar. Mais ainda: Roberts era um dos maiores clientes da Intel, e ajudou a empresa a direcionar seu negócio de processadores.

Sem experiência (ok, ninguém na época tinha) eles começaram a vender ochip  8080 pelo equivalente hoje a US$1700. E a coisa não era exatamente um Xeon. Roberts disse que não, e como queria comprar uma quantidade bem razoável, negociou o preço para pouco mais de US$350. Depois isso baixou mais ainda.

Isso confundiu a Intel, que produzia uma plataforma de referência e desenvolvimento para o 8080, o Intellec 8 que era vendida pelo equivalente a US$50 mil em 2021.

Ed Roberts (Crédito: Los Angeles Times)

Comprando todos os componentes no atacado, a MITS conseguiu produzir um computador montado por US$2100 nos valores atuais. Soa caro? Estamos falando de um computador, o Altair 8800 era algo que simplesmente não existia como kit. Quando você pagaria por um kit de um disco voador?

Produzido em tempo recorde, o Altair foi enviado para a Popular Electronics enquanto Ed Roberts pegava um avião, mas somente um deles chegou em New York, o Altair foi roubado ou sumiu durante uma greve na empresa.

Ed Roberts, afundado em dívidas, pedindo dinheiro emprestado para bancar o projeto, teve que convencer o conselho editorial da funcionalidade do Altair 8800 usando apenas esquemas do circuito eletrônico.

Eles ainda pediram um gabinete bonito pois seria matéria de capa.

No Novo México, aonde a sede da MITS ficava, Bill Yates (Não confundir com outro Bill – spoiler) montou um gabinete não-funcional, e enviou para a editora. Foi esse gabinete fake que apareceu na capa da Popular Electronics de Janeiro de 1975.

Popular Electronics, Janeiro de 1975 (Crédito: Reprodução)

O Altair 8800 era baseado em um processador Intel 8080, com clock de 2MHz e 256 BYTES de memória. Isso mesmo, crianças, BYTES. Ele não tinha teclado, não tinha porta de joystick, não tinha saída de vídeo, porta de disquete, porta paralela, nada. O barramento era de 16 bits então o 8080 podia endereçar até incríveis 64KB de memória, mas isso custaria uma fortuna.

Toda a comunicação do Altair 8800 era feita através do painel frontal, aonde você programava o bicho usando linguagem de máquina, bit a bit.

Hoje, quando a imensa maioria dos usuários sequer programa seus computadores, e os que o fazem usam todo tido de frameworks, é impensável ter acesso ao metal diretamente, sem nenhum sistema operacional no meio do caminho.

Para o entusiasta de 1975, o Altair 8800 era um presente dos deuses, ainda mais com o kit desmontado custando meros US$1920.

Na primeira versão Roberts fez o Altair 8800 com quatro placas empilhadas, mas isso não era prático para construir. Ele então bolou um barramento com nada menos do que 18 slots, no qual eram inseridas placas com RAM, CPU, lógica auxiliar, etc. O Altair 8800 vinha com quatro placas com as funções básicas.

Altair 8800b de 1976. (Crédito: Michael Holley / Wikimedia Commons)

A MITS prometeu uma bela lista de expansões, que tornariam o Altair 8800 bem menos misantropo, incluindo placas de 1KB e 4KB de RAM, interface paralela, serial, RS-232, para teletipo e até uma porta para gravador K7.

Todas eram vendidas em kit ou montadas.

O artigo, assinado por Ed Roberts e Bill Yates vendia bem o Altair, e abria com o parágrafo:

“A era do computador em cada casa – um tópico favorito entre os autores de ficção científica – finalmente chegou!”

Mais adiante eles descrevem possíveis usos para o o Altair 8800, entre eles:

  • Calculadora científica
  • Sistema de aquisição de dados multicanal
  • Sistema de alarme
  • Testador de Cis
  • Controlador de máquinas industriais
  • Piloto automático para aviões e barcos
  • Cérebro para um robô

Quando pediu empréstimo para o projeto, Roberts explicou para o gerente do banco que a perspectiva era vender 800 kits no primeiro ano. Internamente a MITS trabalhava com a idéia de 200.

Um mês depois do artigo publicado já tinham vendido mais de 1000 unidades, com funcionários novos sendo contratados só para atender os telefones. A MITS não dava conta dos pedidos, alguns levaram seis meses para ser entregues, mas os hobbystas queriam mais. Em três meses Ed tinha 4000 Altairs encomendados.

Altair 8800 conectado a um terminal de teletipo (Crédito: Tim Colegrove / Wikimedia Commons)

Como o barramento do Altair 8800 era bem documentado simples e aberto (ninguém havia pensado em patentear) e as placas da MITS demoravam a sair, surgiram montes de fornecedores projetando e construindo suas próprias expansões, todo um mercado foi criado.

O que atrasava o Altair 8800 era a interface. Mesmo com um terminal de teletipo, você era obrigado a programar em assembler (assembly é coisa de n00b). Havia espaço para uma linguagem de programação de alto nível, e isso chamou a atenção de três nerds de Harvard, Bill Gates, Paul Allen e Paul Gilbert.

Nas horas vagas eles tinham uma pequena empresa que tabulada dados de trânsito nas ruas de Seattle, mas ela nunca foi muito longe. Eles gostavam mais de computadores em si do que de aplicações, e a necessidade que a MITS nem sabia que tinha era perfeita.

Só havia um problema: Nenhum dos três nunca tinha visto um Altair 8800. Mesmo assim eles ligaram para Ed Roberts e perguntaram se ele estaria interessado em um interpretador de linguagem BASIC para o Altair 8800.

Roberts gostou da idéia, e marcou uma reunião em Albuquerque para dali a um mês.

Paul Allen e Bill Gates, 5 anos antes. (Crédito: Bruce Burgess / Wikimedia Commons)

Além de nunca terem visto um Altair, nenhum dos dois (Gilbert não entrou na nova sociedade) tinha visto um Intel 8080. Tudo que tinham era um emulador da CPU 8008 que Paul Allen havia escrito para um projeto anterior.

Allen modificou seu emulador para funcionar como um 8080, e ele e Gates escreveram um interpretador BASIC que conseguiu ocupar menos de 4KB de RAM. Monte Davidoff, um colega deles de Harvard foi contratado para escrever as rotinas de matemática de ponto flutuante.

Funcionando no emulador, foi chegado o dia da demonstração. Gates e Allen embarcaram para o Novo México, levando o BASIC em uma fita de teletipo, uma forma primitiva de armazenamento de dados aonde os bits eram literalmente perfurados em uma fita de papel. Imagine uma evolução dos cartões perfurados...

Nesse momento eles se lembraram que o Altair 8800 não tinha nenhum meio de LER a fita. Não havia ROM, FIRMWARE e outras modernidades. Você tinha que programar no terminal frontal uma rotina para ler a porta serial do teletipo, receber os dados e executá-los.

É essencialmente o que a BIOS do seu computador faz, procurando no setor de boot do hard disk instruções de como carregar o sistema operacional. Só que como o Altair 8800 não tinha BIOS, cada vez que você ligava o computador tinha que literalmente programar em RAM a seqüência de comandos para iniciar o leitor de fita e carregar o BASIC.

Aqui o boostrap original do Altair 8800:

Três seqüências de boot do Altair 8800 (Crédito: Reprodução)

A primeira versão foi escrita por Paul Allen durante o vôo, e eles se surpreenderam quando depois de inserida pacientemente no painel do Altair 8800, na sede da MITS, o programa rodou de primeira.

Demorou bastante para inserirem os 46 bytes do bootstrap de Allen. Mais tarde ele e Gates disputaram quem conseguiria escrever a menor versão. Bill ganhou, reduzindo para 17 bytes.

NOTA: em 2015 um sujeito conseguiu bater o recorde de Bill escrevendo um bootstrap de apenas 12 bytes.

Depois que a fita de papel foi lida, o teletipo imprimiu uma mensagem perguntando o tamanho da memória disponível. Em um sistema com 4KB o BASIC deixava 760 Bytes disponíveis para programas, o resto era ocupado pelo interpretador.

Diante do “OK” impresso no teletipo, Paul Allen digitou a célebre “PRINT 1+1” <enter>, comando que o interpretador BASIC prontamente respondeu “2”.

No vídeo abaixo reproduzem o exato processo, de programar a rotina de boot a executar o comando em BASIC.

Com o BASIC era possível escrever programas com muito, muito, muito mais facilidade do que em linguagem de máquina, e estavam livres do painel frontal, ao menos até o próximo reboot. Ah sim levava 9 minutos para o terminal ler a fita com o BASIC 4K da Micro-Soft, como a empresa se chamava na época.

Novas versões e expansões foram aparecendo, o BASIC 4K original passou a dividir espaço com o BASIC 8K, com mais funções e recursos. Não, mesmo com o BASIC o Altair 8800 não rodava Crysis.

A nova linguagem era cara, a Microsoft vendia o BASIC mais básico pelo equivalente a US$725 em 2021, a Extended, US$1700, mas se você comprasse uma expansão de memória da MITS havia um desconto significativo, o BASIC básico saía por US$290 em valores atuais, os outros sofriam reduções semelhantes.

Apesar de todo o sucesso, da verdadeira febre criada pelo Altair 8800, A MITS não teve um destino muito feliz. Em 1977 ela faturava o equivalente hoje a US$26 milhões, mas era pouco, o Altair 8800 era vendido a preço de custo, o lucro vinha das expansões, e todo mundo estava produzindo expansões, além de clones e derivados estarem surgido de todo lado.

Em verdade em 77 ele já estava mais que obsoleto, ainda mais com a introdução em Abril de um tal de Apple II.

