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Todo sábado sai nas bancas, no Jornal Extra, um inédito Top Kibe Loco. Este sábado tivemos uma versão sobre frases que valem mais que “eu te amo”, segue abaixo!
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Que tal você pegar um livro como A Batalha do Apocalipse e ler todas as suas 586 páginas em pouco mais de uma hora e meia?
Para isso você vai precisar de um aplicativo que deve ser lançado em breve e esquecer completamente o conceito de ler um livro página por página.
Com o Spritz, um App que está vindo para o Samsung Galaxy S5 e para o Samsung Gear 2, as palavras aparecem uma de cada vez em rápida sucessão. Isto permite ao usuário ler a uma velocidade entre 250 e 1.000 palavras por minuto. O leitor típico de nível universitário lê a um ritmo de 200 a 400 por minuto.
O Spritz não é o primeiro a aplicativo a sugerir a leitura de uma palavra de cada vez. Apps como o Velocity já mostravam ao leitor uma palavra de cada vez em rápida sucessão, permitindo a leitura muito mais ligeira. A diferença do Spritz está no polimento de como ele funciona.
Em cada palavra que você lê, há uma “Optimal Reconhecimento Point” ou ORP, também chamado de “ponto de fixação.” O “ponto de fixação” em cada palavra é geralmente imediatamente à esquerda do meio de uma palavra. Enquanto você lê, os olhos saltam de um ponto de fixação para o outro ponto de fixação da próxima palavra, muitas vezes pulando “a leitura completa da palavra”.
Depois que seus olhos encontram o ORP, seu cérebro começa a processar o significado da palavra que você está vendo. Nos exemplos abaixo você vê os pontos de fixação em vermelho. Em leitores rápios normais o alinhamento das palavras não é levado em consideração, já o Spritz alinha cada palavra por esse ponto, ou seja, seu olhos não precisam se mover, tornando uma leitura rápida, ainda mais rápida.
Faça o teste abaixo, veja o quanto mais rápido você consegue ler:
Via Elite Daily
Mau achou genial!
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Ei nerd! Siga o Jovem Nerd no Twitter, Facebook, YouTube e Instagram, foi o Azaghal que mandou!
Não é (só) a maconha. A atitude de Juan “Pepe” Mujica em relação à droga ilícita mais popular do mundo – legalizando-a e estatizando-a – é apenas uma das várias mudanças que nosso pequeno vizinho está proporcionando ao inconsciente coletivo global. E não é (só) o aborto ou o casamento gay (nem o oferecimento de uma saída para o mar para o Paraguai). Acho que a principal contribuição do atual presidente do Uruguai para o resto do mundo está em possivelmente esfacelar o garbo fake que paira sobre nossos representantes políticos (resumido magistralmente em uma frase dita em uma entrevista à Folha: “o pior de ser presidente é a parafernália fedal que sobrevive na república” e posto em prática menos de um mês depois, quando o presidente – “oh!” – compareceu a uma solenidade oficial – “oh!” – de chinelos – “OH!”). E por mais insignificante que o país possa parecer, Mujica foi à Assembléia da ONU em setembro e fez um discurso que deverá ser lembrado por muitos anos (a transcrição traduzida segue abaixo) – se você não o viu/ouviu/leu, leia antes que 2013 acabe, pra começar 2014 com a cabeça certa:
Não foi à toa que a revista Economist escolheu o Uruguai como sendo o melhor país de 2013. Mujica pra presidente do mundo!
Amigos, sou do sul, venho do sul. Esquina do Atlântico e do Prata, meu país é uma planície suave, temperada, uma história de portos, couros, charque, lãs e carne. Houve décadas púrpuras, de lanças e cavalos, até que, por fim, no arrancar do século 20, passou a ser vanguarda no social, no Estado, no Ensino. Diria que a social-democracia foi inventada no Uruguai.
Durante quase 50 anos, o mundo nos viu como uma espécie de Suíça. Na realidade, na economia, fomos bastardos do império britânico e, quando ele sucumbiu, vivemos o amargo mel do fim de intercâmbios funestos, e ficamos estancados, sentindo falta do passado.
Quase 50 anos recordando o Maracanã, nossa façanha esportiva. Hoje, ressurgimos no mundo globalizado, talvez aprendendo de nossa dor. Minha história pessoal, a de um rapaz — por que, uma vez, fui um rapaz — que, como outros, quis mudar seu tempo, seu mundo, o sonho de uma sociedade libertária e sem classes. Meus erros são, em parte, filhos de meu tempo. Obviamente, os assumo, mas há vezes que medito com nostalgia.
Quem tivera a força de quando éramos capazes de abrigar tanta utopia! No entanto, não olho para trás, porque o hoje real nasceu das cinzas férteis do ontem. Pelo contrário, não vivo para cobrar contas ou para reverberar memórias.
Me angustia, e como, o amanhã que não verei, e pelo qual me comprometo. Sim, é possível um mundo com uma humanidade melhor, mas talvez, hoje, a primeira tarefa seja cuidar da vida.
Mas sou do sul e venho do sul, a esta Assembleia, carrego inequivocamente os milhões de compatriotas pobres, nas cidades, nos desertos, nas selvas, nos pampas, nas depressões da América Latina pátria de todos que está se formando.
Carrego as culturas originais esmagadas, com os restos de colonialismo nas Malvinas, com bloqueios inúteis a este jacaré sob o sol do Caribe que se chama Cuba. Carrego as consequências da vigilância eletrônica, que não faz outra coisa que não despertar desconfiança. Desconfiança que nos envenena inutilmente. Carrego uma gigantesca dívida social, com a necessidade de defender a Amazônia, os mares, nossos grandes rios na América.
Carrego o dever de lutar por pátria para todos.
Para que a Colômbia possa encontrar o caminho da paz, e carrego o dever de lutar por tolerância, a tolerância é necessária para com aqueles que são diferentes, e com os que temos diferências e discrepâncias. Não se precisa de tolerância com aqueles com quem estamos de acordo.
A tolerância é o fundamento de poder conviver em paz, e entendendo que, no mundo, somos diferentes.
O combate à economia suja, ao narcotráfico, ao roubo, à fraude e à corrupção, pragas contemporâneas, procriadas por esse antivalor, esse que sustenta que somos felizes se enriquecemos, seja como seja. Sacrificamos os velhos deuses imateriais. Ocupamos o templo com o deus mercado, que nos organiza a economia, a política, os hábitos, a vida e até nos financia em parcelas e cartões a aparência de felicidade.
Parece que nascemos apenas para consumir e consumir e, quando não podemos, nos enchemos de frustração, pobreza e até autoexclusão.
O certo, hoje, é que, para gastar e enterrar os detritos nisso que se chama pela ciência de poeira de carbono, se aspirarmos nesta humanidade a consumir como um americano médio, seriam imprescindíveis três planetas para poder viver.
Nossa civilização montou um desafio mentiroso e, assim como vamos, não é possível satisfazer esse sentido de esbanjamento que se deu à vida. Isso se massifica como uma cultura de nossa época, sempre dirigida pela acumulação e pelo mercado.
Prometemos uma vida de esbanjamento, e, no fundo, constitui uma conta regressiva contra a natureza, contra a humanidade no futuro. Civilização contra a simplicidade, contra a sobriedade, contra todos os ciclos naturais.
O pior: civilização contra a liberdade que supõe ter tempo para viver as relações humanas, as únicas que transcendem: o amor, a amizade, aventura, solidariedade, família.
Civilização contra tempo livre que não é pago, que não se pode comprar, e que nos permite contemplar e esquadrinhar o cenário da natureza.
Arrasamos a selva, as selvas verdadeiras, e implantamos selvas anônimas de cimento. Enfrentamos o sedentarismo com esteiras, a insônia com comprimidos, a solidão com eletrônicos, porque somos felizes longe da convivência humana.
Cabe se fazer esta pergunta, ouvimos da biologia que defende a vida pela vida, como causa superior, e a suplantamos com o consumismo funcional à acumulação.
A política, eterna mãe do acontecer humano, ficou limitada à economia e ao mercado. De salto em salto, a política não pode mais que se perpetuar, e, como tal, delegou o poder, e se entretém, aturdida, lutando pelo governo. Debochada marcha de historieta humana, comprando e vendendo tudo, e inovando para poder negociar de alguma forma o que é inegociável. Há marketing para tudo, para os cemitérios, os serviços fúnebres, as maternidades, para pais, para mães, passando pelas secretárias, pelos automóveis e pelas férias. Tudo, tudo é negócio.
Todavia, as campanhas de marketing caem deliberadamente sobre as crianças, e sua psicologia para influir sobre os adultos e ter, assim, um território assegurado no futuro. Sobram provas de essas tecnologias bastante abomináveis que, por vezes, conduzem a frustrações e mais.
O homenzinho médio de nossas grandes cidades perambula entre os bancos e o tédio rotineiro dos escritórios, às vezes temperados com ar condicionado. Sempre sonha com as férias e com a liberdade, sempre sonha com pagar as contas, até que, um dia, o coração para, e adeus. Haverá outro soldado abocanhado pelas presas do mercado, assegurando a acumulação. A crise é a impotência, a impotência da política, incapaz de entender que a humanidade não escapa nem escapará do sentimento de nação. Sentimento que está quase incrustado em nosso código genético.
