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31 Jul 23:39

Salvem as Galinhas Pintadinhas!

by D



Não é fácil ser galináceo no Brasil. O país do futebol maior cultivador de chuteiras do planeta não pode com um frango. Goleiro frangueiro é tratado como criminoso por torcidas sejam organizadas ou não e vêem a carreira ameaçada quando frangam. Outra classe de galináceos, os frangotes, conforme pesquisas do Ministério da Educacinha, são as maiores vítimas do bullyng nas escolas  da grande terra de Vera Cruz.  O único alívio para os galiformes é que ao menos no país não existe PENA de morte.


É sabido também da dificuldade de soltar a franga neste país. Os fascistas da moralidade estão sempre empunhando suas asas aos quatro ventos sobre os poleiros da moralidade ortodoxa. A mulher galinha é tratada com violência pelos  misóginos que entendem por bem cantar de galo nos lares brasileiros.



A última problemática voltada para essa classe tão excluída e escarnecida pela direita envelhecida no país é o caso polêmico da Galinha Pintadinha. A pobre galinha vem sendo usada para manipular as nossas crianças enquanto trabalha para a burguesia de forma escrava dia e noite açoitando os ouvidos da nossa sociedade. O sindicato das galinhas pintadinhas vem sendo acionado ininterruptamente depois que milhares de galinhas pintadinhas reportaram se sentirem ameaçadas pela corruptiva sociedade de mercado.


No vídeo polêmico uma galinha pintadinha é tratada de forma coerciva por um galo Carijó. Os Carijós são sabidamente membros de uma família de frangos burgueses trazidos dos EUA na década de setenta. Desde então o Carijós estão envolvidos com grandes redes de comunicação e empreiteiras de galinheiros por todo o país. Suspeita-se também que os Carijós estejam por trás das privatizações de granja do governo FHC.



Além do tratamento coercivo, A galinha é obrigada a usar saia  numa clara deturpação dos direitos dos galináceos. Essas aves desde 1986 consquistaram o direito de usar qualquer tipo de vestimenta. A companheira galinha, após tantos abusos, fica doente e o marido a deixa agonizando na cama. Seus filhos no entando procuraram o departamento médico do Hospital das Dores e conseguiram atendimento. Existe a suspeita de que a galinha poderia ter sido envenenada após ingerir um milho verde que estava azul. O galo Carijó está foragido e junto com ele sumiram os MILHÕES que a pobre galinha guardava no ninho de amor do casal. A polícia está investigando o  caso.



Suspeita-se também que ela possa ter sido contaminada por uma injeção de pena de pavão que ao invés de medicamento tinha sopa de milho. O Hospital ainda não se declarou sobre o caso. O doutor Peru e a enfermeira Urubu foram indiciados. É preciso acabar com o desrespeito ao galináceo no Brasil. Nunca antes na história deste país essas aves foram tão desossadas. O respeito à minoria é condição sine qua non para que o país continue crescendo.



31 Jul 23:35

Os Bob Esponjas

by noreply@blogger.com (mvsmotta)
Quando ganhei uma hamster - a Lisa, nome da filha do Elvis - arrumei um problema (lindo e que dá vontade de morder, mas tudo bem), quer dizer, vários, mas um deles foi o cheiro forte do xixi que o hamster faz.

Tentei serragem, vinagre na gaiola, o que você puder imaginar, mas só o que adiantou foi um produto chamado Pipi Pet WC.

Se trata de uns grânulos de celulose que absorvem líquido de forma rápida. Basta jogar um pouco em cima e voilà, chupa tudo que nem uma esponja, uma verdadeira maravilha. Em poucos segundos todo o xixi do hamster vai embora.

Mas não era sobre isso que eu queria falar, isso foi só um preâmbulo, o que eu queria falar mesmo é que observando o Pipi Pet WC em ação lembrei da imensa maioria da juventude universitária brasileira de hoje e sempre (mas muito mais a de hoje).

Todas aquelas cabecinhas ocas chegam na academia tal qual um grão de Pipi Pet WC: esperando algo que as preencha. Eles querem saber, querem conhecer, querem contestar e, se sobrar espaço entre o trote e a choppada, mudar o mundo.

E esse furor contestatório da juventude agora se uniu à falta de tempo dos pais, à internet, à esculhambocracia que virou nossa sociedade e deu origem a um pessoal que não sabe o que quer, porque parece já ter tudo.

Não vivemos sob uma repressão moral e sexual como nossos pais e avós (imagina alguém da tal "classe média" dançando funk carioca na década de 50?), não estamos sob uma ditadura, essa turma de 20 e poucos anos que viveu dos anos 2000 para cá não conhece a censura prévia, não tem medo do DOPS, só precisam começar a se sustentar perto do trinta e curiosamente se comportam como se vivessem numa Coréia do Norte tropical.

É marcha da maconha, das vadias, dos jogadores de RPG, dos alimentadores de pombo. É cartaz ofendendo a religião alheia, a preferência quase paranoica pelo ateísmo militante (chega a parecer uma religião dedicada a ser uma não-religião) e a eterna necessidade de chocar, sempre. 


A palavra de ordem parece ser "qual é o problema?". Uma ratazana ensopada servida no jantar (como dizia o grande Nelson Rodrigues)? Qual é o problema? Moças andando com os seios de fora pela rua? Qual é o problema? Rapazes também não andam sem camisa?

Transar no balcão do Mc Donald's? Fumar skank no batizado da sobrinha? Mostrar o piercing genital para a sogra na primeira visita à família do namorado? Falar sobre posições sexuais e secreções durante as refeições? Qual é o problema?

Que hipocrisia, gente! (outra frase cultuadíssima).

Mas já me desviei de novo, ainda que, novo parêntese, ache que um pouco de hipocrisia mantém a sociedade coesa, salva nossas relações sociais e impede que todos matem uns aos outros. 

O que realmente queria dizer é que essa juventude chega na universidade com a cabeça tão vazia e sedenta por algo que a preencha como um grão de Pipi Pet WC, só que encontra pouca coisa diferente de xixi de hamster para aprender.