Esse já dá pra brincar (Crédito: FozzTexx / Wikimedia Commons)

A MITS acabou sendo vendida para a Pertec Computer Corporation, que tirou o Altair 8800 de linha, aproveitando os funcionários e a fábrica para produzir seus próprios computadores. Ed Roberts pegou sua parte da venda, equivalente a US$9 milhões hoje, e comprou uma fazenda. Tempos depois ele se formou em medicina e foi morar em uma cidadezinha do interior, sendo médico local, até morrer em 2010, aos 68 anos.

Seu legado foi uma série de gerações de hobbistas, nerds, micreiros, fuçadores, hackers, programadores e curiosos. Jovens que tinham uma atração instintiva por tecnologia, que gostavam de construir seus próprios brinquedos e compartilhar com os amigos.

Altair 8800 com duas unidades de disquete de 8 polegadas. Cada um comportava incríveis 300KB (Crédito: Dr. Bernd Gross / Wikimedia Commons)

Clubes eram formados, convenções e feiras. Nomes como Gates, Allen, Simonyi, Wozniack, Draper, Bricklin, gente que mudou o mundo teve seu mundo mudado quando viram aquela capa da Popular Electronics.

Toda a revolução tecnológica que resultou no incrível mundo conectado que temos hoje foi apoiada no ombro desses gigantes, e nenhum deles é maior do que Ed Roberts e sua humilde caixinha azul, o Altair 8800.

Para Saber Mais

Altair 8800: 45 anos do computador que deu início à Revolução Digital

31 Dec 19:44

Penicilina - A droga mágica made in USA que salvou Hitler

by Carlos Cardoso

Em 1944 uma bomba colocada sob uma mesa detonou, matando 4 pessoas, digo, nazistas, e deixando vários feridos, entre eles Adolf Hitler. Agora a mesa de madeira maciça que o salvou era o que ameaça sua vida. Por sorte seu médico, Theodor Morell, tinha uma carta na manga: Uma droga mágica recolhida de prisioneiros americanos: A Penicilina.

Sir Alexander Fleming (Crédito: Biblioteca do Congresso)

Hitler foi atingido por estilhaços de madeira, e corria grave risco de desenvolver septicemia, com os ferimentos infeccionando e envenenando seu sangue. Não era uma condição excepcional, septicemia era um risco grave em qualquer acidente ou cirurgia durante boa parte da História da Humanidade.

Hoje temos antibióticos de todos os tipos. Pneumonia? Antibiótico. Dedo inchado com Panarício? Antibiótico. 60 anos atrás isso era pura ficção científica, e o primeiro medicamento com razoável sucesso no tratamento de infecções foi a Sulfa, descoberta pelo cientista alemão Gerhard Domagk em 1932. Você já viu, é aquele pozinho branco que os soldados jogam nas feridas nos filmes de guerra. Não, o de Scarface é outro tipo.

Sulfas salvaram milhares de vidas, mas tinham diversos efeitos colaterais e muitas reações alérgicas, e não eram tão eficientes quanto o desejado. Para piorar Sulfa foi tão usada e de forma tão indiscriminada que em poucos anos quase toda bactéria já era resistente.

Era preciso uma solução mais eficiente e elegante, e essa solução começou a ser criada em 1928, quando um microbiologista chamado Alexander Fleming voltava de férias para seu laboratório no Hospital St Mary, em Londres.

A história de que Fleming descobriu a Penicilina em um sanduiche de pasta de amendoim é falsa, o que ele reparou foi que algumas culturas de bactérias que ele havia deixado em placas de petri haviam desenvolvido fungos, o que não é incomum, mas desta vez os fungos estavam mantendo as bactérias longe.

Na imagem acima vemos o fungo, grandão, e as colônias de bactérias,na parte de baixo. Mais próximo do fungo, bactérias sofrendo lise, tendo suas paredes celulares destruídas pela penicilina. (Crédito: Alexander Fleming)

O que ele presenciava era o resultado de milhões de anos de Evolução. Em algum momento uma mutação em um parente distante do fungo Penicillium rubens fez com que uma das substâncias excretadas por ele sofresse uma alteração. Como todo mundo o fungo vive cercado de bactérias malditas e bacilos vacilões, que o infectam. A substância excretada pelo fungo era desagradável para bactérias, e elas se afastavam, preferindo atacar outros fungos.

Com essa vantagem aquele fungo viveu uma vida longa e fértil, produzindo muitos funguinhos, e dia após dia século após século mutações aleatórias produziam versões mais eficientes da tal substância, que ganhou o nome de Penicilina.

Ele pesquisou os efeitos bactericidas do composto, e publicou um dos papers seminais da História da Microbiologia: On the Antibacterial Action of Cultures of a Penicillium, with Special Reference to their Use in the Isolation of B. influenzæ.

O paper foi prontamente ignorado pela comunidade científica, dadas as dificuldades de isolar o fungo. Fleming então se dedicou a outras pesquisas, deixando a Penicilina de lado. O fungo ficou na gaveta mofando metaforicamente por dez anos, até que em 1938 dois pesquisadores de Oxford deram prosseguimento à pesquisa.

Sir Alexander Fleming em seu laboratório (Crédito: Biblioteca do Congresso)

Howard Florey era um australiano, Ernst Chain um judeu alemão refugiado. Eles isolaram a Penicilina e demostraram que ela era segura e extremamente eficiente em conter infecções bacterianas em ratos.

Dessa vez houve interesse, a Guerra estava começando a ficar séria e soldados morriam mais de infecção do que por envenenamento por chumbo em alta velocidade, mas o problema continuava o mesmo. Norman Heatley, outro bioquímico de Oxford sofria para produzir uma quantidade mínima de Penicilina. Seu laboratório era repleto de fracos, placas e petri e até comadres.

O maldito fungo só se reproduzia em uma camada finíssima sobre o material de cultura, a quantidade obtida era insignificante. Seria preciso ajuda para produzir Penicilina em quantidade industrial, e que melhor lugar para coisas industriais que os Estados Unidos?

Florey e Heatley atravessaram a poça e foram apresentar seu trabalho para cientistas e técnicos americanos. Rapidamente foram encaminhados para um administrador do Ministério da Agricultura, Percy A. Wells, que por acaso era especialista em... fermentação.

Howard Florey, Ernst Chain, Norman Heatley e um gato. (Crédito: Reprodução Internet)

Wells sugeriu que ao invés de criar o fungo em uma placa, tentassem um tanque, como o usado para leveduras. Era uma idéia óbvia e eficiente, e imediatamente um dos laboratórios do Ministério em Peoria foi dedicado à produção experimental de Penicilina, com direito até a cientistas como Gladys Lounsbury Hobby pesquisando variedades do fungo mais eficientes. A melhor foi achada em um melão podre em uma quitanda.

Anúncio da 2a Guerra promovendo Penicilina. (Crédito: Domínio público)

Os jornais e rádios alardeavam a Penicilina como uma droga milagrosa, mas basicamente ninguém estava sendo tratado com ela, a quantidade produzida ainda era muito pequena. Em Março de 1942 um paciente consumiu sozinho metade da produção total de Penicilina nos EUA.  Junho do mesmo ano o estoque total daria para tratar dez pacientes.

A escassez era tanta que a urina dos pacientes era coletada e a Penicilina não-metabolizada era extraída e usada de novo.

As empresas farmacêuticas estavam receosas em investir em fábricas para algo não-comprovado, até que em 1943 uma menina chamada Patricia Malone mudou tudo.

Patricia tinha dois anos de idade, sofria de um envenenamento do sangue, septicemia e os médicos deram para ela sete horas de vida.

Tanque de produção de Penicilina a Pfizer (Crédito: Domínio Público)

Um jornalista soube do caso e implorou para políticos e administradores em Washington que liberassem Penicilina para tratar a criança. O apelo deu certo, Penicilina foi recolhida de vários laboratórios, e ao invés de morrer em horas, Patricia se recuperou em horas.

Acompanhando o caso de longe estava um sujeito chamado f John L. Smith. Ele era Vice-Presidente de uma empresa chamada Charles Pfizer & Co., e não estava botando muita fé na Penicilina. Só que Smith havia perdido uma filha de 16 anos para uma infecção parecida com a de Patricia.

Revertendo totalmente a posição da empresa, a Pfizer comprou uma fábrica de gelo no Brooklyn e em seis meses tinham funcionando 14 tanques de fermentação de 27 mil litros cada. No total ao final da Guerra 21 fábricas nos EUA produziam Penicilina.

Produção original de Penicilina em Oxford. (Crédito: Norman Heatley)

No Dia D já havia uma reserva de 2.3 milhões de doses e cada soldado levava uma dose em seu kit.

O mais fascinante é que nada disso era segredo. O Paper de Fleming e as pesquisas de Florey e Chain, com instruções detalhadas para a produção de Penicilina foram publicados em periódicos de grande alcance, sendo lidos inclusive por cientistas alemães, mas eles aparentemente estavam casados demais com a Sulfa, e embora alguns laboratórios pesquisassem Penicilina, não havia nenhum esforço nacional.

O máximo foi uma verba equivalente a US$10 mil para um laboratório pesquisar os efeitos bactericidas da Penicilina.

Esse vidrinho era a diferença entre a vida e a morte. (Crédito: Reprodução Internet)

Em outros lugares, como os Países Baixos, havia até produção clandestina. Uma unidade de fermentação foi montada em uma destilaria que produzia Gin, e a Penicilina foi batizada de Bacinol, para não chamar a atenção dos alemães. Já o nazista que supervisionava a destilaria era tratado com generosas doses de gin, e não perdia tempo andando pelo chão de fábrica.

Entre os soldados a Penicilina era definitivamente milagrosa. Ela curava Sífilis em algumas horas, outras doenças venéreas iam embora com a mesma facilidade. Os alemães não tinham nada parecido, e um monte de soldados ficavam incapacitados por causa disso.

Casos de gangrena também eram cada vez mais raros. Os alemães se tratando com sulfa tinham até 30 casos a cada mil soldados feridos. Os aliados, com Penicilina mantinham seus números em 1.5 casos a cada mil.

