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31 Jul 22:41

Inter sonha com Modric… croata não fecha a porta

by Visão de Mercado

Revolução no Real? Uma eventual transferência do croata representava a saída no mesmo Verão de duas das três principais figuras do clube, mas os merengues também podem considerar que este é o timing ideal para afirmar novas figuras, como Asensio ou Ceballos, e Modric, que à semelhança de Ronaldo também nasceu em 1985, não é eterno.

De acordo com Gianluca Di Marzio, o Inter Milão está a trabalhar na contratação de Luka Modric. Os nerazzurri, embora de maneira discreta, já terão iniciado mesmo contactos com os responsáveis do médio croata, sendo que o vice-campeão do Mundo, de acordo com o jornalista italiano, demonstrou-se disponível para pelo menos ouvir que o Inter tem a oferecer. Modric, que foi eleito o melhor jogador do Mundial’2018, completa 33 anos em Setembro e tem contrato com o Real Madrid até 2020.

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08 Feb 07:25

OFICIAL: Emmanuel Emenike também ruma à La Liga

by VM

Suficiente para Paco Jémez evitar a descida (os canários estão em penúltimo a 5 pontos da salvação)? Recebeu 7 novos reforços, com Galvez, Jairo, Gabriel Penalba, Nacho Gil, Matías Aguirregaray e Etebo a juntarem-se ao nigeriano, mas também perdeu Mateo García, Mauricio Lemos, Hermán, Loic Remy e Aythami.

O Las Palmas garantiu a chegada por empréstimo do Olympiacos de Emmanuel Emenike. O avançado de 30 anos só tinha 1 golo apontado em 8 jogos e vai agora tentar melhorar os seus registos na segunda metade da época. Este é o 10.º clube que Emenike conhece, depois de também já ter representado Delta Force FC, Black Aces, FC Cape Town, DC Karabukspor, Spartak Moscovo, Fenerbahçe, Al Ain, West Ham e Olympiacos.

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14 Aug 13:25

Pode ter sido por causa do calor da coisa

by FNV
12 Nov 18:17

Exame Pélvico Anual

by ivoreis

Deverão as mulheres assintomáticas ser submetidas a um exame pélvico anual?

NÃO.

https://i0.wp.com/annals.org/data/Journals/AIM/930448/13ff1_Figure_Summary_of_the_American_College_of_Physicians_guideline_on_screening_pelvic_examin.jpeg


01 Nov 11:15

Vídeo: «Para ver pessoas no chão mais vale judo e karaté… a culpa é da mentalidade dos treinadores portugueses»

by Visão de Mercado

Uma vénia às palavras do ministro.

Costinha lançou duras críticas, não só ao Gil Vicente como ao futebol português em geral, depois do empate a 0 a Académica frente à equipa de Álvaro Magalhães na última jornada da II Liga. “As equipas chegam à segunda parte, o guarda-redes cai e os treinadores dão a desculpa de que têm de jogar à quarta-feira. Se não querem jogar à quarta-feira, não assumam o comando das equipas. Treinem uma equipa que jogue de domingo a domingo. Se não querem, deixem a profissão. Se for para ver pessoas a atirarem-se ao chão mais vale judo e karaté. Se as equipa forem treinadas por treinadores positivos, que correm sempre o risco, e bem, de poderem sofrer o golo porque têm uma forma de jogar diferente, certamente que teremos mais gente nos estádios e não há esta pouca vergonha que aconteceu aqui na segunda parte”, disse o timoneiro da Briosa.

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19 Jun 17:04

O resultado e o jogo. Da base para o topo por ordem da Federação

by Blessing
Por aqui sempre fomos tendo em conta que o jogo era muito mais do que o seu resultado final. E quem olha para os dois primeiros resultados que a nossa selecção apresentou no Euro poderá ficar espantado e insatisfeito por dois motivos: 1) Pelo resultado. 2) Pelo que o jogo nos indiciou na forma de comportamentos colectivos e individuais dos jogadores.

O que a mim aflige realmente na selecção portuguesa não é a falta de qualidade dos jogadores à disposição do seleccionador nacional. Porque tirando uma ou outra opção é difícil (considerando as lesões) dizer-se que não são estes os melhores 23 para jogar o europeu em França. Temos qualidade para formar uma linha defensiva competente, um meio campo bom ao nível do rigor defensivo e criativo, e um ataque versátil e dinâmico nas suas acções. O que me aflige também não é o resultado, ou aquilo em que o resultado se poderia ter traduzido. É por demais evidente que Portugal foi a única equipa que poderia, tendo em conta as ocasiões criadas e concedidas, ter saído vitoriosa de qualquer um dos empates que somou até ao momento. Não é por aí. Tão pouco são as opções de Fernando Santos em termos de sistema de jogo, ou a composição para o onze inicial. Claro que, tenho a ideia de que com uma ou duas opções diferentes a coisa poderia melhorar. Mas, o maior problema, aquele de que ninguém fala, continuará. E esse problema vem de bases, e por isso nunca é demais relembrar Breitner em discurso directo (carregue no link). O que aflige realmente no jogo de Portugal é a pouca capacidade que temos para fazer isto:


Ou seja, resolver os problemas que o jogo nos dá de forma colectiva. Usar o colega para dividir, e resolver o lance. Pensar, como é que vou usar o posicionamento  do meu colega para tirar este/s gajo/s da frente? Passo-lhe e fujo, passo e fico? Não passo e vou eu, porque ele simulou que ia e levou dois com ele? Como é que me posiciono para dar mais hipóteses ao meu colega de resolver o lance com sucesso? Estas são questões que deveriam fazer parte de cada escolha que os nossos jogadores fazem com e sem bola, no ataque ou na defesa, que dificilmente passa por um número suficiente deles para que se possa traduzir num jogo verdadeiramente colectivo. O sucesso de Portugal tem vindo sobretudo do mérito e da qualidade individual de alguns atletas. O que fazemos em conjunto é residual. E o problema maior está no topo da cadeia, na federação. E em tudo aquilo que a mesma entende fazer parte das suas responsabilidades ou não. A federação tem como principal objectivo melhorar a modalidade no país, e para tal, o caminho a seguir é o da escolha de uma determinada matriz de jogo. Não interessa qual, interessa que se escolha uma. Interessa que todos na federação entendam esse jogo que se quer jogar, e com isso façam as escolhas para todas as selecções do tipo de jogador para jogar o jogo que se quer. Tudo começa aí, uma ideia comum. Jogadores que procurem pela mesma matriz, pelos mesmos estímulos. No fundo, como se deve fazer nos clubes só que num prazo muito mais longo, pelo tempo que não é permitido de treino nas selecções. A partir daqui tudo se desenvolve. E nunca mais a decisão de convocar X e não Y passará apenas pela figura do seleccionador, porque toda uma instituição estará por dentro do processo e por isso em condições de participar nele. E mesmo a forma como a Federação educa, e forma, os novos treinadores que no fundo são os que vão começar a trabalhar com a base e com os jogadores será diferente. Diferente na medida em que será direccionada para que os treinadores trabalhem e desenvolvam um determinado tipo de skills, viradas para o tipo de jogador que se quer para jogar da forma que se escolheu jogar. Sem esse passo fundamental, sozinho ninguém conseguirá mudar nada. Por mais qualidade que tenham alguns clubes na formação, nas bases. Por mais qualidade que um ou outro treinador venha a evidenciar no nosso campeonato. Por mais talentos soltos que vão surgindo ao longo do tempo, esses onze talentos continuarão sem se conseguir entender em campo. Sem a tal linguagem comum que permitirá fazer com que todos estejam sempre perfeitamente identificados com o que o colega de equipa pretende fazer. Tuchel dizia numa entrevista que nunca iria deixar de copiar os melhores treinadores do mundo, porque o objectivo dele era ser como eles. Se Portugal quer ser verdadeiramente relevante no futebol não deve ter vergonha de pegar na evolução que outros conseguiram e ajustar ao que por cá se pode fazer. Criar um denominador comum, para que a selecção seja muito mais do que onze individualidades soltas em campo. 
17 Jun 19:14

Ninguém bate pior livres directos do que... Cristiano Ronaldo

by Visão e Desporto
Altura para mudar a hierarquia na selecção (ou o avançado do Real vai dar uma resposta)? CR7 nunca teve uma percentagem de acerto fantástica, mas é evidente que nos últimos anos os seus livres estão cada vez piores: antigamente, mesmo que muitos não fossem golo, iam pelo menos há baliza - podendo até dar em ressaltos perigosos -  mas agora raro é o disparo que obriga o guardião adversário a intervir com algum grau de dificuldade (na maior parte dos casos ou vão para fora, ou para a barreira ou chegam fracos à baliza). Assim, ainda que na prática isso seja quase impossível, era bom que FS conseguisse convencer CR7 a deixar de bater livros a 40 metros da baliza adversária.

O 8 e 80. Enquanto que Bale entrou para a história do Euro'2016 ao marcar 2 golos na sequência de bolas paradas em três tentativas, já o português Cristiano Ronaldo é o pior marcador de sempre em fases finais de Europeus e Mundiais. De acordo com os dados da OPTA, o craque português efetuou 34 remates em fases finais de grandes competições e nunca marcou um golo. Nenhum outro futebolista se aproxima deste registo. Os dados, divulgados pela FourFourTwo, referem-se a Mundiais e Euros desde o Argentina'1978 e apenas incluem jogadores europeus, pois a OPTA não tem dados de Copa América. No caso de Ronaldo, foram contabilizados 18 livres diretos em Campeonatos do Mundo e mais 16 em Campeonatos da Europa. De todos eles, apenas oito chegaram à baliza. Treze foram para fora, os outros 13 foram bloqueados. O futebolista com melhor aproveitamento de livres em grandes competições é Gareth Bale, autor de dois golos em três tentativas no seu primeiro Europeu (média de 66,7%) Seguem-se o alemão Thomas Hässler, com 20 por cento, David Beckham (15,4%), Stoichkov (11,8%), Zidane (9,5%) e Platini (8%). 
01 May 15:39

Fábio Coentrão deve falhar o Euro'2016

by Visão Desportiva
Eliseu ou Guerreiro, quem deve ser titular (à partida vão ser os 2 laterais esquerdos na convocatória de Fernando Santos)? O benfiquista, apesar da má imprensa, está a realizar uma excelente época e até foi quase sempre titular na fase de qualificação, já o jovem do Lorient demonstrou qualidade nos últimos amigáveis.

