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12 May 16:40

Dura Praxis, Sed Praxis

by Luís Pistola

Assumo à partida um julgamento arrogante e snobe: para mim há Coimbra. E depois existem as outras universidades, portuguesas e estrangeiras. Coimbra há só uma, Coimbra é só uma. Nenhuma outra consegue imprimir-se nos corações e nas almas dos seus estudantes da mesma forma. Nenhuma outra consegue fazer-se eterna nas almas, nas vidas, nas consciências como a nossa Coimbra. Digo-o eu e dizem-no os milhares de estudantes de todas as nacionalidades que por lá passam e que, em uníssono, realçam o seu carácter único e absolutamente singular.

Uma das mais antigas do mundo (o grupo de universidades europeias mais antigas ostenta até o seu nome, tendo feito parte das primeiras quinze), enraizando-se na tradição de quase nove séculos do Mosteiro de Santa Cruz (primeiro grande centro de alta cultura da Monarquia Portuguesa), órgão capital da cultura portuguesa durante séculos, centro maior do Renascimento Europeu com a criação do primeiro pólo universitário do mundo, pelos seus bancos passaram alguns dos maiores vultos da história de Portugal e do espaço imperial e lusófono português.

Mas se os velhos e honrados pergaminhos a podiam tornar anquilosada e decrépita, tem sabido empreender o caminho para continuar a ser a schola de referência que sempre foi desde o nascimento no reinado de D. Dinis, como o atestam os vários prémios de investigação que regularmente recebe, os lugares de referência que ocupa nas mais prestigiadas listas de classificações das melhores universidades do mundo (apesar da anglo-saxonite das mesmas), as suas infra-estruturas ao nível das melhores do mundo, e até a recente classificação como Património da Humanidade.

Esta incide não apenas no seu património material (os edifícios, as bibliotecas, os monumentos, os museus, os vários espaços onde se tem desenvolvido), mas também – e sobretudo – no seu património imaterial, a saber: por um lado a sua importância fundamental e central, o seu valor excepcional na formação das elites lusófonas, na formação cultural e científica, na promoção e enriquecimento da língua e da cultura lusófonas ao longo dos seus mais de sete séculos de história; por outro lado a dimensão imaterial do seu património vivencial, isto é, as várias tradições académicas, estudantis, docentes ou institucionais (há-as dos três tipos), passando pelo traje académico, pelas Repúblicas estudantis, pela Queima das Fitas e Latada, pelos Rasganços, pela Canção de Coimbra, e… pela Praxe.

A tão discutida, vilipendiada e odiada praxe, a coimbrã, é Património da Humanidade decretado e declarado pela UNESCO! Eis o que é admirável, tendo em conta o nível da discussão a que se chegou nos últimos meses, a propósito de um acidente com estudantes universitários na praia do Meco, o qual, segundo alguns dos opinadores de serviço, teria ocorrido numa situação de “praxe”. Ora, importa saber em primeiro lugar do que falamos quando falamos de praxe, e nada melhor do que a coimbrã, a original, para percebermos os equívocos e os enganos nos quais nos têm querido cegar, chegando a fazer paragonas sensacionalistas – a propósito de um outro acidente mortal com estudantes em Braga – do género “Praxe volta a matar” quando a praxe, a dura e sed praxis, nada tem a ver com o assunto.

A praxe académica coimbrã é um conjunto de tradições (comportamentais, culturais, festivas, artísticas, etc) no espaço universitário – académico, portanto – mais ou menos antigas, nas quais os estudantes da Universidade de Coimbra (e dos Institutos e diversas escolas a ela associados para esse fim) são convidados a participar pelo simples facto de ingressarem no ensino superior em Coimbra. Tudo o resto, todas as restantes práticas, originam daqui, são imitações e/ou reinvenções desta fonte. Nuns sítios (Lisboa e Porto) reclamando uma tradição comum ou pelo menos partilhada, noutros sítios reinventando a tradição em novas práticas (de Braga aos Açores a escolha é múltipla), e no particular caso eborense reclamando a velha tradição da Universidade de Évora, velha campeã da Reforma Católica liderada pela Companhia de Jesus, barbaramente encerrada pelo Marquês de Pombal, mas cujas tradições souberam manter-se vivas na vivência do Liceu. O resto, do vetusto uso de capa e batina em alguns dos liceus da Metrópole e do Ultramar, às mais recentes “praxes” em universidades particulares, são imitações, são referências à velha tradição coimbrã, sinais evidentes e indiscutíveis do prestígio da sua marca e da razão da sua classificação patrimonial: foram os seus modelos que regeram a imagem d’o universitário pelo país, foram as suas tradições que inspiraram a invenção de práticas que proporcionassem o mesmo status a quem frequentasse outras instituições.

Ao contrário do que é veiculado pela imprensa do politicamente correcto dominante, o conjunto de tradições da praxe académica não constitui um “rito inicial”, um ritual de entrada no espaço universitário coimbrão. Em primeiro lugar porque, sendo embora dominante, não é obrigatório: é absolutamente voluntário. Ninguém é obrigado a trajar-se, ninguém é obrigado a participar nas festividades, ninguém é obrigado a cantar ou a ouvir a canção coimbrã, ninguém é obrigado a rasgar-se (eu não o fiz por achar que era uma tradição, a do rasgar do traje no momento da formatura simbolizando o fim das obrigações académicas e do exílio das terras natais, à qual não me poderia vincular por não partilhar desse sentimento de alegria pelo fim da aventura universitária e obviamente ninguém nem nada me obrigou ou obriga a fazê-lo). A praxe é quanto muito, e completamente ao contrário do que se ouve, um espaço de inteira e absoluta liberdade. Liberdade conquanto tem direitos e deveres, como toda a liberdade que não é nem nunca foi anarquia, inteiramente claros e regulados pelo Código da Praxe. Liberdade porque permite o crescimento pessoal dentro das suas práticas. Liberdade porque ensina a respeitar para ser respeitado. Liberdade porque permite a reinvenção de uma história, fazendo-nos parte comum da mesma, parte partilhada da mesma, ensinando-nos antes de mais a cidadania na sua forma mais clássica.

Não é um “ritual de iniciação”, em segundo lugar, pela própria história, pela própria origem das suas tradições, muitas delas associadas, isso sim, ao final do ano, do estudo, do ciclo, etc. Isso é patente nas origens da Queima das Fitas (o fim do percurso e a queima das fitas que fechavam as pastas académicas novecentistas), nas origens da Latada (o fim do período de estudo e de exames celebrado com latada nas ruas), e porque a praxe rege toda a vivência universitária desde antes da universidade até ao depois. O próprio uso do traje académico é bastante restrito nos momentos iniciais da caminhada académica, dispondo de regras bastante apertadas quanto ao uso e aos momentos do uso. Traje esse, a capa e batina, que é a evolução do velho traje clerical que era imposto aos estudantes da universidade pelo próprio Estatuto da mesma. Porquê? Por dois motivos fundamentais: por um lado advinha do uso generalizado pela comunidade desse tipo de vestimenta pelo ensino pré-universitário ser todo religioso, e como tal, trajando já “à padre”; por outro lado por um motivo muito mais prático: o uso da capa e batina era obrigatório para que se pudessem identificar facilmente os estudantes, diferenciando-os dos habitantes da cidade, os futricas na gíria estudantil. Isto porque, desde a sua origem e até ao século XIX, a Universidade tinha foro próprio, leis próprias, logo administrava a sua própria justiça dispondo de uma guarda (os Archeiros) e de um Cárcere privados – dessa forma, qualquer estudante apanhado a cometer um crime ficava imediatamente sobre a alçada da Universidade e não da lei comum, coisa que os privilegiava e livrava da justiça dos povos, muito menos elegante do que a universitária… Não tem nada a ver, portanto, com uma farda igualitária para não haver distinção de classes, como já ouvi dizer por aí e continua a ser reproduzido amiúde nos círculos dominantes que só vêem o mundo pela lente marxista: era sim um símbolo diferenciador, singularizador, logo exactamente o contrário. E ainda bem!

Este conjunto de tradições e práticas, este reduto restante do foro privado antigo, foi alvo de evolução e sedimentações várias até chegar ao que temos hoje e que é único e característico da comunidade académica coimbrã, seja ou não estudantil. Os professores também têm tradições, práticas e usos próprios, dos quais a borla e o capelo e o quarto de hora académico são apenas a face mais visível, sendo o cortejo e tradições associadas aos Doutoramentos uma das suas faces mais requintadas e das mais ricas tradições portuguesas, que fascinam todos os que a elas assistem, principalmente os estrangeiros, permitindo por exemplo que o filósofo francês Jacques Derrida, aquando do seu Doutoramento Honoris Causa em 2004, tenha dito que era o “mais belo Doutoramento em que tinha participado”. E foram muitos!

São as diversas tradições, sejam elas comportamentais (o pontapé na raposa, o traje e as regras para o seu uso adequado nas várias situações e locais de referência, as normas para cada grau da praxe e no qual todos, sem excepção, têm obrigações específicas), festivas (Queima das Fitas, Latada, Baile de Gala, Chá Dançante, Garraiada), musicais e artísticas (serenatas, saraus académicos, a Canção de Coimbra, o Cortejo da Queima, as Plaquetes, os cartazes), históricas (a Tomada da Bastilha e o seu Cortejo dos Archotes, a Queima do Grelo, o Roubo do Nabo, os toques matutinos e vespertinos da Cabra, os Rasganços, as Trupes) religiosas (a Benção das Pastas, as Missas de Acção de Graças) que, todas juntas, formam aquilo a que podemos chamar genérica e sinteticamente, a Praxe. Ou, se quisermos, a cultura académica coimbrã que tanta fama e prestígio lhe dão no mundo.