Na idade mais ativa, com mais "fome" de saber, de discutir e debater soluções para o futuro, eles são levados por um tsunami de entulho ideológico e ficam ali aprendendo sobre luta de classes, ditadura do proletariado, hegemonia cultural, aparelhos ideológicos de Estado, enfim, um conteúdo que no final acaba indo para o mesmo lugar de um grânulo de celulose vegetal, inerte, atóxico, empapado de mijo, ou seja, o lixo, já que não tem muita utilidade.

Mas ao que parece, está tudo bem, os Bob Esponjas de boina se contentam com pouco. Se chocar a tiazinha passeando com o poodle pelo meio da marcha dos adeptos do enema, tudo bem.

O que vale é botar o "Bloco do Che Guevara Doido" na rua.
17 Jul 18:35

O que eles querem de mim

by D




A Coca-Cola quer a minha sede. A Chanel quer o meu cheiro. A Luis Vuitton quer a minha elegância. A Adidas quer a minha corrida. A Wella quer a maciez dos meus cabelos. A Lupo quer o conforto dos meus pés. A Nike quer a minha elasticidade. A Apple quer a minha atenção. A Microsoft quer o meu tempo. O Mc Donalds quer o meu paladar. A Wolkswagen quer o meu caminhar. A Gillete quer os meus pelos. A Samsung quer a minha visão. A RayBan quer os meus olhos. A Nokia quer a minha audição. A Ikea quer a minha casa. A Unilever quer o meu asseio. A Sony quer as minhas mãos. A Shell quer as minhas milhas. O Google quer o meu conhecimento. O Wall Mart quer a minha alimentação. A HP quer as minhas impressões. A Avis quer a minha companhia. A Zara quer as minhas roupas. A Brahma quer o meu fígado. A Pizza Hut quer o meu peso. A Marlboro quer os meus pulmões. A GE quer a minha cozinha. A BomBril quer o meu brilho. A Pepsi quer a minha língua. A Xerox quer as minhas cópias. A Levi’s quer as minhas pernas. A Oral B quer os meus dentes. A MTV quer as minhas músicas. A Cannon quer as minhas fotos. A Lacoste quer todo o meu dinheiro. A Disney quer a minha infância. O Itaú quer a minha poupança. O Senac quer o meu aprendizado. A MasterCard quer o meu crédito. A Lego quer as minhas construções. A Nestle quer meus chocolates. A Ferrari quer a minha velocidade. O Twitter quer os meus caracteres. O Facebook quer a minha vida. A BandAid quer as minhas feridas. A Amazon quer os meus livros. Mas óh, eu não dou não.

11 Jul 22:41

Imagens

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11 Jul 22:41

Dora Super Aventureira

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- Pra quem não conhece a Dora...
26 Jun 16:40

Eu quero descer!

by Tati
Posso apostar que um dos sentidos da vida é se constranger mesmo não tendo culpa no cartório. Tem dias que você pode sentir a musiquinha d'Os Trapalhões acompanhar seus passos, sendo você protagonista ou figurante na cena. Dia desses eu estava no elevador do trabalho com mais umas cinco pessoas randômicas quando um moço entrou no 1º andar e desceu no 2º. Assim que ele saiu do elevador, uma moça comentou pro cara do lado:

- Nossa, que folgado, pegar o elevador por causa de um andar!

Criticar pelas costas? Legal! Porém, fiquei na minha, já que não conhecia ninguém daquele rolê e quem sou pra fazer amizades em elevador, né? E foi ótimo, por que o problema desse elevador em questão é que ele demora uma eternidade pra fechar, então, ali mesmo no 2º andar, antes que as portas se fechassem o tal moço que desceu voltou até a porta e disse:

- Não tem escada do primeiro pro segundo, TÁ BOM?

E as portas do elevador se fecharam, muito dramaticamente. Claro que ficou aquele clima super chato, a moça ainda tentou se justificar meio que pra ninguém ("Como que não tem escada? (risos)") mas a verdade é que não tinha muita desculpa. Ela tinha sido indelicada e foi pega no ato. Fim. 

Pelo certo, essa cena teria terminado na porta se fechando. Os letreiros subiriam e a gente levantaria das cadeiras do cinema, certos de ter aprendido uma lição naquele dia. Mas, como estamos falando de vida real, não foi assim. Na vida real, ainda tive que ficar naquele elevador por mais 11 andares, me constrangendo ainda mais a cada um deles, primeiro com as desculpas da moça, depois com o silêncio que se instaurou.

Como tudo nessa vida é aprendizado, no fim nem me chateei tanto. Só queria saber se não tem mesmo escada de um andar pro outro aqui no trabalho. Isso é loucura!

Photo Credit: Alex Campos ♂ via Compfight cc
26 Jun 16:35

2013, o ano em que abandonei o rock.

by Tati
larissaveosl

É como eu me sinto e olha que ainda sou adolescente!

It isn’t right, but it isn’t hard
Tell me, tell me won't you understand
Show me, show me, show me a better plan
It’s summer lies, it’s someone else’s nothing
Here it comes now...
One Way Trigger - Strokes


Este é só um título impactante para chamar a sua atenção. 

Eu sempre gostei de rock, sempre foi meu estilo musical favorito. Mas, de uns tempos pra cá, eu meio que cansei dele. É muita banda pra acompanhar e, de certo modo, nenhuma parece boa o suficiente pra ninguém, nem pra mim. Nada me encanta. E tem essa competição diária entre a sua banda e a minha e sobre qual vai salvar o rock este ano. A novidade? Ninguém vai salvar o rock, eu acho. O rock, bom, ele não precisa ser salvo para poder continuar existindo. Ele é isso aí que você está vendo e de alguma forma, ele mudou dentro de mim e não é mais exatamente o que eu quero.

Levou um tempo para eu perceber, mas o ponto de ruptura pra mim foi quando Strokes lançou One Way Trigger e fizeram aquele clipe fan made (risos) absolutamente maravilhoso com o Trenzinho Carreta Furacão. Foi ali que vi que o rock não era bem o que a gente pensava, ou o que queriam que a gente pensasse dele. Por que, veja, a banda lança uma música nova, algo que eles acreditam ser tremendamente sério e valoroso (no sentido de pretender ser um marco na história do rock e tal, como toda banda de rock quer ser, afinal). E outros caras vão e colocam uma galerinha com fantasias toscas, rebolando e dançando até o chão com a tal música... E funciona PERFEITAMENTE. Perfeitamente. O clipe melhora a música, até. Foi aí que eu me dei conta que não tem mais como querer sustentar dentro de mim a rockeirinha teenager que fica ofendida se falam mal da sua banda favorita. Não tem como levar o rock tão a sério. Mas se é pra ser levado a sério como aparentemente é necessário fazer para merecer ser chamado de "roqueiro", eu prefiro pular do barco.