Más notícias para Portugal. Fábio Coentrão, defesa do Mónaco, lesionou-se com gravidade, na coxa direita, e vai submeter-se a uma cirurgia que o deve impossibilitar de participar no Euro'2016. O lateral esquerdo tem tido mais uma época marcada pelas lesões (nos últimos 2 meses só participou em 1 jogo devido a uma fratura no quinto metatarso). Tinha regressado à competição no dia 1 de Abril mas nos últimos encontros voltou a não ser opção. Recordamos que já no Mundial'2014 só colaborou na partida inaugural, já que a lesão que sofreu frente à Alemanha impediu-o de ser opção no resto do torneio. Em termos de futuro todas estas lesões também devem hipotecar um regresso ao Real Madrid. 

09 Nov 00:23

Aboubakar tanto tentou que conseguiu; Layún valeu ouro; Lopetegui deixou "38,5 ME" no banco

by Visão e Desporto
Imagem: Agência Lusa
FC Porto 2-0 Vit. Setúbal (Aboubakar 70' e Layún 83')

Vinha de uma série de apenas 1 golo nos últimos 8 jogos mas desta vez resolveu. O FC Porto, com um golo de Aboubakar, cumpriu frente ao Vit. Setúbal (2-0) colocando assim pressão no Sporting. O avançado dos Camarões, à semelhança do jogo diante do Maccabi, voltou a estar muito em foco - teve 3 excelentes lances na 1.ª parte - mas desta vez conseguiu mesmo quebrar o enguiço e desbloqueou um encontro que estava a complicar-se, apesar do claro domínio portista (os últimos 20 minutos da 1.ª parte foram um sufoco para o Vitória). Layún, com uma assistência e um golo, também esteve novamente em destaque (começa a ser cada vez mais preponderante), numa partida em que Lopetegui sentou os milionários Imbula (20 ME), Corona (10,5 ME) e Herrera (8 ME).

Quanto ao encontro, o Vit. Setúbal entrou a jogar no campo todo, a procurar fazer circular e sempre a pressionar alto, e o FC Porto acusou essa postura, mas aos 20 minutos Tello tem a 1.ª ameaça, num lance em que Brahimi entra na área e assiste o espanhol, que em boa posição atira por cima e a partir daí o jogo muda. Aboubakar começa a aparecer, e primeiro numa cabeçada, na sequência de uma bola parada, depois isolado por Maxi com Raeder a negar-lhe o golo, e a seguir com uma grande jogada individual em que parte da direita, vai passando por vários jogadores mas quando se enquadra com a baliza remata um pouco ao lado, fica perto do golo. Só dava FC Porto, mas o golo não aparecia, e apesar de Marcano e Layún (com um belo remate) também terem ficado perto de marcar, o nulo não se desfez. Ao intervalo Lopetegui colocou André André no lugar do amarelado Neves, mas o ritmo baixou. Nos primeiros 20 minutos houve pouco FC Porto, a excepção foi um remate de Brahimi, e Lopetegui opta por tirar Evandro e colocar Osvaldo, o que acabou por resultar. Já que num cruzamento de Layún, Aboubakar aparece sozinho na área (Semedo num 1 para 2) e cabeceia para o 1-0. A perder o Vit. Setúbal ainda tentou uma reacção mas nunca testou verdadeiramente Casillas, e pouco depois o FC Porto "matou o jogo". Numa jogada parecida à de Israel, Maxi ganha a linha de fundo, passa para trás e aparece Layún, com o pé direito para fazer o 2-0.

FC Porto - Lopetegui voltou a surpreender com um meio-campo inédito no campeonato, lançando Danilo e Rúben Neves num duplo-pivot, com Evandro a soltar-se no apoio a Aboubakar. A equipa, mesmo sem criar muito volume de jogo, foi tendo as suas oportunidades, na maior parte das vezes em transição ou apanhando a equipa do Setúbal desorganizada fruto da pressão alta do conjunto de Quim Machado. No 1.º tempo Layún e Maxi foram quase sempre extremos, ocupando muitas das vezes o corredor central (mais o Mexicano por força do seu melhor pé), sendo que os lances de perigo aconteceram quase sempre por iniciativa dos laterais. Ainda assim, e face ao desperdício em frente à baliza, Lopetegui operou de imediato a entrada de André André (viria a substituir o amarelado Rúben Neves) e, mais tarde, de Osvaldo que veio dar uma presença na área que faltara nos primeiros 45 minutos. Nesse sentido, os Dragões foram sendo cada vez mais acutilantes, forçando a entrada na área do Setúbal e o golo surgiu com naturalidade numa situação de superioridade numérica na área. Individualmente, nota para Indi que fez uma das melhores exibições neste Porto (interceptou várias lances de perigo), Aboubakar (Dá imenso ao jogo, apesar de continuar a falhar na finalização) e Layún que veio resolver um problema na lateral esquerda.

Vit. Setúbal - Chegou ao Dragão com o estatuto de equipa revelação (vinha de uma sequência de 3 jogos sem sofrer golos, sendo um dos dos melhores ataques da liga) e não defraudou as expectativas. A equipa de Quim Machado apresentou-se personalizada, com vários elementos a pressionar a 1.ª fase de construção do Porto, colocando frequentemente 5, 6 unidades nessa tarefa. A última linha estava maioritariamente perto do meio-campo, algo que foi facilitando o aproveitamento da profundidade por parte da equipa da casa (Na 2.ª parte assistimos a um jogo diferente, com o Porto a obrigar o Setúbal a ficar circunscrito ao seu meio campo). Aboubakar teve algumas chances na sequência desses momentos do jogo, acontecendo o mesmo com Tello (o Espanhol rende mais com espaço), ainda que não tivesse aproveitando para finalizar (o Camaronês teve algumas perdidas, não sendo de descartar o mérito de Raeder). A título individual, destaque para André Horta pela forma como conseguiu transportar a bola a partir de zonas delicadas e para Rúben Semedo, sempre concentrado a interceptar várias iniciativas de Aboubakar, sendo claramente a melhor unidade dos Sadinos (ficou numa posição de inferioridade numérica no 1.º golo do Porto).
27 Aug 19:32

Descobriram a pólvora! Receitas para vencer mais vezes!

by Dennis Bergkamp
Um estudo realizado no ultimo campeonato do mundo, trás informação interessante.

Pegaram nos dados estatísticos dos jogos, acessíveis a qualquer pessoa e foram ver a influência que cada categoria estatística teria na probabilidade de vencer, empatar, ou perder o jogo.

Chamaram a atenção para os jogos de margem mínima, dado que quando chegamos a meio de um jogo e uma equipa já está a ganhar por 3 ou por 4, é normal que o adversário "desista". Se o resultado estiver com diferenças mínimas até ao final, as duas equipas vão teoricamente continuar a tentar jogar no máximo das suas capacidades.

Em 24 categorias estatísticas estudadas, 9 mostraram efeitos positivos na probabilidade de ganhar ( Remate, Remate a Baliza, Remate proveniente de Contra Ataque, Remate de dentro da área, Posse de bola, Passe curto, Average passing streak ( é conseguir ter uma sequencia média alta, de passes consecutivos a cada posse de bola), Vantagem Aérea e Desarme); 4 mostraram ter efeitos claramente negativos na probabilidade de ganhar (Remate bloqueado, Cruzamento, Dribble e Cartão Vermelho);

Estes resultados vêm validar algumas ideias interessantes:


  • Rematar por rematar, sem estar em boas condições de ao menos acertar na baliza, é parvo
  • Cruzar, que deveria ser um passe para um colega que está em zona de finalização, não o é. Na maioria das vezes é um "meter lá a bola", e quando assim é, a "menina" é de todos. Quando é de todos, a probabilidade de ficar na nossa equipa é de 50% na melhor das hipóteses, sendo que se na área estiverem 2 avançados para 4 defesas, a probabilidade é muito menor de certeza absoluta. E é por isto que tem efeitos negativos na probabilidade de vencer.
  • Drible, apesar de ser vistoso, é uma situação de (normalmente) 1v1, mais uma vez vai aproximar a probabilidade de sucesso de 50%, o que é muito inferior a resolver essa situação com 2v1. Dai também não ajudar a vencer os jogos.
  • Cartão vermelho é óbvio.
Não é o jogar a Barcelona, ou o jogar a Bayern que ajuda a ganhar os jogos. O que ajuda a ganhar os jogos é aproximar todas as acções e decisões de altas probabilidades de sucesso.

  • Se posso rematar com tempo e espaço para olhar e desviar do guarda redes, é melhor do que rematar com 3 pessoas a frente e mais duas a puxar a camisola
  • Fazer passes curtos, é mais fácil e mais seguro do que passes longos. Passes longos são de difícil execução e de difícil recepção, aumentando assim a probabilidade de se perder a bola. Logo, apesar de poderem resolver alguns problemas... são de evitar. Passes curtos garantem que há sempre vários jogadores perto da bola, o que aumenta a probabilidade de a recuperar, se a perdermos.
  • Tabelar é melhor do que driblar. Porque resolver os problemas colectivamente é mais fácil do que individualmente.

As equipas que se baseiam nestas ideias, tendem a vencer mais vezes. Podem perder de vez em quando, mas vão vencer mais vezes do que as outras.

Rematar de longe, cruzar que nem um louco, pegar e fintar toda a gente, aqui e ali pode resolver um problema e ganhar um jogo, ou 2 ou 3, mas não vai chegar para a longo prazo vencer mais jogos.




