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31 May 13:41

Canetas e garotas sensuais por Julian Landini

by IAKYMA

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Julian Landini é um artista que vive na Argentina e retrata em suas ilustrações cenas muitas vezes corriqueiras com traços divertidos e um material que torna seu trabalho ainda mais peculiar: canetas. Mesclados com aquarelas e retoques digitais em alguns desenhos, os traços compõem formas sinuosas de garotas sedutoras e ao mesmo tempo singelas. Suas ilustrações e suas personagens adquirem um tom cotidiano e descontraído pela técnica empregada que, apesar de quase banal, é desenvolvida de forma a tornar simples canetas em retratos surpreendentes.

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Mais do trabalho do artista pode ser visto em seu blog aqui.

31 May 11:28

Como ativar a verificação em dois passos em todas as suas contas

by Parker Higgins - EFF

O Twitter liberou na semana passada a autenticação em dois passos, se juntando a um crescente grupo de empresas de tecnologia que usam este importante recurso de segurança. A verificação em duas etapas pode ajudar a diminuir os danos de roubo de senhas ou ataques de phishing.

O princípio vem da ideia de que qualquer sistema de autenticação – seja a fechadura da porta da sua casa, a tela de bloqueio do seu smartphone ou a segurança em um clube secreto – funciona ao confirmar algo que você sabe, algo que você tem, e algo que você é. Cada um desses é chamado “fator”.

Logins normais checam apenas se você sabe a senha, o que significa que qualquer pessoa que saiba consegue entrar como se fosse você. Adicionar um segundo fator – neste caso, checar algo que você tem, o telefone – significa que mesmo que a sua senha seja comprometida, sua conta está segura.

Isso é importante porque phishing, que é uma das formas mais comuns de se roubar senhas, só pega informação do password. Exija um fator diferente, e os ataques de phishing se tornam muito mais complicados e menos efetivos.

Um exemplo de autenticação em dois fatores no mundo offline são os cartões de banco. Normalmente, você precisa tanto do cartão quanto de um PIN para fazer um saque. Autenticação em dois fatores online levam o mesmo conceito a seus serviços e dispositivos.

Conforme se tornam mais populares, esses sistemas também ficaram mais simples; não precisa ser uma difícil tarefa para a conveniência da segurança. Veja abaixo como ativar a autenticação de dois fatores no TwitterGoogleFacebookDropboxApple, e Microsoft.

Twitter

O Twitter chamou seu sistema de autenticação em dois passos de “Verificação de Login”, e seu anúncio incluiu um guia de como usar. Na sua página de configurações de conta, você precisa dar apenas um clique para ativar o recurso:

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Infelizmente, por enquanto o Twitter só dá suporte a autenticação por SMS, o que causa dois problemas. O primeiro é que você precisa vincular o seu número de telefone à conta, e se você não tiver um serviço seguro ou confiável, é melhor não usar. E, no Brasil, apenas duas operadoras têm acordo para mensagens SMS com o Twitter – TIM e Nextel. Clientes de outras empresas não podem ativar a medida de segurança.

Google

O Google foi um dos primeiros grandes serviços a adotar a verificação em dois passos. Tem uma página que explica o básico do recurso, e uma página de configurações para todos os seus serviços do Google.

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Como muitas pessoas usam apps e dispositivos sem suporte a autenticação em dois passos para se conectar a serviços do Google, é importante entender também o sistema de password único do Google.

O app Google Authenticator, que está disponível para iOS, Android e BlackBerry, pode gerar códigos de login para vários serviços (incluindo Facebook, Dropbox e Microsoft) e é uma escolha popular.

Dropbox

O Dropbox tem um tutorial bem claro de como ativar a autenticação em dois fatores dentro do site, e tem suporte a autenticação via SMS ou qualquer outro app popular. Você pode ativar a opção na área de segurança da sua conta, e ele vai exigir o código sempre que você tentar entrar no Dropbox em um novo dispositivo ou computador.

