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04 Jan 02:18

Afinidades

by Juliana Cunha

Vatapá > Caruru > Cuscuz de tapioca > Mungunzá > Abará > Acarajé

Dois de Julho > Mudança do Garcia > Sete de Setembro > São João

Porto da Barra > Buracão > Itapuã > Flamengo > Stella Maris

Grão de Arroz > A Saúde na Panela > Paraíso Tropical > Yemanjá > Aogobom > Ramma > Health Valley

João Gilberto > Caetano > Novos Baianos > Gal > Gil > Bethânia > Tom Zé

Gregório de Matos > Castro Alves > João Ubaldo Ribeiro > Jorge Amado

Mendonça Filho > Presciliano Silva > Alberto Valença

Cubana > Ribeira > Perini

Faculdade de Música > São Lázaro > Dança > Belas Artes > Arquitetura

Barra > Iguatemi

Gabinete Português de Leitura > Barris > São Lázaro > João Fernandes da Cunha

Museu da Cidade > MAM > Museu de Arte Sacra > Casa do Benin > Carlos Costa Pinto

Rosário dos Pretos > Conceição da Praia > Ordem Terceira de São Francisco

Largo Dois de Julho > Largo dos Aflitos > Campo Grande > Santo Antônio Além do Carmo > Barris > Vitória > Barra > Graça > Pelourinho

Museu Geológico > Glauber Rocha > UFBA > Cine Vivo

Olívia Santana > Alice Portugal > Lídice da Mata

Capão > Lençóis > Mucugê > Ilhéus > Jacobina > Arembepe

Rio Vermelho > Solar do Unhão > Tororó

Dinha > Cira > Regina

Contorno > Farol da Barra > Ribeira > Itapuã > Dique do Tororó > Bambuzal do aeroporto

Ilê Axé Opô Afonjá > Gantois > Alaketu

Receba a galinha pulando > Olhe você, errada > Feche a cara > Bichinho

16 Nov 14:37

Faz cinco anos que é 2014

by Juliana Cunha

Faz cinco anos que é 2014. Dois mil e treze passou em seis meses. Lembro de 2007, um ano de fim de semana. Meus pais se separaram num ano que foi só um São João. Minha adolescência se passou no limbo entre a recuperação de matemática e a volta às aulas. Estava indo para a cama sempre às onze, lavando o quintal às oito e meia com o volume morto dos dias. Não tinha dado dez da manhã e eu já havia passeado com o cachorro, feito aipim para o café, varrido as folhas da frente de casa e do coreto da vila. Um dia, fui deitar às quatro da manhã e ficou sendo assim por algum tempo. Comecei a recuar, passei para as três, duas, estagnei um pouco na meia-noite. Agora vou dormir às seis. Seis da tarde encerram-se os trabalhos, exceto pelo fato de que não se encerram nunca. Vou para a cama e ouço correntes arrastando, barulhos de teclado. Em algum lugar, o trabalho continua.

Um dia minha família vai abrir o jornal e encontrar a notícia: “Após avalanche de prazos estourados, tradutora morre soterrada em casa”. Nos escombros, LPs da Sharon Van Etten, mensagens ignoradas e blocos de nota com contas infantis em que a falecida superestimava sua capacidade de trabalho e demonstrava pouco conhecimento sobre o número de horas contidas em um dia. Minha mãe e irmã estão em posse das senhas do banco, e-mails e redes sociais. Podem dar uma olhada antes de decidir a intensidade do luto. Deixo os quadros para o Alex, livros para os amigos, discos para o Francisco, que detesta todos eles.

Talvez sejam horas de baixar a fasquia, de baixar as fasquias e persianas e esperar que algo aconteça dentro.

25 Oct 14:08

Quem venceu o último debate?

by Miguel do Rosário

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É quase impossível analisar objetivamente o último debate realizado na Globo.

As opiniões já estão formadas, poluindo qualquer resquício de neutralidade. E o problema nem sempre é que davamos vitória automática ao candidato que apoiamos. Às vezes a ansiedade nos deixa críticos demais inclusive com estes.

O eleitor comum costuma ser mais complexo do que se imagina. Frequentemente, o que o atrai não é o candidato autoconfiante e inabalável.

Ontem, no debate da Globo, por exemplo, os eleitores “indecisos” convocados tremiam horrivelmente diante das câmeras.

Não estão acostumados à violência da exposição midiática.

Neste sentido, talvez Dilma tenha produzido uma empatia maior. Porque, curiosamente, apesar dela ser a favorita e a líder nas pesquisas, via-se que estava mais nervosa que seu adversário.

Afinal, o tucano é uma raposa que exerce cargos políticos desde o final da adolescência.

Aécio nunca enfrentou nenhuma dificuldade. Com 17 anos, tinha um emprego no Ministério da Justiça. Com 19, era secretário no gabinete do pai. Sempre morando no Rio, apesar da função ser exercida em Brasília. Provavelmente, Aécio nem comparecia ao trabalho.

Ainda com 17, em viagem aos EUA, Aécio dá entrevista dizendo que as mulheres brasileiras não precisam trabalhar, porque tem duas empregadas doméstica cada uma. Numa frase, vários preconceitos, inúmeras demonstrações de ignorância política.

Aos 25 anos, Aécio ganha uma rádio de Sarney.

É assim que ele constrói sua carreira política, sempre recebendo favores da família e de amigos da família.

Dilma, filha de um imigrante búlgaro sem qualquer conexão política, construiu a sua vida pública pela via mais difícil que se possa imaginar: arriscando-se, ainda muito jovem, numa luta desigual contra a ditadura.

Perdeu inúmeras batalhas.

Foi encarcerada e torturada por anos a fio. A presidenta já relatou o que sofreu em sua biografia. Pau de arara, choque, espancamento, além da humilhação constante de ser exposta nua aos trogloditas da ditadura. Passou por interrogatórios excruciantes.

Até hoje, a presidenta tem problemas de dentição em resultado de golpes em seu rosto.

A eleição tem coerência.

Aquele que sempre recebeu as benesses dos opressores, da ditadura, é o candidato dos ricos e da mídia, da mesma mídia que apoiou o regime militar.

Aquela que lutou contra a tirania, e o fez tendo como recompensa apenas a prisão e a tortura, é a candidata do povo e daqueles que, até hoje, lutam por justiça social e aprofundamento da democracia.

Observe ainda a timidez dos colunistas hoje em afirmar quem venceu o debate. Possivelmente estão confusos, como a maioria dos analistas.

Talvez a razão da dificuldade em analisar o debate seja justamente a nossa obsessão pela objetividade.

Há um momento em que é preciso apelar para a sensibilidade e para a intuição.

Uma reportagem publicada hoje, no Estadão, nos dá subsídio para entender uma possível vitória de Dilma, tanto no debate de ontem quanto nas eleições de domingo.

Reproduzo um trecho abaixo.

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17 Oct 00:00

UM CANDIDATO MACHISTA PRA NINGUÉM BOTAR DEFEITO

by noreply@blogger.com (lola aronovich)
Havia vários indícios do machismo do Aécio. 
A história de que ele bateu na namorada, atual esposa. O dedo em riste na cara de Luciana Genro, que tão bem respondeu com um "Você não levante o dedo pra mim" (naquela noite Aécio fez dobradinha com Fidelix, que estupidamente disse pra Luciana: "Vem cá, vem cá, vem cá", como se estivesse chamando um cachorro). 
Mas foi neste debate da Band que esse machismo de Aécio, pelo menos pra mim, ficou mais evidente. Primeiro que uma de suas primeiras colocações foi dirigir-se a "donas de casa" e "trabalhadores", uma divisão que talvez fizesse algum sentido nos tristes anos FHC, mas não hoje, em que quase metade da força de trabalho no Brasil é feminina. Segundo, Aécio disse que as mulheres deveriam ter um salário "mais próximo ao dos homens". Percebam: mais próximo, não igual. Terceiro, Aécio falar em "paternidade" do Bolsa Família, um programa conhecido por empoderar mulheres. Quando Dilma perguntou sobre violência contra a mulher, Aécio mostrou-se muito desconfortável. Bufou. Esquivou-se de responder se extinguiria a Secretaria de Políticas para Mulheres (é óbvio ululante que extinguiria). 

Mas o pior de tudo foi o tom. As caretas de Dilma ao escutar Aécio podem irritar quem não vota nela, mas muito mais danoso era o ar de deboche que o tucano oferecia à presidenta. O sorrisinho. O ar superior. A insistência em chamá-la de mentirosa, ignorante, desequilibrada, mal preparada. Tudo de que qualquer mulher num debate na internet já foi chamada. 
E, como participação especial, os eleitores tucanos receberam Dilma ao som de "Vaca! Vaca!", na entrada do estúdio. E Aécio ainda contou com um convidado de honra: o pastor Malafaia, que o apoia, achando hilário fazer piadinhas sobre espancar mulheres.

Ficou claro que Aécio não representa um retrocesso apenas em matéria de economia. Aécio é o machismo escancarado, sua perfeita tradução na forma de um presidenciável. Só me resta torcer que o defensor da meritocracia (que, ironicamente, contou com o pai e o avô para entrar na política) nunca passe disso -- um presidenciável. Jamais um presidente.
15 Oct 03:56

É classe média? Então assista a esse vídeo!

by Miguel do Rosário

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15 Oct 02:00

Por que o monopólio midiático teme Dilma?

by Camilo Árabe

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Por Theófilo Rodrigues*

Compreensível o temor expresso em editoriais, matérias, colunas e programas de rádio e televisão de determinada empresa de comunicação com relação a possibilidade de reeleição da presidenta Dilma Rousseff. Estranho seria se assim não fosse.

Para entendermos melhor o que está ocorrendo nesse exato momento precisamos dar um passo atrás e voltar nossos olhos um pouco mais para o sul do continente, mais precisamente para a Argentina.

Praticamente nenhum jornal brasileiro noticiou, mas na semana passada a Autoridade Federal de Serviços de Comunicação Audiovisual (Afsca) da Argentina decidiu que será o próprio governo quem definirá a forma como o Grupo Clarín – empresa que detém o monopólio da comunicação no país – será dividido. Explico.

Em 2009, o Congresso argentino aprovou a sua já famosa Lei de Meios. De acordo com a Lei de Meios um mesmo operador não pode deter licenças de rádio, TV e cabo. Ainda de acordo com a Lei de Meios nenhuma empresa pode ser proprietária de mais do que 24 licenças – o Grupo Clarín possuía mais de 200 licenças. Após uma batalha judicial que durou anos a Suprema Corte Argentina finalmente decidiu em fins de 2013 que o Grupo Clarin deveria respeitar a lei e apresentar um cronograma de divisão da empresa. Como a proposta que o Clarín apresentou de divisão entre seus sócios foi uma clara forma de burlar a lei, a justiça argentina decidiu na semana passada que a divisão da empresa será feita pela Afsca. Ou seja, o monopólio chegou ao fim.

Mas o que isso tem a ver com o Brasil? Afinal de contas, em seu primeiro mandato na presidência da República a presidenta Dilma não esboçou nenhum gesto traduzido em política pública que possuísse alguma semelhança com o que vem ocorrendo na Argentina.

O problema – para a empresa que detém o monopólio no Brasil – é que Dilma parece ter mudado de opinião. O primeiro susto veio no debate entre candidatos presidenciais realizado pela Band em 26 de agosto quando Dilma anunciou com todas as letras que em caso de reeleição faria a “regulação econômica da mídia”.

O segundo susto veio exatamente um mês depois com a entrevista coletiva concedida aos blogueiros no Palácio do Planalto em 26 de setembro. Em resposta ao jornalista Altamiro Borges a presidenta reafirmou sua promessa de “regulação econômica da mídia” para o segundo mandato. Com a diferença de ter definido de forma mais clara o que entende por “regulação econômica da mídia”. Em suas palavras:

“Desde a Constituição de 1988, há um artigo, o 220, que diz que os meios sociais de comunicação não podem ser objeto de monopólio ou oligopólio. Em qualquer setor com concentração de propriedade, cabe a regulação. Primeiro porque há uma assimetria imensa entre o detentor do monopólio e o resto das pessoas. E eu acredito que a base dessa regulação é a econômica”.