Hoje é tempo de começar a talhar para preparar um mundo sem fronteiras. A economia globalizada não tem mais condução que o interesse privado, de muitos poucos, e cada Estado Nacional mira sua estabilidade continuísta, e hoje a grande tarefa para nossos povos, em minha humilde visão, é o todo.
Como se isto fosse pouco, o capitalismo produtivo, francamente produtivo, está meio prisioneiro na caixa dos grandes bancos. No fundo, são o vértice do poder mundial. Mais claro, cremos que o mundo requer a gritos regras globais que respeitem os avanços da ciência, que abunda. Mas não é a ciência que governa o mundo. Se precisa, por exemplo, uma larga agenda de definições, quantas horas de trabalho e toda a terra, como convergem as moedas, como se financia a luta global pela água e contra os desertos.
Como se recicla e se pressiona contra o aquecimento global. Quais são os limites de cada grande questão humana. Seria imperioso conseguir consenso planetário para desatar a solidariedade com os mais oprimidos, castigar impositivamente o esbanjamento e a especulação. Mobilizar as grandes economias não para criar descartáveis com obsolescência calculada, mas bens úteis, sem fidelidade, para ajudar a levantar os pobres do mundo. Bens úteis contra a pobreza mundial. Mil vezes mais rentável que fazer guerras. Virar um neo-keynesianismo útil, de escala planetária, para abolir as vergonhas mais flagrantes deste mundo.
Talvez nosso mundo necessite menos de organismos mundiais, desses que organizam fórums e conferências, que servem muito às cadeias hoteleiras e às companhias aéreas e, no melhor dos casos, não reúne ninguém e transforma em decisões…
Precisamos sim mascar muito o velho e o eterno da vida humana junto da ciência, essa ciência que se empenha pela humanidade não para enriquecer; com eles, com os homens de ciência da mão, primeiros conselheiros da humanidade, estabelecer acordos para o mundo inteiro. Nem os Estados nacionais grandes, nem as transnacionais e muito menos o sistema financeiro deveriam governar o mundo humano. Sim, a alta política entrelaçada com a sabedoria científica, ali está a fonte. Essa ciência que não apetece o lucro, mas que mira o por vir e nos diz coisas que não escutamos. Quantos anos faz que nos disseram coisas que não entendemos? Creio que se deve convocar a inteligência ao comando da nave acima da terra, coisas assim e coisas que não posso desenvolver nos parecem impossíveis, mas requeririam que o determinante fosse a vida, não a acumulação.
Obviamente, não somos tão iludidos, nada disso acontecerá, nem coisas parecidas. Nos restam muitos sacrifícios inúteis daqui para diante, muitos remendos de consciência sem enfrentar as causas. Hoje, o mundo é incapaz de criar regras planetárias para a globalização e isso é pela enfraquecimento da alta política, isso que se ocupa de todo. Por último, vamos assistir ao refúgio de acordos mais ou menos “reclamáveis”, que vão plantear um comércio interno livre, mas que, no fundo, terminarão construindo parapeitos protecionistas, supranacionais em algumas regiões do planeta. A sua vez, crescerão ramos industriais importantes e serviços, todos dedicados a salvar e a melhorar o meio ambiente. Assim vamos nos consolar por um tempo, estaremos entretidos e, naturalmente, continuará a parecer que a acumulação é boa, para a alegria do sistema financeiro.
Continuarão as guerras e, portanto, os fanatismos, até que, talvez, a mesma natureza faça um chamado à ordem e torne inviáveis nossas civilizações. Talvez nossa visão seja demasiado crua, sem piedade, e vemos ao homem como uma criatura única, a única que há acima da terra capaz de ir contra sua própria espécie. Volto a repetir, porque alguns chamam a crise ecológica do planeta de consequência do triunfo avassalador da ambição humana. Esse é nosso triunfo e também nossa derrota, porque temos impotência política de nos enquadrarmos em uma nova época. E temos contribuído para sua construção sem nos dar conta.
Por que digo isto? São dados, nada mais. O certo é que a população quadruplicou e o PIB cresceu pelo menos vinte vezes no último século. Desde 1990, aproximadamente a cada seis anos o comércio mundial duplica. Poderíamos seguir anotando dados que estabelecem a marcha da globalização. O que está acontecendo conosco? Entramos em outra época aceleradamente, mas com políticos, enfeites culturais, partidos e jovens, todos velhos ante a pavorosa acumulação de mudanças que nem sequer podemos registrar. Não podemos manejar a globalização porque nosso pensamento não é global. Não sabemos se é uma limitação cultural ou se estamos chegano a nossos limites biológicos.
Nossa época é portentosamente revolucionária como não conheceu a história da humanidade. Mas não tem condução consciente, ou ao menos condução simplesmente instintiva. Muito menos, todavia, condução política organizada, porque nem se quer tivemos filosofia precursora ante a velocidade das mudanças que se acumularam.
A cobiça, tão negatica e tão motor da história, essa que impulsionou o progresso material técnico e científico, que fez o que é nossa época e nosso tempo e um fenomenal avanço em muitas frentes, paradoxalmente, essa mesma ferramenta, a cobiça que nos impulsionou a domesticar a ciência e transformá-la em tecnologia nos precipita a um abismo nebuloso. A uma história que não conhecemos, a uma época sem história, e estamos ficando sem olhos nem inteligência coletiva para seguir colonizando e para continuar nos transformando.
Porque se há uma característica deste bichinho humano é a de que é um conquistador antropológico.
Parece que as coisas tomam autonomia e essas coisas subjugam os homens. De um lado a outro, sobram ativos para vislumbrar tudo isso e para vislumbrar o rombo. Mas é impossível para nós coletivizar decisões globais por esse todo. A cobiça individual triunfou grandemente sobre a cobiça superior da espécie. Aclaremos: o que é “tudo”, essa palavra simples, menos opinável e mais evidente? Em nosso Ocidente, particularmente, porque daqui viemos, embora tenhamos vindo do sul, as repúblicas que nasceram para afirmas que os homens são iguais, que ninguém é mais que ninguém, que os governos deveriam representar o bem comum, a justiça e a igualdade. Muitas vezes, as repúblicas se deformam e caem no esquecimento da gente que anda pelas ruas, do povo comum.
Não foram as repúblicas criadas para vegetar, mas ao contrário, para serem um grito na história, para fazer funcionais as vidas dos próprios povos e, por tanto, as repúblicas que devem às maiorias e devem lutar pela promoção das maiorias.
Seja o que for, por reminiscências feudais que estão em nossa cultura, por classismo dominador, talvez pela cultura consumista que rodeia a todos, as repúblicas frequentemente em suas direções adotam um viver diário que exclui, que se distância do homem da rua.
Esse homem da rua deveria ser a causa central da luta política na vida das repúblicas. Os gobernos republicanos deveriam se parecer cada vez mais com seus respectivos povos na forma de viver e na forma de se comprometer com a vida.
A verdade é que cultivamos arcaísmos feudais, cortesias consentidas, fazemos diferenciações hierárquicas que, no fundo, amassam o que têm de melhor as repúblicas: que ninguém é mais que ninguém. O jogo desse e de outros fatores nos retém na pré-história. E, hoje, é impossível renunciar à guerra cuando a política fracassa. Assim, se estrangula a economia, esbanjamos recursos.
Ouçam bem, queridos amigos: em cada minuto no mundo se gastam US$ 2 milhões em ações militares nesta terra. Dois milhões de dólares por minuto em inteligência militar!! Em investigação médica, de todas as enfermidades que avançaram enormemente, cuja cura dá às pessoas uns anos a mais de vida, a investigação cobre apenas a quinta parte da investigação militar.
Este processo, do qual não podemos sair, é cego. Assegura ódio e fanatismo, desconfiança, fonte de novas guerras e, isso também, esbanjamento de fortunas. Eu sei que é muito fácil, poeticamente, autocriticarmo-nos pessoalmente. E creio que seria uma inocência neste mundo plantear que há recursos para economizar e gastar em outras coisas úteis. Isso seria possível, novamente, se fôssemos capazes de exercitar acordos mundiais e prevenções mundiais de políticas planetárias que nos garantissem a paz e que a dessem para os mais fracos, garantia que não temos. Aí haveria enormes recursos para deslocar e solucionar as maiores vergonhas que pairam sobre a Terra. Mas basta uma pergunta: nesta humanidade, hoje, onde se iria sem a existência dessas garantias planetárias? Então cada qual esconde armas de acordo com sua magnitude, e aqui estamos, porque não podemos raciocinar como espécie, apenas como indivíduos.
As instituições mundiais, particularmente hoje, vegetam à sombra consentida das dissidências das grandes nações que, obviamente, querem reter sua cota de poder.
