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06 Oct 17:20

Free contraceptives reduce abortions, unintended pregnancies. Full stop.

by Sarah Kliff

The idea that contraceptives prevent unintended pregnancy is, well, pretty intuitive. That’s the whole point of contraceptives.

Except that’s not how it always works: About half of all unintended pregnancies are the result of contraceptive failure, where a condom breaks or birth control pills aren’t taken at the right time. The least expensive methods of contraceptive tend to be the least effective.

That got a team of researchers at Washington University wondering what would happen if women had access to all contraceptives at no cost. IUDs, for example, are about 20 times more effective than birth control pills – but also tend to be significantly more expensive.

Over the course of three years, they gave over 9,000 women in the St. Louis area access to free contraceptives. Study participants could choose from birth control pills or more long-acting contraceptives, like the implantable IUD. Three in four women chose the latter.

The researchers published their results Thursday and saw some dramatic differences between those in the study, and those outside of it.

Teen pregnancies – 80 percent of which are unintended – plummetted. They stood at 6.3 per 1,000 teens in the study group, compared to 34 per 1,000 teens nationally.

Abortion rates were significantly lower, too. In the St. Louis area, 13.4 per 1,000 women had an abortion in 2010. Among the women involved in this study, the rate stood at 5.9 per 1,000 women. 

The study authors attribute a lot of those differences to the widespread use of long-acting contraceptives. Such birth control – used by 75 percent of the women in this study – is only used by 8.5 percent of women nationally.

The Affordable Care Act will expand this experiment nationally by making contraceptives no-cost for all insurance subscribers. The study authors estimate that could have a marked effect on abortion rates, “preventing as many as 41–71% of abortions performed annually in the United States.”

06 Oct 08:15

JL8 #76 by Yale Stewart Based on characters in DC Comics....



JL8 #76 by Yale Stewart

Based on characters in DC Comics. Creative content © Yale Stewart.

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Archive

Many of you have been asking, and yes, I will be at New York Comic-Con 2012! You can find me at Table E7 from Friday-Sunday! 

For those of you in the St. Louis area, I’ll be at Star Clipper Comics in the Delmar Loop this Saturday for their Artist’s Table day, when local artists gather and sketch for fans! If you’re nearby, you should come check it out!

-Yale

06 Oct 07:58

Por quê a Guerra Contra o Download Ilegal Está Perdida

by j. noronha

Todo mundo já viu aquelas mensagens de pirataria é crime ou, pior ainda, aqueles filmezinhos onde você é advertido de que se piratear um filme estará ajudando a financiar desde o tráfego de drogas até a Al Qaeda.

Pelo andar da carruagem nesse começo de século, não é difícil deduzir que as mensagens só são eficazes no quesito irritar o espectador ao colocar no mesmo barco quem pagou pelo CD/DVD e quem comprou no camelô.

I would

Alguns dizem que o download ilegal de músicas é consequência do preço dos CDs (que ainda existem, por incrível que pareça), mas uma pesquisa realizada primeiro no Reino Unido e depois nos Estados Unidos mostra que isso está longe de ser verdade.

Outro dado revelador é que as pessoas não dão a mínima para o discurso da indústria do entretenimento, que está literalmente errando o alvo com suas campanhas.

Americans downloaded more than 97 million albums and singles using BitTorrent during the first half of 2012. [...] Around 78 percent were albums and 22 percent singles. Assuming an album contains 10 tracks, the total number of songs downloaded would have surpassed 759 million in six months.

Americanos baixaram mais de 97 milhões de álbuns e singles usando BitTorrent no primeiro semestre de 2012. [...] Aproximadamente 78% álbuns e 22% singles. Presumindo uma média de 10 músicas por álbum, o número total de músicas baixadas fica em torno de 759 milhões em 6 meses.

Outro estudo, mais revelador e abrangente, prestes a ser lançado por Joe Karaganis, trata da “cultura da cópia” nos Estados Unidos e Alemanha. Ali fica claro a maneira como o download ilegal é encarado pelas pessoas e como elas separam o que acham certo do errado e, mais importante, como a política atual de combate à prática é completamente equivocada.

Música... o que é razoável

Fica clara a opinião da maioria sobre compartilhar músicas com família e amigos (sejam os próximos ou os 5000 dos sites de compartilhamento), aprovada por aproximadamente 80% dos entrevistados entre 18 e 29 anos e mais de 50% dos com mais de 65 (para quem pensa que só os mais jovens compartilham música).