Não deixa de ser interessante e curioso verificar como tanto esforço se faz na internacionalização do ensino superior português (chegando ao cúmulo e ridículo, próprio dos povos humilhados, colonizados e/ou aculturados de ministrar aulas e cursos inteiros em inglês), como tanto esforço se faz na promoção do programa Erasmus, e tão pouco se presta atenção a uma das coisas que mais nos singulariza e nos torna alternativa no panorama universitário europo-mundial. Antes da invenção do Programa Erasmus já as tradições da praxe coimbrã permitiam a troca e partilha de experiências e de culturas nos espaços das suas vivências. Há pouco procurei contar por alto o número de nacionalidades que conheci nos vários eventos académicos – nos quais participei e participarei, usando do meu estatuto de Antigo Aluno e de Veterano, sempre que puder, com zelo e orgulho! – e confesso que me lembrei de quase duas dezenas de nacionalidades, de culturas de gente com quem estive, com quem celebrei Coimbra, com quem vivi experiências, gente tão diversa quanto diverso pode ser o mundo entre a Alemanha e Timor-Leste (aliás, as poucas fotografias que tenho do meu Cortejo de Quartanista foram tiradas por um colega/amigo brasileiro-alemão que escolheu Coimbra como destino de Erasmus precisamente por causa das suas diversas tradições, da sua praxe).

Porque se abre um qualquer jornal, se vê um qualquer noticiário, e se ouvem libelos sem contraditório contra a praxe, como se estivéssemos a falar da manutenção da pena de morte ou da escravatura? Por um lado porque a esquerda que domina o nosso espaço público sempre conviveu mal com a Liberdade, nomeadamente com tudo o que não controle e não possa administrar e definir via Estado. Tudo o que é tradição soa-lhe sempre a resistência aos novos amanhãs que cantam, à normalização burocrática, socializante e estatista que quer impôr a toda a sociedade. Por outro lado porque olha o mundo pela deformação das lentes marxistas. Para ela tudo é luta de classes, em todo o lado populam oprimidos e opressores, todas as relações de diferença, de horizontalidade, são “indignas”, “castradoras”, “exploradoras”, “humilhantes”, etc. Incapaz de perceber o que está em causa na praxe, usa dos códigos das ciências socias que domina ferreamente, para ver “rituais de iniciação”, “rituais da puberdade”, “violência escolar”, “rituais de grupo”, enfim, um sem número de disparates maiores ou menores, de rótulos aplicados sem olhar para o fenómeno, tudo para conseguir o seu objectivo latente para usar a terminologia freudiana: acabar com tudo isso.

Só acabando com essas tradições conseguirão ir acabando com o que vai resistindo da cultura e da tradição portuguesa. Na sua visão de cosmopolitismo de pacotilha, de internacionalismo sem horizonte, as sociedades devem tender para a uniformização, abandonando tudo o que constitui diferenças, particularidades, singularidades, resistências, fronteiras, margens. Não é por acaso que as instituições que buscam a acreditação como escolas internacionais se vejam obrigadas à adopção do inglês como língua franca, acabando com uma das mais-valias que o Erasmus proporcionava aos seus beneficiários: o contacto e a aprendizagem obrigatória de culturas diferentes, de formas diferentes de cultura, de organização de pensamento, logo, de línguas. Neste mundo asséptico e assaz desagradável, em vez da diferenciação para a qual tradicionalmente as comunidades, as culturas e a própria natureza evoluíram, teremos o triunfo banal da igualdade alçada como valor absoluto. Uma igualdade internacional, com uma única língua, uma única ordem jurídica, um único pensamento, uma única ideologia dominante, proporcionando assim um controlo fácil e pacífico de quem mandar no sistema. Orwell e Kafka, na ficção, são alguns dos que nos avisaram para os perigos de um mundo assim, um mundo onde domina um pensamento do sistema puro, do sistema desencarnado, desenraizado, dominado por um poder distante, supra-humano, sem rosto.

Nessa normalização, a praxe, por ser portuguesa, por ser singular, por ser singularmente portuguesa, é apenas um dos muitos alvos a abater nesse esbater de fronteiras que tem como último desígnio a cidadania europeia, primeiro, e mundial, depois. Caber-nos-á a nós, nós que não tememos a tradição, nós que a recebemos e herdamos, concebendo-a como o solo fértil no qual colhemos nutrientes espirituais para o futuro, resistir a tudo isto, combater este pensamento que se instala insidiosamente nas nossas vidas, enchendo-as de falsas pressuposições e de conceitos velhos e gastos que em nada ajudam a construir o futuro melhor que ambicionamos. E começando por mais e melhor praxe.

Nota: não sou cego nem alheio aos “excessos” e “exageros” nas praxes. Sei que há casos em que acontecem, mas na maior parte das vezes nem entendo como é que os ditos humilhados, as ditas vítimas, aceitaram continuar na praxe malgrado não concordarem com o que lhes era proposto – a liberdade também se faz dizendo não, e o não serem capazes de o fazer levanta-me uma série de outras questões. Mas esses abusos advêm, muitos deles, das praxes i) não serem pensadas como uma tradição, não nascerem de uma tradição como em Coimbra, uma tradição da qual fazemos parte, que herdamos e que devemos transmitir aos outros, mas serem vistas como uma obrigação, uma prática de purgatório para os que chegam de novo, uma prática identitária do “ensino superior”, coisa herdada do meio militar e sobretudo, tendo em conta o que vejo, da nefasta influência americana vinda em particular pelos filmes de universitários, transformando as nossas instituições em Harvard’s wannabe, como se fossem inferiores ou produzissem pior ciência por não terem práticas semelhantes ii) dos meios escolares terem deixado de ser meios onde o respeito pelos outros é ensinado verdadeiramente, assistindo nós à ausência total de autoridade do professor e do Director no campo disciplinar, criando gerações de gente sem um mínimo de regras e de respeito pelas mais básicas regras de civilidade iii) não serem aplicadas as sanções internas das instituições, e nos casos em que se justifique – que são raríssimos – a legislação criminal em vigor. Não tenhamos, no entanto, dúvidas quanto a uma coisa: enquanto continuarmos a formar pessoas sem regras, sem contacto com a autoridade, com a obrigação de cumprir regras e acatar sanções, enquanto continuarmos a caracterizar a autoridade – mesmo a pedagógica – dos superiores como ilegítima, enquanto continuarmos a lidar com a juventude com as teorias do eduquês, da planta que cresce sozinha, da criatura que descobre o saber (e a educação) por vontade própria, teremos a situação a piorar, quer do lado dos “caloiros”, quer do lado dos “praxistas”, porque ambos serão cada vez mais incapazes de perceber os finos limites do entendimento humano. Mas esse é um problema que teremos de enfrentar sem rodeios e de forma muito séria.

 

06 May 16:50

May 05, 2014


Today's comic is a response to this individual.
18 Apr 14:07

Free Speech

I can't remember where I heard this, but someone once said that defending a position by citing free speech is sort of the ultimate concession; you're saying that the most compelling thing you can say for your position is that it's not literally illegal to express.
18 Apr 13:23

PROBLEMA NOSSO

by Carlos Fiolhais
Minha crónica no Público de hoje:



Maria da Assunção Esteves, Presidente da Assembleia da República, retrata bem o grau de indigência cívica e cultural da maior parte da actual geração de políticos. A indigência cívica pode ser confirmada com uma consulta à Wikipédia: ela, em vez de receber o salário do lugar que efectivamente ocupa, correspondente à segunda posição na hierarquia do Estado, optou por receber uma pensão, relativa ao lugar que ocupou durante dez anos no Tribunal Constitucional, no valor de 7255 euros, a que acrescem 2133 euros de ajudas de custo.

Reformou-se aos 41 anos!

A situação dela e de outros políticos que beneficiam de privilégios inexplicáveis foi bem sumariada pelo capitão Salgueiro Maia, um dos protagonistas maiores do 25 de Abril, quando, numa entrevista dada em 1991, pouco antes de falecer, declarou: “Os nossos políticos têm uma grande preocupação em serem bem reformados e uma preocupação nula em serem bem formados”. 

Da indigência cultural, que contrasta com a formação recebida na Faculdade de Direito de Lisboa, há exemplos recentes que têm sido circulado amplamente: em plena presidência da Assembleia, perante uma manifestação do público, fez uma citação de Simone de Beauvoir que afinal era apócrifa (“não podemos deixar que os nossos carrascos nos criem maus costumes”) e lançou aos microfones da Rádio Renascença um chorrilho de frases abstrusas, com neologismos da sua lavra (“O meu medo é o do inconseguimento... o inconseguimento de eu estar num centro de decisão fundamental a que possa corresponder uma espécie de nível social frustracional derivado da crise”).

O primeiro exemplo mostra que Assunção Esteves, além de recordar mal as leituras que faz, não tem a sensibilidade exigível a quem está investido em funções de soberania nestes tempos difíceis. Se a assistência nas galerias exprime o seu descontentamento, esperava-se que normalizasse a situação com tranquila autoridade, em vez de acicatar os ânimos, como fez ao sugerir que os manifestantes, gente desesperada com a crise, eram torcionários nazis (Beauvoir referia-se, na passagem erradamente citada, à ocupação da França pelas tropas de Hitler).

O segundo exemplo é tão mau como o primeiro. Quando a rádio pediu à Presidente da Assembleia uma declaração de Ano Novo, seria de esperar que as suas palavras fossem não de medo e derrota, ainda por cima numa expressão esbugalhada, mas sim de coragem e determinação. Podemos, bondosamente, pensar que Assunção Esteves estava a tentar dar um ar demodéstia. Mas o que fica da afirmação sobre o “inconseguimento” é uma declaração de incapacidade por parte de um alto responsável político. É inevitável o contraste com os capitães de Abril. Alguém imagina Salgueiro Maia a sair de Santarém com o “medo do inconseguimento”?

Mas o pior ainda estava para vir.

Há dias a Presidente surgiu nas televisões declarando, de forma estranhamente agressiva, que a não comparência dos capitães de Abril na cerimónia oficial de comemoração dos 40 anos do 25 de Abril era um "problema deles". Mesmo que não concordasse com a eventual pretensão à palavra dos autores materiais do 25 de Abril, há formas mais elegantesde se expressar do que essa, mais própria de conversa de rua. A sua missão deveria ser prestigiar a Assembleia e não o contrário.