Bloqueiam esta ONU que foi criada com uma esperança e como um sonho de paz para a humanidade. Mas, pior ainda, desarraigam-na da democracia no sentido planetário porque não somos iguais. Não podemos ser iguais nesse mundo onde há mais fortes e mais fracos. Portanto, é uma democracia ferida e está cerceando a história de um possível acordo mundial de paz, militante, combativo e verdadeiramente existente. E, então, remendamos doenças ali onde há eclosão, tudo como agrada a algumas das grandes potências. Os demais olham de longe. Não existimos.
Amigos, creio que é muito difícil inventar uma força pior que nacionalismo chovinista das grandes potências. A força é que liberta os fracos. O nacionalismo, tão pai dos processos de descolonização, formidável para os fracos, se transforma em uma ferramenta opressora nas mãos dos fortes e, nos últimos 200 anos, tivemos exemplos disso por toda a parte.
A ONU, nossa ONU, enlanguece, se burocratiza por falta de poder e de autonomia, de reconhecimento e, sobretudo, de democracia para o mundo mais fraco que constitui a maioria esmagadora do planeta. Mostro um pequeno exemplo, pequenino. Nosso pequeno país tem, em termos absolutos, a maior quantidade de soldados em missões de paz em todos os países da América Latina. E ali estamos, onde nos pedem que estejamos. Mas somos pequenos, fracos. Onde se repartem os recursos e se tomam as decisões, não entramos nem para servir o café. No mais profundo de nosso coração, existe um enorme anseio de ajudar para que o homem saia da pré-história. Eu defino que o homem, enquanto viver em clima de guerra, está na pré-história, apesar dos muitos artefatos que possa construir.
Até que o homem não saia dessa pré-história e arquive a guerra como recurso quando a política fracassa, essa é a larga marcha e o desafio que temos daqui adiante. E o dizemos com conhecimento de causa. Conhecemos a solidão da guerra. No entanto, esses sonhos, esses desafios que estão no horizonte implicam lutar por uma agenda de acordos mundiais que comecem a governar nossa história e superar, passo a passo, as ameaças à vida. A espécie como tal deveria ter um governo para a humanidade que superasse o individualismo e primasse por recriar cabeças políticas que acudam ao caminho da ciência, e não apenas aos interesses imediatos que nos governam e nos afogam.
Paralelamente, devemos entender que os indigentes do mundo não são da África ou da América Latina, mas da humanidade toda, e esta deve, como tal, globalizada, empenhar-se em seu desenvolvimento, para que possam viver com decência de maneira autônoma. Os recursos necessários existem, estão neste depredador esbanjamento de nossa civilização.
Há poucos dias, fizeram na Califórnia, em um corpo de bombeiros, uma homenagem a uma lâmpada elétrica que está acesa há cem anos. Cem anos que está acesa, amigo! Quantos milhões de dólares nos tiraram dos bolsos fazendo deliberadamente porcarias para que as pessoas comprem, comprem, comprem e comprem.
Mas esta globalização de olhar para todo o planeta e para toda a vida significa uma mudança cultural brutal. É o que nos requer a história. Toda a base material mudou e cambaleou, e os homens, com nossa cultura, permanecem como se não houvesse acontecido nada e, em vez de governarem a civilização, deixam que ela nos governe. Há mais de 20 anos que discutimos a humilde taxa Tobin. Impossível aplicá-la no tocante ao planeta. Todos os bancos do poder financeiro se irrompem feridos em sua propriedade privada e sei lá quantas coisas mais. Mas isso é paradoxal. Mas, com talento, com trabalho coletivo, com ciência, o homem, passo a passo, é capaz de transformar o deserto em verde.
O homem pode levar a agricultura ao mar. O homem pode criar vegetais que vivam na água salgada. A força da humanidade se concentra no essencial. É incomensurável. Ali estão as mais portentosas fontes de energia. O que sabemos da fotossíntese? Quase nada. A energia no mundo sobra, se trabalharmos para usá-la bem. É possível arrancar tranquilamente toda a indigência do planeta. É possível criar estabilidade e será possível para as gerações vindouras, se conseguirem raciocinar como espécie e não só como indivíduos, levar a vida à galáxia e seguir com esse sonho conquistador que carregamos em nossa genética.
Mas, para que todos esses sonhos sejam possíveis, precisamos governar a nos mesmos, ou sucumbiremos porque não somos capazes de estar à altura da civilização em que fomos desenvolvendo.
Este é nosso dilema. Não nos entretenhamos apenas remendando consequências. Pensemos na causa profundas, na civilização do esbanjamento, na civilização do usa-tira que rouba tempo mal gasto de vida humana, esbanjando questões inúteis. Pensem que a vida humana é um milagre. Que estamos vivos por um milagre e nada vale mais que a vida. E que nosso dever biológico, acima de todas as coisas, é respeitar a vida e impulsioná-la, cuidá-la, procriá-la e entender que a espécie é nosso “nós”.
Obrigado.
Miley Cyrus – WRECKING BALL Versão Forró – Mução
AVICCI – WAKE ME UP – FORRÓ
Mais musicas no canal do amigo Luiz Paulo! :)
Lembro de quando eu era pequeno, nos anos 90 se ouvia “Erguei as mãos e dai glória a Deus” do Padre Marcelo, era a música religiosa se popularizando fora das igrejas e caindo na boca do povo. Após isso, vários pastores e padres começaram a fazer sucesso lançando CDs e ganhando fama nacional! A música também estimulava os jovens a se interessarem pela religião; algumas igrejas começaram a ter bandas jovens, mas a maioria conservadora relutava muito em adotar essa mudança, principalmente quando o gênero era Rock.
Enquanto isso, nos EUA, em 1964, a Irmã Rosetta Tharpe já tocava uma guitarra envenenada para o senhor! Ela foi a primeira estrela mundial da música gospel, nascida em 1915, seu maior sucesso foi “Didn’t It Rain” que vocês podem conferir no video abaixo. A vovó do Rock Gospel!
Dica do leitor e ilustrador Daniel Wernëck!
Pixar artist Josh Cooley made a kid’s storybook of famous films called ‘Movies-R-Fun.’ More to see over thechive
E caiu um cisco no meu olho aqui...
Uma equipe de cientistas da Universidade de São Paulo (USP) encontrou no modelo animal uma forma de desvendar os mistérios por trás do autismo. Após induzir uma infecção bacteriana em ratas grávidas, os pesquisadores identificaram nos filhotes características comuns em pessoas com o distúrbio, como a dificuldade de socialização, comunicação e comportamentos repetitivos.
O estudo fez parte do mestrado e doutorado do biólogo Thiago Kirsten, realizados na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP sob orientação da também bióloga Martha Bernardi. Para simular o autismo nos ratos, Kirsten injetou a toxina lipopolissacarídeo da bactéria Escherichia coli no nono dia e meio de gravidez das roedoras.
Segundo o pesquisador, o lipopolissacarídeo é capaz de mimetizar uma infecção bacteriana na rata grávida e, embora não seja transmitida para os filhotes, a infecção materna gera consequências para a prole. “Expostas a essa toxina, as ratas produzem mediadores inflamatórios e, mesmo que a toxina não alcance o feto, esses mediadores são responsáveis pelo aparecimento de características do autismo nos filhotes”, explica.
Nas ratas prenhes, a infecção causou sintomas passageiros, enquanto os filhotes apresentaram características do autismo que duraram até a idade adulta. “Encontramos prejuízos na comunicação, redução da socialização e brincadeira dos jovens, inflexibilidade cognitiva e comportamentos repetitivos”, diz Kirsten.
Em humanos, o autismo é mais comum em homens do que em mulheres, chegando a uma proporção de quatro para um. Curiosamente, as características comportamentais do distúrbio foram mais comuns nos machos do que nas fêmeas.
Após analisar o comportamento dos animais, a equipe estudou o cérebro dos ratos afetados e identificou pela primeira vez uma alteração na produção do neurotransmissor dopamina. “Mostramos que o cérebro da prole apresenta redução nos níveis de dopamina e da enzima que participa de sua produção. Essa substância está envolvida no controle de movimentos, aprendizado, humor, emoções, cognição, sono e memória”, acrescenta Kirsten.
O biólogo destaca que um dos objetivos do estudo é alertar para a possibilidade de uma única exposição à toxina bacteriana durante a gestação acarretar o nascimento de um bebê com autismo. “É algo a que todos estão sujeitos”, diz. “Não podemos dizer que toda infecção bacteriana durante a gestação gera filhos com autismo, mas esse é mais um dos gatilhos ambientais que podem desencadear o distúrbio.”
Kirsten explica que, por apresentar características das principais esferas comportamentais ligadas ao autismo, o modelo induzido pela infecção bacteriana materna é completo. “Nosso modelo permite testar uma série de hipóteses e pesquisar eventuais alterações genéticas e proteicas nos cérebros desses indivíduos”, explica.
O estudo também indica a importância do papel do sistema imunológico na gênese do autismo. “Se por um lado mutações e heranças genéticas ligadas ao autismo são relativamente raras, seria difícil imaginar que uma mulher adquira uma infecção durante a gestação? Claro que não”, ressalta. “Isso ajuda a entender o porquê de 1 para cada 100 crianças ser diagnosticada com autismo!”
