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28 Oct 03:44

Vale a pena ficar rico?

by Fabio Bracht

Muita gente dá o sangue, o suor e as lágrimas em busca do objetivo de vida de ser rico. Rico. Com R maiúsculo.

Ter um monte de grana. Poder entrar no restaurante que quiser e mandar vir o vinho mais caro, sem nem olhar o preço. Ir da casa da cidade à casa de campo de helicóptero. E da casa de campo à casa de praia de iate.

Dizer “foda-se, tá aqui o meu dinheiro” para todos os problemas. Se tiver que sofrer, que seja numa Ferrari ou a caminho de Paris. Ou Dubai. Eu acho que prefiro Dubai.

Mas o lance é: raramente vemos alguém que chegou nesse ponto falando abertamente, sem ostentação, sobre como é a sua vida. É tão boa quanto nos parece? Está tudo tão bacana quanto você achava que seria? O sangue, o suor e as lágrimas valeram a pena?

Dá pra reclamar?

Há um site chamado Quora, que é basicamente um Yahoo!Respostas frequentado apenas por pessoas inteligentes. Diversas perguntas interessantíssimas são postadas lá todos os dias, e frequentemente com respostas ainda melhores. A pergunta do título deste texto foi feita recentemente, e o teor das respostas foi esse:

“Ser rico é melhor que não ser rico, mas definitivamente não é tão bom quanto você imagina”

A resposta mais votada pelos usuários foi essa:

Eu enriqueci $15M [milhões de dólares] quando tinha 20 e poucos anos, depois de vender uma empresa de internet. Conversei com muitas pessoas sobre essa pergunta, e pensei muito sobre como permanecer a mesma pessoa que eu era depois de ganhar tanto dinheiro.

A resposta é um pouco complicada.

Primeiro, uma das únicas coisas realmente boas de ser rico é que você não precisa mais se preocupar com dinheiro tanto quanto antes. Ainda há algumas coisas que você não pode comprar (e você gostaria de poder), mas a maior parte das despesas pode ser feita sem se preocupar com o preço. Isso é definitivamente ótimo, sem dúvida.

Mas ser rico tem lá os seus problemas. Você deve estar pensando que eu estou reclamando de barriga cheia, e esse é exatamente um dos problemas. Você não pode mais reclamar de nada, nunca. A maioria das pessoas imagina que ser rico é atingir o nirvana, por isso você não pode mais ter nenhuma necessidade humana ou frustrações ao olhos públicos.

Você ainda é apenas um ser humano como qualquer outro, mas as pessoas não te tratam mais assim.

Outro problema: a maioria das pessoas quer algo de você, e pode ser bem difícil sacar se alguém está sendo bacana contigo porque gosta de você ou porque está atrás do seu dinheiro. Se você ainda não for casado, boa sorte tentando descobrir (ou vivendo com a dúvida) se a outra pessoa te ama ou ama o seu dinheiro.

Isso sem falar dos amigos e família. Talvez a sua relação com eles não azede de uma vez, mas provavelmente ficará mais difícil. Eles podem começar a ficar estranhos e te tratar diferente. Podem pedir dinheiro emprestado (má ideia: se for para ajudar, que seja como um presente). No Natal, eles passam a não gostar dos seus presentes como antes. Eles pensam que só porque você é rico, vai dar algo caríssimo, depois se decepcionam. Você começa a precisar decidir o que é caro demais ou de menos em se tratando dos seus pais, e, numa boa, é bem chato.

Some tudo isso, e o resultado é um certo senso de isolamento.

(…)

A próxima coisa que você precisa entender sobre dinheiro é o seguinte: todas as coisas que você se imagina comprando só têm valor para você porque você não pode tê-las (ao menos não sem trabalhar muito duro). Talvez você sonhe com um Audi topo de linha – quando você puder comprar um numa boa, não vai significar tanto.

Tudo é relativo, e não há muito que você possa fazer a esse respeito. Sim, no primeiro mês em que você estiver dirigindo um Audi, ou comendo em restaurantes caros, você vai adorar. Mas aí você se acostuma. E então você começa a querer o que está lá na frente.

Você redefine suas expectativas, e tudo abaixo daquele nível se torna desinteressante de novo.