A coisa muda de figura, no entanto, quando a questão é compartilhar links no Facebook, por exemplo, ou obter lucro do que é baixado: uma minoria aprova esse comportamento.

Enquanto a indústria bate na tecla do roubo de arquivos, os usuários têm uma visão que muda conforme o contexto, o que explica o fracasso completo das campanhas anti-pirataria.

No Brasil eu imagino que o cenário seja mais complicado ainda, já que você dificilmente vai encontrar algo mais do que o que está na moda nas lojas de discos, para não falar nos filmes sem grande apelo comercial, que dificilmente chegarão às prateleiras das locadoras, muito menos aos cinemas.

Via Techdirt



05 Oct 14:54

Manifestação termina em batalha campal no centro de Porto Alegre

by samiroliveira
Charles Pilger

Parabéns aos poderes públicos de Porto Alegre, que acreditam que tem sentido defender com bombas de gás lacrimogêneo, tiros com munição não-letal e cassetetes um boneco. Por mais desordeiros que sejam os manifestantes (e é assim que eles serão chamados amanhã na RBS TV: desordeiros) nada absolutamente nada justifica agir de forma violenta contra pessoas em prol de UMA DROGA DE UM BONECO INFLÁVEL DE PLÁSTICO!

O que há na cabeça das nossas autoridades?

Uma manifestação que reuniu centenas de pessoas em frente à prefeitura de Porto Alegre na noite desta quinta-feira (4) começou de forma pacífica e acabou terminando em uma verdadeira guerra campal. Centenas de jovens e artistas de rua protestavam por uma cidade “mais alegre”, mas terminaram a noite sob forte repressão da Brigada Militar.
04 Oct 04:03

7 discos para você ouvir na estrada

by Fred Leal

Com o advento dos iPods e dos tocadores de MP3 para carros, uma coletânea de músicas pra pegar estrada se tornou irrelevante – a não ser que você vá pegar 40 minutos de estrada, o que, convenhamos, não é nada. Paulistanos passam mais tempo dentro do carro para ir à padaria e na banca de jornal. E você sabe que eu estou falando a verdade, porque eu comecei o parágrafo usando a frase “com o advento…” – que todos sabemos, é reservada aos grandes veículos de comunicação e profissionais da mídia. Seriedade, galera.

Meu ponto é: não importa se você vai ficar cinco horas parado no trânsito da Rio-Lagos ou se vai atravessar a Transamazônica de bike. Você vai precisar de alguns discos para tornar essa jornada mais agradável, transformando horas de paisagens repetidas em um inédito road movie particular e exclusivo. Essas são minhas sugestões.

Five Leaves Left
Nick Drake
Desde que eu comecei a me abster de atividades aéreas e abraçar mais o espírito das estradas, esse também acabou se tornando involuntariamente o meu disco de dormir. Obviamente, não tem nada a ver com o disco ser chato, apesar de, sim, ser lento, baixo, acústico, devagarzinho e low-key, em geral. Mas é mais coisa que isso, é o estado em que o disco me deixa. Sem dúvida que é um disco triste, tem altas letras de suicida, mas também tem no geral um tom meio confortável de despedida, fim de noite, coisas acabando, fases acabando. E não é tão bad vibe quanto pode parecer superficialmente, hoje em dia acho até que o subtexto da parada é meio de resolução e até um pouco de esperança. E é um disco cheio de paisagens, letra com imagens claras de amanhecer, anoitecer. Funciona. Por isso eu durmo no ônibus enquanto “gonna see the river man”, ou quando “the night is cold, some get by but some get old just to show life’s not made of gold. When the night is cold.” Recomendo que todos tenham esse disco no iPod praquelas viagens de ônibus madrugada adentro. Recomendo um pouco menos se você estiver dirigindo.


Three hours from sundown…

The Band
The Band
Pra mim não existe mais pegar estrada sem ter um disco da The Band no iPod, mesmo que eu acabe não ouvindo. Esse é o mais claramente pronto pra ser curtido do banco do carona, janela aberta, braço pra fora, cinza de cigarro voando pra tudo que é lado… Ideal para ser começado a 10 minutos do pôr do sol, pra “The Night They Drove Old Dixie Down” inaugurar a noite, “Jemima Surrender” deixar todo mundo acordado, e “King Harvest” te imbuir da liberdade do campo e de revolta contra a opressão industrialista das cidades. Tem guitarras com twang caipira, pianinhos chorosos e falsetes fantasmagóricos pontuando a solidão da estrada vazia na madrugada, blues acelerados que te mantém na expectativa de pegar a saída errada da Dutra e ir parar na Louisiana.