Também tive um momento ótimo recentemente quando, brincando, alguns amigos disseram que é preciso ter alguma tatuagem da banda para se dizer fã dela. Esse foi outro ponto de ruptura, por que sei que para algumas pessoas essa regra existe de verdade. É insano.

Prefiro pular do barco por que eu quero um pouquinho mais de diversão e leveza. Quero poder ouvir um CD sem precisar ter opinião formada sobre cada uma das faixas e sem precisar traçar um paralelo entre este CD novo e todos os outros que vieram antes nessa banda. Sabe, essa leveza? A leveza de não precisar ouvir aquela banda que todo mundo está ouvindo só por que todo mundo está ouvindo. A leveza de não precisar ouvir uma banda que ninguém conhece só por que ninguém conhece. Eu quero ser aquela pessoa que dança sem saber de quem é a música e que não deixa de dançar só por que não é rock.

Eu não quero mais levar o rock à sério.

Então, por isso eu digo que abandonei o rock. Não é que eu tenha parado, eu só deixei de acompanhar. Deixa ele aí, deixa ele ir. Deixa outras pessoas serem espertas por saberem mais dele. Deixa você ir ao show de todas as bandas que importam no Cine Jóia, deixa eu aqui quietinha ouvindo o meu CD favorito, que por acaso é de rock e por acaso é de 1977 (mas eu só descobri em 2005, quando ainda não tinha abandonado nada).

Em 2013 eu estou abandonando várias coisas, mas nem é pensado, sabe? Simplesmente acontece e quando eu vejo, opa, já não me importo mais. Já não me desgasto mais. Quando eu era adolescente havia uma certa imposição para que você fosse "o rocker da quebrada", aquele tipo intolerante que só ouve metal e mais nada. Embora eu fosse assim, ou tentasse ser, sempre estive um pouco à margem disso, pois eu gosto de coisas que me divertem e muitas vezes me divertia ouvindo um pop safado ou um sertanejo doído, escondida. Agora eu meio que parei de esconder, passei a me divertir abertamente ouvindo funk, pop, sertanejo, o que seja.

E, sim, eu continuo amando Elvis Costello. Não é como se eu agora odiasse o rock, a questão é que agora eu gosto mais de outras coisas. Por que é isso que hoje eu espero da minha vida e das músicas que escuto: mais diversão, menos preocupação, menos pose e mais espontaneidade. É isso.


26 Jun 16:04

Sem drama, Holden.

by Tati
Sem drama. Sem drama. Sem drama.

Holden se senta na beirada da cama e tenta acalmar seus pensamentos. Não gosta de festas, não iria a festa nenhuma, não vai ser agora que começará a ir. Festas são sempre cheias de garotas estúpidas e caras mais estúpidos ainda querendo conversar com você sobre coisas que você não tem interesse nenhum. Toda aquela falsidade detestável e insuportável de estar entre pessoas que nada tem a ver com você, estar ali por mera obrigação. Isso faz parte de crescer, pensa Holden, estar ali socializando com as pessoas em busca de algo. Mas, crescer é terrível e ter que fazer parte dessas convenções é mais terrível ainda.

Seria bem melhor ficar sozinho, sem ter que fingir nada pra ninguém, sem precisar se corromper por tão pouco. Como quando era criança e seu irmão mais velho não estava e a mais nova ainda nem era nascida. Um pouco de paz, sabe? Era bem bacana aquela época, e mesmo quando havia alguém, não era tão doloroso como agora.

Agora, é preciso encarar as coisas de frente e ir. Sem drama. Sem drama. Sem drama. Claro. Mas, não é tão simples assim para Holden Caulfield, que consegue odiar tantas coisas mesmo sendo esse garoto 100%,  que é puro amor. Vai entender. Ninguém entende, nem ele.

Holden Caulfield (O Apanhador no Campo de Centeio) por Grumpy Finina.

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Post escrito para o 30 Days Writing Challenge do blog Spleen Juice. Tema: "Seja o personagem do seu livro favorito", referente ao dia 15. Para saber o que já postei sobre este desafio, clique aqui!
26 Jun 15:46

E Se o Oxigênio Do Mundo Acabasse Por 5 Segundos?



Mas...ainda ia ter videogame ou....?!

26 Jun 15:43

Controle Perfeito

by boabner

dia25-p1

Empresas de software e suas super idéias :)
Uma vez um rapaz me devolveu uma fita sem o chip hehe

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26 Jun 15:36

http://wordpress.anarusche.com/4464/

by anarusche

texto publicado originalmente em blogueirasfeministas no dia 4/06.

 

“Um país em que as mulheres não escrevem,

este país, este país vai mal”

- foi o que me disse a Lília Momplé um dia desses.

 

hoje dedico às Bárbaras – Araújo e Lopes

 

 

I. O pretexto: a estatística

“Bastante homogênea, dominada por autores homens, brancos, de classe média, moradores de Rio e São Paulo”. Se você pensou na produção literária brasileira, acertou.

A pesquisadora Regina Dalcastagnè, na obra Literatura brasileira contemporânea: um território contestado, traz uma pesquisa quantitativa extensa, em que analisa a produção de romances pelas principais casas editoriais do Brasil. O resultado comprova a homogeneidade do campo literário – nas palavras de Rosana Lobo sobre as estatísticas:

“É então que Regina revela em números a perpetuação de lugares comuns ou constata tendências da produção contemporânea: quase três quartos dos romances publicados (72,7%) foram escritos por homens; 93,9% dos autores são brancos; o local da narrativa é mesmo a metrópole em 82,6% dos casos; o contexto de 58,9% dos romances é a redemocratização, seguida da ditadura militar (21,7%). O homem branco é, na maioria das ocorrências, representado como artista ou jornalista, e os negros como bandidos ou contraventores; já as mulheres, como donas de casa ou prostitutas”.