11 Jul 09:30

Messi elevou o jogo para um patamar que não creio que possa ser batido - Perfeição absoluta!

by Roberto Baggio
13 Jun 18:20

12 dicas para estudantes em apuros [que querem ter sucesso]

by João Delicado

Se diante dos exames sentes ansiedade, sofrimento ou pânico, este texto é para ti. O que sentes é normal e já muitas pessoas viveram isso antes de ti. Por isso mesmo, há caminhos trilhados que te podem ajudar a superar as dificuldades. O que fiz foi reunir as minhas experiências de sucesso - de 12 anos de vida universitária e três licenciaturas concluídas - e estabelecer 12 dicas úteis para te ajudar neste tempo de aflição.


1. PÁRA E FOCA-TE

A primeira coisa a saber é: qual é a tua intenção? O que procuras com o estudo? Qualquer que seja a resposta, será essencial para servir de motivação para o que estás prestes a fazer. Sem motivação o que poderás dizer à preguiça? Repara que ela é tanto mais persistente quanto mais te mostrares condescendente com as suas insinuações. Tens de ser tu a fechar-lhe a porta e a dar-lhe uma razão válida para ir dar uma volta enquanto estudas.


2. ACEITA AS REGRAS DO JOGO

A coisa poderia ser feita de outra maneira, é verdade. Poderias não ter de decorar quinhentas mil coisas. Aliás, poderia nem sequer haver exames ou – quem sabe? - nem haver escolas e faculdades. Mas a realidade presente é o que é e talvez não seja agora o momento oportuno para pensar como revolucionar o acesso à vida profissional. Se tiveres ideias geniais ou ódios contra professores ou contra a faculdade ou contra o mundo, escreve num papel e guarda tudo numa gaveta. Não vais precisar de olhar para isso neste tempo.


3. ORGANIZA-TE

Organiza o bem mais precioso que tens - o teu tempo - e organiza o espaço em que irás passar esse tempo. Faz um calendário da época de exames, planeia o tempo que precisarás para cada desafio e prevê tempos de descanso; faz um horário de estudo adequado a ti e ao teu ritmo. Dá a conhecer esses propósitos às pessoas com quem partilhas o teu espaço e a tua vida, para que te ajudem a conseguir o que pretendes.


4. ATREVE-TE A ATRAVESSAR O DESERTO DO ‘OFFLINE’

Quando chegar a hora fatídica de te sentares frente a frente com os livros prepara-te porque o teu corpo vai reagir com violência e o teu cérebro vai disparar em criativas possibilidades de fuga: vais sentir frio, fome, calor, tremores, aversão, irritação com a luz, incómodo com cheiros; vais dar conta de todos os ruídos da vizinhança. 

Poderás sentir uma vontade repentina de limpar e arrumar tudo à tua volta “porque ninguém consegue estudar num quarto assim” e, afinal, não o arrumas mais ou menos desde a década passada. Talvez sintas até vontade de lavar roupa, ou louça, ou levar o cão a passear. Poderás sentir um desejo insaciável de sentir fome – repara, não é fome, é desejo de ter fome! – e vais dar por ti a ir até ao frigorífico (de meia em meia hora) ver se há alguma coisa que se coma. 

Sentirás também uma vontade irreprimível de confirmar as últimas notificações que recebeste no computador ou no telemóvel, porque não as vês há uma eternidade, ou seja há dez minutos! – elas vão parecer como bóias de salvação no mar de fotocópias em que estás prestes a afogar-te. Parecerá nessas alturas que a tua vida depende de um novo ‘post’, um novo ‘mail’ ou um novo ‘tweet’ – enfim, qualquer sinal de vida exterior publicado por alguém, algures no ciberespaço. 

Mas todas essas ‘necessidades’ são ilusão do teu corpo a reagir à catástrofe iminente de se confinar a umas horas de estudo. Se precisas de estudar, então estuda! Compromete-te com tempos verdadeiramente ‘offline’, longe de todas as distrações, antes que fiques ‘offlife’. Escolhe o espaço e a companhia, ou o isolamento, mas escolhe. Não te deixes levar pelo que é mais apetecível: escolhe o que ajudar mais ao propósito que tens.


5. RECORRE À MEMÓRIA BIOLÓGICA

Todos tendemos a estudar à bruta. Ou seja: passamos os olhos por palavras, linhas, parágrafos, páginas, livros completos como se fôssemos autênticos 'scanners' - e, embora haja pessoas com memórias prodigiosas - a verdade é que a maior parte de nós tem uma memória que precisa de ser manuseada com inteligência. Passar os olhos não é o mesmo que ler; ler não é o mesmo que apreender. Se ao fim de um tempo de estudo não fores capaz de repetir em voz alta alguma coisa do que leste, é sinal de que estiveste a praticar ‘wordsurfing’ (!): até pode ser entusiasmante a quantidade de texto percorrido, mas qual o fruto?

Dizem os especialistas que a memória permanece tanto mais viva quantas mais vezes recorremos a ela. Ou seja: não se trata de ler muitas vezes; trata-se de repetir mentalmente o conhecimento que adquirimos. Ora isso leva-nos ao princípio básico do estudo: a repetição. Sabe-se agora - graças aos estudos da neuro-plasticidade - que a repetição regular de um procedimento ou conhecimento leva ao estabelecimento de novas ligações neuronais. Por isso é que cansa estudar! Não admira: estamos a construir centenas de junções sinápticas que não existiam antes! :D

Basicamente a memória é biológica: ou seja, a memória é como um pedaço de relva que, primeiro, está intacto: pisado algumas vezes ainda permanece mais ou menos igual; passadas algumas vezes a relva começa a ficar marcada; a certa altura já se distingue uma linha; tempos depois passamos já por um caminho e ele torna-se tanto mais visível quantas as vezes que passemos por ali. Uma vez garantido esse caminho, facilmente podemos estabelecer outros, a partir dali. Também a memória funciona da mesma maneira.


6. USA A MEMÓRIA A CORES!

Esquece o preto-e-branco do “ou sei ou não sei...”. Lembra-te de que dispões de vários tipos de memória e tu tens algum tipo mais desenvolvido do que outros. Deves aprender a reforçar os conhecimentos cruzando os vários tipos de memória: a memória visual, que podes exercitar escrevendo, ou desenhando ‘mapas mentais’ ou esquemas; a memória auditiva, que podes exercitar dizendo ou cantando coisas em voz alta; a memória cinestésica que podes exercitar associando termos, noções ou definições ao movimento do corpo. E podes sempre fazer uso de todo o tipo de mnemónicas, associando ideias.


7. PRATICA O ‘FAIR PLAY’ ACADÉMICO

Quanto aos tradicionalmente chamados “auxiliares de memória” (‘aka’, cábulas), esquece: preserva a tua dignidade e faz jogo limpo: pratica a justiça que gostarias de ver no mundo; lembra-te do escândalo que sentes quando ouves falar de mais um caso de corrupção ou de fraude. 

Se quiseres faz cábulas como se as fosses usar no exame: elas ajudar-te-ão a resumir e a memorizar a matéria. Mas, depois, põe-nas de lado. Enquanto estiveres a fazer o exame estarás tranquilo e concentrado na tua tarefa. E no dia em que olhares para a pauta vais sentir a satisfação de ter um resultado que corresponde ao teu esforço (e não a uma mentira).


8. 'LUDIFICA' O ESTUDO

Porque é que o estudo há de ser sempre um suplício se pode chegar a ser divertido? Inspira-te nos jogos de cartas e de tabuleiro, arranja pontuações e testa-te na progressão com que vais assimilando os conteúdos. Combina conversas com colegas para simular a situação de exame ou simplesmente para conversar descontraidamente sobre os temas em questão. Ao verbalizar estarás a usar um tipo de memória precioso a que não acedes se estiveres sozinho; e ao ouvires outros estarás a aceder a recursos externos complementares aos teus.


9. USA A TÉCNICA DO ‘QUEIJO SUÍÇO’

De vez em quando, interrompe o estudo, afasta-te dos apontamentos e pega numa folha em branco: é a coisa mais parecida com a folha de exame que irás receber quando for mesmo a sério. Preenche a folha com os tópicos principais da matéria que estás a estudar e, depois, com tudo o que sabesrapidamente irás notar os buracos que tens nos teus conhecimentos - como o queijo suíço! ;) A memória ficará alerta e, desejoso de suprir essas deficiências, estarás pronto a voltar ao estudo com outra motivação. A próxima folha em branco será mais bem preenchida, e assim por diante, até ao dia do exame – altura em que já será pacífico ver uma folha em branco à tua frente, porque sabes que a irás preencher, sem problemas, de uma ponta à outra.


10. E SE FALHARES? E SE TUDO CORRER MAL? 

Não te esqueças: um exame é só um exame. A escola ou a faculdade é apenas uma instituição de ensino com os seus propósitos específicos e com as suas limitações: não está ali para avaliar a tua família, as tuas relações de amizade, os teus sonhos; não consegue alcançar toda a tua profundidade, a tua dedicação, a tua resiliência, a tua capacidade de sacrifício e auto-superação; muito menos o teu valor como pessoa. Portanto, põe tudo no seu devido lugar.

Em vez de seres assaltado pela ansiedade, pelo medo, enfrenta esses sentimentos e fala com eles: desafia-os a mostrarem-se: são medo de quê? Qual seria a pior coisa que te poderia acontecer? Em princípio não tens a vida em risco. Os que te amam vão continuar a gostar de ti como de costume. Talvez o mais difícil seja o teu orgulho, certo? Gostavas de provar o teu valor diante de ti mesmo, diante de outros, ser o melhor. Bom, mas isso são coisas do orgulho. Não te deixes enganar: na verdade, o pior que te pode acontecer se tudo correr mal, não é assim tão mau quanto os teus sentimentos te querem fazer crer.


11. RELAXA: NÃO HÁ MELHOR QUE DAR O TEU MELHOR

Relaxa. Na verdade, só tens que fazer uma coisa: concentra-te em dar o teu melhor. Há melhor coisa que dar o teu melhor? Não há! Não há melhor que dar o melhor. Daí para baixo seria preguiça ou distração. Daí para cima seria sonho ou projeção – não existe. Portanto é isso que tens de fazer: dar o teu melhor. Depois o resultado logo se vê.