The night they drove old Dixie down and the people were singing, they went…

Night Beat
Sam Cooke
Apesar do nome, “Night Beat” funciona bem ainda no meio pro final da tarde. O soul rockeiro de Sam Cooke desliza sobre a perigosa linha que pode tornar uma tarde ensolarada mais clara, mas pode fazer de uma madrugada chuvosa desesperadora. Os primeiros versos do disco explicam bem a dicotomia: “I’m lost and looking for my baby” às 16h20 significa pegar a estrada sem rumo, procurando um novo amor, escrever novas histórias… “I’m lost and looking for my baby” às 4h20 significa que você está ficando um pouco louco e psicopata de solidão, e resolveu pegar o carro no meio da madrugada pra stalkear a janela da sua ex-namorada. Mesmo verso, sentimentos diferentes. Sam Cooke é gênio, mesmo não sendo ele o compositor da grande maioria das canções do disco, é o cara que dá sentido definitivo àquelas palavras. Apesar de ser de 1963, “Night Beat” ainda tem aquela vibe cinquentista do Sam Cooke que faz todos os romances parecerem com o baile do colégio dos pais do Marty McFly no primeiro “De Volta para o Futuro”. E pra completar, o disco ainda tem um moleque de 16 anos destruindo no órgão. O nome dele? Billy Preston.


I’m lost and I’m looking for my baby, lord knows my baby ain’t around

Band on the Run
Paul McCartney & Wings
Os primeiros acordes de “Band on the Run” definem a minha ideia de um começo de viagem tranquilo, e o próprio andamento da música tem cara de carro saindo do lugar, primeira marcha, segunda marcha, vem a ponte e o carro começa a acelerar de verdade, “if I ever get out of here”. E aí quando o refrão explode, é bom você já ter cruzado as ruas necessárias pra sair do seu bairro e alcançar o começo da estrada. Você tem exatos dois minutos. Sobrevivendo a esses primeiros dois minutos e chegando na estrada, sua jornada tem garantidos 40 minutos de good vibes, acelerando em “Jet”, relaxando pra ver a paisagem em “Bluebird”, batendo cabeça em “Mrs. Vanderbilt”, descansando de novo com “Let Me Roll It”… Um disco pra te manter atento e aquecer o coração sem tomar toda a sua atenção, dando espaço pras cores na janela e pro vento no rosto.


I can’t tell you how I feel, my heart is like a wheel

Blood on the Tracks
Bob Dylan
O disco óbvio de estrada do Dylan seria o “Highway 61 Revisited” – a estrada tá no título, afinal. Até o “Bringing It All Back Home” poderia disputar esse título, com seus blues de guitarra elétrica, tem até uma música chamada “On the Road again”! Mas o “Blood on the Tracks” é pra mim o disco definitivo de estrada do Bob Dylan – além de um dos meus favoritos, em geral. É um dos discos mais confessionais do Dylan, pura dor de corno pela mulher perdida, e por isso mesmo, um disco cheio de idas e vindas, cidades e estradas. “You’re Gonna Make Me Lonesome When You Go” ajuda a dilacerar qualquer coração partido pós-despedida, evite se forem essas as condições de sua viagem. “If you see her, say hello” também tem espírito de viagem, e praticamente te incumbe de dar um alô pra mina do Dylan se vocês se esbarrarem eventualmente.


If you see her, say hello. She might be in Tangiers…

The Coast Is Never Clear
Beulah
Esse é um dos discos que acabou se tornando disco de viagem por acaso, apesar da vibe ser bem clara. Baixei ele na época que saiu, quando eu ainda morava em Nova Iguaçu e fazia faculdade de cinema no Rio. Tinha gravado num CD-R, e depois passado pra uma fitinha cassete, que eu carregava no walkman no ônibus pra faculdade todo dia de manhã. Ser indie é (era) isso aí! Mas voltando ao disco, é uma onda claramente verão, apesar das letras exacerbadamente irônicas e ligeiramente perturbadas. O resto são guitarrinhas inofensivas cobertas com corinhos e metais ensolarados, um trompetinho malandro permeando quase todo o disco. “Popular Mechanics for Lovers” e “Hey Brother” vão fazer você pegar a primeira saída em direção à praia.