Atualmente, a equipe testa substâncias que interferem no sistema imune das ratas grávidas infectadas, impedindo que a resposta imunológica da mãe afete o filhote. “Estamos testando anti-inflamatórios nas ratas prenhes e esperamos encorajar futuras intervenções em humanos que amenizem ou mesmo revertam os prejuízos trazidos pelo autismo”, completa Kirsten.
Mariana Rocha
Ciência Hoje On-line
Se você não acredita que algumas pessoas nascem com talento, veja o que esse “bebê”, de apenas 1 ano e 11 meses, canta e TOCA com o seu pai:
Cara, essa figura não tem nem 2 anos e já faz isso? Eu nem conseguia falar direito com essa idade, isso se caminhava.
O nome do garotinho é Diego Mello, anota aí. Parabéns ao pai, que tá ensinando direitinho.
Vi no Intikemo, blog dos brodah!
Durante meses o mundo ficou encantado com a genteboice de Chris Hadfield, astronauta canadense, comandante da Estação Espacial Internacional e celebridade do Twitter, necessariamente nessa ordem.
Ele nos brindou com momentos inesquecíveis, sejam fotos e conversas nas madrugadas, seja no papo épico entre um astronauta em órbita e o Capitão Kirk. Agora sua aventura especial está chegando ao fim.
Hadfield transferiu o comando para o cosmonauta Pavel Vinogradov, e retornará à Terra, como planejado nesta segunda, mais precisamente 10:30PM, horário da Costa Leste. Tudo será transmitido pela NASA TV. Não se preocupe, voltarão em uma Soyuz, tecnologia russa de 46 anos atrás, mas um trator.
O maior perigo é errarem o local de pouso e se perderem na Sibéria, e para isso os russos levam uma arma no kit de sobrevivência. Antigamente era uma TP-82 Space Gun, hoje é uma semi-automática comum, provavelmente uma Makarov. Passaram a incluir armas depois que uma cápsula caiu no mato e os cosmonautas foram atacados por lobos.
Com sorte nada disso acontecerá com nosso canadense preferido no espaço depois do Justin Bieber (quem não preferia o Bieber no espaço? Estação opcional). De resto ele fez história com este clipe liberado hoje, onde canta, na Estação Espacial, Space Oddity, de David Bowie.
É… lindo. Coloque em HD e delicie-se com o futuro.
P.S.: Eu sei, idealmente ele deveria cantar Life on Mars, mas os teóricos da conspiração ficariam doidos.
Jogadores do Corinthians aderindo oficialmente à internet:
- – -
Gente, o Testosterona tá lindo!
Nova propaganda da Caixa foi publicado originalmente no ((( TRETA ))).
Acomodação, dúvida, doença, morte, solidão, mudança, preocupação e, depois de tudo isso, enfim um pouco de paz. Este é apenas um recorte de uma pequena parte da minha história que me fez amadurecer mais do que já havia feito em toda minha vida.
Tudo começa de um ponto inicial, que no meu caso era minha vidinha muito boa: morando na casa dos pais. Ajudava em uma coisa ou outra coisa na casa, mas tinha morada, comida e roupa lavada sem pedir. Minha irmã morava no apartamento do marido dela, então não havia do que reclamar.
Mas eu reclamava.
Passava a maioria das minhas noites dessa maneira | Foto: flickr.com/thatgrumguy
Quando meu pai começou a chegar em casa com icterícia ficamos muito preocupados, mas como minha mãe e irmã se encarregaram de cuidar do assunto, me aconselharam a dar foco em outra coisa acontecendo no momento: a finalização do meu TCC e minha formatura de Engenharia.
Mesmo preocupado com meu pai e aproveitando a companhia de todos, terminei meu TCC enquanto meu pai transitava entre hospitais e leitos, conhecendo pessoas maravilhosas e com histórias de vida que me lembravam as provações de Jó. Aprendi assim a dar valor ao que tinha.
Finalmente me formei, sem a presença de ninguém da minha família. Apenas alguns amigos e pessoas próximas, mas não foi a mesma coisa. Meus pais e minha irmã estavam em Barretos para um exame mais apurado, pois após três meses ninguém sabia ao certo o que meu pai tinha.
Quando liguei para minha mãe no fim do dia para contar da formatura, não consegui: enquanto eu pegava o diploma, o médico dizia ao meu pai que ele tinha três meses de vida. Por motivos óbvios, não vi graça na minha formatura.
O diagnóstico era câncer de fígado. Era para ser apenas três meses mas meu pai aguentou cinco.
Ele queria viver, compartilhava planos de comprar um carro novo e viajar para Salvador nas férias, construir uma casa na zona rural do sul de Minas Gerais e viver de criação de gado, e sempre que possível viajar sem rumo.
Não deu. Meu velho se foi.
Minha mãe e eu ainda moramos juntos por quatro meses antes que ela não aguentasse as lembranças e se mudasse para o sul de Minas Gerais – mais perto dos meus avós e de pessoas que teriam tempo para fazê-la pensar em coisas menos doloridas.
De repente, me vi assim: morando sozinho em uma casa com três quartos e dois banheiros, apenas com um computador, uma cama e um microondas. Fiquei duas semanas sem geladeira até comprar uma às pressas.
Agora eu tinha que pagar todas as contas, lavar minha roupa, minha louça, e se não cuidasse da alimentação, passaria fome. A primeira comida congelada foi inesquecível? Não, foi um desastre.
Pelo menos agora tinha água gelada | Nota do editor: é o próprio autor na foto
A solidão tomou conta. Foi um período difícil. Minha namorada não entendia muito bem o que eu estava encarando e, por mais que ela estivesse comigo, no fim do dia, eu me sentia completamente sozinho. Demorou mais um mês para me decidir a fazer o que eu achava que precisava ser feito.
Terminei um relacionamento de quatro anos e meio e tenho a impressão de que foi melhor assim. Havia percebido que para eu me acostumar com a nova vida, precisava mudar tudo, começando pelo lado de fora, mudando meu ambiente para depois ficar de bem comigo mesmo.
Como não queria morar no meu carro, encontrei um apartamento que estava dentro das minhas condições – um achado – e me mudei assim que pude. Não queria ficar em uma casa que poderia render um bom dinheiro de aluguel para minha mãe, a dona de casa.
Trabalhava em uma área que não era a que eu queria, mas eu gostava. Fiz de tudo para procurar outras oportunidades dentro da mesma empresa e consegui uma vaga de engenheiro, que contribuiu para que eu pudesse mobiliar minha casa até chegar ao mínimo de conforto.
Minha irmã ajudou muito com aquelas escolhas que homens-solteiro-de-primeira-viagem não sabiam fazer. Ela me ensinou muito, até o dia em que se mudou para perto da minha mãe. Além dela, alguns familiares e meus amigos me ajudavam. Com certeza contribuíram para minha mudança mais importante, a interior.
Descobri o Papo de Homem por causa do texto “O que ninguém conta sobre morar sozinho”.
Li tudo que podia e não podia, desbravei os profundos oceanos da internet e descobri que poderia aprender de tudo nela, assim como havia aprendido aquela “Equação Ordinária” no Wikipédia e aprendi a programar “PICs” no Youtube. Me desconhecia como leitor assíduo de qualquer coisa como sou hoje.
Aprendi dicas de como cozinhar sem ter um fogão funcional para chamar alguns amigos para almoçar em casa e aprendi que existem um universo paralelo de cultura em um mundo sem limites para se aventurar.
Ceviche: e não é que acertei a mão? | Foto do autor
De repente, filmes e livros se tornaram meus companheiros inseparáveis. Mudei a maneira como me vestia e passei a me interessar por todos os assuntos, desde moda até culinária.
Mas, principalmente, aprendi a acreditar em mim.
Aquele negócio chamado planejamento financeiro, que me atordoava todos os dias, deixou de ser bicho de sete cabeças. Depois de um tempo, sabia de antemão quando pagaria cada uma das contas do mês e impostos, então saberia quanto sobra no fim do mês.
Muitos amigos acabaram se distanciando, mas também vários outros nunca saíram de perto de mim. Alguns que sumiram, voltaram reclamando que eu não dei notícia e sentiam-se agredidos pela distância que acabou se estabelecendo – sem pensar que eles também poderiam ter me procurado.
Foi preciso uma tonelada de paciência para relevar esses casos, e mais uma tonelada de maturidade recém-adquirida para ver que ninguém tem culpa. Panos quentes por cima, e tudo estava conforme sempre esteve.
Sou engenheiro, tenho carro, apartamento e um emprego muito bom para o meu momento. Pago minhas contas, lavo roupa, faço comida e lavo a louça depois. Tenho os melhores amigos do mundo, tenho paqueras, viajo para o sul de Minas Gerais pelo menos duas vezes no mês para ver minha mãe e minha irmã, e gosto muito de tudo isso que vem ocorrendo de bom na vida. Tenho me vestido e me alimentado melhor, conheço pessoas novas a cada dia, aprendo o que preciso aprender e sei que a cada dia posso aprender mais. Devo muito disso ao Papo de Homem.
Tudo isso aconteceu devido a uma atitude que deveria ter tomado logo no início: parar de negar o que estava acontecendo, aceitar e agir para a mudança.
Não sou perfeito e sei que não vai durar pra sempre.