Eleita pelos representantes do povo para dirigir o Parlamento, deveria fazê-lo com a necessária gravitas, procurando representar todos os portugueses.Podia ter reforçado o convite aos militares para estarempresentes. Podia ter explicado que ali só falavam pessoas eleitas. Podia até ter dito que não ia adiantar mais nada sobre o assunto. Mas não. Na Casa da Democracia disse, com o fundo de uma campainha, o que ficou registado.

Não podemos deixar de concluir que Assunção Esteves não está, de facto, à altura do lugar que ocupa. O seu nome, que surgiu a Passos Coelho como solução derecurso após a dupla derrota de Fernando Nobre, não está definitivamente a par de nomes da nossa democracia comoVitor Crespo, Barbosa de Melo ou Mota Amaral, só para referir figuras do PSD que a antecederam no cargo. Para que fique claro, não quero defender o direito do tenente-coronel Vasco Lourenço falar do alto da tribuna parlamentar no próximo dia 25 de Abril.

Percebo que a resposta dos deputados seja negativa, depois de ele, à porta da Aula Magna, ter dito sobre o governo eleito: “Eles ou saem enquanto têm tempo ou qualquer dia... vão ser corridos à paulada, se não for pior". Uma coisa é estar insatisfeito com o governo, como eu estou e tanta gente está, outra é corrê-lo “à paulada” e não a votos.

Mas vivemos num país livre e o presidente de uma associação privada pode dizer os disparates que entender. À Presidente da Assembleia da República, exige-se-lhe, porém, contenção.

Problema deles? É, sobretudo, um problema nosso, enquanto Assunção Esteves estiver em S. Bento.

Carlos Fiolhais
08 Apr 11:19

Director do Mozilla demitiu-se por causa dos "tolerantes"

by João Silveira

Brendan Eich, director (CEO) do Mozilla, o segundo browser mais popular do mundo, demitiu-se. Na prática foi convidado a sair, depois da polémica criada por ter doado 1000 dólares (há 6 anos) para apoiar a Proposta 8, que se propunha, através do voto dos eleitores, proibir o casamento entre pessoas do mesmo sexo no Estado da Califórnia.

Eich era incompetente no que fazia? Ao que consta, não. Criou a linguagem Javascript e foi um dos fundadores do Mozilla, trabalhou na empresa desde o seu início, e, segundo diziam, era o homem certo no lugar certo.

Toda a polémica que levou à sua demissão está relacionada com esse donativo que fez há 6 anos, ou seja tem a ver com uma opinião pessoal. Ele não a expressou de maneira nenhuma no cargo que ocupava, nem fora dele. E quando essa informação apareceu, na semana passada, prontamente garantiu que enquanto CEO ia fazer os possíveis para lutar pelos direitos LGBT.

Mas nada disso lhe valeu, pobre coitado, já o lobby LGBT o tinha marcado.

Sem me querer armar em profeta, já há muito tempo disse que quem ousar defender que uma relação entre um homem e uma mulher ou entre duas pessoas do mesmo sexo não são a mesma coisa, que são coisas muito diferentes, com consequências diversas, tem que estar preparado para sofrer.

Em parte a culpa é nossa, cristãos, porque não soubemos dizer basta! não soubemos cerrar fileiras nos valores inegociáveis, e, na nossa tibieza, fomo-nos preocupando apenas com o nosso conforto, sem querer dar o 'corpo ao manifesto'.

Nos tempos que correm, e mais ainda nos que estão para vir, qualquer um pode ser chamado a ter de negar a sua fé ou as suas convicções pessoais e levar a vida tranquilamente, progredir na carreira, ser louvado e aplaudido por todos etc...ou então ser fiel à verdade e perder tudo o resto.

Cada um faça a sua escolha.
28 Mar 08:33

What if?

by Domingueira

19 Feb 08:32

Liturgia Romana - Pe. Fernando António SJ

by João Silveira
Habituámo-nos a olhar quase com inveja e com um estranho e injustificado sentimento de inferioridade as tradições litúrgicas orientais… quando nós, Católicos Romanos, temos uma tradição litúrgica belíssima, feita sobretudo de Pão e de Vinho e da Palavra de Deus, gestos e palavras que herdámos de Cristo, pelos Apóstolos, e que unem Céu e terra pela nova Árvore da Vida, a Cruz de Cristo.


A nossa liturgia é feita de luz e de fogo, de treva e de silêncio, de gesto e de repouso… É feita do mais puro incenso e do óleo perfumado do Crisma, e daqueles gestos que foram exprimindo na nossa história e na nossa cultura a presença consoladora de Deus entre nós: “Eu estarei convosco todos os dias…”.


A nossa tradição produziu textos belíssimos, herdados dos nossos primeiros pais na fé, na era dos mártires, e escritos por grandes Padres da Igreja e autores eclesiásticos como S.Leão Magno, S.Agostinho, São Tomás de Aquino…


A nossa tradição ergueu a maioria dos mais belos edifícios sagrados construídos na história da humanidade, onde trabalharam os melhores arquitectos, os melhores escultores, os melhores pintores, e tudo isto para o culto divino... E na Casa de Deus sempre encontraram o conforto do lar paterno os filhos de Deus, ricos e pobres, santos e pecadores... e mesmo os filhos pródigos...


E que dizer da música inspirada que ao longo da história os compositores escreveram para a nossa liturgia… desde o Canto Gregoriano, continuando com Palestrina, Byrd, Mozart… e por tantos outros contemporâneos?… E tudo isto, puro dom de Deus que, pela Igreja, foi sendo comunicado, vivido e realizado de geração em geração, e que agora, como tesouro precioso e imerecido é depositado na fragilidade das nossas mãos pobres, feridas e pecadoras… 



No vídeo, “Ave verum corpus”, hino eucarístico, de William Byrd (1543-1623), grande compositor inglês que manteve a sua fé católica mesmo no meio das perseguições, cantado pelo coro da Westminster Abbey na Missa Papal, durante a Comunhão.

Ave verum corpus natum de Maria Virgine. Vere passum, immolatum in cruce pro homine. Cuius latus perforatum unda fluxit et sanguine. Esto nobis praegustatum mortis in examine. O Iesu dulcis, o Iesu pie, o Iesu fili Mariae. Miserere mei. Amen.

(Avé, ó verdadeiro corpo nascido da Virgem Maria. Padeceu verdadeiramente, imolado na cruz pelo Homem. De cujo lado trespassado fluiu água e sangue. Faz que nós Te possamos saborear na prova suprema da morte. Ó doce Jesus, ó piedoso Jesus, ó Jesus filho de Maria. Tem misericórdia de mim. Ámen)

Gravação feita pelos Tallis Scholars: http://www.youtube.com/watch?v=G4rWsH1hkQ8
Gravação feita pelos King’s Singers: http://www.youtube.com/watch?v=809ypF_-T00
13 Feb 12:51

Qual Rússia, qual quê (Photos & Dreams #1)

by João Miguel Tavares

Andava eu para aqui fascinado com os casamentos na Rússia, quando recebo um mail da leitora Filipa Macieira:

 

No seguimento dos seus posts de fotomontagens de casamentos dê uma olhada nesta bem Nacional!!!

 

Eu fui dar a olhada que a Filipa sugeria - e confesso que desde então a minha vida mudou. Qual Rússia, qual quê. Afinal o boss do Photoshop não vive em Moscovo mas em Vila Nova de Gaia. É português, chama-se Joaquim Oliveira, faz "trabalhos em Casamentos - Baptizados - Restauração de fotos - Sessões fotográficas (Grávidas, Bebés, e pessoas no geral)", e posso garantir-vos que a página de Facebook da Photos & Dreams é das coisas mais divertidas existentes na net. Tão divertida, aliás, que nem sei bem por onde começar.

 

Talvez por aqui, por esta poética da sobreposição, que Joaquim Oliveira domina como nenhum outro, num casamento notável de rostos com vegetação. Ora reparem:

 

 

 

 

 

Mas se isto já é incrível, onde a arte de Joaquim Oliveira realmente se destaca é naquilo a que ele próprio chama de trabalhos de "criatividade", produzidos para gozo inteiramente pessoal, segundo informa o fotógrafo de Vila Nova de Gaia:

 

Todos os trabalhos em fotomontagem e criatividade que são apresentados nesta página foram e são todos elaborados sem fins lucrativos, assim sendo o autor não faz intenção de criar trabalhos deste género para negócio!!! Serve para dar a conhecer a arte e criatividade neste tema a quem visualiza.

 

De entre as numerosas investidas para dar a conhecer a arte e criatividade presentes na sua página de Facebook, não é fácil escolher o que trazer para aqui. Mas após apurada reflexão, talvez a minha favorita seja o que resultou da conjugação criativa destas duas fotos:

 

Um miúdo a berrar +

 

 

+ o mesmo miúdo num escorrega =

 

 

= O Grito num parque infantil

 

O próprio Joaquim Oliveira fala sobre o seu trabalho, usando a terceira pessoa do singular:

 

O autor nesta criatividade abriu asas à sua imaginação. O facto da criança estar a chorar na maioria são fotos sem serventia, esta foi trabalhada e o resultado foi positivo.

 

Deveras positivo, sublinhando ainda o autor "o cuidado em fazer a ligação com o casaco e o chão do parque".

 

Só mais um exemplo sobre a potencialidade do Photoshop nas mãos de Joaquim Oliveira:

 

A menina:

A sereia:

 

É ou não é extraordinário?
11 Feb 17:46

Liberdade

by fnvv

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Entrei no CITAC aos 16 anos, iniciando uma carreira de bardina coimbrão que incluiu tudo: teatro, claro, política  na AAC ( em minha casa  se  fotocopiaram os panfletos da Lista “E”, a primeira independente a ficar à frente de uma partidária), mulheres, álcool, farras imorredoiras, aulas jamé. Nunca usei capa e batina, desprezei sempre  a  tradição académica ( menos o  Baile da Queima, que as mulheres  iam bem  vestidas). Eles faziam o que queriam e  eu  tratava da minha vida.

Com que então querem proibir os meninos de se humilharem? A sério? E que mais? Também estão a pensar proibir os meninos que à meia noite já estão a vomitar  a Alta de se humilhar no vómito? E as miúdas  entornadas que abrem as pernas  e se humilham na farmácia no dia seguinte: lapidação? E nas redes sociais? Também estão a pensar em proibir as humilhações de gordas no facebook? E os mendigos que pedem na rua ? Também vão limpá-los?