I heard he wrote you a song. But so what? Some guy wrote sixty-nine…

Clube da Esquina
Milton Nascimento e Lô Borges
Pra começar, o disco tem uma música chamada “Paisagem da janela”. Tudo bem que é a janela lateral do quarto de dormir, mas quem garante que esse quarto de dormir não é um vagão-quarto num trem azul de doido? Pelo menos é assim que eu imagino sempre que chega nesse momento do disco na estrada. O importante mesmo é se sentir um cavaleiro marginal desbravando as estradas e banhando-se em ribeirões, vivendo mistérios sem querer descanso nem dominical. Ainda tem “Um Girassol da Cor do seu Cabelo”, que a última vez que eu vi tocar num carro cheio, todo mundo imediatamente começou a olhar pela janela com cara de reflexão. Minas Gerais tem espaço e estrada pra caralho, afinal.


Mensageiro natural de coisas naturais

E mais 3 Menções Honrosas…
- Celeste Carballo – Me Vuelvo Cada Dia Mas Loca

- Simon & Garfunkel – Bookends

- Hyldon – Na Rua, na Chuva, na Fazenda…

04 Oct 04:01

Goma-Laca

by Ronaldo Evangelista

Goma-Laca é um centro de descobertas dedicado ao universo da música brasileira produzida principalmente entre os anos 20 e 50 nos discos feitos de cera de carnaúba e goma-laca que giravam a 78 rotações por minuto.

Criado por mim e Biancamaria Binazzi, o Goma-Laca se desdobrou em alguns programas de rádio, profundas investigações na Discoteca Pública Municipal Oneyda Alvarenga (criada por Mário de Andrade em 1935 e até hoje casa de dezenas de milhares de 78s com músicas maravilhosas inéditas há gerações) e, em 3 de dezembro de 2011, um show especial reunindo no Centro Cultural São Paulo algumas figuras incríveis em releituras de pérolas sacadas sob medida.

Thiago França, Kiko Dinucci, Marcelo Cabral, Wellington “Pimpa” Moreira e Samba Sam, o quinteto Sambanzo, acompanhando Juçara Marçal, Emicida, Marcelo Pretto, Rodrigo Brandão, Bruno Morais e Luisa Maita, espetáculo único, agora disponível para além das 600 pessoas que encheram a Sala Adoniran Barbosa naquela noite de sábado: o usuário do YouTube saopaulopacaembu – que não conheço pessoalmente, mas a quem agradeço imensamente – filmou o show inteiro e subiu online.

Abaixo, faixa-a-faixa para play imediato e breves comentários contextualizadores.


Tranca-rua“, do 78 RPM Todamérica TA-5474, J.B. de Carvalho, 1954, canto pra Exu adaptado por J.B. de Carvalho e Otavio Faria, também conhecido como “Sino da igrejinha”, gravado por Martinho da Vila em sua “Festa de umbanda” em 1974 e recentemente abrindo o disco do Sambanzo, além de abertura de todos os shows deles desde sempre, abriu o show, claro.


Ogum-Yára“, ponto pra Ogum adaptado por Jorge Fernandes e Léo Peracchi em 1956 (e também gravado por Inezita Barroso em 1976), se viu revestido de novos tons afro, Sambanzo na pegada e Juçara Marçal melhor cantora do mundo.


Promessa de pescador“, 1939, primeira gravação solo de Dorival Caymmi, com acompanhamento de Conjuncto Regional por Laurindo de Almeida e Garoto, do 78 rotações Odeon 11760-B, alodê Yemanjá, canção sobre motivo praieiro da Bahia. Na voz de Juçara Marçal e versão do Sambanzo, nova modernidade, grande atualidade.


Man féri man” foi dos achados mais impressionantes: Jorge da Silva e Seu Terreiro, 1956, percussão e vozes roots total, adaptação do mesmo ponto de Oxum que rendeu “Ponto de Oxum”, de Toquinho e Vinicius, também gravado por Bethânia. Simbiose tão perfeita com Juçara, Kiko, Thiago, Cabral, que já foi incorporada ao repertório do Metá Metá em versão cada vez melhor.