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Facebook

O Facebook chama sua autenticação em dois passos de “Aprovação de Login” e permite que você use um app para gerar códigos quando estiver offline. Você pode ativar na área de segurança da sua conta – e enquanto você está lá, é bom rever as outras opções naquela página.

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Por mais que o Facebook só tenha suporte oficial para códigos de seus próprios apps móveis, clicar em “Com problemas?” vai mostrar uma chave que você pode entrar com outro app de autenticação, como o do Google.

Apple

A verificação em dois passos da Apple pode ser usada para impedir que Apple IDs sejam usadas sem autorização em novos dispositivos, ou para evitar mudanças nas informações da sua conta. Só é compatível com dispositivos que têm suporte a SMS ou notificações do Find My iPhone, e por enquanto não está disponível no Brasil – só nos Estados Unidos, Austrália, Irlanda e Nova Zelândia.

Microsoft

A Microsoft é uma novata no mundo da autenticação em dois passos, liberando a opção no mês passado. É uma adição bem-vinda, considerando que a mesma conta da Microsoft pode acessar o Outlook, Xbox, Surface e o Skype. Você pode ativar na área de “Informações de segurança” da sua página de configurações.

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Também há um app de autenticação para Windows Phone, e o sistema da Microsoft é compatível com outros apps como o do Google.

Republicado da Electric Frontier Foundation sob licença Creative Commons.

28 May 12:23

A beleza aversiva de Oleg Dou

by GLHRM

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Oleg Dou nasceu em Moscou em 1983, seu pai era estilista e sua mãe pintora. Oleg passou muito tempo de sua infância lendo revistas de moda de seu pai e quando Oleg tinha 13 anos, seus pais lhe ofereceram seu primeiro computador e nele instalado uma versão antiga do Photoshop com qual ele já começou a transformar os rostos de seus colegas de escola e professores em arte. Depois de estudar design, Oleg trabalhou como Web Designer e foi de lá que se interessou pelas artes e criação.

A arte de Oleg Dou foi descoberta em 2006 por Liza Fetissovae e hoje tem suas obras apresentadas na França, Bélgica, Holanda, Espanha, Rússia e Estados Unidos, reconhecida internacionalmente por sua visão incrivelmente única. Em suas obras temos características naturais e o domínio das ferramentas, e na maioria sempre usando a individualidade humana e a auto-expressão, beirando entre o belo e o repulsivo.

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Mais obras de Oleg Dou você encontra aqui.

20 May 18:39

48 mil confirmados no “Golpe Comunista 2014 no Brasil”

by Luis Soares

“Golpe comunista 2014 no Brasil” tem quase 50 mil confirmados. Página do evento viralizou no Facebook e abriga dezenas de enquetes bem-humoradas. Veja a seguir algumas das melhores

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Golpe Comunista 2014 no Brasil conta com quase 50 mil confirmados. Evento foi criado para satirizar o alarmismo de setores conservadores que classificaram a vinda de médicos cubanos ao Brasil como um ‘golpe comunista’

Criada para satirizar o temor de determinados setores conservadores da sociedade, segundo os quais o Brasil estaria à beira de uma ditadura comunista, o evento “Golpe Comunista 2014 no Brasil” passou hoje de 48 mil pessoas com “presença confirmada” no Facebook.

Em meio a uma série de reclamações sem nexo contra a vinda dos médicos cubanos ao Brasil, a internet mais uma vez mostra ser o caminho mais eficaz contra as posições alarmistas e conservadoras de parte da grande imprensa.

O evento foi criado pela página Golpe Comunista 2014. Desde sua criação, a página do evento vem abrigando dezenas de enquetes bem-humoradas de seus participantes confirmados, tais como:

Capa de iPhone com o Che Guevara, comprar ou não comprar?

A) Claro! Dá pra xingar muito no Twitter com estilo!;
B) Lógico! Hay que revolucionar pero sin perder la fofura;
C) Não, prefiro uma com a foto do Kim Jong Un

Que traje usar no golpe?