Descobriram agora que os estudantes universitários são uma carneirada bronca, ao contrário dos ascetas que mostravam o rabo a Ferreira Leite? Ah.!..minhas  cabrazitas reaccionárias , meus Dux Albanus  de ceroulas, meus Diáconos Remédios…a chibata  ferve-vos nas mãos…

Pois tendes bom remédio. Os casos de polícia ficam na polícia, o resto, o que vocês não gostam, discutam-no num acampamento de férias do Bloco, ou em casa da Canavilhas bebericando um Lagavullin e mirando um Miró.

FNV


06 Feb 08:34

Sobre as praxes

by João Miguel Tavares

Eu já escrevi um texto sério sobre as praxes no Público (podem chegar até ele por aqui), mas gostava de voltar ao assunto no Pais de Quatro, porque é um tema que está muito ligado a certos valores que eu defendo com unhas e dentes, e em relação ao qual muita gente não é tão sensível quanto eu julgo que deveria ser.

 

Há uma maneira óbvia de colocar o problema, que é dizer que toda a gente é contra as praxes violentas, que resultem em excessos e na humilhação desproporcionada de caloiros. Com certeza. Ninguém acha que deva haver gente a morrer nas faculdades. Mas aquilo que defendo é mais do que isso - é que qualquer humilhação, e qualquer relação de poder discricionária, baseada na simples antiguidade, é completamente ilegítima, por mais insignificante que possa parecer.

 

Eu recebi um mail de uma leitora indignada com o meu texto do Público, que para me provar a sua razão elencava aquilo que eram as praxes na universidade onde andara, supostamente para me demonstrar a sua inocência. E ela falava em coisas como "mandar os caloiros irem para a fila da reprografia buscar os nossos textos reproduzidos" ou "só os deixar começar a comer quando já estivéssemos sentados".

 

Nada disto tem a ver, em termos de gravidade, com o que quer que seja que se tenha passado no Meco, como é óbvio. Mas, aos meus olhos, isso não torna as praxes que a leitora retrata mais legítimas, ainda que a única coisa que ela tivesse feito fosse mandar um caloiro buscar folhas à fotocopiadora.

 

Admito que tal tenha a ver com uma maneira mais filosófica de encarar a realidade, que me leva a pensar nos princípios que antecendem a prática de certos actos, e com uma fidelidade séria àquilo que Kant definiu como imperativo categórico. Ninguém merece ser tratado como um meio, nenhum ser humano deve ser instrumentalizado. E a praxe é isso - uma instrumentalização do corpo do outro.

 

Fora de relações consensuais (sejam amorosas, sejam profissionais) e de punições legais (prisão), qualquer pessoa maior de idade tem direito de estar ao abrigo do exercício do poder de outro sobre ela. Digo maior de idade, porque, como sabem, os pais têm o direito de educar os seus filhos e exigir-lhes que façam o que não lhes apetece. Mas praxar caloiros universitários? Não há uma única boa razão para que tal aconteça.

 

Eu sou mesmo radical nisto. Se algum dia souber que um dos meus filhos, daqui a 10 ou 12 anos, anda a praxar miúdos numa universidade, eu sou gajo para ir lá e enfiar-lhe uma lambada (pedindo antecipadamente desculpa à Helena Araújo). Aí, sim, como pai e educador, valeria a pena invadir com os dedos a bochecha de um filho - porque naquele momento ele estaria a desrespeitar a sua família e a educação que ela lhe deu.

 

Independentemente da minha fé em Deus, cada ser humano é um milagre, que merece respeito absoluto sempre que as suas atitudes não desrespeitarem a comunidade. Praxar é diminuir essa certeza. Pura e simplesmente não se faz.

 

Praxe num colégio americano, 1962
06 Feb 08:31

Jogos perigosos

by Inês Teotónio Pereira

No i de sábado 

 

Não há nenhum remédio no mundo que neutralize as crianças tão rapidamente e de forma tão duradoura quanto os computadores, os tablets, os telemóveis ou as consolas. Nada. Não há nada que se possa vender na farmácia que tenha efeitos mais eficazes que estas armas tecnológicas. A verdade é que a informática e a tecnologia deram, neste capítulo, um bigode à indústria farmacêutica. Além disso, os jogos que viciam os nossos queridos meninos não têm efeitos secundários desagradáveis como náuseas, diarreia, dores de cabeça, insónias ou qualquer outro sintoma deste tipo. Os jogos nem sequer têm bula, quanto mais estas maleitas todas.

Toda esta tecnologia tem também uma enorme vantagem para os pais: sossego. Por exemplo, nós vamos ao café com um filho de seis anos e queremos passar uma boa meia hora com os amigos a pôr a conversa em dia. Ora, toda a gente sabe que as crianças, tal como o leite, têm um prazo de validade reduzido se estiverem num café (assim como o leite fora do frigorifico). Temos, portanto, um desafio: manter a criança sossegada para podermos beber o café em sossego. Ora, dantes, nós, pais, resolvíamos ou atenuávamos este problema enchendo a criancinha de bolos, doces, rebuçados, gelados, ou oferecíamos a nossa agenda como sacrifício para ela se entreter a pintar algumas imitações de Miró, neutralizando desta forma a cria. Enquanto a criança se lambuzava e torturava a nossa agenda, nós tínhamos sossego. Mas isso era dantes. Agora, o mundo evoluiu. Agora, qualquer ida ao café exige a presença de um smartphone ou de um tablet que possa entreter a criança. Hoje, qualquer pai ou mãe consegue passar uma manhã inteirinha num café, num restaurante ou até num museu de arte contemporânea, acompanhado por um exército de crianças, desde que esse exército esteja munido de tecnologia. As crianças entram em modo de hibernação quando sujeitas ao "candy crush", por exemplo.

E se é assim num café, com simples telemóveis, ainda mais intenso é em casa. Nos dias de hoje, nós podemos ir ao cinema e voltar sem qualquer preocupação que as crianças continuam exactamente na mesma posição em que as deixámos, a jogar um qualquer jogo que tem o condão e o poder de as hipnotizar. É assustador.

Pior ainda é se tivermos a coragem e a paciência de ir ver quais os jogos que eles jogam (ou, no caso dos meus, que gostavam de jogar). Os jogos que estão no top dos mais vendidos (excluindo os de futebol), ou seja, os mais populares, são interditos a mães mais sensíveis. O objectivo destes jogos é sempre matar alguém. É uma regra básica: matar outras pessoas. Jogo em que não se mate alguém está condenado aos últimos lugares da tabela, à prateleira dos jogos mariquinhas. Depois existem alguns mais leves, dentro da categoria dos populares, porque só se matam os maus e em que existe a opção de "não aparecer o sangue"; nos jogos mais impressionantes, o personagem principal (os nossos filhos) mata, rouba, tortura, arranca cabeças, e o sangue não é mais do que um pormenor. O ritmo é, normalmente, alucinante e os gráficos são tão reais que um dos meus filhos já teve a lata de defender a tese de que estes filmes "até são educativos porque nós conhecemos as cidades por onde o assassino passa. Estamos a falar de cultura geral, no fundo". Ainda não sei o que é mais assustador: se esta banalização da violência aos dez anos, se a banalização do silêncio. Sei que as duas juntas são certamente explosivas.

31 Jan 08:42

O couce de Marco António

by João Afonso Machado

Em recente entrevista ao Jornal das 9, na SIC, Mário Crespo interpelou o vice-presidente do PSD, Marco António Costa, além do mais, sobre os incómodos e malefícios da carga fiscal. Um tema muito em voga, mesmo porque os mais afectados somos todos nós, os que não se alimentam na mangedoura do Estado. Corria a conversa animadamente quando Crespo (que não é insuportável) lembrou, a propósito da despesa pública, a Presidência da nossa honorável República ser cinco vezes mais cara do que a Chefia de Estado espanhola.

Foi onde Marco António escouceou, picado pela mosca. «As ditaduras custam sempre menos, eu prefiro uma democracia que custe dinheiro a uma ditadura barata»!

A única coisa que Marco António prefere é não pagar pela batata-palha de que se alimenta e o dispensa de saber distinguir entre ditaduras e democracias. Não fora assim não seriamos obrigados a ouvir zurros desagradáveis e muito próprios de quem, além de, desde pequenino, circular livremente dentro do Estado, nem consegue discernir a Nação acima, e a legitimidade de quem a representa. Ou então, de quem, no nervosismo dos destituidos de razão e liberdade, confunde os rigidos rituais maçónicos com a livre expressão da vontade popular.

E assim omite a incontornável verdade: manifestem os espanhois não quererem mais o Rei e veja-se se este teima em se agarrar ao lugar. A Monarquia não dança o bailarico dos esfaimados por cargos públicos. Nem dispõe de quartos traseiros para apontar aos seus rivais.

Pelo menos é o que se diz nos países nórdicos, na Holanda, na Bélgica e... em Espanha. 

28 Jan 00:52

A batalha vai começar

by João Távora

Brevemente, inicativa de um destemido grupo de estudantes de comunicação social. Estejamos atentos, pois.

 

 

27 Jan 08:38

Obediência

by Inês Teotónio Pereira

No i de sábado 

 

 

Os filhos, à partida, não obedecem. Os filhos lutam pela sua liberdade, pela sua vontade, desde o momento em que tentam chegar a um cinzeiro para saber qual o sabor do vidro misturado com cinzas ou ameaçam deitar a televisão ao chão porque querem tocar na cara do pivô do telejornal. Desde muito, muito pequeninos que é assim. É assim desde o primeiro dia até ao dia em que finalmente desistimos e compramos um cão para podermos ver as nossas ordens verdadeiramente cumpridas.

Os filhos, ao contrário dos cães, ou desobedecem ou discutem. São raros os filhos que acatam uma ordem sem discussão, sem debate, nem polémica ou mesmo sem birra. É assim e é transversal. E não é uma questão particular, individual, que tenha a ver com as características dos pais ou das crianças ou com a educação que lhes damos. Nada disso. A desobediência dos filhos tem a ver apenas com a sua condição de filhos. Um filho, por princípio, não obedece aos pais. No final do dia até pode ceder, depois de muito desgaste, algumas ameaças e uma ou outra palmada, mas o caminho que se tem de fazer para chegar a este estado de obediência é no mínimo desgastante.