Terra seca“, canção que Ary Barroso dizia ser sua melhor, emocionante estilização sobre o ponto de vista de um velho escravo, famosa na sublime versão dos Quatro Ases e um Coringa, de 1943, ganhou versão à Gil Scott-Heron, com groove nervoso e declamação intensa de Rodrigo Brandão.


Macumba-ê“, grande descoberta, de Zé Fechado e Oldemar Magalhães, gravada originalmente por Zé Fechado & Albertina no lado A do 78 RPM RCA Victor 80-1306-a, 1954. Reinventada completamente no sensacional beat futurista do Sambanzo e falas do Rodrigo Brandão.


Apanhei um resfriado“, clássico de Leonel Azevedo e Sá Róriz, gravado por Almirante em 1937 (aqui a versão do dez polegadas de 1956), fazendo a ponte com a prosódia única de Marcelo Pretto, em momento respiro do show, só com seu violão, atchim.


Yaou africano“, mais conhecida como “Yaô”, composição de Pixinguinha e seu irmão Gastão Vianna, gravada pela primeira vez por Patricio Teixeira no 78 RPM Victor 34.346 em 1938, aqui com Marcelo Pretto e Thiago França pixingando, aproximando samba de roda e canto de terreiro de preto velho, vamos saravar, Xangô.


Soca pilão” foi outra das maiores descobertas: canto de trabalho escravo de campos de café do interior paulista, recolhido e gravado em 1954 no 78 RPM RCA Victor 80-1286 (no lado b de “Estatutos de gafieira”, de Billy Blanco) por Inezita Barroso acompanhada de inacreditável batuque – de impressionar a ela mesma 57 anos depois -, em grande reinvenção por Kiko Dinucci, Thiago França, Sambanzo, Marcelo Pretto.


Isto é bom“, lundu de Xisto Bahia, pelo cantor Bahiano, primeira gravação comercial brasileira, há apenas exatos 110 anos, em 1902, 78 RPM Zon-o-phone 10.001. Inaugurando nossa música na malícia, todo o sentido até hoje (Gera Samba que o diga), Marcelo Pretto em intepretação suingada e genial percussão vocal.


Até a lua chorou“, composição linda e obscura de Silvino Neto, gravada pelo Grupo X, sexteto vocal paulista, do Bixiga, em 1936, no 78 RPM Columbia 8.172, veio direto do esquecimento para encanto moderno na voz de Bruno Morais, em levada puxada ao carimbó caribenho e o Sambanzo ajudando no coro.


Diagnóstico“, inesquecível pérola de Wilson Baptista e Germano Augusto, cantada por Aracy de Almeida em 1943 no 78 RPM Odeon 12.332, tem o cenário único de uma sala de raio-X e praticamente toda sua letra construída no discurso do doutor, obra-prima de composição sobre o micróbio da saudade. Em 2000 foi regravada por Cristina Buarque e aqui aparece na voz de Bruno Morais em versão cool sobre células, riffs e vazios.


Dormi no molhado“, samba-choro de Moreira da Silva, gravado no 78 RPM Odeon 12.144, 1942 (aqui versão do LP O Último Malandro, de 1958), crônica das suas cruzando a real, senso de humor, moral particular e breques, reinventado em groove caminhante do Sambanzo e na fala de Emicida, sem me dá me dá me dá, pura cadência, que flow.


Na subida do morro“, genial composição de 1952 de Moreira da Silva com Ribeiro Cunha (na verdade, comprada de Geraldo Pereira, segundo as lendas), faz a conexão definitiva entre o samba de breque e o rap, malandragem carioca e do Cachoeira, atenção ao solo de fristáile, Emicida em momento eletrizante.


Cafuné“, samba-jongo de Denis Brean e Gilberto Martins, foi gravado originalmente por Aracy de Almeida em 1955 no 78 RPM Continental 17.200, depois por Edson Lopes em 1957 no 78 RPM Odeon 14.202, por Zezé Gonzaga em 1958 no 78 RPM Columbia 11.071 e ainda por José Tobias no começo dos anos 60 em LP. Em cada versão a música revela novas graças, e muitas graças se revelam na versão do Sambanzo com Luisa Maita, groove sensual, clima e sugestão.