No final o esforço de produção de Penicilina pelos Estados Unidos foi um projeto que só perdeu para o Projeto Manhattan em termos de complexidade e importância. Centenas de milhares, talvez milhões de vidas foram salvas, a indústria farmacêutica se adaptou em meses, inclusive usando como meio de cultura licor de maceração de milho, um subproduto da produção de maisena.

A Penicilina salvou não só os soldados americanos, como os alemães que davam a sorte de ser capturados e tratados em hospitais aliados. No resto do mundo com o fim da guerra também chegou ao fim a certeza das infecções fatais, doenças venéreas e tantas outras sentenças de morte que hoje a gente resolve com um disk-farmácia.

Isso deve doer bagarai. (Crédito: Military.com)

Por sua descoberta Alexander Fleming recebeu o Nobel em Medicina ou Fisiologia de 1945, dividindo o prêmio com Howard Florey, e  Ernst Chain.

Hoje uma dose de Penicilina custa R$6,00 e você acha em qualquer farmácia. Já nos EUA ela, que salvou a vida de milhares de soldados, é o terror dos recrutas, que tem que tomar uma dose da “manteiga de amendoim”, na bunda. O local fica extremamente dolorido e deve ser massageado por mais de uma hora, até o líquido branco e viscoso se espalhar pela corrente sanguínea. É ruim? É, mas muito pior seria a vida sem ela.

Fontes:

 

Penicilina - A droga mágica made in USA que salvou Hitler

30 Dec 01:40

Boston Dynamics bota robôs pra dançar

by Carlos Cardoso

Todo ano a Boston Dynamics solta um vídeo de fim de ao com alguma gracinha envolvendo seus robôs, que hoje andam bem diversificados, com o Spot, o cachorro-robô já sendo oferecido comercialmente e usado como sentinela em alguns lugares.

No fundo só uma torradeira. (Crédito: SyFy)

Desta vez o foco é o Atlas, um robô humanoide de 2013 que vem sendo aperfeiçoado constantemente. Hoje já podemos dizer que a Boston Dynamics superou a ficção.

Em Caprica, série que sucedeu a excelente Battlestar Galactica, Zoey Graystone, interpretada pela tchutchuca Alessandra Torresani e justificativa pra imagem de abertura tem sua mente copiada para a CPU de um Cylon, um protótipo de robô multi-função que carecia de uma mente para operar seu corpo.

Esse é o estágio em que estamos. A Boston Dynamics consegue criar corpos robóticos com mais agilidade do que a maioria dos humanos, ou ao menos dos blogueiros. A única coisa que falta é uma mente. Esses robôs são meras marionetes, executam movimentos especificados, desviam de obstáculos, mas não conseguem entender algo tão complexo quanto “pegue aquela pedra”.

Isso não quer dizer que não sejam capazes de um show, e o vídeo de 2020 lembrou muito esta cena em Caprica, quando zoe, no corpo cilônio tenta dançar.

Mesmo descontando que a série é de 2010, é assustador ver como a Ciência superou a ficção científica. Sente-se e veja o vídeo da Boston Dynamics:

Teve um treco? Acha que em breve seremos mortos por robôs ianques malvados? Bem, há um complicador. O Google vendeu a Boston Dynamics já faz tempo, hoje o maior investidor, com 80% da empresa é a Hyundai, da Pior Coréia, o resto é do Softbank, do Japão.

Teremos Mechas antes de robôs assassinos. OK, talvez mechas assassinos.

O que não teremos são robôs autônomos. Inteligência Artificial é um negócio danado de complicado nesse nível, nenhum soldado que se preze arriscará ir pro combate com um robô armado e as promessas de que claro que ele não confundirá você com o inimigo, Cabo Ahmed Sahid.

Existe uma possibilidade para o uso de robôs assim em combate, e é muito mais Ender do que Terminator: Drones. É fácil imaginar um salão vazio com soldados usando óculos de realidade virtual, comandando um esquadrão de robôs, através de links encriptados de baixa latência, tipo Starlink.

Quando isso vai acontecer? Simples, quando um robô desses custar menos de US$58 mil. Esse é o custo de seleção (US$22 mil) e treinamento (US$36 mil) de um soldado no exército dos EUA.

Boston Dynamics bota robôs pra dançar

29 Dec 14:43

First Thing

Then I'm going to go on a weeks-long somatic hypermutation bender, producing ever-more targeted antibodies, while I continue to remain distanced and follow guidance from public health authorities.
27 Dec 15:38

Pesquisadores recuperam visão de ratos com glaucoma

by Ronaldo Gogoni

Uma nova pesquisa publicada por pesquisadores de diversas universidades traz nova esperança a pessoas com visão reduzida ou cegueira completa, ao anunciarem terem revertido um quadro de glaucoma em ratos que foram induzidos a desenvolver a doença. Comum em idosos, ela pode afetar pessoas mais jovens e quando não tratada a tempo, pode levar à perda da visão.

Ratinho branco usado como cobaia em pesquisas (Crédito: tiburi/Pixabay) / visão

Ratinho branco usado como cobaia em pesquisas (Crédito: tiburi/Pixabay)

O procedimento usado na pesquisa se baseou no conhecimento de que células em estágio embrionário têm maiores capacidades de regeneração, e que elas se perdem conforme o espécime amadurece e envelhece. Não por acaso, uma série de doenças comuns à velhice, como o mal de Alzheimer, são decorrentes de degeneração celular. Um dos pontos negativos de vivermos por mais tempo graças à medicina, mas divago.

O glaucoma não é necessariamente uma doença ligada exclusivamente ao envelhecimento, embora ele seja um dos fatores de risco. Ele é um mal causado principalmente pelo aumento da pressão intraocular, que causa danos no nervo óptico. O glaucoma de ângulo aberto, o mais comum, pode permanecer assintomático por anos, lentamente reduzindo o campo de visão de um olho prejudicando a visão periférica, até chegar ao que chamamos de "visão de túnel", bem restrita.

Se não tratada a tempo, o glaucoma pode levar à perda completa da visão de um ou ambos os olhos. Entre os atuais tratamentos estão colírios, medicamentos para regular a pressão intraocular e, em último caso, cirurgia.

O método apresentado pelos pesquisadores visava não impedir o avanço do glaucoma, mas revertê-lo após o diagnóstico.

Paciente com glaucoma no olho direito; note como a pupila reage à luz em relação ao olho esquerdo (Crédito: James Heilman/Wikimedia Commons) / visão

Paciente com glaucoma no olho direito; note como a pupila reage à luz em relação ao olho esquerdo (Crédito: James Heilman/Wikimedia Commons)

Os ratinhos da experiência foram manipulados para desenvolverem glaucoma, e a seguir, foram submetidos a um coquetel chamado OSK, composto de três genes empregados em pesquisas de memória epigenética, onde as células "se lembram" de marcações químicas em suas fases embrionárias e as reativam. O método é o mesmo usado para produzir células-tronco a partir de células adultas saudáveis.

Ao "rejuvenescerem", a capacidade de regeneração das células ganglionares danificadas da retina dos ratos duplicou, aumentando o ritmo de restauração do nervo óptico em até 5 vezes. Os pesquisadores conseguiram reverter quadros de perda de visão em espécimes mais velhos, além dos portadores de glaucoma, e constataram a regeneração de axônios (prolongamentos dos neurônios) até a base do cérebro das cobaias.

Da visão ao Alzheimer

Segundo o Dr. David Sinclair, um dos autores do estudo, será possível começar os testes em humanos daqui a dois anos, enquanto pesquisadores externos apontam a possibilidade de usar a técnica em outras espécies, antes de pular para a fase com pacientes.

Ao mesmo tempo, ao constatar que o OSK é efetivo para restaurar células nervosas e recuperar ligações com neurônios, Sinclair acredita que o tratamento pode ser usado para tratar outras doenças degenerativas graves, como o mal de Alzheimer, que destrói a memória e outras funções mentais, e é causa de 60 a 70% dos casos de demência.

Referências bibliográficas

LU, Y. et. al. Reprogramming to recover youthful epigenetic information and restore vision. Nature, Edição 588 (2020), 35 páginas, 2 de dezembro de 2020.

Fonte: Nature

Pesquisadores recuperam visão de ratos com glaucoma

25 Dec 23:07

GTK 4.0 Toolkit Officially Released

GTK 4.0 has been officially released as the latest major iteration of this open-source toolkit...
25 Dec 23:04

Vaccine Tracker

*refresh* Aww, still in Kalamazoo. *refresh* Aww, still in Kalamazoo.
25 Dec 23:04

Wrapping Paper

Wow, rude of you to regift literally every gift that you or anyone else has ever received.
14 Dec 01:28

Quase 1 ano em home office

by Andre Noel
tirinha
Inclua essa tirinha em seu site
COLE ESSE CÓDIGO EM SEU SITE x
Fonte: Vida de Programador
Transcrição ↓

real historia;
string sender = "Fabrício Olmo Aride";

P.A. (via comunicador remoto): Cara, você tem noção que já está quase no final do ano?
Programador: Pois é... Quase o ano inteiro dentro de casa...
P.A.: Nem lembro mais como é trabalhar presencialmente
Programador (rindo): Eu tenho uma lembrança REMOTA!
P.A.: PLOFT!
-
Camiseta: No escritório você tinha que aguentar piada infame

O artigo "Quase 1 ano em home office" foi originalmente publicado no site Vida de Programador, de Andre Noel.