Os filhos só nos obedecem em duas circunstâncias: quando não têm alternativa ou quando até concordam com a ordem recebida. Tirando estas duas situações, temos luta.

Por exemplo, no meu caso, não há dia em que a ordem de ida para a cama não seja motivo para se abrir um debate. Eles à partida contestam, refilam, argumentam e os mais novos até fazem uma ou outra birra. É assim desde sempre. Todos os dias. E é cada vez mais trabalhoso. Eles nunca querem ir para a cama sejam as horas que forem. Nunca têm sono, nunca é tarde e têm sempre qualquer coisa para acabar de ver ou para acabar de fazer. Por vontade deles nunca iam para a cama: caíam para o lado de exaustão e pronto. Por isso, todos os dias é preciso insistir, discutir, argumentar e no fim ordenar usando toda a autoridade que ainda nos resta no final de um dia. E o mais ridículo é que acabam por ir para a cama todos os dias à mesma hora. Não há discussão que lhes valha.

Nós, pais, temos sempre aquela secreta esperança de que amanhã é que vai ser, que a desobediência é passageira, uma mera fase, que é da idade. Mas é mentira. Os nossos filhos não se curvam. O "sim, mãe" espontâneo é uma raridade. Nunca é sim. É sempre "porquê?", "agora não", "já vou", "não posso" ou apenas "não". Os filhos dizem mais vezes "não" aos pais do que os pais aos filhos. E muitas vezes vencem por desgaste do adversário, por falta de comparência da nossa parte. Por cansaço.

Os filhos lidam mal com as ordens. E por isso o nosso exercício de poder paternal está condicionado pelo facto de termos um trabalhão dos diabos a dar ordens aos nossos filhos. Quando usamos o imperativo, a criançada agita-se, defende-se e prepara um motim.

A única forma de aliviar a tensão, de tornar este processo de exercício de autoridade possível, eficaz, moderado e consistente é escolher bem as ordens que se dá e resistir ao cansaço, ser firme. Tendo em conta a atitude hostil dos nossos filhos às ordens, é fundamental sermos cirúrgicos com as ordens que damos. Devemos ser criteriosos e justos na selecção para conquistarmos alguma credibilidade como agentes da autoridade. Se abusamos, se abusamos da nossa autoridade, temos o mesmo destino que qualquer ditador: só conseguimos obediência através da força. Uma estupidez, portanto.

22 Jan 08:43

5 anos de profunda sabedoria

by Inês Teotónio Pereira

- Mãe, sabe porque é que eu não quero ter filhos?

- Não...

- Porque com filhos eu gasto o meu dinheiro todo. 

22 Jan 08:41

A co-adopção e o direito a um pai e uma mãe

by João Távora

Infelizmente, o circo político criado em torno da co-adopção e as “habilidades” criadas por alguns deputados do PS, que só se parecem preocupar com a agenda ideológica esquecendo o País e as dificuldades reais dos portugueses, veio colocar as indefesas crianças no centro de uma discussão para a qual elas nada podem fazer para ser ouvidas.

No entanto, rapidamente vários pseudointelectuais se vieram arrogar em defensores dos direitos dos homossexuais em adoptar, imagine-se, ignorando os direitos das crianças a ter um pai e uma mãe.

Na minha opinião, o desejo a co-adoptar dos adultos nunca se pode impor aquilo que aos olhos da ciência parece ser o melhor para as crianças.

O Parlamento e o Estado devem essencialmente regular e defender os direitos das crianças a terem uma família o mais parecido com a família natural, é isso que diz o instituto da adopção, e não fazer ciência, o que compete às universidades e às academias, sendo estas que se devem pronunciar através de estudos até porque têm competências e conhecimentos para o fazer.

Vejamos, pegando por exemplo na análise da Ordem dos Psicólogos, (1) esta inclui autores com publicações em revistas sem qualquer indexação nacional ou internacional e em publicações menores, para ignorar por completo autores de referência mundial que publicaram nas melhores revistas internacionais, em 2012, como Mark Regnerus (2) ou Lorens Marks (3), com dois importantes estudos: um mostrando claramente que as crianças criadas por pessoas do mesmo sexo têm resultados significativamente piores nas dimensões sociais, emocionais e relacionais e o outro onde os estudos que defendiam não existirem diferenças eram constituídos por amostras muito reduzidas e não representativas com falhas metodológicas graves.

De referir ainda que apenas cerca de metade das referências (52.8%) fazem parte da lista apresentada de publicações revistas por pares com factor de impacto, o que é manifestamente pouco.

Como se isto não bastasse para facilmente colocar em causa a forma como chegaram às conclusões, onde claramente não encontram nada que obste à co-adopção, parece terem-se esquecido do principal. É que o que este diploma da co-adopção implica, entre outras coisas, é a filiação forçada das crianças a ter dois pais ou duas mães, e isso não é referido de forma evidente, não se explicando se este facto que vai ser imposto às crianças é ou não prejudicial ao seu desenvolvimento, à sua construção da identidade e da personalidade e às suas relações sociais.

Só por isto, qualquer um de nós deve ter a prudência e o bom senso suficientes para perceber que no mínimo é cedo para avançar para uma engenharia social arriscada como a co-adopção.

A forma apresentada, por alguns, para concluir um apoio explícito à co-adopção, ignorando importantes estudos recentes e o uso de um argumentário que afirma, entre outras coisas “que os homossexuais são tão bons pais e cuidam tão bem de crianças como os heterossexuais…” é infeliz e desprovido de qualquer senso.

Todos sabemos que não é isto que está em causa! Apesar de se saber que o melhor meio familiar para as crianças crescerem é com um pai e com uma mãe, não está em causa neste diploma legal se a criança pode ou não viver com duas pessoas do mesmo sexo ou com orientações sexuais homo ou bissexuais.

O que tem de contar para a decisão é se uma criança forçada a ter uma filiação de dois pais ou duas mães vai ter pelo menos as mesmas oportunidades para o seu desenvolvimento do que as crianças sem essa imposição!

Francamente, é que à Mulher de César não basta ser séria é preciso parecê-lo!

 

Abel Matos Santos

Psicólogo Clínico e Sexologista

Originalmente publicado aqui

15 Jan 08:07

Quanto mais te bato menos gosto de ti

by FNV

Nos casos portugueses, segundo o pequeno arquivo que tenho feito, o motivo  mais vezes referido  para justificar o assassínio da mulher é  a recusa da separação ou do divórcio. Como todos sabemos, isto é falso.  Na esmagadora maioria desses casos, a violência foi prévia à separação. Numa lógica intratável, o assassínio  é  a última e coerente etapa.
A mudança ainda vai a meio caminho. Pergunto-lhes muitas vezes por que motivo não reagiram à primeira bofetada. Respondem, invariavelmente, que foi só uma bofetada. É o que se chama reforço positivo: bato-te mas depois abre as pernas.
Ora, a violência inaugural é isso mesmo, uma inauguração. No cérebro deles começa a formar-se uma perigosa associação. Podem bater-lhes, porque sim ( um juizo hegeliano da força como critério de correcção) e tudo fica na mesma. É preciso vegetar nas teorias pacóvias da perversa influência social sobre a bondade humana ( não culpar Rousseau, que apenas disse que o homem  tinha a capacidade de se tornar melhor se erigisse melhores  sociedades) para não entender isto.
Pior ainda, quanto mais lhe batem menos gostam delas. Não se deixem enganar pelo "não sei viver sem ti" Leiam antes: "só sei viver se te puder fazer a ti o que não faço à colega de trabalho das pernas boas".
24 Nov 19:21

A Bola de Ouro

by Miguel Monteiro
Voltou à baila o tema Bola de Ouro e quem deve ou não ganhar. Mas o que significa vencer a Bola de Ouro?
Será que significa que é o melhor jogador do mundo? Se for isto nem há discussão, Messi é o melhor (e será enquanto fôr jogador), Ronaldo é o 2º e todos os outros estão a anos luz de distância destes dois.
Ou será que significa que foi o melhor jogador durante um ano? Eu penso mais nesta segunda hipótese mas há muitos jornalistas e jornais que parecem confundir as duas.
Mas para esta segunda hipótese não é muito fácil decidir quem foi o melhor durante o ano. O que significa isto?
  • marcou muitos golos? E os guarda redes não podem vencer?
  • fez grandes exibições?
  • ganhou titulos?
  • contribuição dos exibições para os titulos?
Acho que é a combinação de todos (e de muitos outros) e por ser a combinação destes todos, na minha opinião, o jogador que deveria receber o prémio seria o Ribery, pelos golos (não tantos como o Ronaldo nem o Messi, mas também joga numa posição mais recuada), pelas exibições, pelos titulos e pelo contributo dele para os titulos!
Tirando o nacionalismo, os jornalistas portugueses justificam que deve ser o Ronaldo a vencer porque não faz sentido o Messi ter 4 bolas e o Ronaldo apenas uma. Eu acho que faz muito sentido a diferença. basta comparar os titulos (coletivos e individuais) de um e de outro desde que o Ronaldo chegou ao Real Madrid: Messi venceu 13 titulos pelo Barcelona e ganhou 4 botas de ouro (deixo as bolas de ouro de fora porque é por votação); o Ronaldo venceu 3 titulos pelo Real (zero titulos neste anos) e ganhou uma bota de ouro. Ou seja, mesmo quando não é por votação, a diferença entre os dois é enorme por isso faz todo o sentido que quando se vai a votos a diferença continue a existir. Até Ribery, Ibra, Neymar têm mais titulos do que o Ronaldo.
Por muito bom que um jogador seja, senão conseguese fazer com que a sua equipa venca troféus então não merece a Bola de Ouro! E Ronaldo não joga num clube qualquer, joga no clube mais rico do mundo!
Com a alteração do prazo de votação para a Bola de Ouro, o Ronaldo passou a ser o principal favorito, principalmente pela exibição na selecção (embora só tenha que ter jogado o playoff, devido a fracas exibições antes, mas isso tudo foi esquecido) e pela ajuda do Blatter.
Mas, novamente, na minha opinião o jogador que deveria receber esse prémio seria o Ribery.
13 Nov 17:59

Viver é abdicar

by José Luís Nunes Martins


 

Na vida humana nada está determinado à partida senão a liberdade com que nos é aberto um universo infinito de possibilidades. A sublime beleza e o absoluto valor da nossa existência residem na radical autonomia em que nos é dado elegermo-nos.