A) Todo mundo nu!!
B) Uniforme da FFLCH
C) Se for homem, ir de saia

Leia também

Depois dos médicos, o que mais iremos importar de Cuba?

A) Mecânicos de carro vintage
B) O cirurgião plástico do Zé Dirceu
C) Blogueiros

Qual será o nome da moeda após a libertação?

A) Dilmas
B) Moeda é coisa de burguês! Viva o escambo!
C) Companheiros

O que faremos se 100 mil pessoas confirmarem presença?

A) Faremos um LENINGRADO shake. Harlem é um bairro estadunidense e imperialista.
B) Faremos um Harlem Shake.
C) Vamos dar as mãos. 1, 2, 3! Quem errar o passo, perde a vez

O que faremos com o Facebook?

A) Mudar a opção “curtir” para “apoiado camarada”
B) Mudar o nome para “Rede Social… ista”
C) Mudar o fundo para vermelho

Confira aqui a página do evento.

com CartaCapital. Edição: Pragmatismo Politico

O post 48 mil confirmados no “Golpe Comunista 2014 no Brasil” apareceu primeiro em Pragmatismo Político.

20 May 17:53

20 livros fundamentais para conhecer o Brasil

by Luis Soares

Antonio Cândido, sociólogo, crítico literário e ensaísta indica 10 livros fundamentais para conhecer o Brasil

Por Antonio Cândido

Quando nos pedem para indicar um número muito limitado de livros importantes para conhecer o Brasil, oscilamos entre dois extremos possíveis: de um lado, tentar uma lista dos melhores, os que no consenso geral se situam acima dos demais; de outro lado, indicar os que nos agradam e, por isso, dependem sobretudo do nosso arbítrio e das nossas limitações. Ficarei mais perto da segunda hipótese.

Como sabemos, o efeito de um livro sobre nós, mesmo no que se refere à simples informação, depende de muita coisa além do valor que ele possa ter. Depende do momento da vida em que o lemos, do grau do nosso conhecimento, da finalidade que temos pela frente. Para quem pouco leu e pouco sabe, um compêndio de ginásio pode ser a fonte reveladora. Para quem sabe muito, um livro importante não passa de chuva no molhado. Além disso, há as afinidades profundas, que nos fazem afinar com certo autor (e portanto aproveitá-lo ao máximo) e não com outro, independente da valia de ambos.

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O escritor Antônio Cândido (Foto: Divulgação)

Por isso, é sempre complicado propor listas reduzidas de leituras fundamentais. Na elaboração da que vou sugerir (a pedido) adotei um critério simples: já que é impossível enumerar todos os livros importantes no caso, e já que as avaliações variam muito, indicarei alguns que abordam pontos a meu ver fundamentais, segundo o meu limitado ângulo de visão. Imagino que esses pontos fundamentais correspondem à curiosidade de um jovem que pretende adquirir boa informação a fim de poder fazer reflexões pertinentes, mas sabendo que se trata de amostra e que, portanto, muita coisa boa fica de fora.

São fundamentais tópicos como os seguintes: os europeus que fundaram o Brasil; os povos que encontraram aqui; os escravos importados sobre os quais recaiu o peso maior do trabalho; o tipo de sociedade que se organizou nos séculos de formação; a natureza da independência que nos separou da metrópole; o funcionamento do regime estabelecido pela independência; o isolamento de muitas populações, geralmente mestiças; o funcionamento da oligarquia republicana; a natureza da burguesia que domina o país. É claro que estes tópicos não esgotam a matéria, e basta enunciar um deles para ver surgirem ao seu lado muitos outros. Mas penso que, tomados no conjunto, servem para dar uma ideia básica.

Entre parênteses: desobedeço o limite de dez obras que me foi proposto para incluir de contrabando mais uma, porque acho indispensável uma introdução geral, que não se concentre em nenhum dos tópicos enumerados acima, mas abranja em síntese todos eles, ou quase. E como introdução geral não vejo nenhum melhor do que O povo brasileiro (1995), de Darcy Ribeiro, livro trepidante, cheio de ideias originais, que esclarece num estilo movimentado e atraente o objetivo expresso no subtítulo: “A formação e o sentido do Brasil”.