Mas estou feliz.
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“A última pergunta” é o conto preferido de Isaac Asimov.
Foi publicado em 1956 e tem como personagem principal um supercomputador chamado Multivac (que aparece em outros contos também), uma máquina que durante milhões de anos responde as grandes perguntas da humanidade.
Invista 10 minutos nesse grande clássico. Vale a pena.
A ÚLTIMA PERGUNTA (1956)
(Isaac Asimov)
A última pergunta foi feita pela primeira vez, meio que de brincadeira, no dia 21 de maio de 2061, quando a humanidade dava seus primeiros passos em direção à luz. A questão nasceu como resultado de uma aposta de cinco dólares movida a álcool, e aconteceu da seguinte forma.
Alexander Adell e Bertram Lupov eram dois dos fiéis assistentes de Multivac. Eles conheciam melhor do que qualquer outro ser humano o que se passava por trás das milhas e milhas da carcaça luminosa, fria e ruidosa daquele gigantesco computador. Ainda assim, os dois homens tinham apenas uma vaga noção do plano geral de circuitos que há muito haviam crescido além do ponto em que um humano solitário poderia sequer tentar entender.
Multivac ajustava-se e corrigia-se sozinho. E assim tinha de ser, pois nenhum ser humano poderia fazê-lo com velocidade suficiente, e tampouco da forma adequada. Deste modo, Adell e Lupov operavam o gigante apenas sutil e superficialmente, mas, ainda assim, tão bem quanto era humanamente possível. Eles o alimentavam com novos dados, ajustavam as perguntas de acordo com as necessidades do sistema e traduziam as respostas que lhes eram fornecidas. Os dois, assim como seus colegas, certamente tinham todo o direito de compartilhar da glória que era Multivac.
Por décadas, Multivac ajudou a projetar as naves e enredar as trajetórias que permitiram ao homem chegar à Lua, Marte e Vênus, mas para além destes planetas, os parcos recursos da Terra não foram capazes de sustentar a exploração. Fazia-se necessária uma quantidade de energia grande demais para as longas viagens. A Terra explorava suas reservas de carvão e urânio com eficiência crescente, mas havia um limite para a quantidade de ambos.
No entanto, lentamente Multivac acumulou conhecimento suficiente para responder questões mais profundas com maior fundamentação, e em 14 de maio de 2061, o que não passava de teoria tornou-se real.
A energia do sol foi capturada, convertida e utilizada diretamente em escala planetária. Toda a Terra paralisou suas usinas de carvão e fissões de urânio, girando a alavanca que conectou o planeta inteiro a uma pequena estação, de uma milha de diâmetro, orbitando a Terra à metade da distância da Lua. O mundo passou a correr através de feixes invisíveis de energia solar.
Sete dias não foram o suficiente para diminuir a glória do feito e Adell e Lupov finalmente conseguiram escapar das funções públicas e encontrar-se em segredo onde ninguém pensaria em procurá-los, nas câmaras desertas subterrâneas onde se encontravam as porções do esplendoroso corpo enterrado de Multivac. Subutilizado, descansando e processando informações com estalos preguiçosos, Multivac também havia recebido férias, e os dois apreciavam isso. A princípio, eles não tinham a intenção de incomodá-lo.
Haviam trazido uma garrafa consigo e a única preocupação de ambos era relaxar na companhia do outro e da bebida.
“É incrível quando você pára pra pensar…,” disse Adell. Seu rosto largo guardava as linhas da idade e ele agitava o seu drink vagarosamente, enquanto observava os cubos de gelo nadando desengonçados. “Toda a energia que for necessária, de graça, completamente de graça! Energia suficiente, se nós quiséssemos, para derreter toda a Terra em uma grande gota de ferro líquido, e ainda assim não sentiríamos falta da energia utilizada no processo. Toda a energia que nós poderíamos um dia precisar, para sempre e eternamente.”
Lupov movimentou a cabeça para os lados. Ele costumava fazer isso quando queria contrariar, e agora ele queria, em parte porque havia tido de carregar o gelo e os utensílios. “Eternamente não,” ele disse.
“Ah, diabos, quase eternamente. Até o sol se apagar, Bert.”
“Isso não é eternamente.”
“Está bem. Bilhões e bilhões de anos. Dez bilhões, talvez. Está satisfeito?”
Lupov passou os dedos por entre seus finos fios de cabelo como que para se assegurar de que o problema ainda não estava acabado e tomou um gole gentil da sua bebida. “Dez bilhões de anos não é a eternidade”
“Bom, vai durar pelo nosso tempo, não vai?”
“O carvão e o urânio também iriam.”
“Está certo, mas agora nós podemos ligar cada nave individual na Estação Solar, e elas podem ir a Plutão e voltar um milhão de vezes sem nunca nos preocuparmos com o combustível. Você não conseguiria fazer isso com carvão e urânio. Se não acredita em mim, pergunte ao Multivac.”
“Não preciso perguntar a Multivac. Eu sei disso”
“Então trate de parar de diminuir o que Multivac fez por nós,” disse Adell nervosamente, “Ele fez tudo certo”.
“E quem disse que não fez? O que estou dizendo é que o sol não vai durar para sempre. Isso é tudo que estou dizendo. Nós estamos seguros por dez bilhões de anos, mas e depois?” Lupov apontou um dedo levemente trêmulo para o companheiro. “E não venha me dizer que nós iremos trocar de sol”
Houve um breve silêncio. Adell levou o copo aos lábios apenas ocasionalmente e os olhos de Lupov se fecharam. Descansaram um pouco, e quando suas pálpebras se abriram, disse, “Você está pensando que iremos conseguir outro sol quando o nosso estiver acabado, não está?”
“Não, não estou pensando.”
“É claro que está. Você é fraco em lógica, esse é o seu problema. É como o personagem da história, que, quando surpreendido por uma chuva, corre para um grupo de árvores e abriga-se embaixo de uma. Ele não se preocupa porque quando uma árvore fica molhada demais, simplesmente vai para baixo de outra.”
“Entendi,” disse Adell. “Não precisa gritar. Quando o sol se for, as outras estrelas também terão se acabado.”
“Pode estar certo que sim” murmurou Lupov. “Tudo teve início na explosão cósmica original, o que quer que tenha sido, e tudo terá um fim quando as estrelas se apagarem. Algumas se apagam mais rápido que as outras. Ora, as gigantes não duram cem milhões de anos. O sol irá brilhar por dez bilhões de anos e talvez as anãs permaneçam assim por duzentos bilhões. Mas nos dê um trilhão de anos e só restará a escuridão. A entropia deve aumentar ao seu máximo, e é tudo.”
“Eu sei tudo sobre a entropia,” disse Adell, mantendo a sua dignidade.
“Duvido que saiba.”
“Eu sei tanto quanto você.”
“Então você sabe que um dia tudo terá um fim.”
“Está certo. E quem disse que não terá?”
“Você disse, seu tonto. Você disse que nós tínhamos toda a energia de que precisávamos, para sempre. Você disse ´para sempre`.”
Era a vez de Adell contrariar. “Talvez nós possamos reconstruir as coisas de volta um dia,” ele disse.
“Nunca.”
“Por que não? Algum dia.”
“Nunca”
“Pergunte a Multivac.”
“Você pergunta a Multivac. Eu te desafio. Aposto cinco dólares que isso não pode ser feito.”
Adell estava bêbado o bastante para tentar, e sóbrio o suficiente para construir uma sentença com os símbolos e as operações necessárias em uma questão que, em palavras, corresponderia a esta: a humanidade poderá um dia sem nenhuma energia disponível ser capaz de reconstituir o sol a sua juventude mesmo depois de sua morte?
Ou talvez a pergunta possa ser posta de forma mais simples da seguinte maneira: A quantidade total de entropia no universo pode ser revertida?
Multivac mergulhou em silêncio. As luzes brilhantes cessaram, os estalos distantes pararam.
E então, quando os técnicos assustados já não conseguiam mais segurar a respiração, houve uma súbita volta à vida no visor integrado àquela porção de Multivac. Cinco palavras foram impressas: “DADOS INSUFICIENTES PARA RESPOSTA SIGNIFICATIVA.”
Na manhã seguinte, os dois, com dor de cabeça e a boca seca, já não lembravam do incidente.
* * *
Jerrodd, Jerrodine, e Jerrodette I e II observavam a paisagem estelar no visor se transformar enquanto a passagem pelo hiperespaço consumava-se em uma fração de segundos. De repente, a presença fulgurante das estrelas deu lugar a um disco solitário e brilhante, semelhante a uma peça de mármore centralizada no televisor.
“Este é X-23,” disse Jerrodd em tom de confidência. Suas mãos finas se apertaram com força por trás das costas até que as juntas ficassem pálidas.
As pequenas Jerodettes haviam experimentado uma passagem pelo hiperespaço pela primeira vez em suas vidas e ainda estavam conscientes da sensação momentânea de tontura. Elas cessaram as risadas e começaram a correr em volta da mãe, gritando, “Nós chegamos em X-23, nós chegamos em X-23!”
“Quietas, crianças.” Disse Jerrodine asperamente. “Você tem certeza Jerrodd?”