 

Não há destino, mas escolher é sempre preferir uma opção em desfavor de todas as outras. Cada homem escreve o seu próprio fado. Um só. Do princípio ao fim.

 

A existência humana é uma viagem feita de escolhas. A vida implica a necessidade de, a cada momento, decidirmos sempre cada um dos nossos passos. Podemos ir em qualquer direção, podemos até decidir não nos mover, seguir num rumo e depois noutro, até para trás... passos mais largos ou mais prudentes... podemos escolher tudo, menos deixar de escolher.

 

É sempre possível recomeçar. Sempre. Mas nunca do exato ponto onde já escolhemos e fomos. Seremos sempre novos a cada instante e ninguém se demora mais numa hora que noutra, nem pode vivê-la mais do que uma vez...

 

O tempo faz-nos voar e a trajetória revela a nossa identidade... na separação que introduz entre aquilo que preferimos e aquilo de que abdicamos.

 

Podemos conhecer o coração de alguém pelas suas afeições... mas talvez lá se consiga chegar melhor através de uma análise àquilo de que desistiu, o que decidiu não querer... afinal, o que é, e que valor tem, aquilo que abandonou para cumprir o que escolheu?

 

Tudo se complica muito mais porque as escolhas não são sempre feitas entre o bem e o mal... boa parte das vezes a vida exige-nos que escolhamos um de entre dois bens ou um de entre dois males... o erro e o arrependimento são fáceis e quase  garantidos... a felicidade parece impossível... ao homem nunca cabe o lugar de Deus, mas, ainda assim, sem saber distinguir essências de aparências, é possível escolher (o) bem!

 

A responsabilidade é a capacidade de assumirmos as razões e emoções que são ou foram causa de um ato nosso. Podemos revelar a nossa grandeza mesmo quando erramos e o assumimos de forma refletida. Somos tudo quanto preferimos e preterimos, somos as nossas faltas mas também a capacidade que temos de aprender com elas.

 

Há quem nunca ceda à tentação suprema de considerar tudo absurdo e a felicidade impossível, há quem nunca desista de aceitar que tudo tem sentido ainda que a ele se possa aceder já... há quem faça o seu caminho daqui para o céu na certeza íntima de que este mundo não é o seu.

 

São muitos os que querem conhecer as modas para nunca se afastar do caminho da multidão, entram no comboio só por ver os outros a fazê-lo... mas há também quem escolha fazer um caminho por onde nunca ninguém foi... nenhuma das opções é certa, nenhuma é errada... só quem desiste de si é que nunca se encontrará.

 

Quem se aproxima de um destino, afasta-se da sua origem... troca o valor do que elege pelo valor do que resigna. Mas, o que move alguém que se encontra no caminho entre A e B? Será a vontade de B? ou o medo de A? Se o amor é um excelente motor das nossas ações, o medo também o é... o que resulta numa tremenda confusão: há quem finja amar com medo da solidão e quem viva na verdadeira solidão com medo do amor... há quem tema tudo... e quem ame sem medo de nada.

 

No amor, há quem encontre o sentido último da existência.

 

Por amor, há quem entregue a própria vida.





(publicado no jornal i - 9 de novembro de 2013)

 

ilustração de Carlos Ribeiro

 

08 Nov 09:47

Agenda Manchada

by Notícias de Coimbra

A Câmara Municipal de Coimbra “inventou” uma nova forma de comunicar o que se terá passado nas reunião do executivo?Parece que sim, a julgar pela  folha A4 que nos enviaram sobre o encontro desta manhã.

Publicamos a mensagem na integra, sem a devida vénia, uma vez que este tipo de informação não permite aferir o que  terá acontecido na 8 de Maio, onde nem tudo se resumiu a esta forma abreviada de fazer propaganda, pois no estranho comunicado não consta qualquer informação útil sobre a  grande maioria dos assuntos que estavam para votação.

A nota enviada a Notícias de Coimbra  dá conta que apenas 5 dos 47 pontos  não mereceram a unanimidade dos 11 votantes, mas ficamos sem nada saber sobre o que verdadeiramente interessa.  Como a  comunicação social deixou de ter acesso ao que estava agendado, desconhecemos todo o teor do que foi votado.

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Eis o que nos enviaram?

Resumo das votações da reunião extraordinária de hoje: todas as alíneas da Ordem do Dia foram aprovadas por unanimidade, com as seguintes exceções/observações:

II. APOIO JURÍDICO

3. Processo de Inquérito Reg. nº 31489

Votação: 9 votos a favor e 2 brancos

           V. PLANEAMENTO E CONTROLO

1. Autorização prévia da Assembleia Municipal dos compromissos plurianuais – retirado.

           VIII.           GESTÃO DE OBRAS

3.Centro de Convenções e Espaço Cultural do Convento de S. Francisco/Coimbra – análise à carta refª 2013/40050/270 – plano de trabalhos modificado.

Votação: 3 abstenções, dos Vereadores Rosa Reis Marques, Carlos Cidade e Ferreira da Silva

5.CDU – apoio

Votação: Francisco Queiroz não votou

  XII             AÇÃO SOCIAL E FAMÍLIA

  1. II Feira A minha Saúde?! Não Arrisco! – Associação Integrar e SOS Hepatites – apoio –

Votação: Vereador Jorge Alves não votou

  XV.             COMPANHIA DE BOMBEIROS SAPADORES

  1. 30º Aniversário do Centro Comercial Girassolum – atividade desportiva – apoio

Votação: Vereadora Rosa Reis Marques não votou.

Mais informamos que a próxima reunião ordinária é pública e efetua-se na próxima 2ª feira, dia 11 de novembro, pelas 15 horas

07 Oct 23:45

Ética Republicana

by Vasco Mina

Sempre que os mais altos dignatários do Poder se confrontam com questões que consideram altamente relevantes e que remetem para princípios fundamentais do regime político, vem a uso a expressão “ética republicana”. Naturalmente, a data de 5 de Outubro estimula ainda mais a opção por esta terminologia. Assim hoje aconteceu com o Presidente da República que, no discurso proferido na varanda da Câmara Municipal de Lisboa, alertou para a “necessidade de não baixarmos os braços na defesa da ética republicana”; na mesma intervenção acrescenta que “numa República ninguém possui o monopólio da ética”.

António José Seguro, referindo-se a Rui Machete, considerou que "em causa, está a dignidade que a ética republicana exige aos seus governantes"

Faço aqui uma declaração de interesses: não sou monárquico mas sim um comodista republicano (vivo bem em República sem a defender na praça pública). Isto dito pergunto: a ética nao é apenas a ética? Existe uma ética republicana e uma ética monárquica? Será que também existe uma ética portuguesa e uma outra espanhola ou cubana? Será que a ética de um partido no Poder é diferente da reclamada por uma partido da oposição? Será que a ética benfiquista é diferente de uma ética sportinguista? Como bem disse Cavaco Silva ninguém tem o monopólio da ética e por isso se contradiz totalmente quando alude a uma ética republicana. A ética é transversal  aos regimes políticos, aos partidos, às nações, aos clubes… enfim, transversal a tudo o que é actividade humana. A ética não tem dono e muito menos pode ser apropriada por quem quer que seja. Pior ainda, como hoje aconteceu, é a ética ser usada como argumento de superioridade como quem quer vender a ideia de que a “ética republicana” é superior a qualquer outra. Por isso pergunto aos republicanos convictos: o que entendem por “ética republicana”? Existe algum código de “ética republicana”? Estamos a falar da mesma “ética republicana” quando nos referimos a qualquer das 3 Repúblicas em Portugal? O que se entende por dignidade exigida pela “ética republicana”? Como republicano comodista gostaria muito que explicassem estas questões pois, comodisticamente, gostaria de permanecer como até aqui e não ter de mudar de posição por falta de uma ética que parece não ser entendida por quem a reclama.

19 Sep 08:09

Diário As Beiras não publicou carta de Marcelo para Machado

by Notícias de Coimbra

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Marcelo Nuno envia “Carta aberta ao Dr. Machado” , através do Facebook, onde faz uma referência indirecta à célebre “Carta de Marta”. A missiva é ilustrada com uma imagem onde se pode ler: “o artigo que o diário As Beiras não quis publicar “por equidade de espaço”.

Notícias aguarda resposta de Manuel Machado e promete publicar toda a correspondência enviada pelos protagonistas daquela que já é conhecida como a guerra das águas para a vindima.

Caro Dr. Manuel Machado,

Sei que está acostumado a receber cartas abertas em vésperas de eleições, embora esta não seja tão apaixonada e elogiosa como a que recebeu há 12 anos. Contudo, como verá, as palavras que lhe quero dizer são muito mais rigorosas e objectivas – o que tem as suas vantagens.

A candidatura do Dr. Manuel Machado respondeu esta semana com muita ira e pouca ou nenhuma objectividade ao conjunto de factos e estatísticas que aduzi para mostrar o seu profundo desconhecimento e preparação quando, na desenfreada caça ao voto, vai debitando ocasionalmente uns disparates.

Qualquer criança que tenha passado pelo Museu da Águas ou por qualquer dos programas de educação da AC tem informação mais consistente e estruturada que os seus ajudantes de campo. Por isso não vou sequer perder tempo com o conjunto de banalidades e inanidades que constam do documento (de uma suposta privatização ao “retrocesso civilizacional insuportável” imposto pelo malvado governo) e que mais não são mais do que um conjunto de jargões com o propósito de desviar a atenção do essencial e esconder a sua preparação e desconhecimento.