Se estiveres nervoso ao começar o exame, lembra-te disto: mal o exame começa estás com classificação zero; ora isso significa que tudo o que faças daí para diante, será sempre a somar. Espetacular, não é?


12. A RESSACA E O REGRESSO À VIDA

Se te dedicaste a sério, é provável que tenhas esquecido que existe vida para lá dos exames. Quando voltares à realidade, ela parecer-te-á tão estranha como se tivesses permanecido num ‘bunker’ durante dias, sem contacto com o exterior. Os teus amigos parecerão alienígenas a falar uma língua estranha. E tudo isso é normal: um exame exige tanto de nós que facilmente chegamos a pensar que o mundo se confina a isso.

O segredo está em manter a ligação com a realidade: assim que possível, sai do teu metro quadrado, convive com outras pessoas, contempla a natureza, contacta com outros mundos. Chegarás sempre a esta sã conclusão: há muita vida para lá dos teus exames, para lá dos teus resultados. E se os exames têm uma razão de ser, a razão é mesmo essa: devolver-te à vida ainda melhor; um passo mais perto da tua melhor versão!


[Fotografia de Animal - New York]




> Para quem for especialmente dado à procrastinação, este amigo dá um empurrão.

25 May 18:47

Bracket

Diogo Morgado Conceição

Robin Williams / Robbie Williams
Henry Ford / Harry Ford
Ingmar Bergman / Ingrid Bergman

I'm staring at the "doctor" section, and I can't help but feel like I've forgotten someone.
04 Jan 11:34

December 20, 2014


07 Dec 17:22

FC Porto passeia em Coimbra antes do clássico; Entrada forte permite triunfo fácil dos dragões perante uma Académica que raramente atacou; Super Jackson fez um bis, Neves voltou à titularidade, Óliver brilhou no meio-campo

by Visão Desportiva
Académica 0-3 FC Porto (Jackson 13' e 24' e Herrera 47')

Tudo fácil para os dragões. Antes do clássico diante do Benfica, o FC Porto triunfou diante da Académica (3-0), numa vitória tranquila que deixa tudo na mesma na frente da classificação. Exibição personalizada dos dragões, com boa circulação de bola, pressão alta e com Jackson Martínez em grande (bis com um golaço indefensável). Contra uma das piores equipas deste campeonato (a formação de Paulo Sérgio quase nem atacou), os dragões controlaram facilmente a partida, apoiados por um meio-campo que geriu a bola de forma irrepreensível (Óliver em claro destaque a jogar no miolo).

Quanto à partida, os primeiros minutos foram de enorme pressão por parte dos dragões. Agressividade na recuperação de bola e circulação de bola permitiram chegar cedo ao golo, numa primeira parte fácil para os azuis. Jackson Martínez inaugurou o marcador aos 13', depois de ter visto um golo seu ser anulado por fora-de-jogo. Os estudantes perderam a bola em zona complicada e o colombiano, de pé esquerdo, bateu Lee. O domínio portista era claro e notório, sendo que o 2-0 não tardou muito a surgir. Jackson, nas imediações da grande área, atirou em arco na gaveta, num golaço que não deu hipóteses ao guardião da Académica. Na segunda metade do encontro, o FC Porto marcou novamente cedo. Herrera, aos 47', aproveitou um excelente passe de Tello e aumentou o marcador em Coimbra. Depois, a equipa de Lopetegui geriu o resultado da melhor forma, baixou um pouco o ritmo da partida e controlou jogo com bola.

Destaques:

Académica - Mais um jogo onde ficaram bastante visíveis as muitas fragilidades do conjunto de Paulo Sérgio. Um dos plantéis mais fracos deste campeonato e a contestação já é muita em Coimbra. Muita passividade numa primeira fase, com perdas de bola infantis e zero de capacidade ofensiva. A pressão do FC Porto foi muita, mas não houve sequer uma ataque digno de registo. Individualmente, Salli demonstrou uma banalidade tremenda (sem qualidade para estas andanças), sendo que Ofori também fez um jogo fraquíssimo. Rui Pedro e Fernando Alexandre foram os únicos que tentaram lutar, enquanto que não se percebe muito bem como Ivanildo, e até mesmo Rafael Lopes, começam o jogo no banco. Lee mostrou novamente muitas debilidades e Magique nada produziu.

FC Porto - Entrada forte dos dragões e uma vitória que começou a ficar definida muito cedo. Pressão alta dos elementos de Lopetegui, com excelente resposta à perda da bola e uma circulação de bola que não deu hipóteses à organização dos estudantes. Defensivamente, a equipa não teve trabalho rigorosamente nenhum, mas há que dar mérito a um meio-campo que controlou o jogo da melhor maneira. Individualmente, Jackson Martínez foi o herói da partida com um bis (o 2.º golo é um remate colocadíssimo), enquanto que Óliver fez um jogo muito bom (a jogar mais recuado, encantou com o seu controlo de bola e visão). Ruben Neves (não era titular desde Setembro, nomeadamente frente ao Sporting) fez uma boa partida (sereno e tranquilo na 1.ª fase de construção), sendo que Herrera marcou e terminou o jogo a lateral (Danilo saiu por precaução). Quaresma entrou bem na partida e Tello somou mais uma exibição interessante.
10 Oct 07:41

Raining Cat Pics and Docs

by Bill Amend

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07 Jun 09:11

LaserLeap Tecnhologies de Coimbra nomeada para Tech All Stars

by Notícias de Coimbra
Uma empresa tecnológica incubada no Instituto Pedro Nunes (IPN), em Coimbra, está entre as 12 melhores jovens “startups” da União Europeia (UE) selecionadas para participarem num concurso internacional, em Inglaterra,[...]
03 Jun 17:27

Tristeza vai embora

by FNV

Há muitos. O chucha, o zebra, o rosado do Fundão. Estamos  no tempo deles.
Estás com pressa? Pão de Rio Maior  numa tijela funda. Tomates gaspeados,  azeite fervido com alho ( pronto, microondas), meio deputado de vinagre, oregãos frescos, um ramo de poejo, uma colher de massa de pimentão. Dás-lhe uma troika mansa e um copo de água fria. Azeitonas de Campo maior em cima. Chama-se arjamolho, servi-o uma vez ao FJ Viegas,  um bom-de-boca, que não o conhecia.
Não tens pressa, porque cada dia é um a menos para o aneurisma?  Então agarra neles, tira-lhes as sementes, espeta-lhes  duas pedras  de sal por unidade  e seca-os ligeiramente em forno rotativo .  Desfia um peito de borrego marinado de véspera  em limão, alho  e alecrim ( não esqueças o Blanchot: o desejo é a distância tornada sensível). 
Recheia os tomates com os fiapos de borrego aconchegados de coentros ( poucos, para não terem ideias), canta-lhes azeite do alto e uma rodada de pimenta preta. Forno com a aliança, quinze minutos e mesa. Um justo Quinta de Pancas trina bem com eles.
01 Jun 11:31

O gato tem sete vidas. E quantos pés terá Seguro?

by Vasco Lobo Xavier

Seguro teve uma semana extraordinária. No domingo cantou desafinada e disparatadamente vitória e minutos depois os camaradas caíram sobre ele. Não tive pena porque era apenas mais uma demonstração do mundo irreal em que se fechou há três anos. Logo a seguir barricou-se nas trincheiras por si criadas para evitar assaltos ao poder, sem se ter apercebido que todos, com a comunicação social de Costa à cabeça, o iriam apelidar de cobarde por não querer discutir a liderança do partido. Agora, depois de apregoar que a apresentação de uma moção de censura ao governo era um frete do PCP à maioria, depois de posteriormente ter garantido que iria votar com o PCP, não obstante as imensas críticas que o texto da moção fazia ao próprio PS, depois ainda de ter colocado os seus deputados um dia inteiro a discutirem se votavam a favor ou contra, resolve não aparecer na Assembleia da República no dia da discussão por discordar da moção de censura. Também esta não quer discutir. São muitos tiros nos pés para uma semana só.

 

 

 

Adenda:

 

Segundo o Expresso, Seguro não foi ao debate por entender que o PCP inviabilizou o seu cara a cara com o Primeiro-Ministro. Amuou, portanto.

Isto já não são tiros nos pés, é mesmo naquela pobre cabecinha.

 

 

01 Jun 08:43

Mártir da Fé

by João Afonso Machado

Passaram já uns dias depois da notícia e nada! Nada que se leia nos jornais ou se veja na atitude das pessoas. Afinal, trata-se apenas de uma longínqua sudanesa, quase não gente, mãe de 27 anos, cujo enforcamento as autoridades da sua terra magnanimamente adiaram para poder aleitar a filhita. Dois anos, ainda assim, é muito tempo! A infeliz vai poder assistir ao crescimento da pequenina, vai poder criá-la, vê-la dar os primeiros passos, aprender as primeiras palavras... Vai poder afeiçoar-se por inteiro à filha, sofrer com as incógnitas do futuro, e depois aprontar-se ordeiramente ante os carrascos, ajeitar-se para a corda no pescoço e dizer finalmente adeus - à família e à vida.

Entretanto, não fosse ela esquecer o seu grave delito, marcou-se-lhe o corpo com 100 chicotadas, humanitariamente aplicadas após o parto...

E tudo porque desrespeitou a lei muçulmana ao casar com um não fiel desta santa religião à qual - ainda por cima! - renunciou, a atrevida. E recalcitrante - avisada da sua criminalidade, notificada com prazo para se abster de tão grave desobediência, manteve-a. Persistiu o erro, reafirmou a sua adesão ao cristianismo. Mereceu a morte e vive com os dias contados pelo tempo julgado necessário para cumprir as suas obrigações maternais. Há em tudo isto progresso, ninguém diga o contrário.

Se o caso é escandaloso? Não deve ser, a avaliar pelas reacções do mundo inteiro. Mesmo porque com o islamismo, o mais prudente é fazer vista grossa. Na esfera do Vaticano ou da ortodoxia israelita é que reside o sumo das situações indignantes.

Mas a verdade é tão-só esta: em pleno século XXI ainda há mártires à boa maneira da Roma dos Imperadores: gente que morre pela sua Fé. Apenas por isso. E a Fé - sobretudo a cristã - ainda e sempre incomoda imenso o longo rol de crenças, mormente as políticas.