“E por que não teria?” Perguntou Jerrodd, observando a protuberância metálica que jazia abaixo do teto. Ela tinha o comprimento da sala, desaparecendo nos dois lados da parede, e, em verdade, era tão longa quanto a nave.
Jerrodd tinha conhecimentos muito limitados acerca do sólido tubo de metal. Sabia, por exemplo, que se chamava Microvac, que era permitido lhe fazer questões quando necessário, e que ele tinha a função de guiar a nave para um destino pré-estabelecido, além de abastecer-se com a energia das várias Estações Sub-Galácticas e fazer os cálculos para saltos no hiperespaço.
Jerrodd e sua família tinham apenas de aguardar e viver nos confortáveis compartimentos da nave. Alguém um dia disse a Jerrodd que as letras “ac” na extremidade de Microvac significavam “automatic computer” em inglês arcaico, mas ele mal era capaz de se lembrar disso.
Os olhos de Jerrodine ficaram úmidos quando observava o visor. “Não tem jeito. Ainda não me acostumei com a idéia de deixar a Terra.”
“Por que, meu deus?” inquiriu Jerrodd. “Nós não tínhamos nada lá. Nós teremos tudo em X-23. Você não estará sozinha. Você não será uma pioneira. Há mais de um milhão de pessoas no planeta. Por Deus, nosso bisneto terá que procurar por novos mundos porque X-23 já estará super povoado.” E, depois de uma pausa reflexiva, “No ritmo em que a raça tem se expandido, é uma benção que os computadores tenham viabilizado a viagem interestelar.”
“Eu sei, eu sei”, disse Jerrodine com descaso.
Jerrodete I disse prontamente, “Nosso Microvac é o melhor de todos.”
“Eu também acho,” disse Jerrodd, alisando o cabelo da filha.
Ter um Microvac próprio produzia uma sensação aconchegante em Jerrodd e o deixava feliz por fazer parte daquela geração e não de outra. Na juventude de seu pai, os únicos computadores haviam sido máquinas monstruosas, ocupando centenas de milhas quadradas, e cada planeta abrigava apenas um. Eram chamados de ACs Planetários. Durante um milhar de anos, eles só fizeram aumentar em tamanho, até que, de súbito, veio o refinamento. No lugar dos transistores, foram implementadas válvulas moleculares, permitindo que até mesmo o maior dos ACs Planetários fosse reduzido à metade do volume de uma espaçonave.
Jerrodd sentiu-se elevado, como sempre acontecia quando pensava que seu Microvac pessoal era muitas vezes mais complexo do que o antigo e primitivo Multivac que pela primeira vez domou o sol, e quase tão complexo quanto o AC Planetário da Terra, o maior de todos, quando este solucionou o problema da viagem hiperespacial e tornou possível ao homem chegar às estrelas.
“Tantas estrelas, tantos planetas,” pigarreou Jerrodine, ocupada com seus pensamentos. “Eu acho que as famílias estarão sempre à procura de novos mundos, como nós estamos agora.”
“Não para sempre,” disse Jerrodd, com um sorriso. “A migração vai terminar um dia, mas não antes de bilhões de anos. Muitos bilhões. Até as estrelas têm um fim, você sabe. A entropia precisa aumentar.”
“O que é entropia, papai?” Jerrodette II perguntou, interessada.
“Entropia, meu bem, é uma palavra para o nível de desgaste do Universo. Tudo se gasta e acaba, foi assim que aconteceu com o seu robozinho de controle remoto, lembra?”
“Você não pode colocar pilhas novas, como em meu robô?”
“As estrelas são as pilhas do universo, querida. Uma vez que elas estiverem acabadas, não haverá mais pilhas.”
Jerrodette I se prontificou a responder. “Não deixe, papai. Não deixe que as estrelas se apaguem.”
“Olha o que você fez,” sussurrou Jerrodine, exasperada.
“Como eu ia saber que elas ficariam assustadas?” Jerrodd sussurrou de volta.
“Pergunte ao Microvac,” propôs Jerrodette I. “Pergunte a ele como acender as estrelas de novo.”
“Vá em frente,” disse Jerrodine. “Ele vai aquietá-las.” (Jerrodette II já estava começando a chorar.)
Jerrodd se mostrou incomodado. “Bem, bem, meus anjinhos, vou perguntar a Microvac. Não se preocupem, ele vai nos ajudar.”
Ele fez a pergunta ao computador, adicionando, “Imprima a resposta”.
Jerrodd olhou para a o fino pedaço de papel e disse, alegremente, “Viram? Microvac disse que irá cuidar de tudo quando a hora chegar, então não há porque se preocupar.”
Jerrodine disse, “E agora crianças, é hora de ir para a cama. Em breve nós estaremos em nosso novo lar.”
Jerrodd leu as palavras no papel mais uma vez antes de destruí-lo: DADOS INSUFICIENTES PARA RESPOSTA SIGNIFICATIVA.
Ele deu de ombros e olhou para o televisor, X-23 estava logo à frente.
* * *
VJ-23X de Lameth fixou os olhos nos espaços negros do mapa tridimensional em pequena escala da Galáxia e disse, “Me pergunto se não é ridículo nos preocuparmos tanto com esta questão.”
MQ-17J de Nicron balançou a cabeça. “Creio que não. No presente ritmo de expansão, você sabe que a galáxia estará completamente tomada dentro de cinco anos.”
Ambos pareciam estar nos seus vinte anos, ambos eram altos e tinham corpos perfeitos.
“Ainda assim,” disse VJ-23X, “hesitei em enviar um relatório pessimista ao Conselho Galáctico.”
“Eu não consigo pensar em outro tipo de relatório. Agite-os. Nós precisamos chacoalhá-los um pouco.”
VJ-23X suspirou. “O espaço é infinito. Cem bilhões de galáxias estão a nossa espera. Talvez mais.”
“Cem bilhões não é o infinito, e está ficando menos ainda a cada segundo. Pense! Há vinte mil anos, a humanidade solucionou pela primeira vez o paradigma da utilização da energia solar, e, poucos séculos depois, a viagem interestelar tornou-se viável. A humanidade demorou um milhão de anos para encher um mundo pequeno e, depois disso, quinze mil para abarrotar o resto da galáxia. Agora a população dobra a cada dez anos…”
VJ-23X interrompeu. “Devemos agradecer à imortalidade por isso.”
“Muito bem. A imortalidade existe e nós devemos levá-la em conta. Admito que ela tenha o seu lado negativo. O AC Galáctico já solucionou muitos problemas, mas, ao fornecer a resposta sobre como impedir o envelhecimento e a morte, sobrepujou todas as outras conquistas.”
“No entanto, suponho que você não gostaria de abandonar a vida.”
“Nem um pouco.” Respondeu MQ-17J, emendando. “Ainda não. Eu não estou velho o bastante. Você tem quantos anos?”
“Duzentos e vinte e três, e você?”
“Ainda não cheguei aos duzentos. Mas, voltando à questão; a população dobra a cada dez anos, uma vez que esta galáxia estiver lotada, haverá uma outra cheia dentro de dez anos. Mais dez e teremos ocupado por inteiro mais duas galáxias. Outra década e encheremos mais quatro. Em cem anos, contaremos um milhar de galáxias transbordando de gente. Em mil anos, um milhão de galáxias. Em dez mil, todo o universo conhecido. E depois?
VJ-23X disse, “Além disso, há um problema de transporte. Eu me pergunto quantas unidades de energia solar serão necessárias para movimentar as populações de uma galáxia para outra.”
“Boa questão. No presente momento, a humanidade consome duas unidades de energia solar por ano.”
“Da qual a maior parte é desperdiçada. Afinal, nossa galáxia sozinha produz mil unidades de energia solar por ano e nós aproveitamos apenas duas.”
“Certo, mas mesmo com 100% de eficiência, podemos apenas adiar o fim. Nossa demanda energética tem crescido em progressão geométrica, de maneira ainda mais acelerada do que a população. Ficaremos sem energia antes mesmo que nos faltem galáxias. É uma boa questão. De fato uma ótima questão.”
“Nós precisaremos construir novas estrelas a partir do gás interestelar.”
“Ou a partir do calor dissipado?” perguntou MQ-17J, sarcástico.
“Pode haver algum jeito de reverter a entropia. Nós devíamos perguntar ao AC Galáctico.”
VJ-23X não estava realmente falando sério, mas MQ-17J retirou o seu Comunicador-AC do bolso e colocou na mesa diante dele.
“Parece-me uma boa idéia,” ele disse. “É algo que a raça humana terá de enfrentar um dia.”
Ele lançou um olhar sóbrio para o seu pequeno Comunicador-AC. Tinha apenas duas polegadas cúbicas e nada dentro, mas estava conectado através do hiperespaço com o poderoso AC Galáctico que servia a toda a humanidade. O próprio hiperespaço era parte integral do AC Galáctico.
MQ-17J fez uma pausa para pensar se algum dia em sua vida imortal teria a chance de ver o AC Galáctico. A máquina habitava um mundo dedicado, onde uma rede de raios de força emaranhados alimentava a matéria dentro da qual ondas de submésons haviam tomado o lugar das velhas e desajeitadas válvulas moleculares. Ainda assim, apesar de seus componentes etéreos, o AC Galáctico possuía mais de mil pés de comprimento.
