Aquilo é um rato ou um macaco?
Isso estava vindo já há algum tempo. Esse é um jogo que eu sempre comento, sempre uso como exemplo quando discuto certas coisas de jogos, em especial quando alguém me diz que joga Vampiro: A Máscara. Geralmente é minha base para entender o que está acontecendo e isso sozinho já é algo interessante. Tudo que sei de Vampiro saiu diretamente deste jogo.
Isso não quer dizer que o jogo é perfeitamente completo, mas ele com certeza explica muitas coisas que nunca entendi de Vampiro, especialmente a dinâmica de jogo pretendida. Coisa que nunca entendi 100% quando sentava para jogar.
Eu não exatamente por onde começar, então vou contar minha primeira experiência com o jogo: foi informativo. O jogo começa já te dando possibilidades diversas de como começar o jogo. Duas, na verdade: responder um questionário com algumas perguntas bem montadas para criar um personagem que lhe caia bem já de início, um que você não precise interpretar, mas que possa jogar usando seus próprios conceitos. Isso claro, se você responder o questionário de forma honesta.
Eu saí como um Toreador, estranhamente, mas nunca se sabe.
Na Imagem: Sprites iniciais para sentar na estaca…
Não fui muito longe no jogo, visto que segui apenas as missões principais e não dei muita atenção às quests paralelas, o que prejudicou muito mais pra frente. Cheguei num ponto do jogo que estava extremamente fraco e sem dinheiro algum para adquirir itens melhores. Eu estava realmente me arrastando para terminar. Só que não terminei a primeira vez que joguei. Não conseguia mais passar de um certo ponto e não tinha como voltar, então decidi recomeçar o jogo, desta vez montando eu mesmo o personagem, um Malkaviano.
Dessa vez fui mais tranquilo atrás das missões, conversando com o maior número de pessoas possível e investigando tudo que me parecia possível investigar. Desta vez, passei da parte em que me freou na primeira tentativa, então continuei jogando até que o destino me traiu.
Creio que esse é o MAIOR DEFEITO na história dos jogos eletrônicos, pareado com Assassin’s Creed para PC, que vem sem um pacote de línguas que faz o jogo crashar quando se entra em Damasco. Em Vampire: the Masquerade – Bloodlines, após uma batalha épica contra um caçador de vampiro e um resgate bem sucedido, os programadores esqueceram de adicionar uma linha de comando. O jogo carrega a próxima tela, mas na falta da linha, ele desliga.
Claro que a primeira vez, achei que era algo como superaquecimento do PC ou algo do gênero (o gráfico do jogo é pesadíssimo), então esperei e tentei novamente, lembrando de salvar depois de derrotar o caçador. Nada feito. Me enfureci ainda mais. Fui na internet e descobri a falta da tal linha de comando. Por um tempo, parei de jogar pela frustração, mas depois disso, descobri que podia evitar o erro com um comando dentro do jogo na console.
Claro que, anos mais tarde, descobri que já existia um patch oficial do jogo que consertava esse erro grotesco, mas eu nem pensei em procurar na época.
Infelizmente, ao retornar ao jogo, eu tinha desinstalado e abandonado, então tive de começar pela terceira vez, desta com um Gangrel. Cheguei até a parte que faltava a linha de comando e continuei adiante ao inserir o comando manualmente, algo que me deixava triste só de lembrar a necessidade de fazer. E terminei o jogo após muita diversão. E o fim me deixou satisfeito pra caramba, mas senti falta de algumas respostas. Mas era só culpa minha.
E isso resume minha experiência, em uma noz, de Vampire: The Masquerade – Bloodlines.
Finalmente! Agora vou começar de novo.
Agora vamos à parte mais explicativa do jogo.
Logo de começo, como disse lá em cima, você constrói seu personagem ou na mão ou através de perguntas. Se escolher montar na mão, pode escolher entre gênero feminino e masculino e entre sete clãs (Ventrue, Malkaviano, Tremere, Toreador, Brujah, Gangrel, Nosferatu). A ficha é a básica de Storyteller completa, incluindo pontos de sangue e contador de quebra de máscara. Para cada clãs tem três disciplinas, algumas são iguais em outros clãs, mas cada uma tem pelo menos uma que é exclusiva, como Dementation para Malkavianos e Thaumaturgy para Tremere.