14 Dec 01:07

Intel Formally Announces Iris Xe MAX Graphics, Deep Link

Laptop vendors recently disclosed "Xe MAX" graphics as discrete Intel graphics set to appear within laptops in the coming weeks. That announcement was a bit unexpected and Intel did not brief the media in advance while today -- in an unusual announcement for a Saturday (Intel says it's timed for system availability, seemingly first in China) -- the company is formally announcing Iris Xe MAX.
14 Dec 00:53

Wonder Woman 1984

'Wait, why would you think a movie set in 1984 would do drive-ins as a retro promotion?' 'You know, 80s stuff. Drive-in movies. Britney Spears doing the hustle. Elvis going on Ed Sullivan and showing off his pog collection.' 'What year were you born, again?'
14 Dec 00:41

SpaceX faz História: Primeiro voo da Starship foi (98%) um sucesso

by Carlos Cardoso

Meninos, eu vi! A Starship da SpaceX na posição mais antinatural possível para um foguete, horizontal como uma banana, caindo com estilo e realizando a manobra que muitos disseram impossível, tudo isso construído a troco de Pinga. Marte, aí vamos nós.

Starship aguarda pacientemente a hora de subir. (Crédito: Reprodução YouTube)

Um ano atrás Elon Musk apresentou o primeiro modelo em tamanho real da Starhip, uma nave espacial do tamanho de um prédio de 12 andares, são 50 metros de altura, 9 metros de diâmetro e no total, capacidade de colocar 100 toneladas em órbita, sendo 100% reutilizável.

Um monte de gente que esqueceu ter feito o mesmo quando a SpaceX falou que iria pousar o Falcon 9 declarou ser impossível o plano de Elon Musk, de construir um foguete gigantesco em uma tenda, mas no melhor estilo Tony Stark e a caverna, foi exatamente isso que a SpaceX, usando da mais pura engenharia redneck, cortaram custos e frescuras, e os protótipos começaram a sair quase tão rápido quanto a SpaceX conseguia explodi-los em nome da Ciência.

Primeiro eles aprimoraram as técnicas de soldagem e metalurgia; aos poucos os tanques foram deixando de explodir durante os testes de pressão. Depois foi a vez dos motores; os novos Raptors foram configurados, afinados e logo estavam completamente em sintonia com o resto do foguete.

Seguindo a filosofia de não reinventar a roda, os flaps gigantes são movidos por motores elétricos dos carros da Tesla; no nariz da nave, quatro baterias também da Tesla alimentam as bombas do sistema hidráulico.

Em 27 de Agosto de 2019 o Starhopper, talvez o foguete mais feio da História decolou. Era uma horrenda caixa d’água, com um motor Raptor, o teste era para comprovar as técnicas de navegação e controle de potência.

Incrivelmente tudo deu certo apesar de alguns tanques de pressão terem se desprendido, e o Starhopper subiu 150m e depois pousou de forma graciosa.

Em 5 de Agosto de 2020 a SpaceX já tinha construído vários protótipos, era a vez da Starship SN5, que faria um teste de vôo a 150 metros de altitude.

Usando apenas um Raptor, sem bico e com um simulador de massa no nariz, o enorme silo de cereais disfarçado de foguete decolou e pousou!

Esses testes todos eram simples, tradicionais, mas a Starship é muito mais complicada do que isso. Ela usa a mesma filosofia do Falcon 9, um foguete primário faz o trabalho duro de levar a nave até o limiar do espaço, depois retorna, pousando suavemente em terra ou em uma balsa.

A diferença é que o Super Heavy tem 72 metros de comprimento e pesa vazio 180 toneladas. Enquanto o Falcon 9 tem 9 motores, o Super Heavy terá 28. Só isso já será uma visão impressionante, mas a Starship sozinha já é um espetáculo.

Depois de separada do Falcon Super Heavy, ela terá capacidade de entrar em órbita, ser reabastecida, viajar para qualquer lugar do sistema solar e pousar em lugares como Marte.

De volta à Terra, ela executará uma série de manobras inéditas, e parte disso foi testado dia 9 de Dezembro de 2020.

Basicamente, a Starship ao invés de entrar com tudo castigando um escudo de calor, vai entrar na atmosfera de barriga, usando quatro flaps gigantes para controlar sua posição e maximizar a área de exposição. Em essência é o mesmo que um paraquedista faz, quando cai com o corpo na horizonta, com braços e pernas abertas sua velocidade terminal é bem menor do que se caísse em pé com os braços cruzados, por causa do maior arrasto aerodinâmico.

Caindo com estilo. (Crédito: Reprodução YouTube)

Obviamente que uma nave de 50 metros deitada em trajetória vertical a trocentos km/h não está voando, está caindo com estilo, e não é uma situação ideal, não por muito tempo.

Agora entra a segunda manobra: Quando a Starship estiver próxima o bastante da área de pouso, ela irá religar alguns motores, realizar uma virada de barriga, voltar pra vertical, estender o trem de pouso e pousar suavemente.

Um monte de coisas podem dar errado nessa hora, e outras simplesmente não funcionam. Com o foguete caindo na horizontal, o combustível nos tanques está em queda livre, flutuando, e acionar os motores significaria aspirar essencialmente nitrogênio ou hélio, dependendo do que a SpaceX use para pressurizar o bicho.

A solução da SpaceX? Um segundo tanque no nariz da Starship, com combustível e oxidante, que como está cheio funciona em qualquer posição é usado para alimentar os motores nessa última fase. O que não é nada trivial, estamos falando de motores que funcionam a uma pressão de 300 atmosferas, uma bolha de ar ali no meio é suficiente para destruir tudo. Trocar a fonte de combustível e oxidante de um tanque para outro não é fácil.

Mesmo assim, foi feito.

O Teste

Em 9 de Dezembro de 2020 o protótipo SN8 da Starship decolou de Boca Chica, Flórida Texas, propulsionado por três motores Raptor. Durante a ascensão até a altitude planejada de 12,5Km, o combustível foi sendo consumido, o que tornava a nave mais leve. Para compensar, os motores foram sendo desligados. Primeiro um, depois dois, até que o final da subida foi feito com um único motor.

Alguns segundos antes de se desligar, o terceiro motor iniciou uma manobra para colocar a Starship na horizontal. A manobra foi concluída com auxílio dos jatos de manobra. Daí em diante era pra baixo e avante!

Os flaps funcionaram perfeitamente, a Starship assumiu uma posição inclinada que gerou alguma velocidade horizontal, direcionando-a para a área de pouso.

Nessa hora o pessoal da SpaceX já estava em êxtase, as chances do bicho decolar eram de 30%, eles estavam vendo todas as manobras previstas dando certo, inclusive o religamento de motores. Os engenheiros estavam se afogando em deliciosos e suculentos dados.

Na parte final a Starship começou a manobra de pouso, com dois motores, mas segundo Elon Musk faltou pressão no sistema de combustível, os motores perderam potência. Logo um deles morreu de vez, e o outro recebeu mais oxigênio do que combustível, gerando uma mistura rica demais, oxidando o interior do motor e causando a chama verde, indicação de que partes de Cobre estavam sendo arrancadas e queimadas.

Sem potência pra deter a descida, a Starship atingiu o chão mais rápido do que o planejado e sofreu uma desmontagem rápida não-planejada.

O teste em si começa na posição 1h47min57seg

Aqui outro ângulo:

Como sempre, a imprensa caiu em cima, mas a campeã de falar bobagem foi a CNN. A cobertura da CNN Brasil aliás tem sido PÉSSIMA na área de ciências. Alguns dias atrás o Jeff Bezos soltou uma bravata dizendo que a Blue Origin colocaria a primeira astronauta mulher na Lua.

Foi uma bravata pois a Blue Origin é apenas uma das concorrentes no processo de seleção da NASA para construir o módulo de pouso da futura missão lunar. O foguete será o SLS, a cápsula será a Orion, e o módulo de pouso pode ser da SpaceX, Lockheed ou Blue Origin, mas era querer demais que os jornalistas  soubessem disso.

Um sujeito pegou essa bravata e escreveu uma “reportagem” na qual a CNN fala que “A Blue Origin planeja um foguete para a Lua em 2024”, com direito a mostrar o New Sheppard, o mini-elevador da BO que só sobe e desce em linha reta, dizendo que seria o tal “foguete lunar”.

Agora, a cenenê me publica isto:

Melhor ler isso que ser surdo, ou algo assim. (Crédito: Internet)

Isso mesmo. “por sorte, nave Starship não tinha tripulantes”. Ô vivente, isso não tem nada a ver com sorte ela está a ANOS de ser tripulada. Equivale a você testar a miniatura de um 737 num túnel de vento, ela quebrar e você celebrar que ele quebrou mas não ter ninguém dentro.

Ademais, não foi “susto” nenhum, esse tipo de acidente é mais que esperado, ainda mais no PRIMEIRO vôo da desgraça do foguete, e ele não explodiu no ar, explodiu quando pousou rápido demais.

Eu já escrevi sobre o triste estado da divulgação científica, mas é desesperador ver empresas grandes, com verba, equipes e equipamentos darem tão pouca atenção ao que veiculam.

Conclusão: No primeiro teste da Starship ela concluiu 98% dos objetivos, alguns diriam até 100%. Segundo Elon Musk os três motores funcionaram perfeitamente, a maior quantidade de tempo de operação contínua já registrada, a manobra pra barrigada foi igualmente perfeita e o sistema de pouso, provavelmente adaptado do Falcon 9 colocou a Starship certinha em cima da zona de pouso.

Isso tudo em um ano de desenvolvimento, usando apenas recursos próprios, e um trocado daquele japonês esquisito. Nunca tanto avanço ocorreu em tão pouco tempo, dar tudo 98% certo numa primeira vez não é comum, é quase inédito, e quem reclama disso é um belo de um cabaço, e olha que eu nem sei se posso escrever cabaço no MeioBit.