 

Aproveitando o gancho que este livro nos traz, pensei em escrever algumas dicas sobre como publicar um livro e também contar mais sobre projetos editoriais que invertem um pouco estes números, ao menos no que diz respeito a gênero.

 

II. Publicar-se, empoderar-se

Ainda contaminada pelo grito “Para o armário nunca mais” da 17ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, fico pensando se a gaveta não é um tipo de armário. Sim, aquela gaveta onde se guardam os originais, onde os contos dormem esquecidos e os poemas ficam silenciados, cheios de rabiscos incertos. A gaveta também pode ser aquela pasta perdida no computador, uns documentos de word com capítulos de um romance sempre por terminar. A gaveta, o inverso do livro, outra forma de espera.

Dizer-se escritora, para muitas, não é fácil. E quem te nomeia “escritora”? De minha parte, acho que só você mesma. Ou você supõe que uma nota de dez linhas num caderno de cultura tem este condão? Vamos, anime-se. A boa notícia é que muitos dos medos guardam parentesco com grandes desejos.

 

III. Algumas dicas – a tua gaveta: se transformará num barco, numa casa ou numa nave estelar?

Assim como as paixões, cada livro nasce de uma maneira própria. Dessa forma, pouco posso ajudar. Apenas dou uns pitacos sobre o “como publicar”. Aí vão eles.

  • Ler a produção contemporânea. Parece um conselho bobo, mas é incrível como escritorxs nutrem pouco apreço ao que é produzido nas vizinhanças. Procuram os clássicos, os recém-traduzidos das grandes casas editoriais, sei lá quais. Há algo fundamental no garimpo de obras de novos autorxs, de fuçar blogs, sites e descobrir livros, estabelecer diálogos, cavar possibilidades, afinidades.
  • Conhecer outrxs escritores. É uma das melhores formas de compartilhar inseguranças, vontades e traçar planos impossíveis. Saia de casa, compareça a lançamentos, festivais literários, leituras públicas (já dou a dica que em São Paulo, de 20 a 22 de setembro, haverá a FLAP!). Por algum motivo, fica difícil? A internet é maravilhosa em proporcionar esses encontros. Tente!
  • Concursos e editais. Acompanhe os concursos literários e editais públicos. Há muitos voltados a estreantes. Encare como uma loteria. Uma chance de fechar um texto, de terminar um projeto.
  • Organizar publicações coletivas. Antes de publicar o tal do grande livro, organizar publicações coletivas traz um aprendizado importante. Desde aspectos técnicos, ou seja, entender o processo editorial minimamente, até por à prova o teu texto, trocar referências, compartilhar proximidades. Aí vc vai entender que o principal é se divertir. E ter boas discussões. E fazer amigxs.
  • Mas quero mesmo publicar um livro! Antes de tudo, é interessante você procurar uma editora – pesquise as linhas editoriais, compareça a lançamentos, converse. Há várias pequenas e atenciosas que recebem originais. E tenha calma, aguarde um retorno. Não é de uma hora para a outra que se decidem estas coisas, não é? Sempre se coloque no lugar do editor.
  • E a autopublicação? Você também pode optar pelo faça-vc-mesmo, por exemplo, em uma gráfica rápida, com uma tiragem que você consiga distribuir. É a forma mais comum de livros de estreia, chama-se “edição do autor”. E se achar pouco digno, saiba que grandes livros do Drummond, Bandeira e João Cabral foram publicados assim.
  • Então, um passo-a-passo: as etapas são mais ou menos estas: (a) Uma última leitura crítica: convide algumas pessoas queridas para lerem o original. Sempre haverá o que cortar e melhorar. (b) Revisão: assim que vc realmente “fechar o livro”, é necessário passar pela revisão de alguém com prática. (c) Diagramação: transformar o texto em word no formato de livro – procure alguém experiente e que entenda o teu projeto. (d) Impressão: faça vários orçamentos, visite mais de uma gráfica, entenda qual o papel que vc usará, formato, tipo de acabamento, isso tudo impacta o preço do livro e a impressão final. (e) Divulgação: conte a todxs! Amigxs, vizinhxs, familiares, professores, colegas de trabalho, sites de literatura, isso tudo. (f) Distribuição: capriche no lançamento. Organize uma forma de distribuir on-line, converse com livrarias, pequenos livreiros, isso tudo. + leia outras dicas práticas do Fábio C. Martins
  • No papel de luz. Com exceção da gráfica, os passos acima são válidos para o processo digital. Não se trata simplesmente em transformar um “arquivo em word” em “um arquivo de pdf”. A revisão, projeto gráfico e distribuição são muito importantes e decisórios para a qualidade da publicação. Ah, sim, nunca subestime a publicação eletrônica – se pra vc ela ainda não tem todo o charme & cheiro do papel, tem um alcance incrível. + leia aqui “A era dos autopublicados”

 

IV. Exemplos de projetos coletivos

Fiz uma foto com projetos coletivos que gosto. Não são “projetos editoriais feministas”, mas, de alguma forma, trazem gênero como um aspecto importante do projeto:

  • Revista Mininas: revista que reuniu “escritoras, poetas, artistas gráficas, ilustradoras e fotógrafas em um formato charmoso e acessível”, feita em BH pela Milena de Almeida (editora) e Elisa Andrade Buzzo (coordenadora de edição). O site continua no ar, vale a visita.
  • 8 femmes: “8 femmes surgiu no rastro do filme homônimo de François Ozon, uma comédia com 8 conhecidas atrizes francesas. A ideia: 8 poetas mulheres, 8 estilos de linguagem, em ritmo de curta-metragem. Et voilà”. A plaquete foi organizada por Virna Teixeira (2006) e teve lançamentos em vários lugares do Brasil.
  • Colección Chicas de Bolsillo: a argentina María Eugenia López publicou, com o apoio da Universidad de La Plata, esta série de livrinhos, que são envoltos em um bolsinho de tule costurado e com uma bonequinha. Seus chicos y chicas foram levados a inúmeros festivais de poesia. Na foto, vc pode ver Bonkei da própria María Eugenia e o Fin de ciècle (bilíngue espanhol português) da brasileira Virna Teixeira.
  • Fio, fenda, falésia: um dos livros que mais gostei de 2010, escrito a três mãos por Érica Zíngano, Renata Huber e Roberta Ferraz. Generoso, denso, complexo. O projeto gráfico incrível foi feito por Fernando Falcon. Os poemas são um fio de outro, tecidos pelas 6 mãos.
  • Moda y pueblo: caneca do atelier de criação literária chileno Moda y Pueblo, que trabalha como uma editora, tratando “o livro como um objeto único de arte, inclassificável e incontrolável”. Funciona no centro cultural Carnicería Punk, um antigo açougue de bairro no centro de Santiago, que agora abriga discussões sobre literatura queer, perfomances e ações de arte, entre outros assuntos.

