Escrever um livro não é fácil, mas enviar para as editoras também não! Quando aceitei receber manuscritos, muitas vezes recebia-os mal formatados, coisas não justificadas com buracos enormes entre parágrafos, ou então capítulos atolhados. Sabemos que a apresentação conta e bastante para uma editora, quanto mais profissional o seu manuscrito se parecer, melhor será a suia conotação para com o editor. Há pequenos segredos que nem sempre os autores conhecem e por vezes depende de editor para editor, mas enquanto no estrangeiro, as editoras revelam o formato que querem, em Portugal, nem por isso. Brevemente irei explicar o que fazer e o que não fazer num manuscrito e depois um pouco do resumo que é enviado para as editoras.
PS: este não é daqueles posts com segredos para ser publicado por ma editora! Ainda não cheguei tão longe, mas quando souber publico aqui um desses, até lá acredito somente no poder do factor C! E no factor de um manuscrito com boa apresentação e no talento...
Como enviar um manuscrito para uma editora?
1. Via E-mail: dentro desse e-mail terão de ir: as primeiras 50 páginas do manuscrito; uma carta de apresentação que NÃO é um CV e o resumo de 2 páginas da obra.
2. Porquê 50 páginas? Podem sempre parar de ler quando quiserem: True and not true. A verdade é que um documento de word não é muito grande, nem ocupa muito espaço. O objectivo das primeiras 50 páginas é ver o quanto a história pode cativar um leitor. Se, enquanto editores, queremos saber mais da história, temos o resumo. Se gostarmos, pedimos mais, senão não adianta estarmos a ler o livro todo quando as 50 páginas não são boas.
3. Mas, há tantos livros cujas primeiras metades são uma seca e o resto é bom! Também verdade, mas sou apologista que isso é uma treta. Sejamos honestos, se você é um autor que nunca ninguém viu mais gordo na vida, ninguém vai passar dessas primeiras páginas. Pessoalmente costumo dar ao autor uma chance de quatro capítulos ou 30 páginas. Se nessas páginas vejo demasiadas coisas a serem trabalhadas, páro.
4. Que font escolho? Eu detesto Times New Roman!
Em Portugal parece-me haver mais liberdade de fonts do que no estrangeiro. Lá fora há duas opções: Times New Roman ou Courier. Porquê Courier? Porque é um tipo de letra mono-espaçado que evita textos mal formatados. Pode ser um nabo em word, que Courier não o deixa ficar mal. E tem sempre uma apresentação cuidada e profissional. Se for bom entendedor de Word, pode sempre ir mais além e usar Garamond, Linux Libertine entre outros. Evite tipos de letra muito fortes ou pequenos. Courier 11 está perfeito, tal como Garamond 11 ou Linux Libertine 11. Pode sempre mostrar que tem alguma criatividade, no entanto se tiver dúvidas Times New Roman 12, espaçamento 1,5 justificado ou Courier New 11 espaçamento 1,5 justificado.
5. Ok, já mudei a font e está tudo bem e agora?
5.1. O estilo de layout:
Há uns dias atrás estava eu a pesquisar sobre como enviar um manuscrito para uma revista estrangeira e vi as regras que seguiam um modelo. Por vezes eles pedem-vos para seguir o modelo de Chicago, outros pedem o standard de William Shunn. No modelo de Shunn podem ver algo bastante útil: o wordcount. Embora este possa ser colocado na carta de apresentação, dá um jeito enorme ler o manuscrito tendo em conta que o livro tem por exemplo 120 mil palavras e estamos a ler apenas as primeiras 20 mil (por exemplo). OU que o texto tem 80 mil palavras e estamos a ler as primeiras 15 mil. Isso faz diferença? Faz sim! Se for um bom editor, tem calculado dentro da mente os passos da narrativa e dá para ver bem que o autor mete palha/empata ou se está a seguir um ritmo fluido. Por isso, podem sempre colocar no header: o vosso nome/ título da obra/ número de palavras total do vosso manuscrito. Ajuda imenso quem tem de ler uns 50 manuscritos por semana ou mês!
5.2. As quebras de página:
Há quem não goste de quebras de páginas num manuscrito – pessoalmente adoro-as. Há manuscritos que não têm designação de capítulos, como raio hei-de saber se mudei de capítulo ou não? Se não tiverem algo a dizer Capítulo 1 em bold e em maiúsculas, façam quebra de página.
5.3. Controlador de viúvas e órfãos:
Isto é uma opção no word fantástica:
“Controle de viúva (a última linha de um parágrafo) impede que uma linha que está sendo impressa sozinha na parte superior de uma página. Ele também impede órfão (a primeira linha de um parágrafo) que está sendo impressa sozinha na parte inferior de uma página. Controle de linhas órfãs/viúvas deve ser desactivada se cada página deve ter o mesmo número de linhas.
O controlo de linhas órfãs/viúvas não é aplicada a parágrafos com três linhas ou menos. Uma alternativa para essa situação é usar a opção manter juntas parágrafo (no menu Formatar, clique em parágrafo e, em seguida, clique na guia fluxo de texto ou linha e quebras de página) que mantém o parágrafo seja dividido entre páginas.”
http://support.microsoft.com/kb/170906/pt-br
6. Já tenho o meu manuscrito formatado e pronto para ser enviado. Agora resumo ou sinopse, posso enviar uma sinopse como aquela que vejo nos livros? Não!
A sinopse de que as editoras falam não é uma sinopse de 2 parágrafos, mas sim um resumo INTEIRO do livro! Princípio, meio e sim, fim! O editor é e não é um leitor ao mesmo tempo. O editor tem de ver se o meio e o fim adequam-se ao início e para isso só lendo mesmo o resumo. Por isso, se vocês andavam a enviar coisas de 2 parágrafos, you have been doing it wrong. Neste resumo podem colocar também em que género é que o vosso manuscrito se encontra, titulo, número de palavras. Procurem não exceder as 2 páginas. Poder de síntese e cativar o editor são duas palavras-chave. Por isso, toca a rever os vossos resumos e fazerem algo que as editoras vão querer logo publicar! Ou não…
Já têm o manuscrito pronto, bem formatado e o resumo também bem formatadinho e bonito. Agora só falta a carta de apresentação, mas isso... deixemos para outra altura!
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