Isso acontece com todo mundo. Boas pessoas conseguem manter uma certa perspectiva, lutar contra isso e manter os pés no chão. As piores, reclamam e cometem atos aleatórios de babaquice. Mas lembre-se disso: aconteceria com você também, mesmo que você talvez ache que não. Confie em mim.

A maior parte das pessoas têm a ilusão de que, se tivessem mais dinheiro, as suas vidas seriam melhores, e elas seriam mais felizes. Aí elas ficam ricas, isso não acontece, e elas entram em crises sérias.

Se você está ao menos na classe média, tem todas as oportunidades de fazer da sua vida o que quiser. Se você não está feliz agora, não vai ser o dinheiro que vai te fazer ficar.

Rico ou não, vá fazer da sua vida o que quiser que ela seja, sem usar dinheiro (ou falta dele) como desculpa. Saia, se envolva, seja ativo, corra atrás da sua paixão e faça uma diferença.

Se você entende inglês (e deveria), recomendo fortemente que clique aqui e veja todas as respostas. Há várias, uma mais interessante que a outra, variando de “me tornei mais infeliz por causa do dinheiro” a “claro que vale a pena. Eu nunca vi um rico querendo voltar a ser pobre”.

E você, o que acha? Seria incrível se algum leitor do PdH em próspera situação financeira pudesse dar um relato sincero e sem bullshit sobre a sua experiência de ter todo o dinheiro que precisa.

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12 Oct 00:51

Utopia, distopia e um papo sobre ficção científica com 6 recomendações de livros | WTF #5

by Eduardo Pinheiro

Utopia? Distopia?

São dos dois conceitos mais universalmente utilizados em ficção científica. Segundo a Wikipedia:

Utopia: Tem como significado mais comum a ideia de civilização ideal, imaginária, fantástica. Pode referir-se a uma cidade ou a um mundo, sendo possível tanto no futuro, quanto no presente, porém em um paralelo. O “utopismo” consiste na ideia de idealizar não apenas um lugar, mas uma vida, um futuro, ou qualquer outro tipo de coisa, numa visão fantasiosa e normalmente contrária ao mundo real. O utopismo é um modo absurdamente otimista de ver as coisas do jeito que gostaríamos que elas fossem.

Distopia: é o pensamento, a filosofia ou o processo discursivo baseado numa ficção cujo valor representa a antítese da utopia ou promove a vivência em uma “utopia negativa”. As distopias são geralmente caracterizadas pelo totalitarismoautoritarismo, por opressivo controle da sociedade. Nelas, caem as cortinas, e a sociedade mostra-se corruptível; as normas criadas para o bem comum mostram-se flexíveis. A tecnologia é usada como ferramenta de controle, seja do Estado, seja de instituições ou mesmo de corporações. Distopias são frequentemente criadas como avisos ou como sátiras, mostrando as atuais convenções sociais e limites extrapolados ao máximo.

Quando criança eu gostava muito de ciência, mas não me interessava a fantasia. Até para a ficção científica eu torcia o nariz. Mas isso até os dez anos de idade, quando comprei um livro de divulgação científica de Isaac Asimov, “O Colapso do Universo”.

Ele contava de forma dramática a história das estrelas de diversos tamanhos, passando por sua formação até seu derradeiro final, como gigantes vermelhas, anãs brancas, estrelas de nêutrons ou buracos-negros. Gostei tanto do livro (cheguei a apresentar um trabalho na escola sobre ele) que ansiosamente persegui inúmeros outros livros de divulgação de Asimov, até que um dia não resisti: comprei um de seus livros de ficção científica (“Poeira de Estrelas”).

Naquela época (1985), talvez seja preciso dizer, as coisas eram diferentes. Não havia internet, e eu não conhecia ninguém que tivesse interesse em literatura de ficção científica. Alguns amigos gostavam de Star Trek, e vez que outra encontrava alguém que ficava acordado e assistia a Sessão Corujão na Globo – já que VHS era meio caro e pouca gente tinha no Brasil.

Ilustração de Franco Brambilla (www.francobrambilla.com), parte de uma série que retrata alienígenas invadindo cenas típicas de décadas passadas

Daí era possível conversar sobre filmes como “A última esperança da terra” ou “No mundo de 2020”, “Planeta dos macacos”, “Logan’s run”, “Silent running”, etc. Mas de forma geral, minha experiência com Ficção Científica consistia em passar horas em sebos e ir montando um mapa de possíveis leituras com algumas referências feitas em introduções, ou recomendações de velhos donos de sebos.