 

V. Exemplos de livros

Para finalizar, separei alguns livros que contém temas e formas literários diferentes da estatística apresentada pela Regina Dalcastagnè. Assim, se vc é simplesmente um leitor, poderá aproveitar tb este post. São apenas sugestões, livros que gosto e que tinha à mão em casa. Também faço a ressalva que não são exatamente “livros feministas”, mas trazem uma outra perspectiva a respeito de gênero.

  • Esperando as Bárbaras (Ed. Blanche, 2012) | Marilia Kubota traz uma seleção de poemas sobre o “fazer poético, sua inquietação e inutilidade como sobra de luminosidade no mundo pós-moderno”. Ainda acrescento sobre sua vivência como descendente de japoneses. O poema que dá título ao livro é uma resposta indignada a certo mundo e, ao mesmo tempo, uma homenagem a personagens da cultura americana.
  • Neighbours (Porto Editora, 2012) | Separei este livro especialmente, pois é um caso interessante no mercado editorial lusófono: escrito em português pela moçambicana Lília Momplé, foi publicado pela Penguin com o título Neighbours: The Story Of A Murder (2009). Esgotado em português, vc podia encontrar o livro somente em inglês. Felizmente a Porto Editora supriu esta lacuna no ano passado, com uma nova edição em português. O livro conta “o que se passa em Maputo, em três casas diferentes, desde as 19 horas de um dia de maio de 1985 até às 8 horas da manhã seguinte”, narrado principalmente pela perspectiva das mulheres, apontando os efeitos do apartheid da vizinha África do Sul em Moçambique.
  • Ponciá Vicêncio (Ed. Mazza, 2003) | Este livro impactante é da Conceição Evaristo, que “deixa claro em sua obra a preocupação de fazer emergir um discurso subalterno, através de personagens negras, pobres e mulheres. Sua trajetória militante acompanha as mudanças que caracterizaram o movimento negro brasileiro ao longo das últimas décadas” – leia o artigo da Bárbara Araújo aqui. Ponciá Vicêncio é construída de memórias, força e estórias desgarradas. + post no blogueirasfeministas
  • Desnorteio (Ed. Patuá, 2011) | Desnorteio é o romance de estreia de Paula Fábrio. Engraçado que esta história de ser o primeiro não me convence. É um livro maduro. Isso das estórias desgarradas que leio na Conceição Evaristo tem seu eco por aqui, aparece a loucura também, penúrias. A editora caprichou – fez até o livro em capa dura. Merecido. Uma leitura que fica.
  • Pleno Deserto (Edições Rumi/Nephelibata, 2009) | Livro de poemas de Maiara Gouveia, traz o corpo, o íntimo, o sonho e o místico. Também há a sedução e o que é desencontro – “Não vemos:/ pois estamos no escuro”, nas palavras de Marcelo Ariel, “uma pulsão erótica que não descarta uma laicização do sagrado é uma das características da poética de Maiara”. Você pode ler on-line este livro.
  • Você me deixe, viu? Eu vou bater meu tambor! (Mazza Edições, 2008) | A própria autora, Cidinha da Silva, descreve o livro assim: “é um livreto singelo que aborda o amor e a solidão, vistos e sentidos por personagens femininas, principalmente. São olhares críticos, ácidos, vez ou outra líricos, outras tantas humorados e com mais uma dose de acidez”. Bem gostoso mesmo de ler.
  • Naquele Dia (edição de autor, 2011) | Aqui ainda vai o convite para você conhecer o “Naquele Dia”, livro de contos da Renata Corrêa, aqui das BF: “É digital e pronto pra ler no seu smartphone, tablet ou mesmo computador”. Ela já conta com 600 downloads. Acesse aqui: https://www.facebook.com/NaqueleDia/info.

 

 

VI. Enfim, pense bem

Aqui, fora da gaveta, a vida até pode ser meio arriscada. Mas é bem divertida.

 

Como diria a Juliana Bernardo em seu novo livro Vitamina, “triste de quem não escuta a ópera de um copo d’água”.

25 Jun 21:39

lettie, a estranha

by Letícia

Eu não entendo as pessoas que dizem com orgulho que são perfeccionistas. O perfeccionismo não faz com que você alcance a perfeição, só faz de você uma pessoa neurótica. Aliás, segundo o primeiro verso dessa música do Silver Jews, aproximar-se da perfeição pode fazer você baixar no hospital, então se liga. ;)

Eu estive pensando bastante sobre isso na última semana, sendo eu própria uma pessoa perfeccionista (tô tentando largar, comprei até uns chicletes?). É de fato muito frustrante se encontrar em um momento em que tudo o que você pode fazer é o seu melhor e esperar a avaliação dos outros pra descobrir se você fez o bastante (segundo as expectativas deles) ou não. É ainda mais frustrante descobrir que não. Ou nem ouvir nada em resposta. Tipo um looooongo rufar de tambores que termina e… nada acontece. Aí você tem que se apegar à ideia de que, né, você tentou, toma aqui uma estrelinha.

 

Aí eu tava viajando em toda essa maionese e acabei lembrando de um episódio de quando eu tinha 5 anos e tava na alfabetização. A gente fez um ditado de palavras e eu errei a palavra “saci”. Acho que meti uma cedilha em algum lugar. Eu fiquei muito puta por dois motivos: o primeiro e mais óbvio é que eu queria ter acertado TODAS as palavras (dããã). O segundo é que saci era uma palavra que não faltava de onde colar dentro da sala: várias crianças levavam aquela pipoca doce do plástico rosa (aquela que 99% do conteúdo do saco tem gosto de isopor, aí de repente você pega UMA que tem gosto de alguma coisa comestível e você acha a coisa mais gostosa do mundo) e uma das marcas mais populares era Saci.