O que Dilma define como “regulação econômica da mídia” é exatamente o mesmo que a Lei de Meios argentina propugna. Aliás, é o mesmo que já existe em países como os Estados Unidos, a França e o Reino Unido. Para não ter que recorrer contra a lei e a justiça em defesa de seu monopólio, a mídia privada brasileira quer matar o mal pela raiz. Para que ter uma presidenta que pode atentar contra seus interesses se pode ter um governante cuja trajetória em Minas Gerais já demonstrou ser a de um grande aliado?

*Theófilo Rodrigues é cientista político, coordenador do Barão de Itararé no Rio de Janeiro e colunista no blog O Cafezinho.

02 Oct 12:28

Que fiquem no zoológico

by Juliana Cunha

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Um dos muitos aspectos em que o Orkut era superior ao Facebook é que nele fazíamos piadas. Perfis eram construídos com base no humor (ou na cafonice). A face que você expunha e pela qual era socialmente julgado dependia dos seus dotes intelectuais, da sua capacidade de ser engraçadinho ou poético ou profundo no preenchimento do seu perfil.

O meu perfil era baseado em piadas metalinguísticas com os campos do próprio Orkut. Na parte em que me perguntavam o que não me atraía num relacionamento, por exemplo, eu copiava e colava tudo que estava na lista de “coisas atraentes” propostas pelo site — tatuagens, cabelo comprido, dançar, flertar, demonstrações públicas de afeto, luz de velas, sarcasmo. No campo que perguntava sobre filhos eu respondia “prefiro que fiquem no zoológico”, uma das opções disponíveis para “animais de estimação”. Eu me teria como filha adolescente numa boa, rs.

Os campos de preenchimento do Facebook são travados e jogados para escanteio. Não existe sequer uma forma digna da pessoa informar que é autônoma sem recorrer a bizarrices gramaticais como “work at freelancer”. Há anos tento incluir “School of Ressentment” na lista de lugares onde estudei e o site mata minha piada. Como o Facebook é uma rede social com um apuro e investimento técnico muito maior do que o Orkut, sabemos que nada disso é falha, mas ideologia.

O que interessa no Facebook não é sua biografia engraçadinha, os filmes que você gosta, suas citações favoritas. Interessa o seu emprego. Você é seu cargo, a empresa onde trabalha, a universidade onde estudou, a cidade onde mora e seu status de relacionamento. Isso e sua aparência, claro. Não é fácil ser solteiro e desempregado numa rede social assim. Não é fácil ter estudado numa faculdade menos conceituada ou sequer ter concluído os estudos. Uma amiga bem-sucedida, dona de sua própria empresa e que teoricamente teria mais facilidade em lidar com isso, coloca o seguinte no campo “educação”: “Não estudei em nenhuma universidade”. Da primeira vez que vi aquilo só pensei “então não preenche”. Hoje penso: “preenche sim!”. Tem uma rede social fazendo bullying com você o tempo inteiro, tentando de vários modos te cercar e te constranger quando você não diz onde trabalha, onde estudou, qual seu cargo, quanto tempo passou na empresa tal. O Facebook é aquela pessoa chatinha que mal te viu e já pergunta o que você faz da vida. É aquela pessoa que paga de descolada, mas é super apegada a posições sociais bem delimitadas. Quanto mais delimitadas, melhor. Por isso gosto tanto de gente que ensaia piadinhas como “Sambista at Cara da Sociedade” e coisas bobas do gênero. Ser bobo num lugar que te quer como produto é um pequeno ato de rebeldia.

Esse é um debate que provavelmente já foi superado por *gerações mais novas*, mas para mim, que comecei a me relacionar com a cultura de internet em 1999, é um choque pensar no quanto esse espaço que já foi um “fora”, um lugar de fuga da vidinha, tem se tornado mais vidinha que a firma, que o pessoal da escola, do bairro. A internet anônima, com menos recursos, com menos dinheiro, mais colaborativa, mais nerd, mais exigente do ponto de vista técnico, era também mais legal. Usar o mirc era engatinhar na programação, hoje desafiar o usuário parece ser a fórmula do fracasso para uma nova ferramenta.

Quando comecei a escrever, ter um blog era uma forma de falar para mais gente, mais gente que não tivesse nada a ver com a sua vidinha. Era a vida e a vidinha, Chaves e Chapolin Colorado. Hoje a internet é o contrário do lugar de fuga, é a ferramenta que exige que você seja uniforme, homogêno, que seja o mesmo diante do chefe, do ex-chefe, do colega, do ex-colega, da mãe, do ex-namorado, do paquera, da tia, do vizinho. A rede social nega seu direito de ser complexo e multifacetado, nega seu direito de recomeçar; isso é visto como falsidade, inconstância, falta de profissionalismo. Sua vida pessoal deve agregar valor ao seu trabalho. Agora você tem que ser profissional na sua vida pessoal, e ninguém parece ver problema nisso. O problema está com o trabalhador que posta fotos bêbado, não com o patrão que acha que o funcionário é sua propriedade até na bebedeira. Você é a pessoa que tem que esquematizar uma narrativa coerente e palatável para toda essa gente (todas as gentes que já conheceu na vida). E ainda tem que se surpreenda por essa narrativa ser chata, muito chata.

(em memória do Orkut)

02 Oct 12:17

Bye bye, so long, farewell

by Juliana Cunha

Imagine que estamos todos na cerimônia oficial de encerramento das atividades do Já Matei Por Menos. Este blog, que criei por volta de 2007, ainda no Blogspot, já passou por poucas e boas. Se mudou de Salvador para São Paulo junto comigo. Saiu do Blogspot para o finado A Postos, depois para um domínio próprio. Já me rendeu muito constrangimento familiar e social, especialmente em situações em que as pessoas perguntam: “Mas como é o nome do seu blog mesmo?”. Como todo blog, deve ter tido mais erros que acertos, mas ainda assim tenho muito carinho por ele.

Como sou adepta da limpeza esporádica de karma, acho que está na hora de limpar tudo isso para debaixo de algum tapete metafórico e virtual e recomeçar num outro lugar. Por isso fiz um blog novo. Ele se chama Nonada. Se você gostava do Já Matei por Menos, está convidado a conhecê-lo embora ele não seja tão parecido com o Já Matei por Menos e eu já não seja tão parecida com a pessoa que iniciou este blog.

Stay beautiful e obrigada pela leitura.

16 Sep 01:27

Aborto não é questão de opinião

by Clara

Temos mais uma vítima do aborto ilegal no Brasil.

Jandira, 25 anos, mãe de dois, foi levada  a uma clínica de aborto clandestina e “desapareceu”.

E é isso que acontece em um país que criminaliza a liberdade de escolha da mulher. 

Uma mulher que quer fazer um aborto não está interessada se sua tia Celina acha um crime, se o seu primo Robério considera a legalização genocídio, se você é contra porque acha que é uma vida e todos têm direito à vida. Uma mulher que quer fazer aborto vai fazer esse aborto. Ou vai tentar e se estrepar. Vai tentar numa clínica ou em casa com remédio ou enfiando uma agulha de tricô no útero e depois morrendo de medo de ir ao médico fazer uma curetagem, ser denunciada e presa. Uma mulher que estiver passando pelo desespero de uma gravidez indesejada vai colocar sua vida em risco porque o Estado não nos dá o direito de escolher legalmente o que queremos, então burlamos a lei. Não dá nem pra dizer que quem tem grana sempre vai na clínica limpinha, olha o que aconteceu com a Jandira.  Ela pagou quatro mil e quinhentos reais e morreu. Imagina então o que acontece com quem não tem nenhum dinheiro. Com as mulheres negras, pobres, da periferia.

A sua opinião pessoal sobre aborto não importa. As mulheres vão continuar abortando e correndo risco de vida enquanto não for legal e seguro. Não é possível que seja tão difícil de entender.

A legalização do aborto não é uma questão de crenças, tabus ou religião, que sequer deveriam ser envolvidos nessa questão. É uma questão de saúde pública e deve ser tratada como tal.

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A quem argumenta que “aborto vai virar método contraceptivo”: não sei nem o que dizer pra vocês. Ninguém acorda um dia e pensa “nossa, que dia lindo, acho que vou fazer sexo e engravidar pra fazer um abortinho”! Isso não é nem uma questão. Quem fala em “banalização do aborto” nunca parou nem pra pensar direito no assunto e nem pra ver os dados de países que legalizaram o aborto, como foi o caso do Uruguay. Sabe o que aconteceu? As mulheres que abortariam ilegalmente correndo risco de vida abortaram de forma legal e segura e não morreram. Nenhuma mulher morreu. 

Não gosta da ideia do aborto? Pois bem, não faça um. A sua opinião não vai mudar o fato de que mulheres abortam. Mulheres abortam todos os dias de forma insegura. Mulheres que são mães abortam ilegalmente. Mulheres que não querem ter filhos abortam diariamente. Mulheres religiosas “contra” o aborto abortam diariamente.  Mães de família abortam, adolescentes abortam, mulheres pobres abortam, mulheres ricas abortam, mulheres casadas, mulheres solteiras, mulheres empregadas, desempregadas. Mulheres de todos tipos abortam e não há opinião alheia que vá fazer isso mudar.

Eu já fui essa mulher. Sei bem o que estou falando.

Quando fiz um aborto, em 2009, tinha a cabeça bem diferente de agora. Não foi sussa, não foi nada de boa e fiquei em frangalhos depois, tanto emocionalmente quanto hormonalmente, por vários motivos. Mas não dava. Eu não podia ter outro filho e depois de muita discussão com meu então namorado acordamos que assim seria. Não foi “descuido”, eu tomava pílula. Acontece. Aconteceu comigo.

E ainda bem que eu tive condições de encontrar um médico confiável e uma clínica boa. Ainda bem que eu não deixei qualquer coisa que eu acreditasse na época interferir na minha decisão, pois eu estaria hoje em uma lama inimaginável.

Eu fico descaralhada quando vejo a cobertura do caso da Jandira com foco na “quadrilha que realizava abortos” e mais ainda com os comentários. “Mereceu”, “matou, morreu”, “na hora de abrir as pernas foi bom” e todas aquelas outras pérolas que vocês podem imaginar. Além da ignorância e da percepção de que a vida da mulher não vale nada, isso também demonstra uma atitude punitivista com a mulher que faz sexo. Deu? Agora aguenta. Ninguém pergunta onde está o homem que engravidou. Ninguém quer saber se ele se protegeu, se ele se preocupou. Diante dos olhos desse terrível senso comum, ao homem não cabe nenhuma responsabilidade quando o assunto é contracepção.

Aliás, o assunto não deve nem cair pra esse lado: não estamos falando de contracepção e sim de quando ela falha.

O NY Times publicou hoje um gráfico incrível sobre as chances dos métodos contraceptivos falharem.  Não é nem coisa pouca. Fica aí a reflexão pra quem acha que “não precisa” legalizar o aborto, é só “se cuidar”.

Dia 28 de setembro é o dia latino-americano pela descriminalização do aborto e algumas feministas fantásticas fizeram o blog “28 dias pela vida das mulheres”, com muitos textos e dados necessários.  Vale a leitura diária.

09 Sep 01:13

Gustavo Castañon deixa PSB: Marina, a candidata da mudança, em liquidação

by Conceição Lemes

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por Gustavo Castañon, no QTMD?

Há um sentimento de mudança no ar. 12 anos de governo do PT desgastaram o partido na opinião pública. É natural. As contradições inevitáveis do exercício do poder, a relação com um congresso fisiológico, os interesses contrariados, os acordos inerentes à democracia, os escândalos. É mesmo surpreendente que chegue ao cabo desse período ainda como o partido de um quarto dos brasileiros e tendo o voto de metade deles.

Nesse cenário, surge a candidatura de Marina Silva, que encarna, sem sombra de dúvidas, a mudança, como provarei com os links abaixo. A começar pela mudança do cenário eleitoral. Depois de um suspeito desastre de avião (que alguns acreditam se tratar de assassinato), Marina assumiu o lugar de Eduardo Campos como a candidata do PSB à presidência.

O compromisso de Marina com a mudança não é recente. Ele já se deixava sentir quando ela mudou de religião há poucos anos, abandonando o catolicismo de opção pelos pobres e abraçando o fundamentalismo da Assembleia de Deus, que tem entre seus quadros Silas Malafaia eMarcos Feliciano, e acredita que discursos inflamados e emissões vocais desordenadas são manifestações do próprio Espírito de Deus.