Quanto à caracterização do português, parece-me adequado o clássico Raízes do Brasil (1936), de Sérgio Buarque de Holanda, análise inspirada e profunda do que se poderia chamar a natureza do brasileiro e da sociedade brasileira a partir da herança portuguesa, indo desde o traçado das cidades e a atitude em face do trabalho até a organização política e o modo de ser. Nele, temos um estudo de transfusão social e cultural, mostrando como o colonizador esteve presente em nosso destino e não esquecendo a transformação que fez do Brasil contemporâneo uma realidade não mais luso-brasileira, mas, como diz ele, “americana”.

Em relação às populações autóctones, ponho de lado qualquer clássico para indicar uma obra recente que me parece exemplar como concepção e execução: História dos índios do Brasil (1992), organizada por Manuela Carneiro da Cunha e redigida por numerosos especialistas, que nos iniciam no passado remoto por meio da arqueologia, discriminam os grupos linguísticos, mostram o índio ao longo da sua história e em nossos dias, resultando uma introdução sólida e abrangente.

Seria bom se houvesse obra semelhante sobre o negro, e espero que ela apareça quanto antes. Os estudos específicos sobre ele começaram pela etnografia e o folclore, o que é importante, mas limitado. Surgiram depois estudos de valor sobre a escravidão e seus vários aspectos, e só mais recentemente se vem destacando algo essencial: o estudo do negro como agente ativo do processo histórico, inclusive do ângulo da resistência e da rebeldia, ignorado quase sempre pela historiografia tradicional. Nesse tópico resisto à tentação de indicar o clássico O abolicionismo (1883), de Joaquim Nabuco, e deixo de lado alguns estudos contemporâneos, para ficar com a síntese penetrante e clara de Kátia de Queirós Mattoso, Ser escravo no Brasil (1982), publicado originariamente em francês. Feito para público estrangeiro, é uma excelente visão geral desprovida de aparato erudito, que começa pela raiz africana, passa à escravização e ao tráfico para terminar pelas reações do escravo, desde as tentativas de alforria até a fuga e a rebelião. Naturalmente valeria a pena acrescentar estudos mais especializados, como A escravidão africana no Brasil (1949), de Maurício Goulart ou A integração do negro na sociedade de classes (1964), de Florestan Fernandes, que estuda em profundidade a exclusão social e econômica do antigo escravo depois da Abolição, o que constitui um dos maiores dramas da história brasileira e um fator permanente de desequilíbrio em nossa sociedade.

Esses três elementos formadores (português, índio, negro) aparecem inter-relacionados em obras que abordam o tópico seguinte, isto é, quais foram as características da sociedade que eles constituíram no Brasil, sob a liderança absoluta do português. A primeira que indicarei é Casa grande e senzala (1933), de Gilberto Freyre. O tempo passou (quase setenta anos), as críticas se acumularam, as pesquisas se renovaram e este livro continua vivíssimo, com os seus golpes de gênio e a sua escrita admirável – livre, sem vínculos acadêmicos, inspirada como a de um romance de alto voo. Verdadeiro acontecimento na história da cultura brasileira, ele veio revolucionar a visão predominante, completando a noção de raça (que vinha norteando até então os estudos sobre a nossa sociedade) pela de cultura; mostrando o papel do negro no tecido mais íntimo da vida familiar e do caráter do brasileiro; dissecando o relacionamento das três raças e dando ao fato da mestiçagem uma significação inédita. Cheio de pontos de vista originais, sugeriu entre outras coisas que o Brasil é uma espécie de prefiguração do mundo futuro, que será marcado pela fusão inevitável de raças e culturas.