 

30 May 06:31

Senta-aqui-enrosca-ali

by FNV

É uma emoção muito animal e muito humana. Quando observamos  ao vivo os bichos, ou lemos/vemos sobre os  costumes dos  que não podemos observar, notamos que o contacto físico  joga um papel  crucial. Às vezes há mal-entendidos. As pessoas julgam que o cão dá pata a pedir festinhas. Não:  o cão põe-nos a pata em cima, é um acto de dominação. O amável  sexo entre os pais ( ou terceiros) presenciado por uma criança pode parecer violento ( às vezes até é...).
Um tipo que gosta de uma rapariga e a namora, põe um bracinho por cima, dá-lhe mão, toca-lhe na face etc. Um tipo que quer violar uma mulher segue-a à saída do bar , agarra-lhe nos braços, empurra-a e puxa-lhe os cabelos ( encontram aqui velhos conhecidos como o Dunbar). O toque  humano ( com ou sem oxitocina) destina-se  a tranquilizar. Já sei o que estão a pensar: Então e o pedófilo velhaco que acaricia as crianças? Por estranho que pareça, a intenção é a mesma.
Mesmo em casas despassaradas,  com horários desencontrados e muita pressa, tem de haver tempo para um senta-aqui-enrosca-ali. Como dizia o Bioy  Casares, a intimidade é comentar o mundo. Por exemplo, um pedaço de telejornal tardio com as pernas dela em cima das nossas ou, no caso dos petizes, adormecer ao lado  deles a ouvir fofocas da escola.

25 May 21:46

Nós somos…outra coisa qualquer

by A Batalha

O Papa Francisco excomungou Martha Heizer, teóloga austríaca e figura de proa do badalado movimento de leigos Nós Somos Igreja (Wir sind Kirche). Heizer reagiu hoje de manhã para se confessar “chocada”. Mas é de crer que seja a única.

O movimento, espécie de versão tardia e germânica do nosso cisma da Granja do Têdo, vinha há muito realizando a delicada acrobacia de se reclamar verdadeira voz da Igreja enquanto colidia sistematicamente com a doutrina e o magistério da mesma num crescente cardápio de pontos caros à causa católica progressista. Adiciona-se a isto um gosto curioso por para-liturgias experimentais, que parecem ter sido o móbil concreto da pena aplicada neste caso: sabe-se, com efeito, que a excomunhão incide também sobre o marido de Heizer, e refere “missas” celebradas em modo free-lancer pelo casal sem presença de qualquer sacerdote. Estamos portanto num universo vizinho ao da célebre Maria Coroada, orquestradora de cerimoniais litúrgicos no feminino “before it was cool”. Como é refrescante saber que Portugal cavalgava a onda do progresso espiritual, a partir da remota Beira Interior da centúria de oitocentos.

A imprensa, que insuflou uma bolha mediática insustentável sobre a “novidade” do Papa Francisco, terá dificuldade em digerir a notícia. E para católicos progressistas a excomunhão será certamente escândalo e pedra de tropeço. Mas a verdade é que não há colisão alguma entre excomunhão e misericórdia. Ao longo da história da Igreja, esta medida, que normalmente nada mais faz que oficializar um “corte” já evidente de parte a parte, tem um valor terapêutico comprovado. Muitos teólogos que sofreram essa pena acabaram por se converter; foi recentemente o caso do mediático Pe. Tissa Balasuriya, que faleceu o ano passado tendo reconhecido “erros de perspectiva” nos seus escritos heterodoxos e regressado à comunhão com a Igreja. Para um crente, é fácil de ver que proporcionar este regresso é uma obra de caridade como poucas.

Acresce que o ímpeto no sentido das “periferias existenciais” vivido pela Igreja sob a exortação do Papa Francisco passa precisamente por um convite a abandonar o conformismo e a Igreja-do-bem-estar. Dificilmente encontrará o leitor maior mamute da instalação que esse passatempo de gente fina d’un certain âge a que se chama catolicismo liberal. As causas fracturantes de Heizer só o são numa coterie burguesa, no país onde as católicas de famílias “bem” se fazem ordenar pitonisas em barcos no Danúbio e a Igreja, com contas bancárias que humilhariam um príncipe-prelado do barroco, sofre uma trágica deriva relativista para assegurar competitividade no mercado sociológico, e assim manter os proventos do Kirchensteuer.

Entretanto, é de esperar que o passatempo lhe continue a render, visto que as esparsas reprimendas da Congregação para a Doutrina da Fé parecem fazer mais pela indústria livreira do catolicismo dissidente do que o selo do clube literário da Oprah.
Mas é certamente uma ironia do século constatar que os auto-nomeados reformistas da cristandade são esses cuja única causa parece ser o conformismo da Igreja aos apetites dum punhado de países ricos, aburguesados e decadentes. No fundo o que estão a pedir é uma Igreja europeia, para a classe média e baseada na economia de mercado, sob o imprimatur dum entendimento perfeitamente mercantil de consciência.

A pergunta que sobra é simplesmente uma, “porque demorou tanto?”
E, também, que nome vai escolher o movimento Nós Somos Igreja, agora que se começa a tornar claro para o público em geral que não são nada que se pareça.

22 May 12:43

Serenata Monumental

by A Batalha

Um murmúrio invade a cidade. O Mondego recorda os que passaram aos sons da melodia que, como manda a prezada tradição, ano após ano se repete no soberbo panorama da Sé Velha, cujas ameias e pórtico desafiam a dureza do inexorável tempo. A noite, amena por natureza e impregnada com vapores de uma fatal saudade que aparece e tortura antes da partida, promete uma sublime contemplação de tom nostálgico e sagrado.

Do Cabido ao Quebra-Costas o panorama é idêntico: um mar de gente ocupa o Largo, a maioria revestida de um austero negro rasgado com encantadores suspiros de branco, de teor clássico e académico. Tal como peregrinos perante uma relíquia, os estudantes apreciam a imensidão do Largo, aguardando impacientemente pela prometida serenata que sublima e enaltece o espírito. Celebram-se o nostálgico e saudoso momento de recordação do tempo já passado que não mais voltará, os convívios e os jantares, as noites e os amigos, as venturas e as fortunas, os males e as preocupações, a vida boémia e as tentações, os sonhos feitos e os desfeitos. A caótica multidão comprime-se, adensa-se, prensa-se. O alarido é constante, agravado pela impaciência aliada à expectativa. A serenata inicia-se. Os fiéis que a escutam apreciam as belíssimas notas suspensas na atmosfera que extasiam e se elevam na noite, desprendendo-se da real mortalidade, alcançando uma infinda sensação de plenitude – como se por momentos todos os tempos de maior felicidade fossem revividos com a mesma intensidade com que foram concretizados, culminando com uma amarga nota de solidão e saudade. O sabor dessas memórias ainda dança no céu, denunciado por um ligeiro travo melancólico e plangente. As vozes que se conjugam com as notas tiradas dos instrumentos revelam uma angústia perdidamente apaixonada. Cantam a alma e o coração. Emocionam-se os ouvintes, quer os mais novos que se estreiam e procuram um futuro imensamente feliz, quer os mais velhos que relembram a consagração amorosa que lhes invade a alma, lacrimejando ao som de baladas e cânticos belíssimos e infalíveis, que acordam um coração sentido e desperto. Paira uma triunfante ode aos grandes feitos e às maiores alegrias, um requiem pelas saudades e pelos tempos dourados, um solene momento que eleva e prende os olhos na imensidão da fresca tela da noite que se tinge de uma cascata de sensações despertadas pela música, tão incólume e sublime, tão pura e plena. Estabelece-se a memória de uma noite que define a cidade que prende e desfere fatais golpes de saudade, tão portuguesa palavra e nacional sentimento, que faz sofrer antes da infame partida, capaz das maiores tragédias e dos mais supremos amores, cidade de poetas, estudantes e memórias. Cantam com as lágrimas nos olhos, mas de vozes firmes e resolutas. A grande audiência está mergulhada e absorta, demasiado focada na música que tem a inexplicável faceta de acorrentar cada alma à saudosa contemplação. A última nota escapa morosamente do pórtico. Quebram-se almas, estilhaçam-se suspiros, observam-se olhares presos no imenso e escuro céu que outrora prendera a harmonia musical e que se mostra estranhamente vazio. Um momentâneo silêncio reina em Coimbra. Subsiste a saudade, um misto de desagradada felicidade, uma réstia de sensação profunda e intensa. Consagra-se e celebra-se a vida, o passado e a nostalgia que se prolongam, fazendo crer que foram revividos com a maior das naturalidades.
Desaparece o feitiço, o suspiro esvai-se em dor e saudade, combustado pela esperança e memória de tempos imensamente felizes que o coração erra em considerar alcançáveis, despertados pela magnífica serenata. Ao fundo, as águas do Mondego lamentando-se baixinho, reflectem uma cidade imersa numa nostálgica nuvem de almas.

21 May 06:36

Estou tão habituado a ser gay e católico, que já esqueci como isso soa tão estranho

by João Silveira
Já nem me lembro de que, para alguns, dizer "homossexual" é referir-se a uma raça diferente, ou até a um género diferente. Já nem me lembro de que alguns cristãos pensam que sou o tipo mais pervertido (mas um pervertido que têm de tratar cordialmente), e de que alguns laicistas pensam que sou o tipo mais hipócrita. Uns por eu sentir atracção por pessoas do mesmo sexo, e os outros por eu não praticar essa atracção.
É melhor lerem de novo a última parte.

Exacto: sinto atracção por homens. Não, eu não durmo com eles, pela mesma razão que montes de católicos não dormem com as pessoas com quem não estão casados. Acho que iam ficar espantados com a quantidade de vezes que as pessoas ouvem a primeira parte (ele é gay) mas não a segunda (ele é celibatário) – apesar da segunda parte ser a única que é da minha responsabilidade.

Certa vez escrevi todo um artigo sobre como é que é isto de ser celibatário e gay e católico, e sabem qual foi a primeira reacção que apareceu na caixa de comentários?"Arrepende-te!".