Depois Marina mais uma vez mudou quando saiu do PT por ter sido preterida na disputa interna do partido pela candidatura à presidência. Desde então ela iniciou um processo de mudança de crenças políticas que a tornou uma opção para os grandes meios de comunicação, os bancos e a classe média alta.

Primeiro mudou-se para o PV, ganhou apoio do Itaú, finalmente concorreu à presidência, perdeu, mas não desanimou. Tentou mudar o então partido assumindo-lhe o controle, mas como não conseguiu, mudou de novo e tentou criar a Rede. Também não conseguiu apoio suficiente para criar um novo partido,e então mudou-se, de novo, para o PSB.

A ecologista aproveitou a mudança e mudou-se para um apartamento em São Paulo, de um fazendeiro do DEM.

Num golpe de sorte, também mudou de ideia na última hora e não embarcou com Eduardo no jato que o matou. Logo depois da tragédia, Marina mudou do papel de vice para o de viúva, declarando ter sido  consolada da morte de Campos pela própria esposa dele. Com a má repercussão da declaração, ela mudou de postura e apareceu sorridente em seu velório posando para fotos ao lado de seu caixão.

E a mudança não parou mais. Mudou o CNPJ da campanha para não ser responsabilizada pelas irregularidades do jato fantasma de sua campanha nem indenizar as famílias atingidas pela tragédia. A pacifista mudou seu compromisso da “Rede” que proibia os candidatos pela legenda de receber doações de indústrias de agrotóxicos, de armas e de bebidas, e compôs chapa com o deputado federal Beto Albuquerque, político integrante da “bancada da bala”, financiada pela indústria bélica. Ele também é financiado por fabricantes de bebidas e agrotóxicos.

E mais mudança veio com um programa de governo que contrariava toda a sua história.

Prometeu ao Brasil a volta da gestão econômica do PSDB. Mudou a sua posição contrária à independência do Banco Central para garantir o apoio dos bancos brasileiros.

Mais do que isso, prometeu mudar a legislação trabalhista promovendo a terceirização em massa, e prometeu acabar com a obrigatoriedade de função social de parte do crédito bancário,enterrando o crédito imobiliário. Mas isso não era mudança suficiente. Depois de quatro tuítes de Silas Malafaia  mudou a mudança do programa e se declarou contra o casamento gay.

Depois de um editorial do Globo, também mudou a sua posição sobre o pré-sal, que prometera abandonar, e depois, mudou a posição sobre a energia nuclear. Depois de uma vida de batalha contra os transgênicos, Marina, pressionada pelo agronegócio, também mudou e afirmou que sua posição histórica era uma “lenda”.

Mudou também sobre a transparência política. O ministro Palocci caiu por não revelar os nomes das empresas que contrataram seus serviços antes do governo. Mas ela hoje, candidata, se nega a dizer a origem de 1.6 milhões de seus rendimentos, e declarou um patrimônio de somente 135 mil reais ao TSE. Uma senadora da República.

Finalmente, na semana passada, Marina mudou sua opinião sobre a tortura, que antes considerava crime imprescritível, e passou a ser contrária a revisão da lei de anistia.

Dois dias depois, ganhou o apoio do Clube Militar. Marina muda tanto que acabou por declarar seu programa de governo todo em processo de revisão. Isso é realmente novo na política. Ela é a primeira candidata da história do Brasil que descumpre seu programa de governo antes de chegar ao poder.

Por tudo isso, não restam dúvidas que Marina é a candidata da mudança. Ela muda sem parar. Essa é sua “Nova Política”, uma mudança nova a cada dia. Não é possível acompanhar a labilidade de seu caráter ou de sua mente. Ou ela mente. Não importa. O que importa é que Marina representa a mudança, a mudança de um Brasil aberto e tolerante para um Brasil refém da intolerância fundamentalista, de um Brasil voltado para sanar sua dívida com seu povo pobre para um Brasil escravo de seus bancos, de um Brasil democrático para um Brasil mergulhado em crise institucional.

Por isso eu mudei também. Entrego essa semana meu pedido de desfiliação do PSB e cerro fileiras contra essa terrível mudança que ameaça nosso país. Não é possível submeter o Brasil a essa catástrofe. Marina Silva é uma alma em liquidação. Por um bom acordo eleitoral vende qualquer convicção. Mas aproveitem logo. Essa promoção é por tempo limitado.

Gustavo Castañon é filiado ao PSB desde 2001. Doutor em Psicologia e professor de Filosofia na Universidade Federal de Juiz de Fora.

O post Gustavo Castañon deixa PSB: Marina, a candidata da mudança, em liquidação apareceu primeiro em Viomundo - O que você não vê na mídia.

08 Sep 20:40

Mulheres famintas

by Lélia Almeida

“Uma cultura focada na magreza feminina não revela uma obsessão com a beleza feminina. É uma obsessão sobre a obediência feminina. Fazer dietas é o sedativo político mais potente na história das mulheres; uma população passivamente insana pode ser controlada”. ‒ Naomi Wolf

mulheres

Fui à casa de uma amiga no fim de semana e a filha dela de oito anos me perguntou se eu podia abrir o Tarot para ela, eu expliquei que não se abre o Tarot paras as crianças e perguntei o que ela queria saber. Ela disse “pergunta se eu vou conseguir emagrecer um dia”. Vou na Secretaria de Direitos Humanos para uma reunião com a secretária e duas coordenadoras de área e durante meia hora o assunto é a dieta Dukan, quando fico sabendo a quantidade de proteína que cada uma delas ingere por dia e quantos quilos perderam nos últimos meses. Estão todas realizadas com a dieta, mas principalmente com a capacidade de auto controle.

Minha vizinha diz, alternadamente, cada vez que vê a presidenta na televisão, “a Dilma está uma vaca de gorda”, ou “ela emagreceu”. Muitas mulheres que conheço se queixam de que os homens não as olham e que elas estão invisíveis. E quase todas, quando se encontram, antes de perguntar como estão, dizem frases do tipo, “nossa, como você emagreceu! Como você está bem”. O olhar das mulheres para o mundo e para si próprias, constantemente, é um olhar de quem está tomando medidas.

A mãe de uma amiga minha, uma senhora de 78 anos, me disse outro dia, “perdi 7 kgs nos últimos seis meses e sem fazer dieta!”. E foi ali, pela primeira vez, que fiquei atenta para o fenômeno, tentando decifrar o que significava aquele sorriso feliz e realizado. O olhar dela era o de alguém que havia sido ungida por uma espécie de bênção divina, e era também o de uma menina bem comportada ou o de uma boa moça que havia feito bem o dever de casa. Foi então que vi o que sempre esteve diante dos meus olhos, mas que só agora pude nomear e entender: o fenômeno de como as mulheres lidam com a comida e com suas medidas e que podemos chamar, simplesmente, de loucura da braba, como se diz na minha terra.

A filha da minha amiga, a menina de oito anos, sempre foi muito fotografada pela mãe quando era pequena. A mãe é uma excelente fotógrafa e as fotos mostravam a cumplicidade das duas nos rituais das poses, das caras e bocas, ao longo da vida. Ela se sentia segura sob as lentes maternas. Neste verão ela e mãe foram de férias para Salvador e quando pedi para ver as fotos, vi uma menina tímida e retraída, e a cada foto que ela me mostrava dizia, “nesta eu não estou muito bem, estou muito gorda”. Aos oito anos ela já foi acometida pela loucura da braba e está doente. A espontaneidade que ela tinha fazendo poses, caras e bocas ao ser fotografada pela mãe foi completamente comprometida na medida em que ela foi crescendo e compreendendo o triste legado que ensinamos às nossas meninas e que afirma que os nossos corpos não valem nada.

Para as terapeutas americanas Rosalyn Meadow e Lillie Weiss, que escreveram Las chicas buenas no toman postre, a associação da comida com a sexualidade é fundamental na vida das mulheres, não apenas na vida daquelas que são mães, mas na de todas as mulheres.

Para elas os distúrbios alimentares são sintomas de um fenômeno simples: a comida é para as mulheres hoje, o que foi a sexualidade em tempos passados. Ou, por outra, o dilema da comida para as mulheres hoje, é o que foi o dilema da sexualidade para as mulheres em tempos passados. Se antes o controle sobre o corpo feminino exercido pelas normas e regras da sociedade patriarcal dava-se em relação à sexualidade da mulher, agora o mesmo controle sobre o corpo feminino se dá através da comida. Para elas, a antiga equação “dar ou não dar para o namorado”, equivale à equação “comer ou não comer” dos dias atuais. As mesmas fobias relativas às dificuldades de gozar, às dores da penetração, à frigidez, aos medos de engravidar, à vergonha de deixar-se tocar por um parceiro ou de ficarem nuas na frente dos outros são as mesmas fobias que tomam conta da vida das mulheres de forma desesperadora nos dias de hoje. Só que agora a antiga ansiedade se revela através de um verdadeiro terror das mulheres em relação ao seu peso e suas medidas.

As autoras fazem um quadro comparativo entre as medidas e remédios para os pecados da masturbação de outros tempos e o das restrições atuais para o sobrepeso, listando as medidas contra o auto abuso do sexo (cauterização, clitoridectomia, infibulação, aspiração cirúrgica do líquido sexual, cintos de castidade, duchas quentes e frias, camisa de força, medicação, exercício extremo e dieta) em correspondência direta às medidas contra o auto abuso da comida da atualidade (grampeamento do estômago, cirurgia de by-pass, plástica abdominal, lipoaspiração, aprisionamento das mandíbulas, banhos de vapor e água fria, faixas para suar, medicação, exercício extremo e dieta).

A insatisfação das mulheres com suas medidas e com sua imagem é permanente, e um profundo sentimento de inadequação se estabelece em suas vidas fazendo com que se sintam sempre impossibilitadas de sentir-se bem com seus corpos e imaginando que jamais corresponderão a um ideal de beleza que não tem nada a ver com elas. Um tempo e uma energia sem fim são desperdiçados dedicados às dietas, medidas, roupas, dietética e cosmética.

E estas mulheres que não comem, comem o que? Comem a fome. A fome dos seus desejos mais secretos, das suas necessidades afetivas mais básicas, dos seus sonhos mais recônditos. Uma fome impossível de ser saciada e que cria mais fome. As que comem demais e as quem comem de menos negam a fome das suas emoções. As mulheres estão famintas, longe de seus corpos e suas vontades, exiladas de seus corpos, os únicos capazes de propiciar alegria e prazer. Porque as mulheres que nutrem o mundo de diversas maneiras, afetivas, reais ou simbólicas, com suas comidas e afetos, e sua capacidade para a dança, e riso e a farra com seus homens, seus filhos e suas amigas, estão tristes, não se reconhecem mais nos seus corpos e na espontaneidade de seus movimentos. As mulheres desses tempos têm uma imensa fome de si mesmas. Têm fome de tudo aquilo que elas querem poder ser, sentir e realizar.

E mesmo podendo dominar sofisticadas tecnologias e ocupar cargos de poder nunca imaginados por suas mães ou avós, elas continuam presas às medidas de um espartilho mental que negligencia e desqualifica sua auto imagem criando sentimentos de inadequação que as tornam inseguras e infelizes.

Marcela Lagarde em muitos dos seus textos diz que as mulheres de hoje se comportam como criaturas medievais desejosas unicamente de um amor romântico impossível de ser realizado e sem nenhuma reflexão crítica sobre seu amor próprio. E que isto as debilita e enfraquece, já que ninguém com estes sentimentos desenvolve suas potencialidades.

A pergunta permanece, se desdobra: com ensinamentos deste tipo, o que estamos ensinando às nossas meninas? Quem cuida, afinal, das nossas meninas?

19 Aug 14:33

O mundo da gente morre antes da gente

by Cássia Pires

É essa a morte silenciosa que vai se alastrando pelos dias. Conto meus imortais ainda vivos, os de longe e os de perto. Digo seus nomes, como se os invocando. Peço que não se apressem, que não me deixem só, que não me deixem sem saber de mim. O acaso, a vida que muda num instante, me assusta tanto quanto esse meu mundo que morre devagar. É essa a brisa quase imperceptível que adivinho soprando nos meus ossos. Muitas vezes finjo que não a escuto. Mas ela continua ali, intermitente, sussurrando para eu não esquecer de viver.