Sobre o mesmo tópico (a sociedade colonial fundadora) é preciso ler também Formação do Brasil contemporâneo, Colônia (1942), de Caio Prado Júnior, que focaliza a realidade de um ângulo mais econômico do que cultural. É admirável, neste outro clássico, o estudo da expansão demográfica que foi configurando o perfil do território – estudo feito com percepção de geógrafo, que serve de base física para a análise das atividades econômicas (regidas pelo fornecimento de gêneros requeridos pela Europa), sobre as quais Caio Prado Júnior engasta a organização política e social, com articulação muito coerente, que privilegia a dimensão material.

Caracterizada a sociedade colonial, o tema imediato é a independência política, que leva a pensar em dois livros de Oliveira Lima: D. João VI no Brasil (1909) e O movimento da Independência (1922), sendo que o primeiro é das maiores obras da nossa historiografia. No entanto, prefiro indicar um outro, aparentemente fora do assunto: A América Latina, Males de origem (1905), de Manuel Bonfim. Nele a independência é de fato o eixo, porque, depois de analisar a brutalidade das classes dominantes, parasitas do trabalho escravo, mostra como elas promoveram a separação política para conservar as coisas como eram e prolongar o seu domínio. Daí (é a maior contribuição do livro) decorre o conservadorismo, marca da política e do pensamento brasileiro, que se multiplica insidiosamente de várias formas e impede a marcha da justiça social. Manuel Bonfim não tinha a envergadura de Oliveira Lima, monarquista e conservador, mas tinha pendores socialistas que lhe permitiram desmascarar o panorama da desigualdade e da opressão no Brasil (e em toda a América Latina).

Instalada a monarquia pelos conservadores, desdobra-se o período imperial, que faz pensar no grande clássico de Joaquim Nabuco: Um estadista do Império (1897). No entanto, este livro gira demais em torno de um só personagem, o pai do autor, de maneira que prefiro indicar outro que tem inclusive a vantagem de traçar o caminho que levou à mudança de regime: Do Império à República (1972), de Sérgio Buarque de Holanda, volume que faz parte da História geral da civilização brasileira, dirigida por ele. Abrangendo a fase 1868-1889, expõe o funcionamento da administração e da vida política, com os dilemas do poder e a natureza peculiar do parlamentarismo brasileiro, regido pela figura-chave de Pedro II.

A seguir, abre-se ante o leitor o período republicano, que tem sido estudado sob diversos aspectos, tornando mais difícil a escolha restrita. Mas penso que três livros são importantes no caso, inclusive como ponto de partida para alargar as leituras.

Um tópico de grande relevo é o isolamento geográfico e cultural que segregava boa parte das populações sertanejas, separando-as da civilização urbana ao ponto de se poder falar em “dois Brasis”, quase alheios um ao outro. As consequências podiam ser dramáticas, traduzindo-se em exclusão econômico-social, com agravamento da miséria, podendo gerar a violência e o conflito. O estudo dessa situação lamentável foi feito a propósito do extermínio do arraial de Canudos por Euclides da Cunha n’Os sertões (1902), livro que se impôs desde a publicação e revelou ao homem das cidades um Brasil desconhecido, que Euclides tornou presente à consciência do leitor graças à ênfase do seu estilo e à imaginação ardente com que acentuou os traços da realidade, lendo-a, por assim dizer, na craveira da tragédia. Misturando observação e indignação social, ele deu um exemplo duradouro de estudo que não evita as avaliações morais e abre caminho para as reivindicações políticas.

Da Proclamação da República até 1930 nas zonas adiantadas, e praticamente até hoje em algumas mais distantes, reinou a oligarquia dos proprietários rurais, assentada sobre a manipulação da política municipal de acordo com as diretrizes de um governo feito para atender aos seus interesses. A velha hipertrofia da ordem privada, de origem colonial, pesava sobre a esfera do interesse coletivo, definindo uma sociedade de privilégio e favor que tinha expressão nítida na atuação dos chefes políticos locais, os “coronéis”. Um livro que se recomenda por estudar esse estado de coisas (inclusive analisando o lado positivo da atuação dos líderes municipais, à luz do que era possível no estado do país) é Coronelismo, enxada e voto (1949), de Vitor Nunes Leal, análise e interpretação muito segura dos mecanismos políticos da chamada República Velha (1889-1930).