Fora a mera curiosidade científica e talvez uma mente imaginativa, não parei muito para tentar entender porque eu segui o “caminho do geek”, ou seja, afinal de contas porque eu pessoalmente haveria criado essa afinidade.

Mas o certo é que, já naquela época, a Ficção Científica era anacrônica: eram livros velhos, de páginas amareladas, da “era de ouro”, isto é, os anos 50. O futurismo, as “previsões” científicas, não me interessavam tanto (e isso foi muito antes do steampunk, que realmente transformou o anacronismo num estilo).

Três fatores pareciam me fascinar nesses primeiros contatos:

  • tramas de cunho lógico ou de engenho, nas quais soluções eram obtidas por uma mistura de raciocínio e conhecimento científico;
  • surpresa, quebras de padrões, mundos, seres e relações sociais inusitados;
  • o próprio aspecto já envelhecido, imperfeito, desqualificado ou escanteado dessas obras.

Com o passar dos anos fui construindo um conhecimento relativamente bom de uma vasta gama de autores, e outros três fatores contribuíram para que eu depurasse meu gosto e encontrasse novos interesses dentro da ficção científica:

  • a chegada da Isaac Asimov Magazine no Brasil, em 1990;
  • minha inscrição no “Clube de Leitores de Ficção Científica”, que produzia um ótimo zine chamado Somnium, e onde conheci luminares da ficção científica no Brasil, como o Dr. Ruby Felisbino Medeiros, dono da maior biblioteca de FC no Rio Grande do Sul, talvez do Brasil;
  • e o fantástico livro de Gilberto Schröder, “Ficção Científica”, que descrevia centenas de livros e filmes e continha pequenos ensaios extremamente instigantes sobre os vários temas da FC.

Repito: numa era sem internet, onde certos livros eram inalcançáveis, e existiam apenas como lenda.

Com o passar do tempo meu interesse começou a se voltar a histórias de cunho mais filosófico, psicológico e antropológico. A ficção científica guiou a maior parte de meus interesses e perspectivas, e quando o “futuro chegou”, em algum momento dos anos 90, e se abriram os portais da cultura irrestrita com a Internet, creio que ela me ajudou a encarar as mudanças de forma diferente da maioria das pessoas ao meu redor.

Ao mesmo tempo é curioso como a ficção científica envelheceu e perdeu relevância no mundo de hoje: ela já era velha na década de oitenta, e só foi caducando mais até os dias de hoje.

É claro que há o comentarista de Facebook que posta algo no sentido de “meu deus, toda essa vida em redes sociais, isso é um horror para os relacionamentos, as pessoas vivem em bolhas!” (a inovação como pathos), e o neófilo fascinado, que vê todos os seus gadgets como extensões naturais de sua humanidade (a inovação como ethos). Eu já tendo a ver com certo olhar cansado: foram tantas leituras de robôs terríveis e espaçonaves maravilhosas, utopias e distopias, mundos ótimos que se revelam horripilantes e vice-versa, que naturalmente surgiu certo distanciamento analítico e engajamento mais criterioso nesses tipos de visões ora catastróficas, ora deslumbradas.

Mas a ficção mesmo, produzida nos últimos 10 anos especialmente, não parece ter relevância alguma. Talvez eu tenha que ler mais Cory Doctorow, ou algo assim. Mas virou muito mais cultura de nicho do que era no passado, isso sem dúvida.

Particularmente com relação a como a tecnologia afeta nossa humanidade, a ficção científica tem nos preparado desde que Mary Shelley escreveu Frankenstein. Esse é o tema central desse gênero de literatura fantástica: seja ele mais crítico e desconfiado com a tecnologia, seja ele progressista, deslumbrado e propagandista com a mesma.

É curioso que o tema nos seja tão desinteressante hoje, ao mesmo tempo que é talvez uma explicação: chega, né? A distopia e a utopia já estão aqui e agora, totalmente operantes.

Minhas 6 recomendações

Ainda assim, aproveito para fazer meia dúzia de recomendações. Alguns desses livros podem ser encontrados em português também (links para as edições na nossa língua estarão entre parênteses).

1) “The Three Stigmata of Palmer Eldrich“, Philip K. Dick
Um traficante interplanetário dotado de estigmas como os de Jesus Cristo vende uma droga que permite a trabalhadores em condições chinesas atuais vivam uma “segunda vida” amena e relativamente feliz ao brincarem com bonecos. (Em português.)