Sei que por conta disso eu comecei a chorar inconsolavelmente. Aí tinha esse menino, Renatinho? Robertinho? Que seja, Robertinho. Ele curtia me chatear e adorou a oportunidade de rir bem alto da minha cara enquanto eu chorava.

Foi aí que aconteceu uma daquelas coincidências maravilhosas que o universo te proporciona apenas uma vez na vida. O tipo de coisa que aconteceria de qualquer forma, mas acontecendo 20 segundos antes ou depois, não teria o mesmo efeito.

O Robertinho se contorcia de rir da minha cara e eu lancei meu melhor olhar de ódio em sua direção.

Naquele exato momento, a garrafa de refrigerante que ele levou pra beber no recreio explodiu.

Nunca vi riso se transformar em choro tão instantaneamente. E vice-versa.

Depois daquele dia, o menino Robertinho nunca mais mexeu comigo.


25 Jun 21:27

o mesmo encontra-se parado neste andar

by Letícia

É o 14º andar de um prédio empresarial. Chamo o elevador para descer, que chega sem demora, provavelmente pela “situação de feriado”. É um daqueles dias que eu não entendo muito bem. Não é feriado, mas não se espera que as pessoas apareçam.

Entro no elevador. Sigo sozinha até que ele para no 6º andar, onde entram dois rapazes. Um deles diz “boa tarde”, apesar de ainda ser manhã. Acontece.

O elevador para no 5º andar, onde entra uma moça futucando o celular (ela nada diz).

O elevador parece descer normalmente por um tempo, até parar e a porta abrir no 5º andar de novo. Fechamos as portas.

O elevador segue. Para, abre a porta, é o 5º andar de novo.

Estamos presos em um loop. Resolvemos sair do elevador.

Saímos do elevador e… ele desce normalmente. “Aaaah!”, exclamamos em uníssono. Ficamos ali por uns segundos esperando que algum dos outros dois elevadores pare, mas leva tempo, o prédio tem 18 andares. De algum lugar do corredor, soa uma voz:

- TODO DIA É ASSIM? TODO DIA TEM QUE SER ASSIM? A GENTE TEM QUE DISCUTIR A NOSSA RELAÇÃO TODOS OS DIAS?

O constrangimento natural que se sente ao dividir o elevador com desconhecidos tinha sido quebrado pela situação inusitada em que nos encontrávamos, mas agora estava de volta. Precisávamos sair dali o mais rápido possível. Um dos outros elevadores para. Entramos, eu e a outra moça, mas descobrimos antes de sair que ele está subindo, então corremos de novo pra fora.

Um dos rapazes decide entrar no elevador do loop (que subiu e parou de novo no 5º andar). Tentamos convencê-lo de que não é boa ideia, mas em todo programa de sci-fi tem aquele elemento do elenco que resolve fazer alguma coisa tola apesar do que diz o bom-senso.

O elevador fechou e abriu novamente cerca de 15 segundos depois.

O rapaz não estava mais lá.

Notícias dão conta de que foi visto pela última vez na companhia de um fauno.


25 Jun 20:42

Antes

Antes.png
19 Jun 17:59

Olhos vermelhos

Olhos-vermelhos.png

- Os velhos olhos vermelhos voltaram desta vez com o mundo nas costas e a cidade nos pés...
07 Jun 00:01

Abreviatura de "atenciosamente"

by Laércio Lutibergue
Você está escrevendo a abreviatura correta de "atenciosamente"?

Aposto que não.

A abreviatura oficial de "atenciosamente" é "at.te".

A maioria escreve "att.", que na verdade é a abreviatura do inglês “attention”.

E você certamente é um dos que escrevem assim.

Estou errado?

Mas agora, depois de ler esta postagem, ao encerrar suas correspondências, você escreverá a forma certa: “at.te”.

Não é mesmo?

Se você quer passar num concurso, não pode deixar de ler este LIVRO.
06 Jun 23:24

Não sabe elogiar, não elogia

Não-sabe-elogiar.png
04 Jun 21:01

A liberdade é questionável.

by Zanfa

O que é ser livre pra você pode não ser para o seu vizinho.

liberdade

Você tem que aceitar e se adaptar a todas escolhas e liberdades dos outros, ou não.