Não-ironicamente uma declaração de sucesso com a imagem de um foguete esmigalhado não é pra qualquer um. (Crédito: Reprodução Internet)

SpaceX faz História: Primeiro voo da Starship foi (98%) um sucesso

01 Dec 17:26

Unread

I'll never install a smart home smoke detector. It's not that I don't trust the software--it's that all software eventually becomes email, and I know how I am with email.
01 Dec 17:25

Life Before the Pandemic

I can't wait until this is all over and I can go back to riding my horse through the mall.
03 Oct 23:30

Masks

Haunted Halloween masks from a mysterious costume shop that turn you evil and grow into your skin score a surprisingly high 80% filtration efficiency in R. L. Stine-sponsored NIOSH tests.
12 Sep 22:46

10 tecnologias do dia a dia criadas graças à exploração espacial

by Carlos Cardoso

Para quê investir em exploração espacial com tanta criancinha passando fome? Não é melhor resolvermos os problemas aqui antes de gastar dinheiro com espaço?

Todo mundo já ouviu isso, muita gente fala isso, e embora a resposta visceral mais comum seja gritar “você usa GPS, seu idiota”, isso não é muito produtivo. Neste artigo vamos conhecer 20 tecnologias derivadas da exploração espacial que são usadas por todo mundo, e desmistificar essa ideia de que é desperdício investir em espaço.

OK, pizza não é exatamente o que a gente imagina quando pensa em exploração espacial mas tudo fica melhor com pizza!

Quando alguém fala que uma missão custou US$100 milhões, ou US$1 bilhão não quer dizer que o dinheiro foi sacado em sacos de lona com cifrões desenhados e atuchado dentro do foguete. Cada centavo de qualquer projeto de exploração espacial é gasto na Terra, em salários, insumos, pesquisa e desenvolvimento de novos métodos de produção.

Mesmo ignorando vidas salvas com sistemas de monitoramento de desastres naturais, GPS e meteorologia, entre empresas como a ULA e a SpaceX (e suas centenas de fornecedores) e produtos do dia-a-dia derivados da exploração espacial, cada US$1,00 investido no setor retorna US$14,00 para o mercado.

Vamos então aos produtos e tecnologias desenvolvidos pela NASA:

1 – A câmera do seu celular

Câmeras de TV são muito grandes, era complicado pra NASA instalar câmeras em sondas espaciais, sem contar que os cameramen sempre morriam. Em busca de tecnologias mais compactas e eficientes, foi feita uma pesquisa para aprimorar os sensores CCD das câmeras existentes. A tarefa coube a um físico e engenheiro chamado Eric Fossum.

Ele combinou técnicas japonesas com uma nova tecnologia de construção de chips e se saiu com um sensor CMOS que era extremamente compacto, baixo consumo e 100 vezes mais rápido que um sensor CCD. A solução foi compartilhada com a indústria e os sensores CMOS viraram um padrão, hoje seis bilhões de sensores são fabricados todos os anos, usados em celulares, câmeras de segurança, sensores de proximidade e sondas espaciais.

2 – Termômetro de engolir

Calma, é de engolir, eu falei.

É uma tecnologia muito usada por atletas profissionais, e pacientes que precisam de monitoramento contínuo. Também e principalmente era essencial para a NASA, que queria acompanhar a temperatura interna de seus astronautas em atividades extra-veiculares, e poucos astronautas gostaram da ideia de um termômetro introduzido por horas lá aonde o sol não brilha.

Uma verba da NASA para a Universidade John Hopkins fomentou a pesquisa e desenvolvimento de uma cápsula que depois de ingerida percorre o sistema digestivo (digestório my ass) medindo a temperatura ambiente e transmitindo um sinal eletromagnético com a informação. Depois de testada em animais (sorry, Luisa Mell) e voluntários, em 1991 ela foi ao espaço, aonde astronautas também a testaram com sucesso. Hoje essa cápsula (não a mesma, claro, nem lavando o pessoal iria querer engolir de novo) é usada pela NFL, equipes de automobilismo e atletismo no mundo todo.

3 – Compressão de Video

Antigamente não havia a abundância de processamento que já hoje em dia, então o vídeo digital era capturado em formato bem pouco otimizado, quase sem compressão. Quando muito, gravava-se em MJPEG, que era basicamente uma série de frames comprimidos em JPEG.

O resultado eram arquivos gigantescos (pra época) que precisavam ser comprimidos em formatos mais eficientes, como MPEG, o que demandava muito tempo e muita CPU. Para reproduzir os arquivos, só com hardware dedicado, pelo mesmo motivo.

Em 1982 a NASA deu início a um projeto chamado SBIR – Small Business Innovation Research, aonde fomentaria pesquisas em pequenas empresas, com objetivo de produzir novas tecnologias com um “segundo uso”, ou seja: Resolvendo problemas da NASA E criando produtos derivados dela.

Uma dessas empresas foi a Optivision, de Palo Alto, Califórnia. Eles foram contratados pelo Goddard Space Flight Center para desenvolverem duas placas para PCs em 1993 capazes de capturar vídeo com qualidade broadcast em tempo real (25 ou 30 quadros por segundo) e comprimir esse vídeo em formato MPEG. A placa descompressora recebia um streaming MPEG com áudio MPEG2 e exibia o vídeo também em tempo real, algo totalmente fora do alcance das CPUs da época.

Hoje compressão e descompressão de vídeo por hardware é a norma, qualquer celular decente faz isso, mesmo a maioria dos indecentes faz. Todo SOC ARM usado em smartphones tem um módulo H.264 (e os mais recentes H.265) especializado em lidar com vídeo.

4 – Comida de Bebê

No começo dos Anos 80 a NASA promoveu um projeto chamado  CELSS (Closed Environment

Life Support System) com os laboratórios Martin Marietta, em Baltimore. O objetivo era testar o cultivo de microalgas para servir de comida para astronautas. Quando o projeto foi cancelado em 1985 vários cientistas viram o potencial e saíram para criar uma empresa que daria desenvolvimento à pesquisa.

Em 1994 a empresa, Martek, patenteou a Formulaid, uma comida para bebês feita com algas e com o bônus de ser rico em ácido araquidônico ácido docosahexaenoico, dois ácidos graxos essenciais para o desenvolvimento dos bebês. Eles estão presentes no leite materno, mas não na maioria dos leites em pó e sustagens em geral.

5 – Trajes de Compressão para Gestantes

A hemorragia pós-parto mata 280 mil mulheres todos os anos. É uma condição aonde diversos sangramentos surgem no abdômen, por causa do trauma do parto. Está entre as principais causas de mortalidade materna, mesmo em países desenvolvidos, tanto que em 1969 um hospital nos EUA se descobriu sem opções.

Uma paciente por semanas continuava com uma hemorragia insistente, ela havia passado por nove cirurgias, e tudo que os médicos do Hospital Universitário de Stanford podiam fazer era dar mais transfusões de sangue. Até que um deles pediu ajuda aos universitários, e por universitários eu quero dizer os engenheiros do Centro de Pesquisa Ames, da NASA.

Eles deduziram que a melhor forma de tratar uma hemorragia é comprimindo o local, mas como fazer isso com o abdômen inteiro da paciente? Felizmente eles tinham uma solução quase pronta.

Pilotos de caça e astronautas usam um equipamento chamado Traje G, um equipamento ligado a sensores e bombas pneumáticas na aeronave que quando o piloto sofre a ação de várias vezes a força da gravidade, em uma manobra radical, seus membros são comprimidos, evitando que o sangue desça para as pernas e ele perca a consciência.

Os cientistas e engenheiros modificaram um Traje G padrão, adaptaram as válvulas para os equipamentos disponíveis no hospital e correram levando a trapizomba para ser usada pela paciente.

Em apenas 10 horas de uso do traje, a paciente já apresentou melhoras e a hemorragia havia diminuído. No final ela teve recuperação plena.

A tecnologia foi repassada para a indústria, novas pesquisas foram feitas e hoje trajes usando os mesmos princípios são usados no mundo todo, com projetos financiados inclusive pela Fundação Bill e Melinda Gates. Estima-se que com o uso do traje de compressão as mortes maternas sejam reduzidas em 50%.

6 – Ferramentas Wireless

Que é muito mais chique que falar sem-fio. Quando a exploração espacial estava no auge, no tempo do programa Apollo, a NASA percebeu que teria que escavar rochas e solo para obter amostras (cientistas adoram amostras) e fazer isso manualmente ocuparia um tempo proibitivo.

As exigências foram se empilhando; as furadeiras precisavam funcionar no vácuo, sem depender de ar para refrigeração; precisavam consumir pouca energia; precisavam ser leves e compactas; precisavam usar baterias, sem depender de uma tomada.

A documentação foi enviada à Black & Decker, contratada para desenvolver a solução. As ferramentas criadas para a NASA se mostraram tão eficientes que a empresa aproveitou a tecnologia e criou toda uma linha de ferramentas sem-fio, incluindo a mais popular de todas, os aspiradores portáteis Dustbuster.

7 – Pistas de Pouso

Os shuttles foram a mais linda e representativa imagem da Exploração Espacial, mas a NASA morria de medo do que poderia acontecer com eles, principalmente no pouso, já que eles não voavam, caíam com estilo. Um tijolo com asas com pouquíssima autoridade aerodinâmica e sem motores poderia se dar mal num pouco durante uma chuva forte.

A possibilidade do shuttle derrapar ou sofrer aquaplanagem era real, como evitar isso?

Normalmente você usa pneus com ranhuras, mas além de serem lisos os pneus do ônibus espacial eram pequenos e poucos, só seis. A NASA bateu cabeça até que chegou a uma solução: Transferir as ranhuras para a pista.

Fazendo pequenas ranhuras no asfalto da pista de pouso a água escoa com mais facilidade, e quando o pneu entra em contato com ela, mesmo que esteja chovendo forte não ocorre aquaplanagem.

A ideia foi aplicada às pistas de pouso do Space Shuttle e muito rapidamente foi adotada por aeroportos no mundo inteiro, a segurança da exploração espacial usada por todos os viajantes.