O último tópico é decisivo para nós, hoje em dia, porque se refere à modernização do Brasil, mediante a transferência de liderança da oligarquia de base rural para a burguesia de base industrial, o que corresponde à industrialização e tem como eixo a Revolução de 1930. A partir desta viu-se o operariado assumir a iniciativa política em ritmo cada vez mais intenso (embora tutelado em grande parte pelo governo) e o empresário vir a primeiro plano, mas de modo especial, porque a sua ação se misturou à mentalidade e às práticas da oligarquia. A bibliografia a respeito é vasta e engloba o problema do populismo como mecanismo de ajustamento entre arcaísmo e modernidade. Mas já que é preciso fazer uma escolha, opto pelo livro fundamental de Florestan Fernandes, A revolução burguesa no Brasil (1974). É uma obra de escrita densa e raciocínio cerrado, construída sobre o cruzamento da dimensão histórica com os tipos sociais, para caracterizar uma nova modalidade de liderança econômica e política.

Chegando aqui, verifico que essas sugestões sofrem a limitação das minhas limitações. E verifico, sobretudo, a ausência grave de um tópico: o imigrante. De fato, dei atenção aos três elementos formadores (português, índio, negro), mas não mencionei esse grande elemento transformador, responsável em grande parte pela inflexão que Sérgio Buarque de Holanda denominou “americana” da nossa história contemporânea. Mas não conheço obra geral sobre o assunto, se é que existe, e não as há sobre todos os contingentes. Seria possível mencionar, quanto a dois deles, A aculturação dos alemães no Brasil (1946), de Emílio Willems; Italianos no Brasil (1959), de Franco Cenni, ou Do outro lado do Atlântico (1989), de Ângelo Trento – mas isso ultrapassaria o limite que me foi dado.

No fim de tudo, fica o remorso, não apenas por ter excluído entre os autores do passado Oliveira Viana, Alcântara Machado, Fernando de Azevedo, Nestor Duarte e outros, mas também por não ter podido mencionar gente mais nova, como Raimundo Faoro, Celso Furtado, Fernando Novais, José Murilo de Carvalho, Evaldo Cabral de Melo etc. etc. etc. etc.

Artigo publicado originalmente na edição 41 da revista Teoria e Debate – com blog da boitempo

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20 May 14:19

Governo não atualiza índice e esconde 22 MILHÕES de pessoas da faixa da miséria

by Implicante
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É a Baby Consuelo no canto direito? (clique na imagem para ampliar)

Matéria da Folha de S. Paulo deste domingo (19):

O número de miseráveis reconhecidos em cadastro pelo governo subiria de zero para ao menos 22,3 milhões caso a renda usada oficialmente para definir a indigência fosse corrigida pela inflação.

É o que revelam dados produzidos pelo Ministério do Desenvolvimento Social, a pedido da Folha, com base no Cadastro Único, que reúne informações de mais de 71 milhões de beneficiários de programas sociais.

Desde ao menos junho de 2011 o governo usa o valor de R$ 70 como “linha de miséria” –ganho mensal per capita abaixo do qual a pessoa é considerada extremamente pobre.

Ele foi estabelecido, com base em recomendação do Banco Mundial, como principal parâmetro da iniciativa de Dilma para cumprir sua maior promessa de campanha: erradicar a miséria no país até o ano que vem, quando tentará a reeleição.

Mesmo criticada à época por ser baixa, a linha nunca foi reajustada, apesar do aumento da inflação. Desde o estabelecimento por Dilma da linha até março deste ano, os preços subiram em média 10,8% –2,5% só em 2013, de acordo com o índice de inflação oficial, o IPCA.