Eliane Brum, trecho de “O mundo da gente morre antes da gente”.
Para ler o texto completo, aqui.

Fonte: Laís, Twitter.


Arquivado em:Sociedade
19 Aug 14:09

O riso nervoso da mídia: Marina pode provocar hecatombe tucana

by Luiz Carlos Azenha

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Como se sabe, Dilma nunca sorri nos jornais brasileiros

por Luiz Carlos Azenha 

Fui um dos primeiros a escrever na blogosfera, sob críticas, que o antipetismo tornou-se um fenômeno nacional, tendo chegado inclusive aos redutos mais fieis do PT, no interior do Nordeste.

Não é por acaso. Se Lula ou Dilma forem vaiados em qualquer parte do Brasil, ainda que por meia dúzia de gatos pingados, a TV Globo vai garantir que o país todo saiba. O mesmo, obviamente, não acontece com qualquer outro político de qualquer outro partido. Pelo menos não de forma sistemática.

Neste espaço também sugeri a blogueiros que não entrassem na onda de criminalização dos movimentos sociais que decorre de atribuir qualquer manifestação a “coxinhas” dispostos a derrubar Dilma. Acho melhor tentar entender os desejos e desencantos que geraram a onda de protestos de 2013 que simplesmente descartá-los como resultado de alguma conspiração midiática nacional ou internacional.

Ainda que verdadeira, a ideia de um cerco ao PT contribui para que o partido nunca acredite que tenha cometido algum erro.

Olhando a campanha eleitoral a partir de agora, acredito que o ascetismo estudado de Marina Silva está sintonizado com os que pretendem mudar “tudo o que está aí”. O discurso um tanto moralista da ex-petista está sintonizado também com o novo conservadorismo em torno dos “valores”. Por exemplo, daqueles que acreditam que a criminalidade é resultado da “dissolução das famílias”. É irônico que Marina encarne este papel num país em que existe um número cada vez maior de famílias dissolvidas e reorganizadas por divórcios e separações.

Na verdade, subjacente ao conservadorismo de valores no qual parecemos ingressar há outro fenômeno, o do desconforto com mudanças rápidas numa sociedade que sempre foi extremamente hierarquizada.

Não é apenas a classe média alta que fica ressentida ao dividir aeroportos com os mais pobres. As mudanças nos padrões de consumo do reformismo lulo-dilmista desafiaram também a hierarquia no interior das classes ditas “subalternas”.

É natural, portanto, que as pessoas procurem intuitivamente por aquilo que, em última instância, mal ou bem lhes oferece conforto num mundo turbulento, segurança numa vida insegura e previsibilidade num mundo em transformação rápida: a família.

Nos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que destruia empregos e direitos sociais, a propaganda de Ronald Reagan vendia a “dissolução” da família como causa de todos os males, obviamente resultado da “imoralidade” de ideias esquerdistas como casamento gay, feminismo, etc.

Com o antipetismo em alta, Marina Silva simboliza para uma parcela do eleitorado a mudança “na qual se pode confiar”. Aos olhos dos seus eleitores, é humilde, religiosa e incorruptível.

É preciso frisar que Marina é respeitadíssima em vários movimentos sociais, dentre os quais o MST — um quadro dos sem terra chegou a me dizer que, em determinadas condições políticas, acredita que ela poderia fazer um governo à esquerda do primeiro mandato de Dilma.

De minha parte penso que os grandes grupos econômicos que conduzem o Brasil, notadamente no setor financeiro, querem no Planalto o governo mais maleável que puderem obter e a maleabilidade está estritamente ligada à fraqueza do governo no Congresso.

Marina Silva eleita por um partido em crescimento, mas ainda frágil como o PSB, é mamão com açúcar.

Bastam duas colunas do Merval para colocá-la no “rumo certo”, se ela por acaso se dispuser a sair dele.

O desencanto com o PT, obviamente, não pode ser atribuído exclusivamente a mais de dez anos de campanha praticamente ininterrupta de demonização do partido pela mídia corporativa. É longa a lista de promessas descumpridas, alianças espúrias e outros erros.

Vivemos, por exemplo, uma tremenda crise urbana, aprofundada pelo projeto lulista de alavancar o crescimento da economia através da produção e venda de automóveis. Nas regiões metropolitanas, milhões estão descontentes como nunca com o seu dia-a-dia. Sofrem os que estão paralisados em seus automóveis, mas sofrem mais ainda os que sacolejam dia e noite no transporte público lotado. A demonização midiática faz com que mesmo problemas locais sejam atribuídos àquele partido, o “do mensalão”.

O curioso é que, segundo a pesquisa Datafolha recentemente divulgada, diante de duas alternativas de mudança, a maioria tenha optado pelo caminho mais à esquerda, pelo menos no discurso: Marina tem 21%, contra 20% de Aécio.

É muito cedo para fazer projeções, já que o horário eleitoral nem começou. Se o PT tem razões para se preocupar, o PSDB é que deveria estar desesperado.

Caso Marina cresça às custas de votos de Aécio, a partir de agora, o resultado do primeiro turno pode não apenas alijar o tucano da disputa, mas produzir uma redução da bancada tucana no Congresso, colocando o PSDB no mesmo rumo do DEM — e aqui não estamos nem considerando o sério risco de perda de governos estaduais.

Ironia previsível: Marina, que abraçou o antipetismo, vai experimentar logo adiante o veneno do qual por enquanto se beneficiou. A mídia corporativa está azeitando as baterias à espera dos dossiês que logo vão sair das gavetas.

Ou isso ou as famílias Marinho, Frias e Mesquita finalmente se converteram à reforma agrária e ao enfrentamento das consequências desastrosas do agronegócio.

Clique abaixo para ver imagens do comício de abertura da campanha de Marina:

Leia também:

Uma contradição bem concreta para Marina Silva resolver

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18 Aug 23:40

Daniel Radcliffe, o Harry Potter, surpreende fãs

by Kiko Nogueira
...
18 Aug 14:53

A nova mania macabra de compartilhar fotos de pessoas mortas no Whatsapp

by Marcos Sacramento
  Um hábito macabro se espalha na internet. Fotos de vítimas de acidentes e homicídios são compartilhadas por meio do aplicativo WhatsApp a uma velocidade espantosa. Ainda no dia do acidente que matou o candidato à presidência Eduardo Campos já havia supostas fotos das vítimas e de partes do co...
18 Aug 13:37

Dignidade é isso: holandês homenageado por Israel por ter salvo criança do nazismo devolve o prêmio após ter sua família assassinada em Gaza

by mariafro

Holandês que salvou menino do nazismo devolve prêmio após perder família em Gaza

Idoso de 91 anos foi homenageado em 2011 por esconder menino de tropas nazistas; a sobrinha dele casou com um palestino

Estadão

15.08.2014 | 09:07 
Israel realiza ataque aéreo a Gaza
Uma autoridade do governo israelense declarou que seu país não irá negociar com os palestinos enquanto os militantes continuarem disparando mísseis
Hatem Moussa/AP

AMSTERDÃ  - Um advogado holandês de 91 anos premiado em Israel por ter salvado um menino judeu durante a Segunda Guerra Mundial devolveu seu prêmio depois de ter perdido seis parentes em um bombardeio israelense à Faixa de Gaza, no mês passado, segundo o jornal israelense Haaretz.

Henk Zanoli e sua mãe, Johana Zanoli-Smit, receberam o prêmio em 2011 por ter escondido Elhanan Pinto, uma criança de 11 anos, dos nazistas durante a guerra. À época, o pai de Hank já tinha sido enviado ao campo de concentração de Dachau por se opor à ocupação da Holanda pela Alemanha de Hitler.

A sobrinha neta de Zanoli, a diplomata holandesa Angelique Eijpe, é casada com o economista palestino Isma’il Ziadah, nascido no campo de refugiados de al-Bureij, em Gaza. No dia 20 de julho, um bombardeio israelense atingiu a casa da mãe de Ziadah. Ela, três irmãos de Ziadah, uma cunhada e um  primo morreram no ataque.

Ao saber da morte da família palestina de sua sobrinha, Zanoli decidiu devolver a medalha e o certificado do prêmio Virtuoso entre as Nações ao governo de Israel. Em carta ao embaixador israelense na Holanda, Haim Davon, Zanoli descreveu os motivos de sua decisão.

” Dado o nosso histórico é particularmente chocante e trágico que, quatro gerações depois, nossa família sofra com o assassinato de nossos parentes em Gaza. Um assassinato conduzido pelo Estado de Israel. Os bisnetos de minha mãe perderam sua avó palestina, três tios, uma tia e um primo pelas mãos do Exército de Israel”, escreveu o holandês.

 “Para mim, continuar com essa honra concedida pelo Estado de Israel, nessas circunstâncias, seria um insulto à memória da minha corajosa mãe, que arriscou a vida dela e dos filhos contra a opressão e pela preservação da vida humana. É também um insulto à minha família que, quatro gerações depois, perdeu nada menos que seis membros em Gaza pelas mãos do Estado de Israel”, acrescentou.

O advogado ainda afirmou que a invasão israelense à Faixa de Gaza resultou em graves acusações de crimes contra a humanidade e disse que não estaria surpreso se isso levasse a condenações, caso fossem julgadas por um tribunal isento.

Questionado pelo Haaretz sobre o ataque, o Exército israelense diz que despende grandes esforços para evitar mortes de civis em Gaza e investiga todas as denúncias de incidentes irregulares. Um relatório deve ser publicado ao fim das investigações.

 

15 Aug 11:34

Muito estranho! Incêndio na prefeitura de Claudio!

by Miguel do Rosário

Acaba de ser publicado em vários órgãos de imprensa. Incêndio num galpão da prefeitura de Cláudio, MG.

Que coincidência “gostosa”, como diria o @JornalismoWando.

Claudio é a cidade do aecioporto. Documentos sobre os vôos de Aécio, entre outros, ficavam guardados na prefeitura.

A prefeitura afirma, porém, que não houve “queima de arquivo”.

Recentemente, algumas pontas estavam sendo ligadas. Um ponto de refino de cocaína havia sido estourado pela polícia ao final do ano passado. O “helicoca” pousou muito perto de lá, antes de ir ao Espírito Santo.

O incêndio veio bem  a calhar.

Depois o Merval vem chorar em sua coluna, reclamando de “baixaria” na campanha…

As primeiras informações falavam em queima de documentos, arquivos, computadores.

A prefeitura em seguida tratou de desmentir que documentos foram queimados. Segundo ela, só tinha tralha inútil no galpão. O Globo logo em seguida pareceu acreditar na história…

Outro detalhe importante emerge da história. A prefeitura informou que Claudio não tinha serviço de corpo de bombeiro, e por isso o incêndio demorou a ser debelado.

Aí os internautas se perguntam: ora essa! quer dizer que o “importante centro industrial de Cláudio” não tinha um mísero bombeiro e tinha aeroporto! Se um avião pegar fogo, quem vai apagar?

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Claro, foi só coincidência.

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15 Aug 02:59

Como é ser gorda?

by Polly

Outro dia minha roommate sugeriu que fossemos fazer compras na Zara. Eu peso 150kg.

Nessa hora eu percebi que ela não tem a menor ideia de como é ser gorda. Sim, ela sabe que eu sou gorda, mas não sabe o que isso implica. Então resolvi dar uma explicadinha sobre como é a vida de uma pessoa gorda.

Quando eu morava em Londres, ia sempre num shopping gigantesco perto de casa. Dizem que é o maior da Europa, 334 lojas. Sabe quantas dessas 334 lojas vão até minha numeração? 4. Isso mesmo. No maior shopping da Europa, sou bem-vinda em apenas 4 lojas. Nas outras 330 eu posso tentar me enfiar em uma ou outra peça, mas realmente prontas pra me atender, apenas 4. E não, nenhuma dessas 4 é a Zara.

Não deixo de ir à praia ou usar biquíni, mas sabe por que eu nunca peço cadeira e sempre prefiro sentar na canga? Porque minha bunda não cabe em nenhuma cadeira.