8 – Máquinas de Exercício

(dizem) toda academia tem um monte de pesos e máquinas com contrapesos, exercícios dependem deles, mas no espaço além de ser muito caro mandar coisas pesadas pra lá (US$10 mil por Kg) como estão em ambiente de microgravidade, queda livre, os pesos não pesam nada, e os astronautas acabavam tendo que focar seus exercícios em esteiras de corrida e bicicletas ergométricas.

Um belo dia um inventor chamado Paul Francis leu uma matéria sobre esses problemas e lembrou que ele mesmo tinha algumas ideias sobre isso. Juntando seus projetos e desenhos ele contactou a NASA e foi convincente o suficiente para conseguir uma entrevista.

Francis e a NASA sabiam que pesos podiam ser substituídos por qualquer coisa que oferecesse resistência, mas molas tendiam a quebrar e elásticos não eram fortes o bastante. Elásticos tinham o problema de oferecer resistência progressiva, quando você começa a puxar não faz tanta força, o que afeta o exercício.

Paul Francis propôs um sistema de elastômeros, sem contrapesos que seria mais compacto e bem mais leve que pelos, regulável e com os mesmos benefícios de pesos comuns. A NASA gostou tanto que encaminhou Francis para a Lockheed Martin, aonde foi feita uma proposta formal de financiamento e um projeto de pesquisa surgiu.

Depois de 18 meses a NASA ganhou o seu Interim Resistive Exercise Device (IRED), um equipamento que permite aos astronautas puxar ferro sem ferro e Francis licenciou sua tecnologia para uma empresa que mais tarde se tornaria a Bowflex, um dos nomes mais conhecidos no mercado de equipamentos de exercícios.

9 – Winglets

Combustível é um bem precioso, e nos Anos 70 com a crise do petróleo isso ficou bem evidente. Pensando mais adiante, combustível seria mais caro e precioso ainda em Marte, aonde não há árabes pra gente invadir atrás de petróleo. Por isso a NASA começou a pesquisar formas de tornar aeronaves mais eficientes, não só para a Agência, que faz milhares de voos todos os anos com uma frota imensa e diversificada, mas para todo mundo.

Uma das formas de economizar combustível é diminuir a turbulência gerada pela própria aeronave ao se mover pelo ar. Uma das fontes dessa turbulência são as pontas das asas, que geram vórtices que diminuem a eficiência do avião como um todo.

Isso era suspeitado por muitos engenheiros, e no começo do Século XX uma solução havia sido proposta, mas como era uma solução pra um problema que ninguém sabia se existia, ninguém deu bola.

Quando o Dr. Richard Whitcom começou a estudar o problema, no Centro de Pesquisas da NASA em Langley, modelos computadorizados mostraram que não só os vórtices causavam problemas, como o uso de Winglets, aquelas pontas verticais nas asas, aumentaria a eficiência entre 6% e 9%.

Não parece muito, mas quando você consome 7.5 milhões de barris  de combustível todo dia, uma economia dessas é tentadora.

Um KC-135 da Força Aérea foi emprestado para a NASA, winglets foram instaladas e testadas e uma economia de combustível de 6.5% foi confirmada. Daí foi apenas a loooonga e leeeeennnta migração da nova tecnologia para a extremamente conservadora indústria aeronáutica.

Com o tempo aviões foram sendo projetados com winglets, e quando ficou evidente a economia, kits para adaptar a estrutura a aviões antigos começaram a aparecer. Hoje são equipamento padrão na imensa maioria dos aviões comerciais, e que estarão presentes quando realizarmos o grande sonho da exploração espacial: Colonizar Marte.

10 – Termômetro infravermelho

Você já parou para pensar como a NASA determina a temperatura de um planeta ou uma estrela distante, sem chegar até lá e encostar um termômetro? OK, provavelmente não, mas eu explico: Todos os corpos emitem naturalmente radiação eletromagnética, e ela varia de acordo com a temperatura.

Metal muito aquecido fica amarelo, depois branco, mas isso não quer dizer que ele pare de “brilhar” em temperatura ambiente, todo objeto à nossa volta mesmo em “temperatura ambiente” está brilhando na faixa do infravermelho.

A NASA usa essa característica para detectar a temperatura da superfície de estrelas e planetas. Essa tecnologia foi extremamente aprimorada por décadas, enquanto isso um problema afetava pediatras no mundo todo.

Nota: Pediatra, médico de criança, aquilo que você está pensando é médico de pedestre. E sim, eu kibei essa piada do Chico Anysio.

Medir temperatura de bebês não é nada fácil. Enfie um termômetro de mercúrio na boca do tinhoso e ele vai mastigar aquilo engolir o mercúrio e quando ficar adulto vai defender os Correios no Facebook. A alternativa é introduzir (epa) o termômetro lá aonde o sol não brilha, e segurando o bacorinho. Mesmo assim eram comuns acidentes, e poucas coisas são mais inconvenientes do que um termômetro de vidro quebrado dentro de seu fiofó. Dizem.

Solução? Uma empresa chamada Diatek pensou em fazer um termômetro auricular infravermelho, mas não tinha a expertise, felizmente a NASA, com seus programas de fomento e pesquisa podia ajudar. Em conjunto usaram o know-how oriundo da exploração espacial, algoritmos e filtros para criar um termômetro capaz de determinar a temperatura de uma pessoa em menos de dois segundos, com precisão de 0.1 °C, sem usar mercúrio e nem mesmo encostar.

Uma capa descartável é a única coisa que toca o paciente, enquanto o termômetro mede a energia infravermelha emitida pelo tímpano, compara com a temperatura ambiente, cria uma linha de base e calcula a temperatura do sujeito.

Desde então os termômetros auriculares podem ser encontrados em qualquer farmácia, para a alegria de milhões de bebês e seus fiofós intocados.

11 – Bônus: Tecnologias que a NASA NÃO inventou

Mesmo com uma imensa quantidade de tecnologia derivada de suas pesquisas, ainda há coisas que as pessoas dizem que a NASA inventou, mas não é verdade. Entre elas temos:

1 – Velcro – Há duas versões, a primeira que o Velcro foi inventado em 1941 por um engenheiro suíço chamado George de Mestral, a outra mais provável é que o velcro foi inventado em Themyscera.

2 – Tang – Aquele pozinho radioativo com sabor remotamente de laranja que só criança consegue gostar foi usado em várias missões da NASA, mas não foi inventado por ela. A General Foods criou o Tang por conta própria em 1957.

3 – Código de Barras – Não sei de onde surgiu essa história de que a NASA criou os códigos de barra, quanto todos sabemos que eles são obra de Satanás.

4 – Teflon – Criado pela DuPont, em 1941. A substância antiaderente foi muito usada pela NASA, mas não foi criada por ela também.

5 – Caneta Espacial – Essa você já ouviu, a NASA gastou milhões criando uma caneta espacial, os russos usavam lápis. Como contado aqui, inicialmente os dois usavam lápis, A Fisher projetou e construiu a caneta por conta própria e no final a NASA E os russos compraram as canetas espaciais, por US$2,95 a unidade.

6 – Circuito integrado – O primeiro microchip foi criado pela Fairchild, em 1959. O mérito da NASA aqui foi adotar a nova tecnologia com bastante entusiasmo, a ponto de criar uma escassez mundial, comprando praticamente toda a produção, o que fez com que o mercado ficasse curioso e a tecnologia fosse universalmente adotada.

Para Saber Mais:

  1. 20 Thinks we wouldn’t have without space travel
  2. NASA Saves Lives with "Groovy" Spinoff
  3. NASA Spinoff
  4. Technology: Space probe turns thermometer
  5. Space Technology Isn’t Just Rockets And Satellites !

10 tecnologias do dia a dia criadas graças à exploração espacial

12 Sep 22:19

Neuralink: Elon Musk quer espetar um chip no seu cérebro

by Carlos Cardoso

Há quem diga que a apresentação da Neuralink foi uma porcaria, e de um certo ponto de vista até foi, mas como nada foi vazado, quaisquer expectativas que não foram atendidas ficam a cargo do freguês. O que Elon Musk apresentou não foi revolucionário, mas evolucionário e isso é ótimo.

A Neuralink é uma empresa fundada por Elon Musk e mais oito outros, incluindo animadores, neurocientistas e artistas. O objetivo a longo prazo envolve uma das paranoias de Musk; a inevitável era da Inteligência Artificial.

Há um ramo da filosofia que acredita que a inteligência biológica que eu e você (ou só eu, se você veio do G1) temos é uma fase passageira, quando conseguirmos criar Inteligência Artificial ela evoluirá de forma exponencial, e nós nos tornaremos obsoletos, se humanos sobreviverem enquanto espécie, talvez seja na forma de pets.

Nota: Estou ignorando a validade dessa viagem filosófica, é irrelevante pro artigo.

Elon Musk acha que a única forma de evitar que a Humanidade seja extinta é assimilando a Tecnologia, os Borgs seremos nós. Interfaceando diretamente nossos cérebros com computadores, teremos o melhor de dois mundos, a flexibilidade do pensamento humano e a capacidade de armazenamento e processamento do Silício.

Claro esse tipo de coisa não vai acontecer semana que vem, e embora seja esse o objetivo final da Neuralink, sendo otimista coloque 30 anos até uma implementação realmente eficiente de seu dispositivo.

O que foi mostrado afinal?

Digamos assim: Elon Musk mostrou um fogo de artifício chinês do Século X, enquanto explicava como aquilo iria evoluir e um dia se tornaria um Falcon Heavy. Nós conhecemos muito pouco do funcionamento do cérebro, ele ainda é uma grande caixa-preta. O que a Neuralink está fazendo é fornecer ferramentas pra ampliar esse entendimento.

Não ajuda Musk falar que está criando um “Fitbit pro cérebro”, que você vai poder fazer streaming de música direto pro tal implante, e que var ser possível chamar seu Tesla por ele.

A Neuralink demonstrou dois equipamentos: Um robô e um implante.