Não é que sejam assim todos os que descobrem que eu sou gay. Na maioria dos casos, as pessoas a quem disse – principalmente família e amigos – reagem com compaixão e até admiração. Tipicamente dizem "fico contente de que confies em mim ao ponto de me contares isso". Mas mesmo os mais compreensivos nem sempre compreendem o que é que eu estou a dizer, quanto mais não seja porque (ao contrário de mim) não gastaram os últimos 14 anos a descobrir, e também porque a frase"eu sou gay" não é uma frase simples.

Não me incomoda muito a palavra "gay", mas alguns de nós no espaço católico gay preferimos a expressão "atracção pelo mesmo sexo" (ingl. same sex attraction; abrev. SSA). Parece-me mais rigorosa que "gay" ou "queer" ou outras, porque dá a entender que a homossexualidade é qualquer coisa que eu tenho, mais do que qualquer coisa que eu sou. É assim que eu vejo as coisas. Por isso a ideia de cultura gay, direitos gay, casamento gay, e "tudo o mais" gay, é estranha para mim. Seria como falar da cultura "intolerância ao glúten", ou dos direitos "músicos".

Isso não quer dizer que eu não me identifique fortemente com aqueles aspectos do meu ser que é habitual serem associados à ideia de se ser "gay". Tenho sensibilidade musical, sou palavroso, sou intuitivo, tenho um forte sentido estético. Mas os homens com SSA não tem o monopólio dessas coisas, e o facto de eu ter essas características não significa que eu faça parte de uma cultura especial; significa apenas que eu sou eu próprio, e não sou outra pessoa.

Também não quero banalizar a experiência de ter SSA (atracção pelo mesmo sexo). O sexo não é tudo, mas, como qualquer pessoa que tenha disfunção sexual sabe, é muito. Juntem o aspecto sexual às outras coisas que homens e mulheres homossexuais frequentemente experimentam – depressão, baixa auto-estima, solidão, sensação (ainda que falsa) de ser totalmente diferente – e vão descobrir que é uma cruz pesada.

Experimentei fazer tratamentos em todas as áreas que referi, mas ninguém fica totalmente tratado neste lado de cá do céu. A solidão pode ser a pior parte: não a ausência de amigos, porque eu tenho amigos, mas o esforço de abrir caminho para viver numa sociedade que constantemente te está a dizer que o amor romântico é o único acesso para a verdadeira felicidade, e que o celibato (para não dizer a virgindade!) é uma espécie de transtorno psíquico.

Depois há a questão da amizade. Gosto de homens, e vou gostar sempre. Isso não é bizarro, não é estranho, nem sequer é gay. Mas não é tão simples como dizer "vê, mas não toques" – a castidade é uma questão do coração, da alma, das emoções, mas é também uma questão inguinal. O que é que fazes se o teu melhor amigo te excita? Como se aprende a amar outro homem sem o converter num ídolo?

Estas questões continuam presentes em mim mas já nenhuma delas é o centro das atenções. É preciso lutar, rezar e pedir conselho, oferecer eventuais quedas, e levar a nossa vida para a frente. Nenhuma das coisas que tenho de fazer é exclusiva de homens ou mulheres gay. Ser "hetero" não é garantia de ter uma sexualidade saudável, luminosa, integrada; apenas significa que o mesmo concerto musical belo e dramático é tocado numa clave diferente. Ninguém pode saltar fora deste barco.

Mas as coisas melhoram. Se há dez anos alguém me dissesse que a minha vida iria ser como é hoje os meus olhos teriam saltado das órbitas. Nunca imaginei que as coisas pudessem chegar a ser tão boas, que eu me tornaria tão confiante, que muitas vezes eu iria sorrir sem ter nenhuma razão especial.

Você deve estar agora a perguntar como é que eu consegui vir de lá até aqui. Não tenho uma resposta rápida. Foi preciso muita oração e muito trabalho, e o amor e a paciência de irmãos, irmãs, conselheiros, e amigos. Se quer um bom ponto para começar – para si ou para alguém que conheça, ou simplesmente porque quer compreender tudo isto um pouco melhor, eu recomendo fazer uma visita a People Can Change e Courage. Sugiro conseguir um exemplar de Fr. Harvey The Homosexual Person e do livro de Alan Medinger Growth Into Manhood.  Também pode tentar a obra de Melinda Selmys Sexual Authenticity e a de Wesley Hill Washed and Waiting.  E obviamente também há o meu blog.

Mas o mais importante deve ser mesmo isto: é possível, mas sozinho não é possível – e a Igreja pode ser a melhor aliada. Talvez ainda não compreenda porque é que a Igreja ensina o que ensina; mas não desista de a ouvir. Talvez ainda não sinta o amor de Jesus na Missa; então vá mais vezes, não menos vezes. Talvez tenha ido a um padre que não percebeu, então encontre um que perceba.

Acima de tudo, não aceite respostas fáceis, nem da direita nem da esquerda. O caminho mais rápido raramente é o mais correcto, e o chegar pelo mais longo faz a viagem valer a pena.
Joseph Preve in "The Truth About Same Sex Attraction." Catholic Exchange(February 14, 2014)
20 May 20:12

Dia de exame

by João Miguel Tavares

Hoje é um dia muito importante para a Carolina: a esta hora, ela está a fazer o primeiro grande exame académico da sua carreira - a prova de aferição de Português do 4.º ano. Na próxima quarta-feira será a vez da prova de Matemática.

 

Eu sempre fui a favor deste tipo de exames. O final do ensino básico é uma altura muito importante na vida deles, e acho muito bem que os seus conhecimentos sejam avaliados. Mas há um "mas", que tem mais a ver com os adultos do que com as crianças. Acho óptimo que os miúdos sejam examinados; acho péssimo, estando a falar de putos com 10 anos de idade, que os pais e os professores coloquem em cima dos seus ombros uma pressão excessiva.

 

Ou seja, acredito que as crianças estão preparadas para fazerem testes e devem fazê-los - afinal, elas levam com provas de avaliação ao longo de toda a escolaridade. Mas tenho dúvidas acerca da sua preparação para lidar com pais stressados e professores de escolas demasiado competitivas, que interrompem as lições curriculares com um mês de antecedência só para preparar as crianças para os exames.

 

Como ninguém quer fazer má figura - e como a avaliação da performance das escolas é um critério cada vez mais relevante para pais e ministério da Educação -, tenho a sensação de que nalgumas escolas e em algumas famílias a pressão pela performance de excelência possa ser contraproducente. O Público trazia ontem um belo trabalho sobre o tema, onde se alertava para os perigos da transformação das escolas em "centros de treino" para exames.

 

Sei do que falo. A coisa, antes de começar a enervar os filhos começa a enervar os pais, e já tive algumas discussões com a excelentíssima esposa sobre o tema, onde me vejo no triste papel de molengas doméstico - logo eu, que sou adepto de uma educação austera e expurgada de mariquices.

 

A minha posição sobre o estudo caseiro acompanhado já foi exposta aqui e aqui, mas quando os exames apertam há certas filosofias mais difíceis de pôr em prática, sobretudo porque a Teresa insiste em que eles trabalhem mais em casa e combatam as suas dificuldades - até porque há sempre novas dificuldades que vão surgindo, à medida que as matérias se complexificam.

 

Mas eu mantenho-me na minha enquanto eles tiverem boas notas - estudar é, em primeiro lugar, responsabilidade deles, não dos pais. No mundo perfeito, e a partir da idade da Carolina (aos seis ou sete anos eles ainda são muito pequenos e falta-lhes sentido de responsabilidade), os pais só deveriam intervir a pedido dos próprios. Género: "Papá, há aqui uma matéria que não percebo. Importas-te de me explicar?"

 

A verdade - se calhar sou eu que sou ingénuo - é que acho que a Carolina faz isso. Ela em casa parece às vezes um pouco baldas, mas não acredito que seja assim na escola - é demasiado competitiva, e tem demasiado prazer em ser a melhor, para que se deixe levar pelo desinteresse académico. Além de que teve cinco a Português e a Matemárica no segundo período - ou seja, provou a sua competência e deu mostras de merecer a minha confiança.

 

E tendo ela provado até ao momento ser uma óptima aluna, eu entendo não ter o direito de lhe impor três ou quatro horas de estudo num fim-de-semana sobre matérias que ela diz dominar - e, sobretudo, depois de andar a fazer essa mesma preparação durante cinco dias por semana na escola.

 

A Teresa, claro, é mais desconfiada, e quer ver com os seus próprios olhos - via testes e trabalho a sério - essa competência. E, portanto, acusa-me de, com a minha atitude "ela é que sabe e não a chateies excessivamente", estar a demitir-me das minhas responsabilidades e a fazer o joguinho da minha filha mais velha. E como a Carolina escuta certas conversas atrás das portas, já percebeu a existência dessas divergências e, esperta que nem um cuco, utiliza-as nas suas actividadezinhas de manipulação parental.

 

Mas lá está: visto a uma certa distância, ou seja, visto daqui mesmo, frente a um ecrã de computador que me ajuda a pensar, eu mantenho-me fiel à minha filosofia da autonomia e da responsabilidade. Enquanto a Carolina provar e cumprir, ela tem direito a definir os seus métodos de trabalho e de estudo. Até porque tenho, de facto, imenso medo em pressionar demasiado miúdos desta idade - facilmente transferimos para eles os nosso nervos e, depois, estão uma pilha na hora de fazer o exame.

 

Ainda há pouco, só de estar a entrar numa escola nova onde não conhecia a sala e não via os colegas, parecia uma barata tonta. Em vez de perguntar calmamente a uma auxiliar onde deveria dirgir-se, desceu a correr as escadas da escola para me vir apanhar à porta de entrada (os pais não podiam entrar na escola), para eu a ajudar. Lá tive eu de explicar ao senhor da porta que tinha mesmo de me deixar subir, porque ela estava já toda tremeliquenta e à beira da choraminguice. Ele deixou - e é por isso que gosto tanto de Portugal.