Lamento negro“, macumba em adaptação de Humberto Porto e Constantino Silva, é uma maravilha de destaque entre as muitas maravilhas do Trio de Ouro, de Dalva de Oliveira e Herivelto Martins. Gravada originalmente pelo Trio em 1941 (em Iorubá), foi regravada por Stellinha Egg também em 78 RPM em 1954, depois por Nelson Ferraz em LP em 1956 e várias outras versões (a maioria em português), pra não falar na de Hélcio Milito em 1987. Puro transe a versão do Sambanzo e voz da Luisa Maita, altamente hipnótica, trip-hop pra Xangô, fim perfeito para um grande show.


Man féri man“, não poderia ser diferente, voltou pro bis, com Juçara Marçal e participação de improviso inspirado de Emicida, música que nasce no peito, bate como atabaque, eleva e esquenta.

04 Oct 03:59

Como Woody Allen pode mudar a sua vida

by Gustavo Mini

O francês Éric Vartzbed é um bravo. Doutor em psicologia e psicoterapia, ele escreveu um livro bem fundamentado e bacana de ler, e na hora de batizar a criança, tacou-lhe no título uma fórmula de auto-ajuda. Cara de ponto de interrogação: por que o Sr. Vartzbed fez isso? Que estranhos motivos o moveram? Falta de imaginação? Canalhice comercial? Ou mais uma brincadeira ambígua e irônica inspirada nos clichês que Woody Allen explora tão bem em seus filmes?

Não sei. Não encontrei muita informação sobre ele na internet (que não estivesse em francês). Mas o que eu sei é que esse espírito espírito meio zombeteiro é bem o que pega nesse “Como Woody Allen Pode Mudar Sua Vida”. Rápido, simpático e elegante, em vez de enveredar pela análise pragmática (e chata) da filmografia de Allen, o que o Vartzbed fez foi a crônica do seu encontro pessoal (incluso aí sua formação de terapeuta) com a obra do nosso querido cineasta novaiorquino. O resultado disso, diferente do que o título rapidamente sugere, não se aproxima nem um pouco do formulismo da auto-ajuda. Pelo contrário, quem procurar aqui receitas prontas pra ser feliz vai encontrar, confissões, costuras, mergulhos, encaixes e sobreposições entre psicanálise, psicologia, filosofia e um cinema muito peculiar. No fundo, o livro é um pouco como as boas comédias do Woody Allen: toca em feridas profundas, mas sabe ser leve, engraçado e fluído quando necessário. Tem ritmo, consistência e bom humor. Um equilíbro raro.

O ponto de partida de Vartzbed é já sair confessando desavergonhadamente seu posto de fã de Woody Allen e o impacto que seus filmes tiveram na sua formação pessoal. Nada de posturas distantes ou falsas imparcialidades. Pra ser mais específico, ele cita emocionado a comoção que sentiu ao assistir A Outra. Nesse filme de 1988, Gena Rowlands interpreta uma professora e ensaísta fria e esquemática que se refugia em um apartamento alugado para terminar de escrever uma tese. O plano, no entanto, se mostra defeituoso pois as sessões de psicanálise em uma sala vizinha vazam para dentro do refúgio por meio do encanamento do ar-condicionado. A voz invasora acaba desencadeando na personagem Marion Post uma corrente de lembranças e reflexões que abalam os fundamentos da sua vida atual.

Vartzbed conta que usou o filme como espelho para resolver questões particulares. E que essa foi apenas a primeira vez de muitas. Capítulo após capítulo, ele mostra como o trabalho de Woody Allen se presta como parceiro de reflexão (de quem está a fim, claro) por abordar feridas universais com a principal ferramenta do seres urbanos – a palavra. Afinal, por mais bem escolhidos que sejam os diretores de fotografia, por mais cativantes que sejam as trilhas sonoras, por mais cuidadosos que sejam os planos, o cinema de Allen é reconhecidamente um cinema da palavra.

Esse é um dos principais pontos de intersecção que Vartzbed encontra entre seu ídolo e o trabalho terapêutico, mais especificamente a psicanálise, também já apelidada de “a cura pela palavra”. Ele lembra que Allen “filma o fosso que separa as palavras do ser.” Seus personagens falam, falam, falam, falam o tempo todo, usando as palavras para mediar uma negociação complexa entre seus anseios, sua formação e o ambiente social que os rodeia, na maior parte das vezes, é bom lembrar, uma classe média urbana – e novaiorquina, o que significa urbana na décima potência. A palavra, para estes habitantes, é instrumento de trabalho, organizadora da vida cotidiana e força subterrânea da ebulição inconsciente. É também uma instância de distanciamento saudável de impulsos incontrolados, como em Vicky Cristina Barcelona onde “a passagem pela língua inglesa permite que o casal formado por Maria Elena e Juan Antonio manter à distância a emoção destrutiva. (…) Várias cenas mostram como o movimento de tradução é acompanhado de um desligamento no qual a raiva se aplaca.”