Falando nisso, quando penso em escolher algum bar para tomarmos um chopp, tento lembrar como são as cadeiras do lugar. Cadeiras com braços vão me machucar a noite toda, cadeiras brancas de plástico podem quebrar a qualquer momento. Com o tempo, desenvolvi uma técnica para me sentir mais segura em cadeiras potencialmente perigosas: sento inclinadinha pra frente, jogos as pernas cruzadas pra trás e uso-as como apoio. Caso a cadeira quebre, esse apoio das pernas impede que eu me esborrache no chão. Sim, passo a noite usando as pernas de alavanca. Não, nem quando fico extremamente bêbada esqueço dessa preocupação.

E se enquanto eu estou ali tomando meu choppinho aparece um cara pra puxar papo comigo? Sempre dou uma olhada em volta para conferir se não tem um grupo de amigos dele assistindo de longe e rindo, vendo se ele está mesmo cumprindo a aposta de ir falar com a gorda. Acontece mais do que você imagina.

Daí o cara não veio falar comigo só por uma aposta cruel, tá a fim mesmo. Também acontece. Conversamos, levo ele pra casa, transamos. No dia seguinte, mesmo tendo usado camisinha, acordo com umas coceiras meio estranhas e resolvo ir ao médico. Chegando lá, o médico provavelmente nem vai ouvir o que tenho a dizer e vai apenas me entregar uma folhinha de dieta. Meus sintomas não interessam, a possível gonorreia vai passar se eu apenas emagrecer.

Saio do médico morrendo de fome pois estava em jejum por causa dos exames de sangue. Gostaria de comer alguma coisa antes de voltar para casa, mas preciso avaliar se vale o esforço de comer em público sozinha, porque provavelmente escutarei algum desaforo. Se pedir uma coxinha, alguém vai passar por mim e sussurrar “é por isso que tá desse tamanho”. Se estiver calor e resolver tomar um sorvete, alguém pode me segurar pelo braço e dizer “cuidado, vai ficar ainda mais gorda”. Já ouvi isso mais de uma vez.

Eu poderia continuar, mas acho que está ficando triste, e essa não era minha intenção. Eu não sou uma pessoa triste, eu me amo do jeitinho maravilhoso que sou, mas mesmo que uma gorda seja a ganhadora do Prêmio Nobel da Autoestima, essas coisas continuam sendo uma realidade.

Ah, mas então por que você não emagrece e para de passar por isso?

Meu amigo, porque não há nada de errado comigo. Não tenho que me  encolher para caber no mundo, o mundo que precisa parar de tentar me diminuir.

12 Aug 14:16

CURSINHOS FECHAM VAGAS PARA HUMORISTAS CONSERVADORES

by lola aronovich
Adorei a matéria que saiu ontem na Folha de SP, com o título "Reação de alunos faz professores pararem com piadas homofóbicas de cursinho". 
A matéria de Thais Bilenky afirma: "Alunos e especialmente alunas têm reclamado do que consideram machismo, homofobia e racismo aos pais, que cobram explicações". 
Nas palestras que costumo dar sobre preconceitos nas universidades, sempre tem estudante que pergunta o que se pode fazer quando um professor discrimina alguém ou manifesta machismo, racismo e homofobia (seja em tom de piada ou não) em sala de aula. Eu respondo que, em primeiro lugar, deve-se tentar falar com o professor. Como Polyanna Deslumbrette que sou, acredito que muitos professores não sabem que estão sendo preconceituosos e ofendendo alunxs. Se a conversa não resolver, aí sim deve-se levar o caso à coordenação, fazer abaixo-assinado, o escarcéu. 
A matéria conta que, numa turma de cursinho, os rapazes sortearam quem beijaria uma menina no seu aniversário. O professor deu a maior força, perguntou "Quem vai ser o felizardo?", até que outra aluna protestou: "Mulher não é objeto para ser sorteada". Diante disso, o professor se desculpou e repudiou a brincadeira. 
Hoje, em praticamente todas as universidades públicas, e em muitas das particulares também, há coletivos feministas. E eles não deixam barato: onde houver preconceito, essas ativistas vão lutar contra. A proliferação de coletivos é um fenômeno bastante recente. Não que não existissem uns tempos atrás, mas nos últimos cinco, dez anos, eles têm crescido muito, assim como o interesse por estudos de gênero. O machista de hoje nas universidades (professor ou aluno) ainda segue com seus trotes absurdos, com seu assédio sexual, com suas piadas. Mas ele tem cada vez mais que se explicar. Não recebe mais tapinhas congratulatórios nas costas, e sim críticas.
Mais bacana ainda é que esse clima de "Você deve se responsabilizar pelo que diz e faz" -- o "politicamente correto" pro qual tanta gente ainda torce o nariz -- já invadiu escolas de ensino médio e até cursinhos, geralmente vistos como lugares com pouco engajamento, centros de alienação (afinal, os estudantes ficam lá por pouco tempo; é um lugar de passagem). 
Um professor do cursinho Intergraus reclamou à reportagem que teve que cortar seu vasto repertório de piadas: "Virei chato. Não faço mais brincadeiras. Minhas aulas estão terminando mais cedo. Passo exercícios a mais".
Ô colega, chato é o seu preconceito. Você provavelmente já era chato pra um monte de gente antes ("Aquele é o tio que faz piadinha racista sem graça"), mas ninguém tinha coragem de avisar. 
Valéria, professora de História, relatou ao me enviar o link pra matéria da Folha:
"Que dó desses professores que não podem mais debochar de mulheres, negros, gays etc para manter suas aulas interessantes. Agora, lembro bem que no meu terceiro ano (1992), o professor de História do Brasil fez umas piadas grosseiras usando Xica da Silva, e a única aluna negra da turma, que não vinha da mesma escola que nós (era novata), trouxe os responsáveis no outro dia e formalizou uma queixa. Não tivemos aula. Vestibulandos, ficamos zangados com ela, o professor deu uma de vítima e tal. Eu não verbalizei critica à menina, mas fui igualmente conivente. Tenho vergonha e lembro com admiração daquela colega adolescente que não aceitou que piadas machistas e racistas pudessem passar impunes."
De minha parte, eu só fiz cursinho (Anglo, na R. Sergipe, em SP) durante três meses, e faz tanto tempo (1986) que não me lembro de muita coisa. Só que eu gostava. Principalmente de um professor de História, evidentemente de esquerda, que era bem engraçado sem oprimir ninguém. Ele zoava dos poderosos, não dos alvos (fáceis) de sempre. Pessoas inteligentes sabem o valor da palavra e do humor, e o usam para criticar o sistema, não para perpetuá-lo. Zombam do racista, não do negro. 
A matéria entrevistou Clara, de 18 anos, atualmente aluna de arquitetura na USP, que disse: "O humor que oprime alguém não merece a risada de quem assiste à aula". Ela completou: "Não digo que não se deve fazer piadas, mas que elas sejam inteligentes o suficiente para tirar sarro do opressor, e não do oprimido".
Tá vendo? Em vez da mídia inventar factoides como "mulheres se rebelam contra o feminismo" (como se algumas meninas segurando plaquinha de "Não preciso do feminismo porque adoro ser cantada na rua" tivessem inventado o anti-feminismo), seria mais instigante analisar o que de fato tem mudado. 
Como disse um professor do Anglo entrevistado pela matéria: "O incrível é que, dez anos atrás, você podia contar piada de preto, de português. Ao mesmo tempo, era inimaginável ter dois meninos se beijando no cursinho como temos agora".
O coordenador-geral do Anglo pelo jeito concordou: "As piadas têm que ser adaptadas a seu tempo". Sinal de que, por mais que os conservadores chiem, a sociedade está mudando a passos rápidos. E não vai parar
Mas, claro, adivinha quem tomou as dores das "vítimas do politicamente correto"?

Pobre Danilinho. Se algum dia a boquinha na TV acabar, se seus shows de stand-up pararem de atrair pessoas acostumadas a piadas preconceituosas, ele não vai mais poder dar aulas de Introdução ao Humor Reacionário em cursinhos e universidades. 
31 Jul 14:38

mimimi da copa

by noreply@blogger.com (Patricia C.)
Demorei para postar, pois precisava antes escrever sobre a copa e tudo que ela movimentou em mim.

Gosto de acreditar que na teoria dos universos paralelos, em algum deles, o Brasil conseguiu ganhar em casa. Serei bem sincera. O fator humilhação, para mim, é o de menos. Foi sim a maior humilhação em copas, mas esse não é o meu ponto. O ponto é o fantasma precisando ser exorcizado desde 50. Há gente que não quer outra copa nunca mais no Brasil. Eu quero 100. Até fazer esse fantasma subir e ir embora das nossas vidas. Galvão disse no tetra em 94 que o Brasil estava exorcizando o último fantasma que restava, a cobrança dos pênaltis. Eu discordo. O último fantasma é ganhar em casa. E mais uma vez não conseguimos. Há quem procure culpados, está cheio de textos por aí, não defendo e não condeno nenhum dos nomes citados. Minha única defesa vai pro Barbosa, que merecia esse título mais do que qualquer um de nós. Gosto de pensar que, em outro universo, ele foi feliz conquistando o primeiro campeonato em 50, jamais tendo escutado a palavra Maracanazo e, quiçá, com outro termo inventado El Maracanón donde solamente gana cabrón de Brasil.

As pessoas não fazem ideia, né? Do que era aquele momento para o Brasil. Li resenhas aos montes dizendo como o 7x1 foi pior. E apenas o meu minuto de silêncio para quem, além de desconhecer a história do futebol, desconhece a história do Brasil. A primeira efervescência do orgulho negro está intimamente ligada a dois fatores: o candomblé e o samba. O percurso foi longo até conseguirem o respeito da elite branca, até, por exemplo, Heitor Villa-Lobos chamar o quarteto de ouro - Cartola, Donga, João da Baiana e Pixinguinha - para cantar para outro maestro famoso que agora não sei o nome. Era não só a elite branca olhando para o negro pela primeira vez sem desdém, como também era para o negro uma afirmação da sua importância. O Brasil e principalmente o Rio de Janeiro borbulhavam em 50 numa expectativa de ser a nova França/Paris. A confiança naquele time era absurda. E veio o revés, 2 x 1 Uruguai e o nosso bode expiatório foi o goleiro Barbosa. Uma horrível teoria antiga voltou com toda força, a de que estávamos fadados ao fracasso por causa da miscigenação. Barbosa e Bigode, o responsável pela marcação do Varela, eram negros. De onze pessoas em campo, caiu sobre eles a responsabilidade da vergonha nacional.

Nelson Rodrigues, 8 anos mais tarde, escreveu a crônica "Complexo de vira latas". Foi escrita às vésperas do início da copa na Suécia e falava sobre a falta de motivação das pessoas com frases naipe "Brasil nem se classifica" etc. Era um sentimento de pessimismo em relação à seleção que viria se consagrar campeã pela primeira vez. E o Nelson vai discorrendo sobre como esse é um problema iniciado na derrota de 50. Como as pessoas acreditavam muito naquele título, não poderiam sofrer novamente, então o pessimismo acabava sendo uma válvula de escape. Não passava na cabeça do Nelson que ali ele tinha definido o estereótipo do brasileiro. "Somos uma merda, o estrangeiro é sempre melhor". Esse sentimento sintetizado no tumblr só no brazil. Iguais essas comparações que a gente vê hoje no facebook, Ronaldo Nazario (calado é um poeta - parte II) dizendo que a Alemanha tem 100 Nobel e o Brasil nenhum e essa é a verdadeira goleada. É um acinte, né? Esquece da nossa colonização durante 300 anos. Esquece todos os pormenores. É a mesma coisa se fizermos uma comparação entre ganhadores homens e mulheres ou ganhadores brancos e negros e daí tirarmos equivocadamente que a mulher e o negro são inferiores. Falta olhar para o fundo da nossa história. A maioria das pessoas só olha a nossa superfície. A copa de 50 foi muito pior porque definiu a identidade nacional. O vira lata complexado. Ninguém ergueu a cabeça depois dos 7x1, porque ninguém recuperou o orgulho depois de 50, nem com o título em 58, nem com as outras copas, nem sendo o maior campeão. Veja bem. Ainda estamos no topo e nos comportamos como ralé.