 

A Carolina sempre teve a enorme qualidade não se enervar, de ser super-optimista, de achar que é capaz de tudo e um par de botas na hora de ser avaliada. Isso são enormes virtudes quando se entra numa sala de exame, e saber na ponta da língua a diferença entre determinantes possessivos e determinantes demonstrativos não compensa a perda da sua postura zen.

 

Claro que uma coisa não impede necessariamente a outra, mas no caso da Carolina prefiro não arriscar. E se eu sempre lhe disse "confio em ti desde que tenhas boas notas" não vou mudar de filosofia só porque se aproxima a GRANDE PROVA DE AFERIÇÃO. Eu sou totalmente pela exigência, não desculpo más notas, acho que estudar é o trabalho deles e o devem levar muito a sério. Mas também não exageremos, caraças. São putos de dez anos. Estão na quarta classe, por amor de Deus. Querer transformá-los já em mini-adultos à beira de entrar na universidade é uma homérica palermice.

 

E sabem porque é que, no fundo, no fundo, essa homérica palermice acontece? Porque hoje em dia damos demasiada atenção aos nossos filhos. Essa é que é essa. Se às vezes pensássemos mais em nós e menos neles, tudo seria muito menos complicado. Infelizmente, estamos tão habituados a que os filhinhos sejam o centro das nossas vidas, que às tantas já não conseguimos fugir à força da sua gravidade e deixar de orbitar em seu redor.

 

18 May 11:21

A primeira mulher matemática do mundo foi... uma freira Católica

by Nuno CB

O Google Doodle de ontem parecia mais uma daquelas comemorações que ninguém conhece. Celebrou-se ontem o 296º aniversário de Maria Gaetana Agnesi. Sim, em princípio é mesmo desconhecida, mas esta é uma personagem que vale muito a pena conhecer.

Diz a Wikipedia (inglesa) que "Maria Gaetana Agnesi (1718 – 1799) foi uma matemática e filósofa italiana. Ela é conhecida por ter escrito o primeiro livro sobre cálculo diferencial e integral e foi membra honorária da Universidade de Bolonha."

Na verdade, Maria Gaetana Agnesi falava grego fluentemente com 11 anos e aos 13 anos de idade já dominava o hebreu, francês, espanhol, alemão e latim.

Com 14 anos estudava a fundo a dinâmica dos projécteis e geometria avançada. Aos 15 anos o seu pai, que era professor de Matemática na Universidade de Bolonha (a primeira universidade do mundo), reunia em casa os maiores intelectuais de Bolonha do século XVIII para ouvirem Maria Agnesi defender teses de filosofia, e eram mais de 190 as teses que ela argumentava.

Começamos a ver que Maria Gaetana Agnesi era uma espécie de Mozart da intelectualidade. Além disso, ela era conhecida por ser uma mulher muito bonita.

O mais interessante é que, apesar de toda esta cultura intelectual e vida social, Maria Agnesi, uma mulher de grande oração, queria era mudar a sua vida e entregá-la toda a Deus. No entanto, o pai não a deixou seguir uma vida religiosa, obrigando-a a estudar matemática. Ela obedeceu mas passou a levar uma vida de grande recolhimento, onde além de rezar também estudava muita matemática e chegou mesmo a dar aulas.

Os frutos não ficaram para trás: como vimos, escreveu o primeiro livro onde se junta o cálculo diferencial ao cálculo integral e foi a segunda mulher do mundo a ter uma cátedra universitária (a primeira foi Laura Bassi, em Física).

Ou seja, Maria Gaetana Agnesi foi a primeira mulher do mundo a ter uma cátedra universitária em matemática.

O mais estranho é que o seu nome raramente é usado quando se fala do papel da mulher na ciência e na sociedade. Porquê? Bem, porque quando o pai de Maria Agnesi morreu, a sua vida finalmente mudou.

Continua a Wikipedia a explicar que ela "dedicou as últimas quatro décadas da sua vida a estudar teologia (especialmente patrística) e a trabalhos de caridade e ao serviço dos pobres. Isto extendia-se a ajudar os doentes, permitindo-lhes que entrassem em sua casa, onde ela construiu um hospital.[1]"

É melhor dizer isto de uma maneira mais simples: durante os últimos 40 anos da sua vida, Maria Agnesi dedicou-se a estudar a teologia dos Padres da Igreja (Sto. Agostinho, S. João Crisóstomo, etc...) e a servir os pobres, isto é, Maria Gaetana Agnesi tornou-se uma freira Católica.

E dizer que construiu um hospital em casa é uma forma subtil de dizer que, na verdade, ela fundou uma congregação de irmãs religiosas. Em 1738 fundou a Opera Pia Trivulzio, uma casa para os idosos de Milão, onde vivia com as irmãs da instituição [2].

O nome de Maria Gaetana Agnesi continua a dar que falar na História da Ciência moderna. Em 2001, um historiador do Institute for the History and Philosophy of  Science and Technology da Universidade de Toronto, Canadá, publicou pela University of Chicago Press um artigo chamado "Maria Gaetana Agnesi: Mathematics and the Making of the Catholic Enlightenment" com o seguinte Resumo/Abstract:

Maria Gaetana Agnesi (1718-1799) é conhecida como a autora do livro sobre cálculo que apareceu em Milão em 1748. Pela primeira vez uma mulher foi capaz de se estabelecer como uma matemática legítima e publicar o seu trabalho. Este estudo reconstrói a cultura científica e religiosa em que o livro apareceu e considera os aspectos menos conhecidos da vida e do pensamento de Agnesi. Defende que Agnesi foi um expoente principal do "Iluminismo Católico" em Itália e que a sua prática espiritual, actividade piedosa e ideias pedagógicas inovadoras influenciaram profundamente a sua abordagem à matemática. O estudo sugere que a cultura reformista do Iluminismo Católico providenciou as condições que permitiram umas poucas mulheres com talento aceder a forma privilegiadas de conhecimento e de vida social; pode ser um factor que explica a presença pouco comum de mulheres instruídas nas instituições científicas de Itália durante os inícios do século dezoito.

O artigo pode ser encontrado online aqui.

O caso de Maria Gaetana Agnesi é um dos muitos casos que mostra que não há nenhum conflito entre Fé e Ciência.

Nuno Castel-Branco

[1] Alic, Margaret (1986). Hypatia's Heritage. 124 Shoreditch High Street: The Women's Press. p. 138. ISBN 0-7043-3954-4.
[2] Ogilvie, Marilyn Bailey (1986). Women in science: antiquity through the nineteenth century: a biographical dictionary with annotated bibliography (3. print. ed.). Cambridge, Mass.: MIT Press. ISBN 0-262-15031-X.
13 May 13:03

Hierarquia numa lição única

by José Mendonça da Cruz
12 May 23:30

Train

Trains rotate the Earth around various axes while elevators shift its position in space.
12 May 16:52

Um post só para gajos sobre gajas boas, onde se fala da nudez de Scarlett Johansson (mas também de monogamia)

by João Miguel Tavares

Hoje estreia-se em Portugal o novo filme de Jonathan Glazer, chamado Debaixo da Pele. É um momento alto para todos os gajos que gostam de cinema, pela razão mais profundamente cinéfila de todas: é a primeira vez que Scarlett Johansson aparece nua (tirando aquelas fotos sacadas do seu telemóvel que andaram a circular pela net).

 

 

Não podem imaginar a quantidade de anos que os cinéfilos aguardaram por este momento. Afinal, a Scarlett é a Scarlett, e não havia ninguém, desde os tempos do cinema clássico americano e do código Hays, a fazer tantos papéis insinuantes e sedutores que tirasse tão poucas vezes a roupa. Vai daí, algumas imagens do filme de Glazer (adivinhem quais) começaram, ainda antes de o filme ter estreado, a aparecer em sites de... eeerh.... jornais respeitáveis, que são obviamente os únicos que eu frequento, como, por exemplo, o Jornal do Brasil.

 

Ora, já devidamente documentado sobre o conteúdo do filme, estava eu a conversar com um amigo sobre o tema em apreço quando ele, para meu grande espanto, se mostrou profundamente desiludido com o que viu. "Tantos anos à espera disto e, afinal, ela tem um corpo perfeitamente banal." Já não me recordo se ele disse "banal" ou "normal". "Mais valia não se ter despido", acrescentou.

 

 

 

Poderíamos discutir aqui que o verdadeiro voyeur - como o é qualquer bom cinéfilo, diria eu (já referi de passagem esse tema neste meu post sobre as cortinas) - é movido pelo desejo simplesmente de ver e não necessariamente de gostar do que vê, mas isso seria longa conversa, que fica para outro dia.

 

O que me interessa aqui é recusar essa ideia de que o "banal" (ou o "normal") é desprovido de graça e, como tal, é preferível ficar escondido, camuflado, porque o cinema é território exclusivo do 86-60-86. No meu caso particular, isso não poderia estar mais longe da verdade. Nada, ou quase nada, tem mais graça do que a girl next door; e nada, ou quase nada, é tão erótico quanto o poder da transformação de uma mulher. Ou seja, a questão não está naquilo que ela é, mas naquilo em que ela se pode tornar - e quanto mais se consegue alargar essa distância, maior é a força do glamour e o poder de sedução. 

 

O que para mim é realmente fascinante - deve ser por isso que sou tão dado à monogamia - é ver esse poder de transformação numa mesma mulher; a capacidade de se multiplicar a si própria. Eu odeio o modelo Barbie, porque a Barbie é sempre a Barbie, mesmo que mude de roupa. A Scarlett tem muitas Scarletts dentro de si (o sacana do Hitchcock, talvez o maior badalhoco da história do cinema - no bom sentido da palavra -, topou tudo isto há muito, porque a minha argumentação, não sei se notaram, começou na Janela Indiscreta e agora está no Vertigo).

 

Eu reparei pela primeira vez a sério na Scarlett Johansson num filme de 2001 chamado Ghost World, excelente adaptação pelo Terry Zwigoff de um livro de BD que eu adoro, do Daniel Clowes. E o seu papel no filme estava muito longe de ser sedutor. Era, sobretudo, uma adolescente complicada. Scarlett, a verdadeira, tinha na altura 17 anos.