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04 Jun 20:59

Esse é Meu Filho



='(
ahAUShaUShauShuahsuaHsuaHsuAHsuAHsuAHsuaHsuaHusaHUShAUshUAshuAHsuAHsuAHs

04 Jun 19:42

Adele é gorda

by noreply@blogger.com (Adorável Psicótica)
Eu odeio pessoas. Não me entenda mal, eu não odeio você particularmente. Eu odeio pessoas em geral. Tipo a Adele, por exemplo. Eu odeio mulheres que usam a Adele como referência para a vida. "Adele é maravilhosa, Adele é tudo, Adele é linda." Adele é gorda. Canta pra caramba e usa uma maquiagem irretocável - muito embora tenha ouvido dizer que ela passa meses sem lavar o cabelo. Mas não é por causa da voz nem do estilo que as mulheres amam dizer que amam a Adele. As mulheres querem a Adele no mundo com a mesma intensidade que elas querem amigas menos atraentes andando perto delas. Porque é bom pra autoestima.
Sabe quando aquela amiga gorda publica uma foto no Facebook e logo vem alguém e comenta "lindaaaaa"? Mulher, claro. Homem nenhum consegue ser tão falso. Pois é uma pessoa assim que vai sair por aí dizendo que "amaaa" a Adele. E vai defender com unhas e dentes o fato da Adele ser gorda. Vai dizer que é libertador, que é disso que o mundo precisa, que a mulher não precisa ser magra para ser linda. Aham, senta lá Cláudia. Porque lá no seu íntimo e obscuro cantinho da consciência, ela sabe muito bem que é mais magra que a Adele. E isso é o bastante para que ela sorria discreta e diabolicamente, sentindo-se melhor com ela mesma.
Eu odeio pessoas. Porque pessoas são escrotas. Novamente, peço que não leve para o pessoal. Todos somos escrotos. Eu mesma sou dessas que defende o fim da opressão da mídia por um ideal intangível de magreza, mas estou aqui de dieta, morrendo de fome e me privando das delícias comestíveis da vida.
Engordei dez quilos em quatro anos. Sou bem alta, a gordura se espalha ao longo dos meus 1,78m. Mas a balança não mente. Muito menos meu manequim. Para voltar ao peso dos meus vinte aninhos, a vida precisa ser um pouco pior. Então eu decidi que não ia mais sofrer. Dane-se todo mundo. Eu gosto de comer e ninguém precisa ser esquelética para ficar bem no vídeo. Mas meu discurso se desfaz no instante em que a figurinista reclama que eu não caibo mais nas roupas que as marcas emprestam para o programa. E afunda ainda mais, palmos e palmos abaixo da terra, quando vem um babaca na internet e me compara com a Adele. E só para ficar claro, não, eu não sei cantar.
Pergunte a qualquer uma dessas mulheres que dizem amar a Adele se elas gostariam de ser a Adele. Entre ter talento e ser magra, te garanto que a maioria vai preferir ser modelo da Victoria's Secret.
Nesse ponto do texto, alguns já devem querer me crucificar. Tudo bem, eu não ligo. Meu povo está acostumado com crucificações. Mas a grande verdade é que as mesmas pessoas que saem por aí declarando seu amor aos gordos serão as primeiras a comentar "nossa, mas fulano tá gordo, hein?" Como quando a Nigella engordou horrores e todo mundo disse "olha, a Nigella engordou horrores". Vamos deixar de ser hipócritas. Toda essa indústria que nos faz acreditar que devemos ser esquálidos só funciona porque nós deixamos, porque nós queremos. Porque a magreza já se tornou commodity.
Gorduras à parte, devo admitir que não amo a Adele. Se ela fosse magra, talvez eu a odiasse, mas a questão não é essa. O que realmente importa e vale a pena ser discutido é que cheddardoubleburguer. Não, não. Eu quis dizer pizzamanteigasubway. E na próxima temporada eu estarei tão magra, mas tão ridiculamente magra, que aquela pessoa otária que me chamou de Adele vai precisar de terapia e remédios para se sentir melhor consigo mesma. Muito embora, enquanto eu planejo minha ardilosa vingança dietética e tenho alucinações constantes com comida, essa mesma pessoa, muito provavelmente, está rindo para cima com sua taça de champanhe, completamente indiferente à minha existência e à minha balança. Browniesundae. Bacon.
04 Jun 19:35

Bem menos, bem mais.

by Tati
Posso estar enganada, mas agora acho que o processo é de fora pra dentro. Tanto faz se deu certo, pelo menos eu tentei, eu fiz, eu não fiquei parada, eu não fui embora antes da hora de ir embora. Não importa o que aconteça, não faça isso de ir embora antes da hora.

Tenho raiva de quem desiste, deve ser por que eu sempre estou na corda bamba. Tem horas que penso: "O que ainda estou fazendo aqui?". Enquanto não desisto, ainda estou aqui, tentando achar um significado para alguma coisa.

Ainda não sei o que fazer, mas sei o que não quero fazer. Não quero escrever para cumprir meta, para encher espaço. Ninguém precisa disso, muito menos eu. Não tenho compromisso com nada nem ninguém. Se eu ficar dois anos sem postar aqui, quem é que vai reclamar? Ninguém. Então...

Vamos diminuir o passo, já que não estamos indo a lugar nenhum. Estamos aqui a passeio.

Photo Credit: bubbo.etsy.com via Compfight cc
20 May 20:29

Você é legal, mas nem

by Nayara Gonzalez

Nada diz “nem te quero” mais que um beijo na testa. O beijo na testa é carinhoso, mas pertence exclusivamente ao território da amizade. E não é só isso: o beijo na testa sabe que você queria mais. É o prêmio de consolação.

Sempre relacionei o beijo na testa ao fim de namoro. É o gesto que vem logo após ao “eu quero que você seja feliz”. Porque o beijo na testa quer que você seja feliz – mas não com ele.

A etiqueta não prevê o beijo na testa. Não existe maneira apropriada de se reagir a ele. Talvez o melhor seja aquele sorriso amarelo que responde “eu sei, mas valeu a tentativa”. Claro que sair correndo e se esconder debaixo da cama também é uma opção.


20 May 20:08

“Aplaudir até sentindo dor é amar”

by Nayara Gonzalez

Estou escrevendo uma carta de amor.

Sim, eu sei quão brega isso soa, e quão ridículo é na prática. Dizem não há carta de amor que não seja ridícula. Eu prefiro organizar a frase de outra forma: se não for ridícula não é uma carta de amor (acredito que existe diferença, ainda que sutil; quem ama entenderá).

Acontece que estou escrevendo porque de quando em quando meus sentimentos me enchem e me transbordam e eu preciso represá-los em algum lugar. Meus amigos não agüentam mais ouvir as minhas angústias – parece que o senso-comum dita que, após um certo tempo, você deve superar um amor que passou, mesmo que pra você não tenha passado, mesmo que seja, talvez, o maior que você está destinado a ter em toda a sua vida –, então que solução me resta?

Escrevo à única pessoa a quem pode interessar, mesmo que eu não espere disso qualquer resultado concreto – sou mais romântica que pragmática. Se enviarei ou não é questão a ser resolvida depois.

E para adiar a decisão, me esmero no processo. Escrevo rascunhos, seleciono papéis importados na minha coleção, traço bem de leve linhas a lápis, componho uma paleta de cores de canetas, faço o envelope, amarro uma fita. Só não pingo perfume, numa débil tentativa de permanecer no campo do bom-gosto.

Estou escrevendo uma carta de amor porque não há no mundo alguém que escreva uma para mim.