Aqui entra outra reflexão. Quando o futebol sai da elite e passa a ser de massa, ele traz a crítica imbecil da alienação do povo. O futebol passa a ser o principal responsável de todas as nossas mazelas. Chamam o povo de alienado, de massa de manobra. Tudo isso por causa do futebol (e do carnaval também, mas isso é papo pra outro post). Como se o futebol tivesse todo esse imenso poder, como se a alienação não fosse fruto da falta de incentivo ao pensamento plural. E quem trata a população dessa forma não percebe (ou será que percebe?) o quanto esse discurso é preconceituoso. Tachar o povo de ignorante e sem condições de pensar tem outro nome senão o preconceito? Quem desmerece o esporte, lhe tira a visão de cultura. Tira o mérito, não consegue enxergar.

Por isso as coisas para mim são mais amplas. Não me atenho aos vilões ou heróis, a esquemas táticos ou confederações corruptas. Vai me interessar sempre o sentimento, a marcação da identidade nacional. Somos o país com mais títulos e ainda sim cornetamos a nossa seleção há anos. Faz parte da nossa identidade. Nunca temos o melhor time, sempre temos perna de pau. Cornetamos não apenas na derrota, mas antes dela e até mesmo na vitória. A tristeza que fica nessa copa não é a humilhação dos 7x1, mas a oportunidade perdida para vingarmos Barbosa. A oportunidade perdida para curarmos essa ferida que nos foi herdada. A ferida de quem não conseguiu ganhar em casa.
31 Jul 11:57

Carta de Matheus Nachtergaele a Ariano Suassuna

by Cássia Pires

As palavras do Matheus são lindas de doer a alma. Obrigada, Ariano, por tudo.

“Carta para Ariano,

Quem te escreve agora é o Cavalo do teu Grilo. Um dos cavalos do teu Grilo. Aquele que te sente todos os dias, nas ruas, nos bares, nas casas. Toda vez que alguém, homem, mulher, criança ou velho, me acena sorrindo e nos olhos contentes me salva da morte ao me ver Grilo.

Esse que te escreve já foi cavalgado por loucos caubóis: por Jó, cavaleiro sábio que insistia na pergunta primordial. Por Trepliev, infantil édipo de talento transbordante e melancólicas desculpas. Fui domado por cavaleiros de Sheakespeare, de Nelson, de Tchekov. Fui duas vezes cavalgado por Dias Gomes. Adentrei perigosas veredas guiado por Carrière, por Büchner e Yeats. Mas de todos eles, meu favorito foi teu Grilo.

O Grilo colocou em mim rédeas de sisal, sem forçar com ferros minha boca cansada. Sentou-se sem cela e estribo, à pelo e sem chicote, no lombo dolorido de mim e nele descansou. Não corria em cavalgada. Buscava sem fim uma paragem de bom pasto, uma várzea verde entre a secura dos nossos caminhos. Me fazia sorrir tanto que eu, cavalo, não notava a aridez da caminhada. Eu era feliz e magro e desdentado e inteligente. Eu deixava o cavaleiro guiar a marcha e mal percebia a beleza da dor dele. O tamanho da dor dele. O amor que já sentia por ele, e por você, Ariano.

Depois do Grilo de você, e que é você, virei cavalo mimado, que não aceita ser domado, que encontra saídas pelas cêrcas de arame farpado, e encontra sempre uma sombra, um riachinho, um capim bom. Você Ariano, e teu João Grilo, me levaram para onde há verde gramagem eterna. Fui com vocês para a morada dos corações de toda gente daqui desse país bonito e duro.

Depois do Grilo de você, que é você também, que sou eu, fui morar lá no rancho dos arquétipos, onde tem néctar de mel, água fresca e uma sombra brasileira, com rede de chita e tudo. De lá, vê-se a pedra do reino, uns cariris secos e coloridos, uns reis e uns santos. De lá, vejo você na cadeira de balanço de palhinha, contando, todo elegante, uma mesma linda estória pra nós. Um beijo, meu melhor cavaleiro.

Teu,
Matheus Nachtergaele”

Matheus Nachtergaele, publicado no caderno Viver, Diário de Pernambuco.
O link para o texto, aqui.


Arquivado em:Literatura
29 Jul 11:41

Mariel: Dinheiro do BNDES foi para empresas brasileiras

by Luiz Carlos Azenha

mariel

Da redação

O Viomundo reproduz o texto abaixo, antigo, por conta do fato de que o financiamento da construção do porto de Mariel, em Cuba, pelo BNDES, continua sendo apontado nas redes sociais como algo comprometedor para a política externa de Dilma Rousseff, ou seja, seria dinheiro do Brasil para “ajudar a ditadura de Fidel Castro”.

É um contraponto a este discurso, para incentivar o debate da questão:

Presidente do BNDES desmonta oposição e detalha benefícios de investimentos do Brasil no exterior

O objetivo do debate era esclarecer, especificamente, o dinheiro que vai financiar a construção do Porto de Mariel, em Cuba, mas Coutinho acabou explicando, de forma ampla, como ocorre esse tipo de repasse, que se processa de uma forma diametralmente oposta daquela propagada pela oposição e pela grande mídia

Por PT na Câmara

Quarta-feira, 28 de maio de 2014

O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, desconstruiu nesta terça-feira (27) durante audiência na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara, vários argumentos de cunho eleitoreiro da oposição acerca do financiamento, pelo banco, de serviços brasileiros de engenharia para a realização de obras em outros países.

O objetivo do debate era esclarecer, especificamente, o dinheiro que vai financiar a construção do Porto de Mariel, em Cuba, mas Coutinho acabou explicando, de forma ampla, como ocorre esse tipo de repasse, que se processade uma forma diametralmente oposta daquela propagada pela oposição e pela grande mídia.

Primeiramente, conforme explicou por meio de esquema gráfico, o BNDES não repassa dinheiro a governo algum onde a obra será realizada.

Os recursos financiam, em moeda nacional, as empresas brasileiras que ganharam a licitação da obra no país estrangeiro. Essa informação, por si só, já desmonta o principal argumento da oposição, segundo o qual o governo brasileiro estaria deixando de investir no Brasil para “doar” ou “mandar” dinheiro para Cuba.

Coutinho mostrou que, antes de tudo, trata-se de um procedimento que gera empregos no Brasil e movimenta uma vasta cadeia produtiva nacional de bens e serviços, envolvendo também uma infinidade de outras pequenas empresas brasileiras que se beneficiam com a transação.

O presidente do BNDES explicou ainda que, como pagamento do dinheiro repassado àquelas companhias nacionais que ganharam a licitação, o país onde será construída a obra paga em dólar ao Brasil.

Ainda, segundo Coutinho, as linhas de crédito para apoiar serviços de engenharia no exterior são um mercado “concorridíssimo” e são praticadas por todos os países que têm bancos de fomento. Disse também que a modalidade praticada pelo Brasil ainda é “conservadora” se comparada às dos países desenvolvidos e da China. “Eles financiam, inclusive, gastos locais”, informou.

O dirigente mostrou dados que revelam o grau de investimento de outras nações em obras de engenharia fora de seus territórios. A China desembolsou entre 2008 e 2012 um total de US$ 45,2 bilhões; os Estados Unidos, 18,6 bilhões; a Alemanha, US$ 15,6; e a França, US$ 14,6 bilhões.

No mesmo período, o Brasil financiou US$ 2,24 bilhões, ocupando a oitava colocação na tabela apresentada, atrás ainda da Índia, do Japão e do Reino Unido.

O deputado Pepe Vargas (PT-RS), ao se referir à queixa sobre os recursos repassados à empresa brasileira que ganhou a licitação em Cuba, disse achar lamentável que a oposição planeje fazer uma política de apoio de exportação e uma política de relações externas com viés de preconceito ideológico.

“Um país que queira ter uma inserção soberana no mundo não faz política externa e não faz política de apoio às exportações com esse tipo de postura”, afirmou.

“Se há empresa brasileira que venceu uma licitação internacional e tem lá uma obra de serviço de engenharia para executar, cabe, sim, ao governo brasileiro, através da sua instituição de fomento, fazer esse financiamento. Isso ajuda a economia nacional a melhorar a balança de serviços e gera empregos aqui dentro do Brasil”, completou o deputado.

Pepe Vargas também fez uma comparação do tipo de ações financiadas pelo BNDES atualmente com o modelo de repasse de recursos feito pelo banco na época em que os tucanos, regidos por FHC, governavam o País.

“Se voltássemos ao passado, teríamos uma situação em que o BNDES financiava privatizações, financiava a compra de ativos já existentes para grupos nacionais ou internacionais, que não geravam nenhum emprego novo dentro do Brasil”, comparou.

Falou ainda sobre o papel estratégico do BNDES no nível de investimento do país, que seria muito menor se não fosse essa atuação.

Segundo Pepe Vargas, não cabe o argumento que isso gera endividamento público e compromete o resultado fiscal do governo. “Isso é uma falácia, porque o resultado fiscal hoje é muito melhor que há dez anos. Saímos de uma dívida pública líquida de 60,4% do PIB para um patamar entre 33% e 34% do PIB. A dívida bruta também vem se mantendo nos mesmos patamares”, acrescentou.

PS do Viomundo: Tratamos disso em um programa da série Nova África, no passado. Mostramos como os chineses fizeram obras em Cabo Verde — de um shopping center a represas para água de chuva — com suas próprias empresas e levando até os operários e engenheiros! Com isso turbinam sua própria economia e melhoram relações diplomáticas com os países africanos, pois não impõe as condicionalidades neoliberais do FMI ou do Banco Mundial. Essa direita brasileira, que só vai a Miami fazer compras, é muito mal informada!

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27 Jul 14:02

O SUS é ruim? Pois saiba que é bem melhor do que parece

by eduguim

Meu genro Isac chegou às portas do hospital da Escola Paulista de Medicina, em São Paulo, nas primeiras horas da manhã da última terça-feira (23). A fila dobrava o quarteirão e ele mal se aguentava em pé. Havia dois dias que passara a sentir formigamentos nos membros superiores e inferiores, dificuldade para movê-los e até para respirar, além de fraqueza extrema.

Por ser jovem (34 anos) e estar em excelente forma física – até por conta de ser fisioterapeuta e de já ter sido professor de academias de ginástica –, nunca se incomodou em pagar um plano de saúde para si, preferindo pagar para a esposa e para a filha nascida recentemente. Assim, nada mais lhe restava além de hospitais financiados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Por ser profissional da área de saúde, o rapaz já intuía o diagnóstico que lhe seria dado logo em seguida: Síndrome de Guillain Barré. Antes de prosseguir, pois, vale reproduzir explicações sobre essa doença extraídas de artigo publicado no site do médico Drauzio Varella.

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“A síndrome de Guillain-Barré, também conhecida por polirradiculoneuropatia idiopática aguda oupolirradiculopatia aguda imunomediada, é uma doença do sistema nervoso (neuropatia) adquirida, provavelmente de caráter autoimune, marcada pela perda da bainha de mielina e dos reflexos tendinosos. Ela se manifesta sob a forma de inflamação aguda desses nervos e, às vezes, das raízes nervosas.

O processo inflamatório e desmielizante interfere na condução do estímulo nervoso até os músculos e, em parte dos casos, no sentido contrário, isto é, na condução dos estímulos sensoriais até o cérebro.

Em geral, a moléstia evolui rapidamente, atinge o ponto máximo de gravidade por volta da segunda ou terceira semana e regride devagar. Por isso, pode levar meses até o paciente ser considerado completamente curado. Em alguns casos, a doença pode tornar-se crônica ou recidivar (…)

A síndrome de Guillain-Barré deve ser considerada uma emergência médica que exige internação hospitalar já na fase inicial da evolução. Quando os músculos da respiração e da face são afetados, o que pode acontecer rapidamente, os pacientes necessitam de ventilação mecânica para o tratamento da insuficiência respiratória (…)”

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Apesar da longa fila e da torturante espera no meio da rua até chegar ao atendimento na sala de espera daquele hospital, em poucas horas o rapaz já estava sendo atendido nos corredores repletos de pacientes em macas da unidade de emergência.

Não é bonito de ver o pronto atendimento dos hospitais públicos brasileiros. Pelo contrário, é chocante. Meu genro presenciou a morte de uma paciente na maca ao lado da sua, enquanto os jovens médicos tentavam, desesperadamente, revivê-la.

Pessoas amputadas, pessoas gritando de dor, parentes em desespero… Não é nada bonito. Muito ao contrário, induz quem vê aquelas cenas a considerar o SUS um sistema caótico e ineficiente.