O robô era um equipamento impressionante, capaz de realizar toda a cirurgia automaticamente, com o paciente sob anestesia local. Ele perfura o crânio, identifica a área correta do cérebro e insere os 1024 micro-eletrodos do implante, mirando em pontos específicos e evitando atingir vasos sanguíneos, o que torno o processo praticamente sem sangue.

Ao final o sujeito sai do hospital no mesmo dia, com o implante embaixo do couro cabeludo, um leve calombo oculto pelo cabelo.

Sim, Elon Musk vendeu o peixe de que todo mundo quer um buraco na cabeça, chipado feito aquela famosa cantora de MPB, e que com seu robô será vapt-vupt. Foi até divertido, a dissonância cognitiva era altíssima. Elon, meu lindo, VOCÊ NÃO VAI ABRIR UM BURACO NA MINHA CABEÇA SEM UM EXCELENTE MOTIVO.

O Implante

A segunda coisa apresentada foi o implante da Neuralink, um negócio do tamanho de uma moeda com 1024 micro-eletrodos, acelerômetros, giroscópios e um monte de outros recursos. Ele tem 24h de autonomia de bateria, e carrega sem-fio. Se conecta com uma app externa e/ou equipamentos especializados.

O implante se comunica a uma velocidade de 1Mbit, então nada de filmes em 4K no seu cérebro por enquanto, mas a graça é que ele é bidirecional. Cada um dos 1024 eletrodos pode ser monitorado individualmente E estimulado.

Nope.

Comparado com outros implantes experimentais, não há nada de revolucionário, mas ao contrário dos modelos de laboratório, não há uma enorme caixa e um calhamaço de fios saindo da cabeça do sujeito.

Musk demonstrou três porquinhos. O primeiro um porco com um implante, um segundo com dois implantes (aparentemente dá pra fazer SLI com eles) e o terceiro um porco com o implante removido, mostrando que não há sequelas e você pode remover seu implante quando quiser.

No porco com implante funcional eles demonstraram os sinais raw sendo captados e se alterando quando o porco ficava excitado com comida. Depois mostraram um sistema de predição de sinais cerebrais, aonde interpretavam os dados do implante e comparavam com a movimentação dos membros do porco andando.

Um porco chipado.

No começo de agosto o FDA concedeu ao implante da Neuralink o status de breakthrough device, ou seja, uma tecnologia ou medicamento com tanto potencial que testes em humanos podem ser iniciados sem passar pelo longo processo de aprovação normal.

Agora a Neuralink irá testar seu implante, provavelmente em pacientes com doenças como Parkinson, epilepsia, quadriplégicos, surdos e outros que possam se beneficiar dele.

O grande diferencial aqui é que o implante tem um potencial inédito, e nele está a verdadeira inovação: Ele funciona no dia a dia, poderemos monitorar o cérebro desses pacientes 24/7. Os neurocientistas terão acesso a toneladas de dados, que irão alimentar sistemas de Inteligência Artificial que tirarão algum sentido deles.

A Neuralink ainda não sabe como curar epilepsia nem prever um derrame, mas já sabe fazer um macaco controlar um computador usando um implante cerebral. É uma empresa que foi fundada em 2016, e já conseguiu criar um implante melhor do que tudo que há no mercado, em termos de portabilidade e recursos. Mal-comparando, é um Tesla. Não é o carro voador que todo mundo sonha, mas dá show na concorrência.

O problema é que um implante cerebral melhor que a concorrência em 2020 é o mesmo que se operar com o melhor cirurgião da Inglaterra do Século XIII. A tecnologia ainda não chegou lá.

A pesquisa da Neuralink é muito legal e tem potencial de gerar muitos dados pra muitos outros pesquisadores, mas não precisava de toda a fanfarra que teve. Principalmente, não precisava do Elon Musk vendendo sua máquina de chipar pessoas como se fosse algo que em seis meses acharemos em qualquer shopping.

Se tem uma coisa que não funciona bem com ciência, é hype. Que o diga o tal exoesqueleto da Copa, que todo mundo (eu incluso) comprou como algo revolucionário, e deu no que deu.

Que a Neuralink aprenda com o feedback dessa apresentação, e se foque em desenvolver sua tecnologia sem se preocupar em ganhar likes e aparecer na mídia. Eles podem criar tudo que se propõe? Quem sabe? Talvez mas tão cedo no jogo tudo fica parecendo um monte de promessas vazias e desperdício de bacon.

Neuralink: Elon Musk quer espetar um chip no seu cérebro

12 Sep 22:10

V-Mail - Como os Aliados compactavam correspondência sem WinRar

by Carlos Cardoso

Não, o V-Mail não é parente do G-Mail, eles mal se conhecem. Na verdade ele foi uma solução genial criada durante a Segunda Guerra Mundial pela Kodak para resolver vários problemas envolvendo envio de correspondência.

As moças do 6888th Central Postal Directory Battalion, que fizeram mágica pra colocar em dia a correspondência na Segunda Guerra. Mais sobre elas aqui (Créditos: National Archives / Domínio Público)

Uma carta (pergunte a seus pais) sozinha não pesa muito, mas quando a correspondência começa a acumular, você acaba com sacas e mais sacas de cartas, coisa que é muito pesada e ocupa um volume considerável.

Volume esse que em tempo de guerra precisava ser usado para transportar cargas mais importantes, como armas, veículos, peças de reposição e cerveja.

Um dos armazéns com correspondência a ser processada, na Inglaterra da Segunda Guerra (Créditos: National Archives / Domínio Público)

O segundo problema é que mesmo passando por censores oficiais, a correspondência entre os EUA e a Europa era cheia de mensagens de espiões. Muitas usavam uma técnica chamada “microponto”, aonde uma imagem, geralmente de várias páginas de texto é reduzida fotograficamente a um ponto de um milímetro, que é colado em alguma parte da carta, passando despercebido da maioria dos censores.

Sim, durante a Segunda Guerra toda correspondência, mesmo cartas pessoais era inspecionada. Só a Inglaterra tinha 10 mil pessoas abrindo lendo e censurando cartas. O objetivo era evitar que informações caíssem na mão do inimigo, como relatos de efeitos de bombardeios e escassez de produtos e matéria-prima.

Um microponto, mas não daquele que dá barato (Créditos: Divulgação)

Além dos micropontos outras técnicas, como tinta invisível também eram usadas, mas o V-Mail era imune a todas elas, mas mesmo assim o problema principal ainda era peso. A correspondência prioritária era enviada de avião, e o espaço era precioso. Como otimizar a quantidade de mensagens enviadas sem passar por todo o esforço necessário para inventar a Internet em 1939?

A solução, originalmente chamada Airgraph, foi criada por um esforço conjunto entre a PanAm, a Imperial Airways, e a Kodak, e embora complicada do ponto de vista de hoje, era genialmente simples:

Créditos: The National WWII Museum

Ao invés de recolher um monte de cartas, e colocar as sacas na prensa do cara do Canal da Prensa Hidráulica, foram criados uns formulários aonde a pessoa escrevia sua carta, manuscrita, totalmente pessoal.

Esse formulário de tamanho padronizado tinha o nome e endereço do destinatário e remetente, então a mensagem inteira era autocontida.

A carta era então encaminhada para os censores, que liam o texto, removiam as partes sensíveis e passavam para a próxima fase: Cada carta era então fotografada em um filme de 16mm.

Equipamento para fotografar os formulários de V-Mail (Créditos: National Archives / Domínio Público)

Ao invés de uma folha de papel, envelope, selo, cuspe, etc, a carta agora era um único fotograma em um rolo de filme. Até 5000 delas cabiam em um simples carretel.

1,1 toneladas de cartas convertidas para filme viravam 20Kg. A redução em volume também era brutal, 37 sacas de correspondência depois de microfilmadas eram reduzidas a uma única saca.

Os ingleses usaram o Airgraph para trocar mensagens com Canadá, África, Burma, Índia, Austrália e vários outros lugares. Os americanos adotaram o formato para o correio militar, principalmente mensagens entre os soldados e seus familiares. De forma bem patriótica, foi batizado de V-Mail, V de Victory, claro.

Uma reprodução de um V-Mail, muito provavelmente falsa, criada para fins de demonstração (Créditos: The National WWII Museum)

As mensagens já impressas, reveladas e prontas pro recorte (Créditos: National Archives / Domínio Público)

O benefício secundário é que os micropontos não sobreviviam ao processo de fotografia, e a tinta invisível também não era transferida. E como a foto impressa com a carta tinha só 60% do tamanho do formulário original, ainda havia uma expressiva economia de papel.

Com o fim da guerra o serviço do V-Mail caiu em desuso, além de ser bem demorado, ainda havia o problema da privacidade, a maioria das pessoas não gostava de ter sua correspondência pessoal aberta e inspecionada, e isso era tolerado em casos raros, tipo “Hitler quer matar todo mundo”. No dia-a -dia, não.

V-Mail - Como os Aliados compactavam correspondência sem WinRar

12 Sep 21:59

Cenoura, espinafre e outras mentiras de guerra

by Carlos Cardoso

Um velho ditado diz que na guerra a primeira vítima é a Verdade, mas que diabos isso tem a ver com cenouras e panelas? Quais mentiras são aceitáveis, e quais perduram até hoje?

What's Up, Doc?(Créditos: Claudette Colbert e Clark Gable em It Happened One Night - 1934 - Domínio Público)

Primeiro de tudo não estamos falando de mentiras como dizer que está tudo bem no front, enquanto as cartas dos soldados param de chegar às suas famílias, ou o pacto de silêncio da Operação Tiger, mas de mentiras específicas e criativas.

A primeira de todas envolve...

Cenouras

Cenouras são ricas em Vitamina A, uma das características de carência de vitamina A é cegueira noturna. Todo mundo sabe que cenoura faz bem pra vista, mas o que pouca gente sabe é que se você comer muita cenoura ganha superpoderes, como John Cunningham, um piloto de caça noturno que conquistou pelo menos 20 vitórias em combates sobre Londres.