 

 

Não é que estejamos perante uma rapariga feia. Ela sempre foi bonita. Mas estamos, precisamente, perante uma rapariga normal, como pode ser comprovado por algumas das suas fotos antigas:

 

 

 Passar daquilo que podemos ver em cima para aquilo que podemos ver em baixo...

 

 

 

é passar do normal para o extraordinário. E essa passagem é uma construção, como é óbvio.

 

Ainda recentemente, no número de Março da Vanity Fair, dedicado, como habitualmente, a Hollywood, o fotógrafo Chuck Close fez vários retratos de estrelas do cinema e da televisão, supostamente sem maquilhagem (digo "supostamente" porque acho que não é verdade que todos eles estejam sem maquilhagem, e porque, de qualquer forma, a iluminação é a melhor maquilhagem que um actor ou uma actriz podem ter, e essa está bem presente). Scarlett Johansson estava no grupo dos fotografados, tal como Kate Winslet:

 

 

E lá está, voltam as pessoas normais, as girl ou women next door (Winslet, aliás, sempre foi para mim um extraordinário exemplo de enorme sedução dentro da absoluta normalidade física). E para o caso de, afinal, sempre haver para aí uma senhora a ler este post, tomem lá o Brad Pitt de borla, nessa mesma sessão:

 

 

Visto realmente de perto, e mais ou menos descomposto, ninguém é assim tão bonito. E os anos notam-se bastante mais.

 

O que o meu amigo me diz, quando finalmente vê a Scarlett nua, é que a tal construção não corresponde à realidade. E que, assim sendo, prefere ver só a construção, e dispensa bem a exibição de um corpo normal. Eu não posso estar mais em desacordo. A distância que vai da mais despida realidade àquilo que se costuma ver nas fotos produzidas ou nos seus filmes desperta em mim um outro tipo de entusiasmo - não o da perfeição, como é óbvio, mas o da metamorfose; essa capacidade que qualquer ser humano tem em parecer outro, continuando a ser o mesmo.

 

Porque é que isso é tão importante para mim? Voltamos à monogamia: quando se ama alguém é possível que o outro nos vá aparecendo renovado. Eis uma pergunta recorrente de solteiros e divorciados: como manter o erotismo aceso em relações que se prolongam tanto no tempo e onde os corpos já parecem ter sido tão explorados? Resposta (minha): porque há, de facto, um poder de transformação feminino capaz de nos acelerar a circulação hormonal com gestos muito simples. Pode ser uma nova maquilhagem, uma nova saia, uns novos óculos, um novo corte de cabelo, ou simplesmente um novo pijama. Sim, um pijama, que até pode ser de flanela, ter malmequeres e ser altamente foleiro - só que é novo, é inesperado, é surpreendente e, por isso, naquele momento, é bom.

 

Quando o meu amigo vê a Scarlett nua, fica muito triste por ela não ser tão bonita quanto imaginava. Mas nenhum de nós vai dormir com a Scarlett Johansson. Por isso, quando a vejo nua e ela não é tão perfeita quanto eu a imaginava, fico contentíssimo: significa que uma alta percentagem da Scarlett é produção, e não natureza. E isso é óptimo, porque quanto à natureza não podemos fazer nada, mas quanto à produção podemos fazer alguma coisa. Nua, a Scarlett aproxima-se de nós e nós dela, e compreendemos, de alguma forma, que os nossos objectos de desejo não são tão longínquos quanto pensávamos. E isso é bom.

 

Pronto, era só isto que eu queria dizer. E posso garantir-vos que esta é a argumentação mais rebuscada que alguma vez produzi só para justificar o prazer de ver uma gaja nua.

  

12 May 16:45

Carta de um Diabo ao seu Aprendiz

by João Silveira
[Nota introdutória: Esta carta foi transcrita do livro "Vorazmente teu" (The Screwtape Letters), de C.S. Lewis. Trata-se duma troca de correspondência entre o experiente diabo, Escritorpe, e o seu sobrinho Absintox. Lewis dá-nos uma aula de como são as armadilhas e artimanhas e utilizadas pelo diabo para nos confundir]

Querido Absintox,

Espero que a minha última carta te tenha convencido de que a tribulação, o ponto baixo de "aridez" e embotamento que o teu paciente enfrenta no momento, não irá, por si só, dar-te a sua alma, mas sim que é algo que precisa ser devidamente explorado. A seguir discorrerei sobre como explorar essa fase.

Em primeiro lugar, sempre fui da opinião de que os períodos de baixa da ondulação humana nos dão uma excelente oportunidade para todas as tentações de cunho sensual, principalmente as do sexo. Talvez isso seja uma surpresa para ti, porque, afinal de contas, é nas fases de pico que existe mais energia física e, portanto, mais apetite em potencial; mas tens que te lembrar que o poder da resistência também está no seu nível máximo. A saúde e a disposição que queres usar para produzir a luxúria também podem — ai de nós — ser facilmente usadas para a labuta, a diversão, o pensamento ou a alegria inócua. 

O ataque será mais bem-sucedido quando todo o mundo interior de um homem estiver frio, vazio, triste. Também é importante notar que a sexualidade nas fases de baixa difere subtilmente em qualidade da sexualidade nas fases de pico — está bem menos propensa àquele fenómeno insípido que os humanos chamam "apaixonar-se", mais propensa a ser atraída para as perversões e bem menos contaminada por aqueles acrescentos generosos, cheios de imaginação e até mesmo espirituais, que geralmente fazem com que a sexualidade humana seja tão decepcionante.

O mesmo acontece com os outros prazeres da carne. Terás mais probabilidade de tornar o teu homem um legítimo alcoólatra se lhe empurrares a bebida como solução para sua apatia e exaustão do que ao encorajá-lo a usar a bebida como forma de diversão entre amigos quando ele estiver feliz e expansivo. Nunca te esqueças que quando lidamos com qualquer prazer, na sua forma normal e gratificante, estamos, de certo modo, no campo do Inimigo. Eu sei que já ganhámos várias almas através do prazer. Ainda assim, o prazer é invenção d'Ele, não nossa. Ele concebeu os prazeres. A nossa pesquisa, até o momento, não permitiu que produzíssemos nem sequer um deles. 

Tudo o que podemos fazer é encorajar os humanos a abordar os prazeres que o nosso Inimigo criou e usá-los de certas formas, ou em certos momentos, ou em certo grau que Ele tenha proibido. Sempre tentamos, portanto, trabalhar longe das condições naturais de qualquer prazer, e sim naquelas em que ele é menos natural, em que menos sugira seu Criador, e menos gratificante. A fórmula, portanto, resume-se a uma ânsia cada vez maior por um prazer cada vez menor. É mais seguro e é mais elegante. Possuir a alma de um homem e não lhe dar nada em troca — é isso o que realmente alegra o coração do nosso pai. E as fases de baixa são a época em que devemos dar início a esse processo.

Mas existe um método ainda melhor para explorar os momentos de baixa, que é através dos próprios pensamentos do paciente sobre eles. Como sempre, o primeiro passo é afastá-lo do conhecimento. Não o deixes sequer suspeitar da existência da lei da ondulação. Deixa-o pensar que seria natural que o entusiasmo inicial da sua conversão durasse e que deveria ter durado para sempre, e que o seu actual estado de aridez é um estado igualmente permanente. Uma vez que essa crença errada estiver bem arraigada dentro dele, poderás avançar de diversas maneiras. 

Tudo dependerá do seu homem ser do tipo fácil de desencorajar, aquele que pode ser tentado a cair em desespero, ou de ser do tipo adepto do auto-engano, aquele que pode ser levado a acreditar que está tudo bem. É cada vez mais raro o primeiro tipo entre os humanos. Se o teu paciente for desse tipo, tudo será mais fácil. Deverás apenas afastá-lo da influência dos Cristãos mais experientes (o que é fácil de conseguir nos dias de hoje), voltar s sua atenção para as passagens apropriadas nas Escrituras e guiá-lo para que fique totalmente determinado a recobrar os seus sentimentos anteriores através da pura força de vontade. Se fizeres isso, ele será nosso. 

Se ele for do tipo mais esperançoso, o teu trabalho consistirá em fazê-lo resignar-se à actual frieza de sua alma e gradualmente contentar-se com ela, tentando convencer-se de que, afinal de contas, ela não está tão fria assim. Dentro de uma ou duas semanas, ele ficará em dúvida se os primeiros dias do seu Cristianismo não foram talvez um tanto exagerados. Converse com ele sobre "moderação em todas as coisas". Se conseguires fazê-lo chegar ao ponto de pensar que "a religião é benéfica só até certa medida", poderás então soltar fogos de artifício, pois a alma dele estará prestes a ser tua. Uma religião moderada é tão proveitosa para nós quanto religião nenhuma - e ainda mais divertida.

Existe também a possibilidade de atacar a sua fé directamente. Quando conseguires fazê-lo imaginar que o período de baixa é permanente, será que não poderias também persuadi-lo que a "sua fase religiosa" irá acabar, como todas as suas fases anteriores? É claro que não existe um modo concebível de ir, através da lógica, da afirmação "Estou gradualmente a perder o interesse por este assunto" até a afirmação "Tudo isso é falso". Mas, como eu disse anteriormente, deves contar com o jargão, não com a razão. A simples palavra "fase" certamente fará magia. 

Suponho que a criatura já tenha passado por várias fases antes — todos eles passam — e que se sinta superior a todas as fases más das quais conseguiu sair; não porque as tenha realmente avaliado, mas apenas porque estão no passado. (Imagino que o alimentes sempre com ideias nebulosas sobre Progresso, Desenvolvimento e o Ponto de Vista Histórico, e que lhe dás muitas biografias modernas para ler, não é? Nesses livros, todas as pessoas estão sempre a sair de fases, não é mesmo?)

Percebeste a ideia? Distrai a atenção dele da simples antítese entre Verdadeiro e Falso. Põe na sua mente algumas expressões bem vagas - "foi só uma fase", "já passei por isso" — e nunca se esqueça desta bendita palavra: "adolescente".

Afectuosamente, o teu tio,

Escritorpe