20 May 19:58

Por Pedro Catarino: “Interlúdio Musical”

by Adriana

Coluna de autores convidados, texto por Pedro Catarino

Como é de costume e corriqueiro, meu fone de ouvido parou de funcionar. Ela me olhou e disse: “Vamos comprar um fone bem legal para você!”. Eu concordei. O tempo passou e, ainda que sobre as insistências dela, procrastinei.
Com pressa, numa tarde de sábado, entrei numa loja qualquer e pedi o primeiro fone que vi pela frente. Alguns trocados e “problema resolvido”. “Esse fone não vai prestar…” ela disse. Assim que o liguei percebi que o lado esquerdo pipocava e o direito não tinha um som limpo.
“Pedro, eu pago, vamos comprar um BOM fone” ela me disse. Como de costume, despreocupado, respondi “Imagina, esse aqui ainda tá funcionando”.
“Meu amor, precisamos conversar” ela me disse. Como de costume, eu respondi “A gente se ama, vai ficar tudo bem!”. O tempo passou e os problemas ficaram, “Não tá tudo bem, senta aqui, vamos resolver…” ela pediu. “Preta, eu te amo. Vai tudo passar, é só a gente ficar junto…”.
O tempo passou, meu fone quebrou, e eu não ouço música já tem um bom tempo. O tempo passou, ela foi embora, e eu não ouço meu coração já tem um bom tempo. Deveria ter aceitado o fone, deveria ter aceitado a conversa. Deveria.

Pedro Catarino

20 May 19:47

A VIDA É INCONSTANTE

by Matheus Tapioca

Dia das Mães taí e você ama a sua. Mas tem dias que você odeia ela, né? Seu namorado, a mesma coisa. Você casaria e teria uma porrada de filhos, mas, às vezes, queria matá-lo. Não é verdade? Até o que você sente pelos seus melhores amigos não é constante.

“O mundo oscila na beirada dos seus olhos”. Conversando com uma amiga que não se conforma em viver em uma eterna inconstância, perguntei: “Você já parou para pensar que a vida é inconstante? Você pode ter segurança no seu trabalho, em casa, no amor, mas nunca em todos os departamentos da vida, ao mesmo tempo.”.

De um ano para cá, morei em quatro cidades: entreguei meu apartamento em São Paulo, BH, Rio de Janeiro e agora voltei para Salvador. Por que? Porque aprendi a lidar com a inconstância. Eu também quero constância de grana, amor e saúde. Constância acho que só quando estiver morto.

O Japão tem mais de cem terremotos POR DIA. Alguns são imperceptíveis e outros causam Tsunames. Os japoneses que parecem tão constantes aprenderam a lidar com a inconstância do seu próprio chão.

Isso é fácil? Nem um pouco. Mas a vida é surpreendente justamente por isso. Às vezes, você está lá em cima da roda gigante e, depois, lá embaixo. É por isso que eu amo as mudanças. Mas tem gente que tem muito medo delas, porque vai abalar a sua “constância”.

Hoje não me preocupo em encontrá-la, apenas em aprender com as mudanças e inconstâncias. Não sou eu que estou dizendo, é Quintana: “Deficiente é aquele que não consegue modificar sua vida.”.

carinha_farinha
Por Matheus Tapioca


20 May 19:36

Espalhando a maldade

Espalhando-a-maldade-expressão-popular
17 May 20:23

Cabelos

by Tati
Enlouquecer
Cortar a franja
Ficar uma merda
Usar grampo por três semanas

Não lavar o cabelo por três dias
Acreditar na sujeira como solução
Andar por aí com ele solto
E feliz como nunca até então

Escrevendo versos desses
Envergonhando a Guadalupe e o Camilo
Parando de pensar tanto no meu cabelo
E comprando um boné de esquilo

Photo Credit: Dan Morelle via Compfight cc
16 May 17:30

Todo mundo vai pra Europa

by Tati
E posta foto de um lugarzinho ótimo que conheceu por lá. Fica hospedado em um hotelzinho fofo e traz chocolate pra todos na volta. O pôr-do-Sol é sempre mais bonito sem filtro e se não rolar Europa, uma viagem rápida para Buenos Aires já resolve. Todos vão para Buenos Aires e tiram foto com a Mafalda.

Todo mundo já fez esse curso que você quer fazer e todo mundo tem um barzinho favorito. Todo mundo comemora o aniversário em um boteco pretensamente simples, mas caro e chique. Ninguém tem coragem de dizer que o lugar é caro, todos vão do mesmo jeito, pra não ficar feio. Todo mundo adora dizer que é pobre, mas sempre deixando bem claro nas entrelinhas que não é. Todos estão enterrados até o pescoço nas dívidas do cartão de crédito, mas não deixam de ir à praia no feriado, nem deixam de beber depois do trabalho, nem deixam de comprar um celular novo se o atual parece ultrapassado perante os demais. Ninguém deixa de comemorar o aniversário com um esquenta em casa mais uma esticada no boteco mais uma ida à Augusta ("só pros fortes!") se não tiver dinheiro. As pessoas nunca tem dinheiro e, ao mesmo tempo, gastam o tempo todo.

Estamos sendo ultrapassados o tempo todo, por todo mundo. Todo mundo é mais realizado que a gente. Todo mundo termina o namoro e não fica triste, pelo contrário, "aproveita pra piriguetear". Ninguém chora por frustração, tristeza ou saudade. Chora-se por que o seriado foi cancelado, a internet saiu do ar, o jabá foi pra outra pessoa. Chora-se por que não sobrou ingresso para o festival que custa 700$ por dia e ainda não tem line-up definido.

Todo mundo deixa o crachá na mesa pra segurar lugar na praça de alimentação. Todo mundo come pouco e mal e posta foto mostrando que está emagrecendo. Todo mundo está malhando e fazendo reeducação alimentar com acompanhamento médico da "nutri". Todo mundo corre pra pegar o elevador e se veste melhor nos dias de reunião com o cliente. Todo mundo tem vidas paralelas desassociadas dentro de si. São inúmeros personagens paralelos em uma pessoa só, mantidos juntos a base de remédio.

Todo mundo diz que está feliz. Ninguém realmente está.

Photo Credit: camil tulcan via Compfight cc

16 May 17:26

Viva Intensamente # 111

VIVA-INTENSAMENTE-Festa-Arca-de-Noé.png
16 May 17:25

Anésia # 111

ANESIA-Florzinha-da-Alegria-significado-maconha-dolores-simbologia