Agora, a escolha entre gêneros é meramente ilustrativa, algo que o jogo não esconde que faz uma grande diferença. A desenvolvedora, Troika Games, se concentra em Design e faz o jogo lindo mesmo em PCs menos poderosos, então cada sprite tem seus detalhes minúsculos que acrescentam ao valor de revisita ao jogo, além de outras coisas.
Exemplo meramente ilustrativo. Para ilustrar a ilustração. Ilustre…
A história do jogo é complexa, como todos os jogos de Vampiro: A Máscara devem ser (aprendi no jogo). Começa com você sendo abraçado e o líder da Camarilla local matando seu Sire logo em seguida. Depois disso, ele diz que vai se responsabilizar por você, se você se comportar como deve. Devo dizer que o jogo é desenhado para pessoas que não entendem nada sobre o jogo, já que tem sempre algum vampiro mais experiente com paciência pra te explicar como as coisas funcionam. Para tanto, entra o Bender! Quer dizer, o Jack, que é dublado por John DiMaggio. Mas Jack é basicamente o Bender: ele fuma charutos, odeia humanos, bebe e curte uma diversão sangrenta. Só que ele não tem um melhor amigo humano.
Eu diria que qualquer semelhança não é mera coincidência.
Então, apenas começando o jogo, você tem uma missão de treino com Jack Rodriguez e aprende muitas coisas sobre a sociedade vampira, camarilla, anarchs e sabbat. Eu, honestamente, não entendia nada daquilo até ele me explicar. Obrigado, Bender. Digo, Jack.
O interessante é que o plot central do jogo não se revela até muito à frente. Pra começar, você tem que provar para o Príncipe que merece receber suas missões e assim você vira pau-mandado de todo mundo a seu redor.
Mas você pode escolher com quem vai pra cama, salvo raras exceções.
Ufa, isso é apenas o começo.
O jogo em si é muito bom em todos os termos. A música é perfeita para a atmosfera gótica/punk do cenário. Quando você anda pelas ruas de Los Angeles, a música de fundo preenche o vazio das noites de forma orgânica. Quando você entra em um local, a música deixa de tocar ou muda para a música do local. E tem outra coisa muito interessante sobre o jogo, ele te diz exatamente em que tipo de local você está, mostrando um ícone no topo da tela que te diz se você tem que proteger a máscara, se pode sair rasgando pessoas com seus dentes ou se está dentro de um Elysium. (Mais uma coisa que aprendi com o jogo foi a existência desses lugares neutros).
Falando em informação, todas as telas de carregamento têm mensagens úteis sobre clãs, definições (ex: Elysium, Kindred, Sire), funcionamento do jogo e à história dentro do jogo, como a relação entre vampiros e lobisomens.
O jogo pode ser pesado, às vezes, mas com pacthes não oficiais feitos por fãs, é possível alterar muitas configurações para melhorar o desempenho. Pequenas coisas que fazem o jogo ficar mais lento ou até mesmo demorar mais a carregar, como auto-save.
A jogabilidade é perfeita, com todos os controles sendo claros, diretos e respondendo muito bem. Algumas escolhas, entretanto ficaram duvidosas, como a divisão de itens e disciplinas. Você tem de rolar por todas as disciplinas para encontrar a certa, e isso pode ser um tormento quando se está em combate, tenso e com pressa. Os itens são confusos pois você pode simplesmente usar os números para puxar uma arma específica ou usar os botões de Função para abrir um sub-menu com cada categoria de arma. O bom é que raramente você vai se deparar com a mensagem Inventory Full.
Claro que todo esse pesadelo pode ser resolvido ao configurar os botões de acesso rápido, nos números.você pode definir o que cada botão faz, desde puxar uma arma a ativar e desativar uma disciplina. Pelo menos tem uma solução simples todo esse caos.