2) “The Sirens of Titan“, Kurt Vonnegut Jr.
Douglas Adams, autor da popular série Guia do Mochileiro das Galáxias, aprendeu tudo que sabia desse romance. Um milionário e seu cão penetram uma “infundíbula-crononsinclástica” e surgem como projeções de tempos em tempos, revelando aos poucos a função da história humana.

3) “Babel 17“, Samuel R. Delany
Uma língua é inventada como uma arma, ela altera o modo de pensar dos que a aprendem, transformando-os em traidores. Muitos elementos de linguística são apresentados. (Em português.)

4) “Concrete Island“, J. G. Ballard
Robinson Crusoe, mas no meio da “selva de pedra”.

5) “Schrödinger’s Cat Trilogy“, Robert Anton Wilson
Uma brincadeira com elementos de Finnegans Wake, de James Joyce, mais contracultura hippie drogada, personagens que são como “partículas-onda”, um anão que promove uma forma de terrorismo baseada em distorcer estatísticas, mudança de sexo e os Illuminati.

6) “The Dragon’s Egg“, Robert L. Forward
Um romance de ficção científica no estilo Hard (com muitos detalhes científicos corretos e precisos) mas de especulação imaginativa fantástica: uma civilização de seres inteligentes se forma não na base orgânica da vida terrestre, mas com o plasma da superfície de uma estrela. Um satélite humano estabelece comunicação, porém a civilização nasce, se desenvolve e morre em questão de dias humanos.

E, se vocês se interessarem por história da FC e quiserem ficar com vontade de ler uma pá de livros, duas aulas em áudio sobre Ficção Científica são excelentes: “TTC – Science Fiction – The Literature of Technological Imagination” e “TMS – From Infinity An Exploration of Science Fiction Literature”. Juro que tentei encontrar links onde vocês pudessem comprar tais cursos, mas não os encontrei… eles podem ser encontrados na sua forma “pirata” através do Google, mas isso é por sua conta e risco.

*   *   *

Na coluna “WTF”, Eduardo Pinheiro tem total liberdade para nos ajudar a ver o que precisa ser visto.

WTF” no sentido do espanto que dá origem à filosofia, à ciência, às tradições de sabedoria. E WTF no sentido do impacto que isso talvez nos cause, quebrando cegueiras, ilusões.

Além de seguir o papo abaixo nos comentários, você pode enviar suas mais profundas perguntas para wtf@papodehomem.com.br.

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11 Oct 00:55

Os patterns comunistas dos anos 20

by Valerie Scavone

A propaganda comunista das décadas de 20 e 30, usou patterns em tecidos de toalhas de mesa, lençóis e cortinas, para apoiar a lavagem cerebral pretendida com uma mensagem subliminar sutil.

Mas não dá pra negar que o design russo é sempre arrebatador.

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Tweet Tags: comunismo, pattern, propaganda, União Soviética
11 Oct 00:51

Seguranças do Metrô formam banda que agita as estações em SP

by Redação
Otávio Melo

Da firma haha

Depois do Festival Internacional de Músicos do Metrô e da exposição sobre rock também no Metrô, agora é a vez dos próprios funcionários da companhia mostrarem que também tem suingue correndo nas veias. A Banda dos Seguranças do Metrô, formada é claro pelos seguranças do trem subterrâneo, faz apresentações esporádicas nas estações para descontrair o dia a dia dos passageiros.

De acordo com a empresa, a banda foi formada a partir de encontros casuais na empresa. O setlist foi pensado para agradar gregos e troianos e por isso inclui MPB, rock, sertanejo e até musica gospel. O próximo show será no dia 30 de outubro, terça feira, às 17h30, na estação Palmeiras-Barra Funda, Linha 3-Vermelha.

11 Oct 00:48

CNV divulga lista de vítimas da ditadura cujas mortes serão investigadas

by redacao@carosamigos.com.br (Caros Amigos)
Otávio Melo

Um começo

Ditadura-desaparecidos-gen-tpCOMISSÃO DA VERDADE CNV divulga lista de 140 nomes de mortos e desaparecidos que serão investigados em SP, como a de Herzog, cuja família obteve vitória na Justiça; Operação Condor e as mortes de Jango e JK também serão apuradas.