Regista-se contudo, a forma torpe e precipitada, como vão tecendo considerações e lançando insultos com uma boçalidade que há muito parecia esquecida na vida política de Coimbra.

Mas voltemos então aos factos.

Mostra-se a sua candidatura muito indignada com os 22% de perdas de água, prometendo mais um conjunto de vulgaridades, que podemos encontrar em qualquer panfleto (ou nos pacotes de açúcar do café).

Mandaria a honestidade intelectual referir que as perdas reais se situam nos 16,5% e que este nível é considerado perto do óptimo económico (isto é, o valor a partir do qual o custo a suportar pela diminuição de perdas é superior ao benefício decorrente da sua diminuição). Que a diferença para os 22% são consumos medidos, mas apenas não facturados, por razões de interesse público.

Confesso que, no meio do entusiasmo com que debitam as medidas a implementar, cheguei a imaginar que iriam propor a instalação de contadores nas bocas de incêndio, com a entrega da respectiva chave de segurança ao chefe dos bombeiros, para o caso de qualquer emergência…

Faltou dizer que este nível de perdas não tem qualquer repercussão nos custos a suportar, tendo em conta os contratos assinados entre o município de Coimbra e a AdP, mas para tal era preciso uma honestidade intelectual que, obviamente, os autores do seu comunicado não têm.

Mas permita-me que lhe diga que me surpreende este seu recente interesse por esta matéria. É que, enquanto foi presidente da CMC, nem sequer fazia o controlo de perdas (embora se saiba hoje que elas eram superiores a 40%!…) e deu instruções aos ex-SMASC para não se cobrar a água à câmara, impedindo assim qualquer intuito de racionalização de consumos que agora tanto o preocupam.

Mas o maior embuste do seu discurso consiste em tentar fazer passar a ideia de que, por incompetência de uns quantos, as coisas estão hoje muito pior que no seu tempo.

Ora, em 28 de Março de 2003, os experientes técnicos da AC escreveram um relatório que tem o título esclarecedor de ”Impacto resultante da falta de investimento no sistema primário de distribuição de água”.

Para além das questões relativas à rápida degradação da qualidade da água fornecida e do exponencial aumento das ineficiências (aqui sim, com desperdícios/aumento dos custos), o relatório refere-se ao “aumento do número de ropturas”, ao consequente “aumento das perdas” e à “sobrecarga das infra-estruturas de transporte”, que levam à “insuficiência do abastecimento ou a interrupções frequentes”. Prossegue dizendo que “este é o cenário mais realista se não houver entretanto um colapso brusco de qualquer órgão do sistema primário”.

Por falta de espaço hoje reproduzo apenas um pequeno parágrafo que ilustra a realidade de então:

“A mais importante conduta adutora do Sistema de Abastecimento tem 40 anos. Abastece 60.000 habitantes incluindo os HUC, Hospital Pediátrico, IPO. Apresenta sintomas de degradação grave e, sendo construída em materiais obsoletos a sua manutenção é difícil e muito demorada. Qualquer avaria mais prolongada provocará ropturas de abastecimento que poderão prolongar-se por vários dias afectando as zonas referidas.”

Hoje, a AC é consecutivamente a melhor empresa do sector e a que melhor serviço presta na opinião directa dos seus consumidores. Numa exaustiva avaliação da DECO a todos os sistemas de abastecimento em Portugal, Coimbra tem hoje a melhor água de torneira do país. A AC é hoje conhecida e respeitada no país e no estrangeiro. Tudo isto seria impensável (como se comprova) se V. Exa. não tivesse perdido as eleições em 2001.

Quero também dizer-lhe que, ao contrário do que furiosamente desejam os seus “muchachos”, o meu futuro pessoal e profissional não depende da sua vontade e muito menos do seu desempenho eleitoral.

E é por isso que lhe digo, com toda a tranquilidade do mundo e com a frontalidade que não costumam ter consigo, que o pior que podia acontecer a Coimbra era voltar atrás no tempo e deixar-se cair novamente no atavismo e no adormecimento em que mergulhou prolongadamente durante os seus reinados.

Seria voltar a encolher a ambição das suas gentes na pequenez das suas ideias e dos seus projectos. Seria esmagar de novo a capacidade criadora das suas instituições na arrogância e na impreparação de quem não vê além do seu próprio umbigo.

Andam por aí uns seus ajudantes de campo muito excitados com as sondagens encomendadas. Explique-lhes que quem decide é o povo e não eles e que a arrogância e a sobranceria se paga caro – como, 12 anos depois, parecem já não se lembrar.

15 Sep 20:13

Bluepharma conquista Outstanding Venture of the Year Award

by Notícias de Coimbra

 A farmacêutica Bluepharma foi a vencedora do prémio “Outstanding Venture of the Year Award” atribuído pela Portugal Ventures, operadora de capital de risco público. O prémio foi entregue no âmbito do Portugal Ventures Day, que decorreu ontem em Lisboa, e que teve como objetivo promover a interação e a partilha coletiva na comunidade empreendedora.

Os Portugal Venture Awards visam reconhecer todos aqueles que se destacaram nos seus empreendimentos globais, com liderança, visão de negócio e execução, determinação, superação, talento, inovação e conhecimento.

De acordo com a Portugal Ventures, a distinção atribuída à Bluepharma “teve em conta o seu crescimento e desempenho, a sua orientação para os mercados externos e ainda o papel que vem assumindo na dinamização de novos projetos empresariais”.

Paulo Barradas, Presidente Executivo da Bluepharma, refere que “este reconhecimento é o corolário de todo o trabalho que a empresa tem vindo a desenvolver de afirmação no mercado externo, só possível pelo empenho dos seus recursos humanos, do crescimento sólido e do esforço contínuo de inovação que têm feito da Bluepharma uma empresa de referência na sua área de atividade”.

Com mais de 60 medicamentos no mercado, a Bluepharma tem um laboratório próprio de I&D e é a primeira empresa do sector da indústria farmacêutica em Portugal com certificação integrada. As exportações representam já mais de 80 por cento do volume de negócios da empresa.

30 Aug 08:18

Deus faz 'bullying' espiritual?

by João Delicado sj


- Então, Deus trata-nos mal?
- Pois trata.
- Hm? Como assim? 
- Bom, Ele mete-se connosco, atira-nos ao chão, faz pouco de nós; provoca-nos até que aceitemos lutar com ele. E, não se espanta nada se, no meio disso, lhe dissermos das boas.
- Lutar? Dizer mal de Deus? Mas isso vai contra o mandamento do amor a Deus!
- Pois é, pois é...
- E, lutar, como?... se Ele é muito maior do que nós! 
- Calma.
- Não estou a perceber nada... Deus faz 'bullying' espiritual?
- Ouve. Dirias que um mestre de artes marciais trata mal os seus discípulos? 
- Não.
- Claro que não. Por detrás dessa exigência ou aparente rispidez, Deus sabe o que faz: é capaz de nos conduzir ao deserto, deixar-nos no meio da tempestade, não nos poupar a dificuldades e tentações; mas espera com isso despertar os nossos instintos espirituais. Tudo para nos obrigar a ir mais fundo, mais longe, para que recorramos aos nossos recursos, ao nosso potencial até ali adormecido.
- Então, Deus brinca connosco?
- Sim, se quiseres, é uma espécie de jogo. Mas um jogo que não é para crianças. Ou melhor, pensando bem, até é... só as crianças conseguem entrar nele.
- Então? Explica lá isso.
- É que estamos habituados a que o nosso crescimento se faça da infância para a adolescência, e da adolescência para a idade adulta. Mas, na vida espiritual, as três idades convivem dentro de nós. E quando não aceitamos a realidade como ela é, e indignamo-nos, e protestamos, isso é típico do nosso lado adolescente. O nosso adolescente interior é especialista em manifestações, em exigir direitos e respostas.
- E não tem razões para isso?
- Sim, claro que tem. O problema é se o deixamos aos comandos da nossa vida. O convite que nos é feito é que ponhamos o adolescente no seu lugar e demos voz à criança: do protesto passaremos à confiança e à capacidade de nos maravilharmos. De facto, o momento decisivo é quando começamos a passar da luta ao jogo. A partir daí significa que queremos deixar o papel de vítimas e tornar-nos participantes. É um alívio porque - como dizias - na luta, Deus e a vida serão sempre adversários demasiado fortes para nós; será sempre um combate desigual, injusto; e podemos lutar durante algum tempo mas ninguém sobrevive uma vida inteira a lutar. Quem fica aí, ou acaba exausto ou resolve a luta negando a Deus, voltando-lhe as costas. E, se tudo pode começar por uma luta, a intenção é que isso seja apenas passagem para um outro nível de relação. Quando entramos no jogo é porque aceitámos que as regras não são estabelecidas por nós; é porque percebemos que podemos estar do mesmo lado daquele que, antes, era nosso adversário; e, ainda assim, pode ser que nos cansemos, que tropecemos e nos magoemos, mas alcançamos o gozo e a consolação de sermos participantes activos no jogo que Deus propõe através da vida.
- Mas, ainda assim, é preciso muita lata para nos metermos com Deus!…
- Sim… mas quando é Ele que nos convida e é o primeiro a alegrar-se com o facto de entrarmos no jogo - mesmo que seja lutando com Ele - não podemos ser nós a inibir-nos. Antes pelo contrário, entristece-o se nos pomos fora do jogo. É como se alguém tivesse preparado uma festa a pensar em nós e, no fim, porque não nos apetece ou porque não temos a roupa apropriada, decidimos não aparecer. Devemo-nos orgulhar e aceitar agradecidos a honra de sermos escolhidos a fazer parte deste jogo. E, depois, como um mestre tem um imenso gosto em ver o seu discípulo progredir, assim também o gozo máximo de Deus é ver-nos a saborear a vida até ao tutano, em tudo o que ela tem de bom. A luta é só uma fase. Ele sabe disso e conta com isso. Depois devemos dar uma cambalhota na nossa atitude e passar ao jogo, que afinal é uma dança. Na luta, estamos condenados à partida, acabaremos sempre derrotados, escravos. Na dança, aceitamos o que nos é proposto e, ao mesmo tempo, seremos sempre cada vez mais livres para dançar ao nosso modo a dança que Deus pensou para cada um.