A imagem que as unidades de emergência dos hospitais públicos – mesmo os de grande porte, como o hospital supracitado – passam à sociedade, porém, induz a uma visão errônea, como o blogueiro pôde comprovar ao acompanhar o que de fato acontece nesses locais.

Sim, o pronto atendimento dos hospitais públicos é caótico e maltrata quem está sofrendo. Não há conforto na porta de entrada. Mas, lá dentro, há medicina, sim. E de um nível que pode compensar a falta de “hotelaria” nessas instituições.

Um dos fatos mais interessantes sobre a vantagem do SUS sobre a medicina privada dos planos de saúde é a questão dos exames. Pude fazer essa comparação porque minha quarta filha, Victoria, padece de uma grave enfermidade neurológica e frequenta intensamente hospitais paulistanos tidos como “de excelência”, sobretudo o hospital Santa Catarina.

Para os médicos avaliarem o estrago que a doença promoveu em meu genro ele teve que fazer uma bateria de exames a partir do momento de sua admissão via SUS no hospital da Escola Paulista de Medicina. Exames caros, como tomografia e outros.

Se o rapaz tivesse um plano de saúde caro como o de minha filha (citada acima), todos aqueles exames exigiriam muita burocracia e muita briga porque os planos de saúde regateiam “autorização” para exames e procedimentos dispendiosos.

No SUS, não. É feito tudo que precisa ser feito e a família do paciente não tem que brigar como acontece com planos de saúde, tendo que ameaçá-los de processos ou até tendo que mover tais processos para obter o que tentam não oferecer apesar de serem obrigados por lei.

Para que se tenha uma ideia, em 2009 a minha filha Victoria só conseguiu fazer um determinado procedimento em um hospital “de excelência”, da rede credenciada do caríssimo plano de saúde, porque fui à Justiça. Mas entre o vai e vem para chegar à decisão judicial passaram-se 45 dias, com a menina exposta a infecção hospitalar etc.

No SUS, não teria havido esse drama.

Mas o que mais me surpreendeu nesse episódio do meu genro foi o tratamento que passou a receber após os médicos decidirem por sua internação.

Em primeiro lugar, a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) na qual foi internado não perde em nada para as dos tais “hospitais de excelência” da rede privada. Ao menos em recursos clínicos, estrutura, atendimento dos médicos etc. Só não tem luxo – televisão, frigobar, refeições em bandejas elegantes etc.

Vagando pelos corredores do hospital, surpreendi-me com a limpeza, com o foco dos profissionais, enfim, com uma qualidade da instituição que o atendimento emergencial esconde.

Além disso, surpreendi-me com a educação e a atenção dos profissionais. No primeiro dia da internação do meu genro, ele estava cercado de profissionais atenciosos e simpáticos.

Mas não é só. O tratamento da Síndrome que acometeu o rapaz requer imunoglobulina humana, que, claro, os planos de saúde têm que fornecer. Mas isso porque são pagos. E caros. Além disso, devido ao alto custo daquele medicamento, na saúde privada os planos de saúde provavelmente dificultariam o fornecimento – já passei por isso com a minha filha.

Imunoglobulina humana é um medicamento caríssimo. Em pesquisa na internet, descobri que custa cerca de mil reais cada dose.

Meu genro precisava de 30 doses, que, somadas, dão para comprar um carro popular zero quilômetro. O hospital não tinha, mas o SUS disponibiliza. A única dificuldade é que a família do paciente tem que ir buscar em unidades de fornecimento de medicamentos – vide, no alto da página, foto da caixa de isopor com as 30 doses que obtive para o rapaz.

Não é por outra razão que, hoje, enfermos de países vizinhos vêm ao Brasil buscar socorro no SUS. Apesar da falta de conforto em nosso sistema público de saúde, em outros países – inclusive em países ricos como os Estados Unidos – quem adoecer e não tiver um plano de saúde até pode obter atendimento, mas se endivida até o pescoço.

Falta muito para o SUS oferecer, além da boa medicina que já fornece, também um mínimo de conforto. Todavia, é um sistema que funciona. E funciona tão bem que, mesmo pagando um caro plano de saúde, é bem provável que, se o problema de que você padecer for muito grave, talvez tenha que terminar o tratamento no sistema público.

É uma obrigação deste que escreve divulgar este relato para que aqueles que têm uma ideia errada do SUS reflitam se vale mesmo a pena pagar fortunas por planos de saúde privados se você tem direito a um sistema que, apesar do déficit de conforto, funciona bem.

Até porque, a filosofia exclusivamente capitalista do sistema privado pode vir a ser fatal para o paciente. Ao regatear “autorizações” para exames e outros procedimentos clínicos, os planos de saúde podem até matar o paciente. No SUS, você não correrá esse risco.

25 Jul 14:44

Aécio e sua “bolsa família”: Parasitismo estatal para si e os seus

by Conceição Lemes

Aecio-Neves

Aécio e sua “bolsa família”: Parasitismo estatal para si, liberalismo para os outros

por Luis Carlos da Silva, especial para o Viomundo

Em várias declarações já ouvimos Aécio dizer que os petistas não podem perder a presidência da República, dentre outros motivos, para não ver cair seu padrão de vida. Provocação barata que ocupa o espaço dos debates estruturais que deveriam presidir uma disputa eleitoral da magnitude desta que temos à frente.

Mas, entremos no clima por ele proposto.

Aécio, de fato, não precisa se preocupar com seu padrão de vida. Ganhando ou perdendo eleições. Aliás, nunca se preocupou. Descendente das oligarquias conservadoras mineiras, que foram geradas nas entranhas do Estado, desde o império, ele não tem a menor ideia do que seja empreender na iniciativa privada. Do que seja arriscar em negócios e disputas de mercado. Do que seja encarar uma falência, uma cobrança bancária, uma perda de patrimônio.

Pasmem: é esse o candidato que faz apologia do livre mercado, da iniciativa individual como base para a ascensão social e da ideia do “cada um por si” como critério de sobrevivência na selva do capitalismo contemporâneo.

Até sua carreira eleitoral tem como fato gerador a agonia terminal do avô, cuja morte “coincidiu” com o dia de Tiradentes . Seu primeiro cargo eletivo é tributário disso: em 1986 ele obteve mais de 200 mil votos para deputado federal sem lastro político próprio. Quatro anos mais tarde, distante do “fato gerador”, ele se reelegeu com magros 42.412 votos.

No quadro a seguir temos um diminuto resumo da versão de sua “bolsa família”.

aecim

Reitera-se: trata-se de um “diminuto resumo”. A história de seus avós paternos e maternos é a reprodução integral de como foram formadas as elites mineiras: indispensável vínculo estatal (cargos de confiança no Executivo, cartório e muita influência no Judiciário), formação de patrimônio fundiário à base da incorporação de terras devolutas e estreitas ligações com carreiras parlamentares.

O pai, Aécio Cunha, por exemplo, morava no Rio de Janeiro quando,  em 1952 retorna a Belo Horizonte e, com 27 anos de idade, em 1954,  “elegeu-se deputado estadual, pela região do Mucuri e do Médio Jequitinhonha, ainda que pouco conhecesse a região (…)” conforme descrição no Wikipédia. Seus oito mandatos parlamentares nasceram de sua ascendência oligarca. Do avô materno, Tancredo, dispensa-se maiores apresentações. Atípico sobrevivente de várias crises institucionais que levaram presidentes à morte, à deposição e ao exílio, Tancredo Neves sempre esteve na “crista da onda”. Nunca como empresário. Quase sempre como interlocutor confiável dos que quebravam a normalidade democrática.

Aécio Neves, por sua vez, era um bon vivant quando passa a secretariar o avô, governador de Minas Gerais, a partir de 1983. Nunca foi empresário, nunca prestou concurso público, nunca chefiou nenhum empreendimento privado. Sua famosa rádio “Arco Íris” foi um presente de José Sarney e Antônio Carlos Magalhães. Boa parte de seu patrimônio é herança familiar construída pelo que se relatou anteriormente. O caso do aeroporto do município mineiro de Cláudio é apenas mais uma ponta do iceberg.

Enfim, ele é isso: um produto estatal que prega liberalismo, competição, livre mercado… para os outros. Uma contradição em movimento. Herdeiro, portanto, de uma típica “bolsa família”; só que orientada para poucos.

Aliás, esse parasitismo estatal é característico da maior parte das elites brasileiras. Paradoxal é defenderem os valores neoliberais.

Luis Carlos da Silva é sociólogo e assessor do bloco Minas Sem Censura

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25 Jul 14:19

Contra o racismo, Patrick Vieira fez o gol que Pelé nunca quis fazer

by Marcos Sacramento
  Patrick Vieira, técnico do time de futebol sub-21 do Manchester City, tomou a atitude mais adequada diante de uma atitude racista. Ao saber que o meio-campista Seko Fofana sofrera um insulto durante a partida amistosa contra o HNK Rijeka, na Croácia, Vieira ordenou que o City abandonasse o jo...
24 Jul 10:53

Campanha pela real feiura

by Polly

Se você é uma pessoa de sorte, conseguiu viver até hoje sem saber que rolou um meme cretino com as fotos de uma torcedora alemã.

Se não é tão afortunada, com certeza se deparou com essa imagem em alguma rede social por aí.

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Duas coisas me enfurecem nisso.

1) Padrãozinho eurocêntrico de beleza. Ela estava com metade do rosto coberto, mas só porque era branca magra loura e lisa já pré-determinaram que era linda.

2) Quando a pessoa não atingiu o nível de beleza esperado, imediatamente virou motivo de piada, risos risos risos olha essa pessoa que tinha tudo pra ser bonita mas na verdade é feia.

Vomitei mil vezes e dei dois unfriends em quem compartilhou isso.

Eu poderia alegar que na verdade a moça é bonita  (é) só o angulo que estava ruim (estava) e defender a beleza dela, mas importa? O problema aqui não é a beleza ou falta dela. É essa noção de que mulher só serve pra enfeitar o mundo e se não conseguir, merece ser  ridicularizada.

Mina tava lá tranquila vendo jogo de boa e de repente vira motivo de piada sem ter feito absolutamente nada.

Declaração dela para o Extra:

Nunca aleguei que sou modelo ou que queria concorrer num concurso de beleza indo aos estádios. Só queria ver meu time jogar e fui um pouco fantasiada. Estragou a Copa, para mim. Eu fiquei chorando durante dois dias. Não fui comemorar o título tão desejado da minha seleção poque já começaram a me reconhecer e fazer piadas ainda no estádio, me mostrando a foto, querendo tirar fotos comigo. Aí em vez de ir pra festa eu fui direto pra casa sozinha.

Migs, não precisa chorar não. Não vou dizer que você é maior que isso, mas ó: tamo junto. E pra provar isso, fizemos nossas próprias montagens, porque ninguém aqui nasceu pra ficar agradando babaca não.

 

POLLY

CLARA

 

MARI

 

22 Jul 13:27

Criatura e criador: a cartilha neoliberal de FHC reeditada por Aécio Neves

by mariafro

Aécio não nega o berço, anda com saudades de quando o Brasil devia para o FMI, critica o fortalecimento do Brasil com o banco do Brics, diz com todas as letras que se colocará a serviço do capital internacional. Nada de políticas sociais, nada de aumento de salário mínimo, nada de trazer médicos cubanos pra atender os pobres que nunca haviam visto um médico na vida.

Aécio vive cuspindo as lições da cartilha neoliberal de FHC e promete, se eleito, que o Brasil vai voltar a ficar de joelhos para os Estados Unidos.

Professor Wagner Iglecias ao analisar as últimas declarações de Aécio mostra que não se pode acusar a criatura de FHC, Aécio Neves, de um candidato que esconde o jogo, ele é explícito em seu entreguismo. 

Aécio, um candidato franco

Por Wagner Iglecias, especial para o Maria Frô

21/07/2014

Pode-se criticar Aécio por muitas coisas, mas pelo menos ele não esconde o jogo. Há alguns meses ele declarou que se eleito vai tomar “medidas impopulares”, provavelmente convencido de que é preciso fazer um ajuste nas contas do governo e que este trará, inevitavelmente, perdas. No caso, ao povo. Por uma escolha política, obviamente. E quais seriam estas perdas? Desemprego? Redução do crédito subsidiado? Corrosão do salário mínimo e do poder de compra? Não se sabe. Mas a declaração foi feita.