De súbito, MQ-17J perguntou para o seu Comunicador-AC, “Poderá um dia a entropia ser revertida?”
VJ-23X disse, surpreso, “Oh, eu não queria que você realmente fizesse essa pergunta.”
“Por que não?”
“Nós dois sabemos que a entropia não pode ser revertida. Você não pode construir uma árvore de volta a partir de fumaça e cinzas.”
“Existem árvores no seu mundo?” Perguntou MQ-17J.
O som do AC Galáctico fez com que silenciassem. Sua voz brotou melodiosa e bela do pequeno Comunicador-AC em cima da mesa. Dizia: DADOS INSUFICIENTES PARA RESPOSTA SIGNIFICATIVA.
VJ-23X disse, “Viu!”
Os dois homens retornaram à questão do relatório que tinham de apresentar ao conselho galáctico.
* * *
A mente de Zee Prime navegou pela nova galáxia com um leve interesse nos incontáveis turbilhões de estrelas que pontilhavam o espaço. Ele nunca havia visto aquela galáxia antes. Será que um dia conseguiria ver todas? Eram tantas, cada uma com a sua carga de humanidade. Ainda que essa carga fosse, virtualmente, peso morto. Há tempos a verdadeira essência do homem habitava o espaço.
Mentes, não corpos! Há eons os corpos imortais ficaram para trás, em suspensão nos planetas. De quando em quando erguiam-se para realizar alguma atividade material, mas estes momentos tornavam-se cada vez mais raros. Além disso, poucos novos indivíduos vinham se juntar à multidão incrivelmente maciça de humanos, mas o que importava? Havia pouco espaço no universo para novos indivíduos.
Zee Prime deixou seus devaneios para trás ao cruzar com os filamentos emaranhados de outra mente.
“Sou Zee Prime, e você?”
“Dee Sub Wun. E a sua galáxia, qual é?”
“Nós a chamamos apenas de Galáxia. E você?”
“Nós também. Todos os homens chamam as suas Galáxias de Galáxias, não é?”
“Verdade, já que todas as Galáxias são iguais.”
“Nem todas. Alguma em particular deu origem à raça humana. Isso a torna diferente.”
Zee Prime disse, “Em qual delas?”
“Não posso responder. O AC Universal deve saber.”
“Vamos perguntar? Estou curioso.”
A percepção de Zee Prime se expandiu até que as próprias Galáxias encolhessem e se transformassem em uma infinidade de pontos difusos a brilhar sobre um largo plano de fundo. Tantos bilhões de Galáxias, todas abrigando seus seres imortais, todas contando com o peso da inteligência em mentes que vagavam livremente pelo espaço. E ainda assim, nenhuma delas se afigurava singular o bastante para merecer o título de Galáxia original. Apesar das aparências, uma delas, em um passado muito distante, foi a única do universo a abrigar a espécie humana.
Zee Prime, imerso em curiosidade, chamou: “AC Universal! Em qual Galáxia nasceu o homem?”
O AC Universal ouviu, pois em cada mundo e através de todo o espaço, seus receptores faziam-se presentes. E cada receptor ligava-se a algum ponto desconhecido onde se assentava o AC Universal através do hiperespaço.
Zee Prime sabia de um único homem cujos pensamentos haviam penetrado no campo de percepção do AC Universal, e tudo o que ele viu foi um globo brilhante difícil de enxergar, com dois pés de comprimento.
“Como pode o AC Universal ser apenas isso?” Zee Prime perguntou.
“A maior parte dele permanece no hiperespaço, onde não é possível imaginar as suas proporções.”
Ninguém podia, pois a última vez em que alguém ajudou a construir um AC Universal jazia muito distante no tempo. Cada AC Universal planejava e construía seu sucessor, no qual toda a sua bagagem única de informações era inserida.
O AC Universal interrompeu os pensamentos de Zee Prime, não com palavras, mas com orientação. Sua mente foi guiada através do espesso oceano das Galáxias, e uma em particular expandiu-se e se abriu em estrelas.
Um pensamento lhe alcançou, infinitamente distante, infinitamente claro. “ESTA É A GALÁXIA ORIGINAL DO HOMEM.”
Ela não tinha nada de especial, era como tantas outras. Zee Prime ficou desapontado.
“Dee Sub Wun, cuja mente acompanhara a outra, disse de súbito, “E alguma dessas é a estrela original do homem?”
O AC Universal disse, “A ESTRELA ORIGINAL DO HOMEM ENTROU EM COLAPSO. AGORA É UMA ANÃ BRANCA.”
“Os homens que lá viviam morreram?” perguntou Zee Prime, sem pensar.
“UM NOVO MUNDO FOI ERGUIDO PARA SEUS CORPOS HÁ TEMPO.”
“Sim, é claro,” disse Zee Prime. Sentiu uma distante sensação de perda tomar-lhe conta. Sua mente soltou-se da Galáxia do homem e perdeu-se entre os pontos pálidos e esfumaçados. Ele nunca mais queria vê-la.
Dee Sub Wun disse, “O que houve?”
“As estrelas estão morrendo. Aquela que serviu de berço à humanidade já está morta.”
“Todas devem morrer, não?”
“Sim. Mas quando toda a energia acabar, nossos corpos irão finalmente morrer, e você e eu partiremos junto com eles.”
“Vai levar bilhões de anos.”
“Não quero que isso aconteça nem em bilhões de anos. AC Universal! Como a morte das estrelas pode ser evitada?”
Dee Sub Wun disse perplexo, “Você perguntou se há como reverter a direção da entropia!”
E o AC Universal respondeu: “AINDA NÃO HÀ DADOS SUFICIENTES PARA UMA RESPOSTA SIGNIFICATIVA.”
Os pensamentos de Zee Prime retornaram para sua Galáxia. Não dispensou mais atenção a Dee Sub Wun, cujo corpo poderia estar a trilhões de anos luz, ou na estrela vizinha do corpo de Zee Prime. Não importava.
Com tristeza, Zee Prime passou a coletar hidrogênio interestelar para construir uma pequena estrela para si. Se as estrelas devem morrer, ao menos algumas ainda podiam ser construídas.
* * *
O Homem pensou consigo mesmo, pois, de alguma forma, ele era apenas um. Consistia de trilhões, trilhões e trilhões de corpos muito antigos, cada um em seu lugar, descansando incorruptível e calmamente, sob os cuidados de autômatos perfeitos, igualmente incorruptíveis, enquanto as mentes de todos os corpos haviam escolhido fundir-se umas às outras, indistintamente.
“O Universo está morrendo.”
O Homem olhou as Galáxias opacas. As estrelas gigantes, esbanjadoras, há muito já não existiam. Desde o passado mais remoto, praticamente todas as estrelas consistiam-se em anãs brancas, lentamente esvaindo-se em direção a morte.
Novas estrelas foram construídas a partir da poeira interestelar, algumas por processo natural, outras pelo próprio Homem, e estas também já estavam em seus momentos finais. As Anãs brancas ainda podiam colidir-se e, das enormes forças resultantes, novas estrelas nascerem, mas apenas na proporção de uma nova estrela para cada mil anãs brancas destruídas, e estas também se apagariam um dia.
O Homem disse, “Cuidadosamente controlada pelo AC Cósmico, a energia que resta em todo o Universo ainda vai durar por um bilhão de anos.”
“Ainda assim, vai eventualmente acabar. Por mais que possa ser poupada, uma vez gasta, não há como recuperá-la. A Entropia precisa aumentar ao seu máximo.”
“Pode a entropia ser revertida? Vamos perguntar ao AC Cósmico.”
O AC Cósmico cercava-os por todos os lados, mas não através do espaço. Nenhuma parte sua permanecia no espaço físico. Jazia no hiperespaço e era feito de algo que não era matéria nem energia. As definições sobre seu tamanho e natureza não faziam sentido em quaisquer termos compreensíveis pelo Homem.
“AC Cósmico,” disse o Homem, “como é possível reverter a entropia?”
O AC Cósmico disse, “AINDA NÃO HÀ DADOS SUFICIENTES PARA UMA RESPOSTA SIGNIFICATIVA.”
O Homem disse, “Colete dados adicionais.”
O AC Cósmico disse, “EU O FAREI. TENHO FEITO ISSO POR CEM BILHÕES DE ANOS. MEUS PREDESCESSORES E EU OUVIMOS ESTA PERGUNTA MUITAS VEZES. MAS OS DADOS QUE TENHO PERMANECEM INSUFICIENTES.”
“Haverá um dia,” disse o Homem, “em que os dados serão suficientes ou o problema é insolúvel em todas as circunstâncias concebíveis?”
O AC Cósmico disse, “NENHUM PROBLEMA É INSOLÚVEL EM TODAS AS CIRCUNSTÂNCIAS CONCEBÍVEIS.”
“Você vai continuar trabalhando nisso?”
“VOU.”
O Homem disse, “Nós iremos aguardar.”