A história é fantástica e me cativou e continua me cativando até hoje. Ela é bem contada, bem explicada e muito bem desenvolvida pelos personagens. Embora o jogador esteja sempre em controle das ações e decisões, muitas vezes alguém pode te forçar a fazer algo que você não quer, como o Príncipe usando disciplina em você para aceitar uma missão.
E aí é que está uma das coisas que mais me fez apaixonar por esse jogo: atenção a detalhes.
Todos os personagens são trabalhados de forma fantástica, com atenção a pequenos detalhes como manias, hábitos e atitude. Claro que alguém poderia dizer que isso não é novo, mas Vampire Bloodlines não é exatamente novo, sendo de Novembro de 2004. Na época em que joguei, em 2007, aquilo era novo pra mim e pra muita gente.
Entre as coisas que mais me deixaram espantado com o jogo foram alguns diálogos direcionados ao jogador atrás do teclado, não ao personagem dentro do jogo. Como a Malkaviana que você encontra ainda no começo do jogo e alude ao fato de que seu jogo pode ser pirateado. Outra coisa que me pegou completamente de surpresa foi quando encontrei um bug no patch mais recente.
Esse último patch, facilmente encontrado na internet para resolver alguns problemas de estabilidade, traz pacotes de personagem em formato de classes, adicionando algumas vantagens e desvantagens automáticas para o personagem, trazidos de sua vida antes de se tornar um vampiro. Você escolhe uma classe e o jogo te dá os pontos para personalizar o personagem. E eu descobri que todas as vezes que você escolhia uma nova classe, os pontos gastos não eram cancelados, mas ficavam ali no personagem. Era uma questão de mudar de classe e adicionar os pontos à ficha, acumulando pontos para criar um personagem com cinco pontos em todos os status ali. E qual não foi minha surpresa ao ser pego no flagra já dentro do jogo. Eu realmente fui pego de surpresa.
Se quiser, tem um vídeo mostrando isso. Aqui, tó, não precisa usar o Google.
Bom, voltando às explicações maneiras sobre o jogo.
Como disse antes, o jogo tem um valor de retorno excelente. Uma vez que você termina o jogo, fica claro que as reações das pessoas em relação ao personagem mudaria dependendo de que clã você é. Por exemplo, todo mundo fica meio com pé atrás se você é Malkaviano, ninguém confia em você se você é Tremere e todo mundo tira um sarro se você é Toreador. Eu juro.
Ceeeeerto. Eu vou… ficar longe. Eheh… he…
E também muda de acordo com suas respostas e suas decisões de aliança. Às vezes você não pode seguir um certo caminho devido a seu clã. Por exemplo, é muito difícil usar um Ventrue e ajudar os Anarchs. Até dá, mas é muito trabalhoso, pois as opções de conversa com os Anarchs são limitadas, afinal, você não acredita mesmo neles.
Puxa vida, tá durando muito essa resenha, então eu vou tentar resumir a obra.
Com muito a oferecer, uma história fantástica, gráficos lindos, jogabilidade impecável, música majestosa, um sistema de combate bem planejado, um mundo informativo e cheio de curiosidades, posso dizer, com certeza, que Vampire: the Masquerade – Bloodlines é, sem dúvida, um dos melhores jogos que já joguei em minha vida.
Tem tantas coisas para cobrir que não dá pra fazer num posto sucinto ou curto. Seria necessário muito tempo para explicar todos os motivos do jogo ser tão awesome, então vou listar algumas coisas maneiras que encontrei enquanto jogava:
Tzimisce, Kuei Jin, golems, lobisomens, fantasmas, caçadores, xerife, surpresas e muita interação.
Ufa, isso foi cansativo, mas valeu a pena.
Recomendo fortemente o jogo para quem gosta de Vampiro, para quem não conhece e até para quem não gosta. Eu odiava Vampiro até jogar esse jogo e entendi melhor como funcionam as coisas lá. O jogo está à venda na Steam, mas não se se o patch mais recente está incluso. Caso não, aqui está ele. Divirtam-se.
Minha nota para esse jogo é… pausa para efeito dramático… 10!
Esse post me levou a reinstalar o jogo. Verdade.