[Fotografia de Giovani Cordioli - National Geographic]
12 Aug 10:29

As feministas são do Benfica

by Vasco Mina

 

 

 

Alguém deu conta de algum protesto, individual ou colectivo, do movimento feminista? É que do ponto de vista deste lobby o vídeo acima deveria ser um verdadeiro atentado à dignidade das mulheres. Mas pelos vistos não é. Conclusão: as feministas são do Benfica. Sendo eu do Sporting não posso deixar de manifestar o mais vivo repúdio por esta via benfiquista de promover a imagem do clube recorrendo à subalternização da mulher no casamento e na vida familiar.

14 Jul 00:49

Desgoverno de Salivação Nacional

by Miguel Monteiro Rodrigues

Cheira a podre. Pfffui, o fedor. Alguém abra uma janela.

Então Cavaco “zombie” Silva veio falar ao país? Fez-me lembrar aquelas aparições do Bin Laden mesmo depois de morto.
O desvitalizado Presidente esperou uma semana para se dirigir à plebe. O turbilhão de acontecimentos da semana passada pedia uma intervenção urgente do finado Chefe do Estado-Maior, mas acima de tudo requeria tempo para pensar bem o que dizer.
Na sua intervenção de ontem à noite, o defunto de Belém deixou clara a falta de confiança no Desgoverno PSD-CDS, impondo uma solução presidencial; chamou o PS ao ringue e marcou eleições antecipadas, mas só para 2014 - ignorando o PC e o BE. 

Há quem julgue esta tomada de posição do olvidado Aníbal atrasada em um ano; há quem considere isto um “prenúncio do caos” e há ainda o Vasco Palmeirim que entretanto já escreveu 5 novas cantigas.

Já o PS andou dois anos a reclamar espaço para meter a colher e agora recusa a chance. A sede de poleiro grita mais alto, está claro.
Mas dar o comando do país ao PS do Tó-Zé Seguro, seria como confiar uma terrina Vista Alegre a uma criança de 2 anos; e mesmo em estado avançado de decomposição, Cadáver Silva percebeu isso ao riscar eleições setembristas.

As crises políticas deixam sempre as extremidades da bancada parlamentar com o pipi aos saltos. O litígio Pedro-Paulo acentuou a caça aos votos descontentes com as políticas de centro. E o Tó-Zé também não se escapa desta. A saliva pelo Iron Throne lusitano é tanta que o chão dos cotovelos da assembleia escorrega.

Mas os partidos pequeninos podem muito bem tirar o cavalinho da baba, o pútrido Comandante, de esfregona em riste, encarregou-se de deixar as rédeas unicamente aos 3 da frente.

Resta saber se a coligação vai vestir as calças e apresentar uma moção de confiança ao hemiciclo, ou se vamos entrar numa relação a três. Se assim for, isto tem tudo para correr mal. Numa ménage à trois ninguém gosta de ficar a ver. E eu sei do que falo, já vi em vídeos.

A suruba pode não ficar por aqui, se o fétido Presidente promover Silva “alter-ego cavaquista” Peneda a testa-de-alumínio deste (des)governo de salvação nacional. Que o Peneda e o Tó-Zé se desenganem. É hora de distinguir com clareza a salvação da salivação nacional.

28 Jun 18:35

E esta, hein?

by António Alencoão
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Académica dança ao ritmo do Roc & Roll?


O contrato da recém criada Académica de Coimbra – Futebol SDUQ, a qual Notícias de Coimbra teve acesso, apesar dos órgãos dirigentes da Académica terem optado pela sua não divulgação junto dos sócios da entidade fundadora, estipula que são transferidos para a nova sociedade os contratos de trabalho desportivos e os contratos de formação desportiva de praticantes da modalidade de futebol (artigo 10º), bem como o Pavilhão Jorge Anjinho e Academia Dolce Vita (Artigo 8º), entre outros bens, sem que haja um relatório detalhado ou autorização dos sócios para estas transacções.

Juristas contactados por Notícias de Coimbra receiam que não tenham sido respeitados vários preceitos legais, salientando que o Artigo 28º do Código das Sociedade Comerciais (CSC) estipula que “As entradas em bens diferente de dinheiro devem ser objecto de um relatório elaborado por um Revisor Oficial de Contas sem interesses na sociedade…” acrescentando que o documento deve “Descrever os bens, identificar os seus titulares, avaliar os bens, indicando os critérios utilizados para a avaliação”.

O que não se verifica no caso em apreço, pois os ROC certificaram uma simples folha A4 (depositada na Conservatória do Registo Comercial de Coimbra) onde constam os nomes de 36 jogadores e 5 técnicos. Todos juntos, para espanto geral, estes activos valem 0 (Zero). As excepções são Ivanildo e Peiser. Mesmo assim, os dois atletas têm o valor contabilístico de €11 720,00. Onze Mil Setecentos e Vinte Euros. Sobre o património nada é dito, ou melhor, é, pois no contrato particular dão a entender que depois logo se vê quanto é que a SDUQ “paga” ao sócio OAF .

Mas o problema pode ser mais complexo. O e-leitor imagina quem são os ROC designados pela Direcção da AAC-OAF para ROC da SDUQ? São os mesmos da OAF, os mesmo que certificaram o “magnífico” Inventário a zeros, ou perto disso! É a LCA – Leal, Carreira & Associados, SROC. E qual é o problema?

Pode ser este: O Código das Sociedade Comerciais adverte que “o Revisor que tenha elaborado o relatório exigido… não pode, durante dois anos, contados da data de registo do contrato da sociedade, exercer quaisquer cargos ou relações profissionais com a sociedade ou em sociedades que com elas se encontrem em relação de domínio ou de grupo.

As nossas fontes receiam que o ROC esteja a ”jogar nos dois lados do campo e a dirigir a partida”, o que que pode contrariar o previsto no artigo 68º dos seus estatutos, onde é consagrado “o dever de independência”, e é indicado que “Na sua actividade profissional o Revisor Oficial de Contas deve actuar livre de qualquer pressão, influência ou interesse e deve evitar factos ou circunstâncias que sejam susceptíveis de comprometer a sua independência, integridade ou objectividade, de acordo com padrões de um terceiro objectivo, razoável e informado”.

De resto, de acordo com juristas consultados por Notícias de Coimbra, a suposta transferência de bens, bem como a constituição da sociedade, não poderia ter sido efectuada sem o consentimento da Assembleia Geral da AAC/OAF. Relembram que, de acordo com o estipulado no CSC, “o relatório do revisor deve ser posto à disposição dos fundadores” (os sócios da AAC/OAF), o que não aconteceu, uma vez que não foi realizada nenhuma assembleia geral desde que os associados escolheram a SDUQ.

Entretanto, especula-se que o registo da sociedade foi recusado pelo Conservador de Coimbra, o que terá obrigado os mandatários da Académica a recorrer à colega de Condeixa, de onde terá partido a ordem para a CRCC.

De resto, há mesmo quem tema que todo este processo não respeitetodos os requisitos previstos no Decreto-Lei 10/2013, que regula a actividade das sociedades desportivas, o que não deve corresponder à verdade, pois os intervenientes na formalização destes actos são profissionais habituados a lidar com a Lei.

Notícias do Coimbra de Coimbra não questiona a conduta profissional da SROC, que deve ter uma boa explicação para justificar a sua presença nos vários actos, mas há perguntas que têm de ser feitas. Por isso, tentámos contactar, via telefone, a SROC, mas como nos foi dito que não estava nenhum responsável. Decidimos insistir, enviado as questões por correio electrónico, pelo que aguardamos explicações da entidade que “certificou o papel A4″.

Como é óbvio, Notícias de Coimbra está disponível para publicar todos os esclarecimentos que a AAC/OAF ou a a SDQUQ entendam efectuar.
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com a devida vénia ao Notícias de Coimbra
Briosa Sempre
25 Jun 22:59

O factor Sísifo

by FNV



Não vou entrar na discussão sobre a raíz neurótica-frustrada ou treinada-aprendida  dos comportamentos. Interessa-me dar uma pequena ajuda a quem precisa de alterar a forma como está a conduzir a sua vida num determinado aspecto. 
Uma boa base é perceber o que a pessoa define como factor Sísifo, ou seja, o que a pessoa entende que está a  ser um desperdício de tempo e de esforço. Isto parece evidente, mas muita gente crê que não existe relação entre o ganho e a energia despendida para o efeito.
O amor é um desses territórios. Ele não quer, mas ela insiste, rebaixa-se, cede em tudo. A crença no outro, ou na nossa superior capacidade de o moldar, obnubila o tremendo gasto de energia e o rombo que toda  a situação provoca no nosso amor-próprio. 
O desgaste que a crise provoca é outra montanha para rolar pedra. A resposta habitual é  a intensificação dos vazadouros: irritabilidade, bebida, tabaco, isolamento.Como é natural, a resposta só vai aumentar o  peso da pedra que temos de rolar montanha acima.
Sílio Itálico, tido a certa altura como  sucessor de Virgílio,  mereceu de Plínio o Novo o seguinte comentário ( sobre  o Punica): maiore cura  quam ingenio. É isto - mais transpiração do que inspiração - , numa tradução libertina, que acontece quando   ficamos cegos ao esforço inútil que dispendemos em resposta a uma necessidade não satisfeita.
O que há  a fazer é, primeiro, uma confrontação honesta com a nossa cegueira. Somos nós que nos estamos a tramar, ainda que este  seja  um  mundo de carrascos. Depois, aplicar o esforço sem sentido nas coisas que nos podem salvar. É que, ao contrário de Sísifo, não fomos castigados pelos deuses mas pelos homens, pelo que nada existe que não possa ser feito ou suportado  de outra forma.
Se não acreditam em mim, leiam Primo Levi.


23 Jun 08:28

Someone help.

by DOGHOUSE DIARIES

Someone help.

And there’s still so much I’ve left off. Standards (the lack thereof, really) have failed us. There’s money to be made! Tell us what your biggest gripe is on Facebook, or Twitter, or you know, any of the other ten trillion services there are. I need a nap.

22 Jun 19:56

June 22, 2013


BOOSH