Mas a primazia da palavra é um aspecto claro em Woody Allen. O que nem sempre aparece, mas que ele já sublinhou em entrevistas, e que Vartzbed faz questão de lembrar, é a visão de mundo otimista, quase redentora, do diretor. Embora pintado como ranzinza, mau humorado, garoto enxaqueca, os filmes de Allen mostram em sua maioria caminhos de pacificação ou de encontro de personagens consigo mesmo. Ainda que em muitos casos esse encontro ou essa pacificação não ocorram (ou ao menos da forma convencional), mesmo as frustrações revelam uma crença na busca por algum tipo de conforto e entendimento de si e do mundo. No já citado A Outra, Marion Post aceita uma voz estrangeira vazada ao acaso como mensageira de desejos interiores. Sandy Bates, de Memórias, termina o filme aceitando que “não posso controlar tudo na vida, a não ser a arte e a masturbação, duas áreas nas quais sou um absoluto perito”. Em Igual a Tudo na Vida, a paranóia patológica de David Dobel acaba ajudando a melhorar a vida de um pupilo. Em Zelig, o protagonista se torna parecido de seus próximos querendo aceitação. Nenhum niilista verdadeiro se permitiria tamanho luxo, tanta energia empregada em tentar se aliar a um mundo de desespero.

Segue Vartzbed: “Até quando seu discurso é sério e desiludido, o tom é tão energizante, apimentado e irriquieto que o espectador deixa a sala assobiando, revigorado.” Sim, O Sonho de Cassandra e Match Point, por exemplo, são filmes pesados, opressivos. Mas é difícil sair do cinema sem algum entusiasmo com a descarga de energia promovida pelo passeio em tal montanha russa.

Mas e aí? Quase 50 anos e mais de 40 filmes depois, Woody Allen pode mudar a sua vida? Claro que não pode. O autor fecha o livro com um capítulo chamado justamente “Como acabar com os tratados sobre a felicidade e outros manuais éticos?” E evoca Freud: “A felicidade é uma questão de economia libidinal individual. Nenhum conselho nesse terreno é válido para todos, cada um deve procurar por conta própria o seu modo de ser feliz.” De qualquer forma, olhe a foto logo acima e veja se este homem não tem uma certa credibilidade para lhe dar alguns conselhos.

04 Oct 01:19

[Dicas de Leitura] Gird, o quarto mago – Renato Modernell

by PDL
Charles Pilger

Nunca tinha ouvido falar desse autor. Parece interessante.

Gird pilha de livros e1343762496802 [Dicas de Leitura] Gird, o quarto mago   Renato Modernell

O último livro de Renato Modernell, gaúcho de Rio Grande e ganhador prêmio Jabuti de 1989 com “Sonata da última cidade” é empolgante. Trata-se da narrativa das aventuras e desventuras de Gird Vastar, eunuco do harém do Sátrapa de Yazd, Pérsia, no 1º terço do século I de nossa era.

A ambientação e a história nos evocam as Mil e uma Noites, modernas obras cujo cenário é o Oriente Médio, também nos lembram Omar Khayy?m e Gibran Khalil Gibran, algo de J.J Benitez (Cavalo de Troia), um certo ar fantástico de Borges, muito de Saramago (O Evangelho segundo Jesus Cristo, e outras). Gaspar, o indiano dentre os magos do oriente (aqueles do Evangelho de Mateus), convoca Gird para ir até Jerusalém pedir um milagre ao Profeta, 0 Jesus de Nazaré. O Mestre deve livrar a Pérsia de um crescente e surreal flagelo:  o fogo (sim, o fogo) está perdendo sua força, seu fulgor, seu poder, mas somente nas históricas terras de Dario, Ciro, de Zaratustra. Veremos aí a expiação das culpas, dos pecados, a traição, o milagre, o onipresente sexo.

Gird, o quarto mago – Renato Modernell

Leia grátis o primeiro capítulo. Veja como encomendar seu exemplar autografado diretamente com o autor.