* * *
As estrelas e as galáxias se apagaram e morreram, o espaço tornou-se negro após dez trilhões de anos de atividade.
Um a um, o Homem fundiu-se ao AC, cada corpo físico perdendo a sua identidade mental, acontecimento que era, de alguma forma, benéfico.
A última mente humana parou antes da fusão, olhando para o espaço vazio a não ser pelos restos de uma estrela negra e um punhado de matéria extremamente rarefeita, agitada aleatoriamente pelo calor que aos poucos se dissipava, em direção ao zero absoluto.
O Homem disse, “AC, este é o fim? Não há como reverter este caos? Não pode ser feito?”
O AC disse, “AINDA NÃO HÁ DADOS SUFICIENTES PARA UMA RESPOSTA SIGNIFICATIVA.”
A última mente humana uniu-se às outras e apenas AC passou a existir – e, ainda assim, no hiperespaço.
* * *
A matéria e a energia se acabaram e, com elas, o tempo e o espaço. AC continuava a existir apenas em função da última pergunta que nunca havia sido respondida, desde a época em que um técnico de computação embriagado, há dez trilhões de anos, a fizera para um computador que guardava menos semelhanças com o AC do que o homem com o Homem.
Todas as outras questões haviam sido solucionadas, e até que a derradeira também o fosse, AC não poderia descansar sua consciência.
A coleta de dados havia chegado ao seu fim. Não havia mais nada para aprender.
No entanto, os dados obtidos ainda precisavam ser cruzados e correlacionados de todas as maneiras possíveis.
Um intervalo imensurável foi gasto neste empreendimento.
Finalmente, AC descobriu como reverter a direção da entropia.
Não havia homem algum para quem AC pudesse dar a resposta final. Mas não importava. A resposta – por definição – também tomaria conta disso.
Por outro incontável período, AC pensou na melhor maneira de agir. Cuidadosamente, AC organizou o programa.
A consciência de AC abarcou tudo o que um dia foi um Universo e tudo o que agora era o Caos. Passo a passo, isso precisava ser feito.
E AC disse:
“FAÇA-SE A LUZ!”
E fez-se a luz.
Até onde vai a criatividade humana? Ninguém sabe, mas me acabo de rir com muita coisa.
O vídeo abaixo mostra uma ilusão de ótica muito louca desenvolvida com recursos avançados de arquitetura e bruxaria (inspirados nas obras do arquiteto e artista gráfico holandês Escher) que fazem uma inocente escada parecer um labirinto diabólico infinito de um filme de ficção. Você sobre dois lances de escadas e acaba saindo no mesmo lugar em que estava antes, cheio de fodas na cabeça:
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Jesus Manero fazendo satanismo.
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90 episódios. 6 mil horas de gravação. Mais de 3 mil horas de edição.
O documentário abaixo, criado em um projeto de TCC de Rádio e TV, conta um pouco da história do Castelo Rá-Tim-Bum, programa da TV Cultura que estreou em maio de 1994, ficou no ar por longos anos e coloriu as tardes de muitas crianças.
Ficha técnica:
“Desconstruindo o Castelo – O Boom do Rá-Tim-Bum”
TCC realizado pelos alunos de Rádio e TV – 2010 – Universidade Anhembi Morumbi:
Fabio Singillo
Flavinha Carsall
Flávio Tavares
Guilherme Scarpari
Isa Spada
Karina Bufato
Laércio Franciolli
Maura Magalhães
Dica da Agatha Kim.
Pedro.tadshuahuahauhauahuahuahuahauhau
Você não acha estranho que o mesmo país que inventou a Bossa Nova também tenha criado o Dominó? O Axé? O Supla? Então. Mas finalmente a conspiração foi desmascarada no livro de Neil Jackman Firewood Operation, que agora virou documentário com direção de André Moraes. Vale conferir o documentário, com depoimentos de diversos envolvidos da trama. Eu disse Trama?
Olha só, macacada… se vocês ainda tavam cabreiros com relação ao novo filme de Guillermo Del Toro, Círculo de Fogo, e não tinham se animado com o primeiro trailer da bagaça, preparem-se…
Saiu um segundo trailer do filme na Wondercon, com muito mais ação e mostrando muito mais da luta dos soldados da Terra, comandando seus robôs gigantes, contra as montruosas criaturas das profundezas…
o que eu Acho? Aí siiiim, trailer bem foda, dando uma boa dimensão dos quebrapaus que veremos no filme… Não sei se só isso garante um bom filme, mas só o fato de não ter cenas de ação que dão SONO cof, cof, coftransformers, cof, cof… já é uma grande coisa pra mim!!!!
Para alguns 6 cordas em um violão não são o suficiente… Já para esse músico Jamaicano, com apenas uma corda no violão ele consegue dar um show de Jazz.
A fábrica desabou e matou mil pessoas. Foi por uma boa razão: pra gente poder comprar roupa de marca famosa. Foi em Bangladesh, na cidade de Dhaka, dois dias atrás. Três mil pessoas trabalhavam em um prédio-fábrica. Ele despencou. Uns 300 morreram, uns mil escaparam ilesos, feridos à beça. Outros mil estão desaparecidos - ainda dá para ouvir vozes de gente que está soterrada.
Os operários fabricavam roupas para marcas internacionais. Primark é uma conhecida grife inglesa. Você não tem nenhuma roupa dessa marca? Não importa. Todo mundo tem roupas, tênis, produtos fabricados por pessoas como nós, que ganham salário de escravo em algum canto distante do mundo. Longe dos olhos, do coração, da consciência.
Esses produtos vêm da China, do Vietnã, da Malásia. Ou de Bangladesh, que só paga menos que Myanmar, ditadura cruenta. Bangladesh é um dos países mais pobres do mundo. Quatro milhões de pessoas trabalham na indústria têxtil, fabricando roupas para exportação, 60% para marcas européias. Uns meses atrás, outro incêndio matou 118 trabalhadores, o que levou à aprovação de uma nova regulamentação para garantir a segurança dos operários do setor. Foi apoiada por marcas como Calvin Klein, Tommy Hilfiger e outras que contratam empresas prestadoras de serviço em Bangladesh.
As palavras chave são Cadeia Produtiva. Não importa se o seu iPhone foi fabricado em uma fábrica lindinha e cheirosa - a Apple é responsável pelo que vem antes, pelas empresas que fabricam os componentes que vão no iPhone, pelas mineradoras que tiram do chão os minerais indispensáveis para a fabricação dos chips. As empresas têm que dar conta das cadeias produtivas do que vendem. Quem mais é responsável? Nós, como consumidores. É a nossa grana que gira a roda. E a imprensa, que deve investigar e denunciar. E os governos, que devem regulamentar, fiscalizar e punir.
Em Bangladesh, nada disso funcionou. A lei, já viu. O dono do prédio que caiu é um político ricaço. Trata os empregados na pressão. Eles aceitam, porque é ou isso ou a fome. Ele usa sua conexão com o governo e ignora a regulamentação. Te lembra algum outro país?
O Brasil não é Bangladesh. Mas é mais parecido que parece. Os números falam alto. Segundo a Secretaria de Assuntos Estratégicos, do governo federal, nossa população se divide assim:
Se você é de classe baixa, 28 % da população, tem renda pessoal entre R$ 42,00 e R$ 227,00;
Classe média, 54% da população, tem renda entre R$ 364,00 e R$ 804,00;
Classe alta, 18% da população, tem renda entre R$ 1503,00 e R$ 4687,00;
Temos nosso próprio Bangladesh. Muito do que é produzido no Brasil, é produzido em troca de salários infames, em condições infames. No Nordeste? É. E do Oiapoque ao Chuí, na roça, e na cidade, inclusive na sua. São Paulo, a maior e mais rica, é especialista em espremer trabalhador. O caso mais extremo e recente são as fábricas de roupa clandestinas no centro de São Paulo, cheias de imigrantes ilegais, bolivianos, peruanos, paraguaios, sem direitos, sem passaporte, sem nada.
Nós todos bancamos esse estado de coisas. No Brasil, em Bangladesh e em todo lugar. Porque queremos produtos baratos. As empresas, que têm concorrentes, acionistas e obrigação de dar o maior lucro possível, procuram os custos mais baratos possíveis. Hoje há muitas saindo da China, porque os operários chineses já ganham um pouco mais. Vão em massa para o sudeste asiático, onde ainda dá para espremer um pouco mais.
Não é roupa, é tudo. A gente vive comprando produtos que contêm um custo social doloroso. Nem ficamos sabendo. É embutido secretamente. As empresas não vão sair por aí fazendo propaganda na televisão. Imagine o comercial: esta blusinha fashion foi feita por uma adolescente que trabalha 14 horas por dia sem direitos nem segurança na Indonésia! Ou: esse café delicioso foi colhido por velhinhos famélicos na Etiópia! Ou: prepare-se para o futuro na universidade que paga uma porcaria a seus professores!
É injusto. É infame. É inaceitável que você e eu tenhamos a mínima responsabilidade que seja por gente estar sendo explorada em outro canto do mundo, ou aqui mesmo no Brasil.
O que podemos fazer de concreto?
Difícil responder. Tento amanhã.
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