Quando perguntado sobre o sucesso de Cunningham, a resposta do Ministério da Guerra foi que ele comia muita cenoura e por isso tinha uma excelente visão noturna, tudo dito com a cara de pau de quem está acostumado a contar mentiras.

A história das cenouras serem boas pra vista atravessou o Atlântico, mesmo nos EUA cartazes promoviam os legumes. (Crédito: U.S. National Archives and Records Administration - Domínio Público)

Quando mais pilotos começaram a derrubar com precisão aviões nazistas e bombas voadoras V1, uma campanha explicativa atribuiu as vitórias às cenouras, que também eram promovidas para civis, dizendo que ajudariam na visão noturna durante os blecautes.

Não tem sorvete? Chupa cenoura. (Créditos: British Pathé - screenshot - Domínio Público)

Cenouras também eram vendidas como substitutos de açúcar, e na falta de leite para sorvetes, as pobres crianças inglesas tinham que chupar cenouras geladas. War is Hell.

O que ninguém sabia é que a história das cenouras era pura cortina de fumaça. Não estou dizendo que Cunningham e seus amigos eram trapaceiros, mas eles dizimavam os nazistas com ajuda disto:

Radar de Interceptação Aérea SCR-720 (Créditos: Wikimedia /Daderot - Domínio Público)

É um Radar de Interceptação Aérea, desenvolvido secretamente e instalado mais secretamente em aviões para tentar deter os bombardeiros noturnos.

O radar em si não era segredo, alemães tinham seus próprios equipamentos e os usavam muito bem, a vantagem estratégica era colocar um radar em um avião e usar para encontrar outros aviões na região, sem depender do alcance de unidades em terra e tendo por causa da altitude um alcance bem maior.

Não há registros se os nazistas engoliram as mentiras, mas a lorota foi mantida durante toda a guerra e a população essa sim fez muito uso da cenoura (no bom sentido) e até hoje o mito de que comer cenoura torna a visão do sujeito mais eficiente é repetido por mães bem-intencionadas.

Na prática você consegue beta-caroteno de mangas, abóbora, melão, couve, espinafre e várias outras fontes, e a menos que esteja sofrendo de alguma deficiência grave, não precisa se entupir de cenoura, e se você mesmo assim insistir, o máximo que vai conseguir é ficar laranja. E ninguém merece isso.

Orange Man Bad. (Créditos: Casa Branca - Domínio Público)

Espinafre

Popeye se garantia mesmo sem espinafre. (Créditos: I'm in the Army Now - 1936 - Max Fleisher - Domínio Público)

Popeye foi criado em 1929 por Elzie Crisler Segar, mas todo mundo conhece mesmo o personagem por causa dos desenhos da década de 1930, do gênio Max Fleisher.

Durante a Segunda Guerra Popeye protagonizou vários desenhos em prol do esforço de guerra, que hoje são considerados politicamente incorretos, como o ótimo “You’re a sap mr Jap”

Popeye influenciava crianças a comer espinafre, um negócio que é basicamente uma erva daninha sem-graça mas a promessa de ficarem fortes como o Popeye alavancou as vendas do produto, a ponto dos agricultores erguerem estátuas em honra ao Marinheiro.

O que ninguém fala é que a história que Espinafre contém muito ferro e por isso faz bem é uma mentira. Melhor ainda,  mentiras em cima de mentiras.

Tudo começou em 1870 quando uma pesquisa alemã mediu errado a quantidade de ferro no espinafre e a planta pegou fama de super-alimento. Popeye por sua vez ganhou seus poderes originalmente ao acariciar a Galinha Berenice, e nem superforça ele tinha, Popeye era apenas invulnerável. O Espinafre entrou mais tarde em um retcon.

Quando ele foi criado já havia sido desmentida a história do espinafre super-rico em Ferro, a explicação era que uma casa decimal foi pulada durante uma tabulação pelos alemães, mas isso era um erro também. Só nos Anos 80 foi descoberto que a abundância de ferro na planta era culpa de uma mensuração mal-feita.

Mesmo assim até hoje espinafre é vendido como um alimento maravilhoso para tratar anemia, mesmo tendo a mesma quantidade de ferro que alimentos como... melancia.

A falsidade do espinafre foi especialmente mantida durante a Guerra, afinal muito melhor que as crianças continuassem querendo comer uma planta que nasce em qualquer canto sem muitos cuidados, e que se não transformava ninguém no Capitão Guapo, ao menos mal não fazia. Exceto quando contaminado com salmonela.

Paneleiros e Paneleiras

Moças britânicas desmontando uma grade para o esforço de guerra. (Créditos: Leslie Jones Collection / Boston Public Library)

Um dos problemas da Inglaterra é ser uma ilha, e com as dificuldades causadas pela Batalha do Atlântico matérias-primas se tornaram necessidades estratégicas. Boa parte do ferro, cobre e outros materiais vinham de fontes estrangeiras, o que era extremamente perigoso, um sucesso a mais de Hitler em bloquear os comboios e os ingleses estariam ferrados.

Uma opção surgiu quando Winston Churchill nomeou o Lorde Beaverbrook como Ministro da Produção Aeronáutica. Ele imediatamente começou a procurar fontes alternativas, e abraçou a reciclagem, Beaverbrook era praticamente do Greenpeace, se o Greenpeace produzisse coisas que fazem cabum e ratatatá.

Sucateiro é a mãe! (Créditos: Leslie Jones Collection / Boston Public Library)

Uma das medidas foi a promulgação de uma Lei que requisitava todas as decorações, trilhos e grades, exceto em casos de extremo valor histórico. Por toda a Inglaterra as pessoas começaram a serrar seus portões e grades de parques e prédios públicos.

Junto com as grades, outra campanha foi criada, para “transformar panelas em Spitfires”. Alumínio de panelas seria usado para construir os aviões que defenderiam a Inglaterra.

Nos EUA também havia campanha para recolher sucata para a Guerra. (Crédito: Biblioteca do Congresso - Domínio Público)

Donas de casa escolhiam as panelas que gostavam menos e doavam para o esforço de guerra.

Lindo e significativo, mas havia um problema: Depois da guerra não se achou nenhum documento, nenhum relatório sobre a quantidade de ferro recolhido. Mesmo durante a Guerra surgiram boatos que o metal recolhido não era de qualidade, e costumava ser jogado no mar.

As fábricas de material bélico que foram designadas pra usar o metal reciclado nunca chegaram à produção máxima, o que significava que o metal vindo das fontes tradicionais era mais que suficiente.

A moça das panelas (Crédito: Daily Herald - Domínio Público)

Na parte das panelas, a situação era mais ou menos diferente. Alumínio era bem precioso, e panelas podiam ser derretidas e purificadas, ao menos para os padrões aceitáveis de pureza da época, mas os números não batiam.

Entre Junho e Outubro de 1940 as fábricas inglesas produziram 5185 aviões. Quanto isso dá em panelas? Bem, um único Spitfire consome o equivalente a 5000 panelas para ser produzido.

Cinco meses de produção, 25.9 milhões de panelas é panela bagarai.

Especialistas hoje concordam que a contribuição das panelas no esforço de guerra foi insignificante, e que toda a campanha foi acima de tudo um esforço psicológico para elevar a moral da população, dando às pessoas que ficaram de fora a sensação de que estavam ajudando, que também estavam “fazendo sua parte”.

É mentira? Sim, mas ninguém ganha guerra sendo brutalmente honesto. Churchill conquistou corações e mentes prometendo “sangue suor e lágrimas”, mas só uma vez, se toda vez que fizesse uma declaração pública ele contasse a real situação, teria sido demitido antes de Dunquerque.

Cenoura, espinafre e outras mentiras de guerra

12 Sep 20:14

Como Funciona o WiFi?

by Caio Oliveira

Você já teve curiosidade de saber como funciona o WiFi? Nesse artigo será apresentado um exemplo didático que explica o funcionamento do WiFi

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12 Sep 19:58

Como comemorar o Dia do Programador

by Andre Noel

A tirinha de hoje é uma homenagem ao Dia do Programador, feita em parceria com a eNotas (que aliás, facilita muito a vida dos devs na hora de gerar notas fiscais com uma infraestrutura de automação em alta escala).

Transcrição ↓

Chefe: Essa semana vamos comemorar o Dia do Programador. Eu queria saber o que vocês acham legal...
Programador: Eu acho legal quando um meteoro entra na atmosfera e deixa um rastro de luz...
P.A.: Super Mario também é legal
Chefe: Não, eu quero saber o que a gente pode fazer no sábado
Programador: Olha, tecnicamente a gente pode fazer muita coisa, até porque é um país livre
Programadora: Segundo o Google, no sábado dá pra ir a shoppings, correr no parque, comer em restaurantes...
Chefe: Ah, esquece... Eu não consigo me dar bem com essa lógica de programadores... Vou pedir pro pessoal do marketing fazer algum brinde...

O artigo "Como comemorar o Dia do Programador" foi originalmente publicado no site Vida de Programador, de Andre Noel.

19 Aug 23:07

Outbreak Z

A UNIX process is a software being executed. When you open a software like a browser, a new process is created. Each open tab in the browser can be a new process. A child process.

When a process finishes its work, it becomes defunct. You can also assume that it becomes a zombie, because it still exists in the process table, but is dead as a parrot.

The parent process must end the child process, so that the process table can make its ID and resources available for new processes. It must be buried. If for some reason the parent doesn't do it, or if it takes too long, the process continues dead. But alive, according to the process table.

Zombie processes can be removed by sending a SIGCHLD signal to the parent. If it doesn't work, the next step would be to kill the parent process.

If the parent process is killed, the zombie processes are inherited by the init process, which always ends its child processes, removing all the zombies.