Aécio tem em Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central durante o governo FHC e hoje em dia um muito bem-sucedido operador do mercado financeiro, aquele que talvez seja seu principal conselheiro em matéria de economia, e provavelmente um dos mais destacados formuladores de seu programa de governo na área. Em recente entrevista ao Estadão Armínio mostrou-se preocupado com a atual situação fiscal do governo, falou em autonomia do Banco Central, racionalização da atuação dos bancos públicos, privatização de infra-estrutura, relacionou ganhos reais do salário mínimo a “engessamento do mercado de trabalho” e criticou a atual política externa brasileira, na visão dele distante “das grandes locomotivas mundiais” e próxima de regimes autoritários e exóticos. Aécio não o desmentiu.

Por falar nisso, em política externa, Aécio se mostra francamente favorável a um alinhamento com USA e União Européia, como bom tucano que é. Em postagem feita em sua página oficial no Facebook, nesta 2ª feira, por ocasião de encontro com o presidente da Comissão Européia, o conservador José Durão Barroso, Aécio foi mais uma vez direto: “Reiterei minha convicção de que estamos atrasados com a negociação com a União Europeia, que poderia estar ampliando nossos mercados. Lamento o desinteresse do atual governo pelo tema, adiando mais uma vez, agora para o próximo ano, a conclusão dessas negociações. Enquanto isso, a União Europeia avança seus entendimentos com outras regiões do mundo, em especial com os Estados Unidos. Em um governo do PSDB, esse tema será tratado como prioridade.”

Embora franco,  Aécio equivoca-se. O Brasil precisa mesmo é aprofundar as relações com os BRICS, fortalecer as relações Sul-Sul e liderar o processo de integração da América do Sul, como tem feito. E pra isso nem é preciso abrir mão das relações com europeus e norte-americanos, que continuam sendo cultivadas normalmente. Num mundo multipolar como o deste século XXI, o alinhamento automático e ideológico a uma ou outra potência não faz mais qualquer sentido. Que o diga o México, que “casou-se” economicamente com os USA através do NAFTA em 1994 e vinte anos depois convive com uma profunda dependência do mercado norte-americano, o que acarreta ao país fragilidade econômica e gravíssima crise social, com mais de 51% de seus cidadãos vivendo abaixo da linha da pobreza, segundo dados oficiais.

Diferentemente de outros candidatos do passado, que dissimulavam suas propostas, Aécio tem sido franco com o eleitorado. Se vier a ganhar a eleição ninguém poderá argumentar que tratou-se de estelionato eleitoral. O tucano está dizendo com todas as letras qual o seu projeto de país. E nem é preciso tanto esforço assim para entender.

*Wagner Iglecias é doutor em Sociologia e professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP.

22 Jul 12:34

Não muda mais: Dilma reeleita, fica tudo como está na mídia eletrônica

by Luiz Carlos Azenha

rainha

No Reino Unida, ela regulamenta conteúdo: discípula de Hugo Chávez?

A espera frustrada: Dilma retira democratização das comunicações da plataforma de campanha presidencial

Da página do Intervozes

Um sentimento de frustração acometeu defensores de uma mídia mais democrática nas últimas semanas, após a veiculação na imprensa nacional da notícia que apontava a silenciosa retirada da pauta da comunicação da plataforma de campanha da Presidenta e candidata à reeleição Dilma Rousseff.

A única proposta que diz respeito ao setor cita a ampliação do acesso à internet e acaba por construir a falsa ideia de que a rede seria capaz de sanar sozinha as necessidades de liberdade de expressão e comunicação da população. Mesmo após intensos debates internos, o programa de governo intitulado “Mais mudanças, mais futuros” simplesmente não lista, dentre suas prioridades, mudanças em um setor estratégico para o desenvolvimento cultural, econômico e social brasileiro.

Há muito, a sociedade civil aponta a necessidade de uma comunicação mais diversa e plural no Brasil; de regras para impedir monopólios e oligopólios no setor (como ocorre em vários países do mundo); do fortalecimento de veículos públicos e comunitários; do estímulo à produção regional, independente e alternativa; de transparência no trato da concessão e renovação das outorgas de rádio e TV; da prestação de serviços de telecomunicações acessíveis e de qualidade; e da participação de representações da sociedade na elaboração e acompanhamento das políticas públicas desta área (como há na saúde, educação, moradia e assistência social, por exemplo).

Esse desejo se expressou nas mais de 600 propostas aprovadas, ainda em 2009, pela I Conferência Nacional de Comunicação, após debates que envolveram mais de 30 mil pessoas em todo o país. Mas, desde então, essas recomendações nunca foram seriamente levadas em consideração pelo governo federal – diferentemente do que fizeram vários vizinhos nossos na América Latina, como Argentina, México, Uruguai e Equador, que recentemente reformaram seus sistemas de comunicação visando democratizá-los. Apesar de, no último ano do governo Lula, ter sido criado um Grupo de Trabalho para formular uma minuta de nova legislação para a área, o trabalho foi repassado à gestão Dilma e não avançou.

Não se pode dizer que foi por falta de sugestões. Entidades da sociedade civil organizadas em torno do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação e da Campanha Para Expressar a Liberdade optaram por traduzir as deliberações da Conferência em uma proposta concreta: nasceu o Projeto de Iniciativa Popular da Lei da Mídia Democrática (íntegra disponível em paraexpressaraliberdade.org.br). Mais uma vez, a gestão Dilma Rousseff não se mostrou receptiva à agenda. A espera, agora frustrada, era que isso ocorresse em um eventual segundo mandato da Presidenta.

Perguntamo-nos, então, que tamanha pressão exercem os grandes grupos de comunicação do país sobre o governo federal a ponto de silenciar o debate público sobre o tema, reiteradamente barrar qualquer tentativa de avanço possível no Congresso Nacional e, agora, levar uma candidatura presidencial a retirar do seu programa de propostas uma questão historicamente reivindicada pela sociedade civil brasileira e já enfrentada por tantos países?

Acreditamos que ainda é tempo da campanha de Dilma Rousseff reverter a retirada e acolher as propostas feitas no âmbito do projeto da Lei da Mídia Democrática. Para uma candidatura que prega “mais mudanças”, enfrentar o tema, seja nas eleições ou em um eventual segundo mandato, é tarefa urgente. Afinal, sem diversidade na mídia e sem um ambiente democrático de debate público, transformações que assegurem mais direitos à população ficarão cada vez mais difíceis.

E, como não vivemos de espera, entendemos que tal fato somente reafirma a importância estratégica da nossa pauta, conclama o movimento a organizar ainda mais a luta pelo direito à comunicação e a seguir em frente na busca de construir um país onde todos/as tenham voz e se sintam representados/as nos meios de comunicação.

Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social

11 de julho de 2014

PS do Viomundo: Enquanto isso aquela grande ditadura, o Reino Unido, regulamenta conteúdo.

Leia também:

Senadora Ana Rita: Querem demolir a Voz do Brasil

Altamiro Borges: O mensalão tucano morre de inanição midiática

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17 Jul 00:38

Não podia, candidato

by Luis Fausto

Da Folha de S.Paulo, por Bernardo Mello Franco:

O Tribunal de Contas da União tem nove ministros e uma missão que já seria pesada para 90: fiscalizar a aplicação das verbas federais em todo o país. Sua principal função é julgar as contas do presidente da República. Em caso de rejeição, ele –ou ela– pode ficar inelegível por oito anos.

Apesar de tanto trabalho e responsabilidade, o cargo de ministro do TCU é um dos mais cobiçados em Brasília. O salário beira os R$ 28 mil, fora vantagens e indenizações. Ainda há benesses como apartamento, carro oficial, gabinete com 16 assessores e até auxílio-alimentação.

Em 2011, o então governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), fez campanha aberta para instalar a mãe no tribunal. Negociou pessoalmente o apoio de diversos partidos, do PSDB de Aécio Neves ao PSD do neodilmista Gilberto Kassab. Campos era quem mandava no Ministério da Integração Nacional. Não se sabe bem o que prometeu, além da vaga perspectiva de poder.

Quando Ana Arraes chegou lá, Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) protestou: “Isso não é modernidade. É nepotismo. É política do compadrio, do coronelismo. É atraso do pior tipo possível”. O senador ainda deixou uma pergunta no ar: “Quando chegar uma conta do governo Eduardo Campos no TCU, qual será a postura da nova ministra?”.

Nesta terça-feira (15), na sabatina da Folha, Campos voltou a se apresentar como o representante da “nova política” na eleição presidencial. Ao final, foi questionado sobre a nomeação da mãe, que se aposentará daqui a apenas três anos com salário integral. Começou tratan-do-a como “Ana”, como se não fosse sua parente. Depois disse que “os deputados lançaram a candidatura dela”, como se não tivesse sido seu maior cabo eleitoral. Por fim, afirmou: “Não imagino que só ela, como brasileira, teria que ter vetada a possibilidade de disputar com tantos outros e ganhar. Só não podia ela?”. Não podia, candidato.

14 Jul 01:17

Sobre o genocídio contra o povo Palestino

by negrobelchior

Por Douglas Belchior

A coisa mais terrível do mundo: crianças assassinadas pela estupidez dos adultos, pela ganância econômica e pela hipocrisia religiosa.

Recuso fotografias.

Toda solidariedade e apoio ao povo palestino.  

Abaixo, Nota dos Comitês da Palestina Democrática – Brasil, de 13 de Julho 2014.

 

Palestina

 

A comunidade palestina no Brasil expressa com grande preocupação os acontecimentos na Palestina, tanto na Cisjordânia, Gaza como nos  territórios ocupados em 1948, onde a  agressão sionista é pavimentada pelos massacres em grandes escalas contra a nosso povo. Violências e  massacres que superam os ocorridos nos Campos de Refugiados Sabra e Shatila (sul do Líbano, 1982) e outros massacres cometidos pelos novos nazistas do Estado de “Israel” desde 1948.

Nos últimos dias, as cifras dos crimes cometidos pela entidade sionista “Israel”, alcançou mais de 170 palestinos mortos, a maioria crianças, mulheres e mais de 1200 de feridos, incluindo famílias inteiras, pessoas inocentes vítimas  da agressão sionista. Ocorreram destruições de  casas,  bombardeios em  bairros e zonas residenciais mas, pior que estes crimes, é o silêncio dos  países e a apatia das instituições internacionais, sendo  incapazes de pararem este terrível  genocídio  do povo palestino.

Comitês da Palestina Democrática declara:

O estado sionista de Israel deve reconhecer os direitos políticos, nacionais e legítimos do povo palestino. Continuar a negar estes direitos conduz a região árabe e o Oriente Médio a situações de  instabilidades que ameaçam a paz mundial.

O silêncio dos governos mundiais e instituições internacionais referente aos crimes praticados por Israel contra nosso povo incentiva a continuação e banalização destes mesmos crimes e massacres. Urge um compromisso internacional com a justa luta do povo palestino na consolidação de seu Estado livre e democrático em seu território histórico.

Deve-se abrir o debate crítico sobre o papel dos  acordos e negociações de paz  com o Estado de Israel;  a denúncia dos fracassos destes planos e sua parcialidade favorável ao governo sionista devem  estar na agenda de todas as forças populares e entidades civis. Solicitamos pressões dos movimentos políticos e sociais para o cancelamento de  todas as formas de cooperação e dos acordos com  entidade sionista.

A Palestina necessita do apoio de  todos os brasileiros, amado e justo povo! Desta forma, conclamamos  que as forças democráticas brasileiras,  políticas, sociais, culturais, religiosas, estudantis, sindicais e de massas desempenhem junto ao governo brasileiro um papel de solidariedade a justa luta de libertação da Palestina e que se oponham energicamente as brutais agressões cometidas pelo Estado de Israel ao povo palestino. A comunidade palestina no Brasil solicita ao governo brasileiro que se mobilize e pressione o governo de Israel para imediata suspensão das agressões contra o nosso povo.

Assine a Petição pelp cessar fogo imediato

http://pflp.ps/english/

http://somostodospalestinos.blogspot.com/

www.vivapalestina.com.br

http://www.palestinalibre.org/