Corrigidos, os R$ 70 de junho de 2011 equivalem a R$ 77,56 hoje. No Cadastro Único, 22,3 milhões de pessoas, mesmo somando seus ganhos pessoais e as transferências do Estado (como o Bolsa Família), têm menos do que esse valor à disposição a cada mês, calculou o governo após pedido da Folha por meio da Lei de Acesso à Informação.

Esse número corresponde a mais de 10% da população brasileira e é praticamente a mesma quantidade de pessoas que tinham menos de R$ 70 mensais antes de Dilma se tornar presidente e que ela, com seis mudanças no Bolsa Família, fez com que ganhassem acima desse valor.

Os dados possibilitam outras duas conclusões. Primeiro, que um reajuste da linha anularia todo o esforço feito pelo governo até aqui para cumprir sua promessa, do ponto de vista monetário.

Segundo, que os “resgatados” da miséria que ganhavam no limiar de R$ 70 obtiveram, na quase totalidade, no máximo R$ 7,5 a mais por mês –e mesmo assim foram considerados fora da extrema pobreza.

Além do problema do reajuste, o próprio governo estima haver cerca de 700 mil famílias vivendo abaixo da linha da miséria e que estão hoje fora dos cadastros oficiais.

(…)

(grifos nossos)

Íntegra da matéria aqui.

20 May 14:18

As mais belas estações de metrô do mundo

by Antonio Tadeu

Metro Barcelona

Enquanto você está aí reclamando do aumento de preço na tarifa do metrô em São Paulo, os constantes atrasos e “ensardinhamento” das pessoas nas estações e até mesmo a falta de linhas, o site io9 fez uma lista com fotos das mais belas estações de metrô do mundo.

E olha, tem uns lugares que você nem acredita que existam! Por exemplo, a estação futurista em Barcelona, que parece ter saído de Star Wars; a estação de Estocolmo, que literalmente se mescla as paredes de pedra naturais, ou então a sofisticação dos metrôs russos que você pode até achar que está em algum palácio! Confira a lista completa e as imagens clicando aqui!

Claro que isso também combina com o respeito dos usuários pela sua rede de metrôs, e com os outros passageiros. Imagino quando aqui no Brasil teremos algo semelhante… acho que vai ser bem pra depois da terceira copa…

Metro Moscow

Metro São Petesburgo

Metrô Subterraneo 3

Metro Subterraneo

Metrô Subterraneo

Metro

 

17 May 18:51

Contos noir com erotismo por Milo Manara

by GLHRM

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A ferocidade e o domínio da arte nos traços de Milo Manara é evidente. Milo nasceu como Maurílio Manaro, em 1945, em Luson, Bolzano, tinha uma grande vocação para pintura e desenho, mas iniciou sua carreira assistindo escultores, tendo sido principal ajudante do escultor espanhol Milguel Ortiz Berrocal.

Em meados da década de 60, com 23 anos, Manara ganhou interesse por quadrinhos e os primeiros trabalhos  que misturavam contos noir com erotismo surgiram quando ainda estudava arquitetura em Veneza. Estreou no mundo dos quadrinhos com o livro de bolso Genius, editado por Furio Vanio (1969) e também com a pirata sexy Jolando de Almaviva, obra publicada por Erregi (1971-73), com script de Francisco Rubino.

Milo Manara no decorrer de sua carreira teve fortes participações em mensagens políticas de revistas, seus quadrinhos eróticos foram produzidos em teatros e cinema, Manara teve também a dádiva de desenhar para o cineasta Pedro Amlodóvar na novela Fuego em las entrañas, e recentemente, consagrou-se na ilustração de publicidade, além de realizar quadrinhos para suporte digital. Em 2004, Milo recebeu o prêmio Eisner, importante consagração dedicada a ilustradores de quadrinhos.

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17 May 18:51

Aniversário de Buda e o Festival das Lanternas em Seul

by LNUS

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O Festival das Lanternas acontece em Seul, na Coréia do Sul, e tem como intuito comemorar o aniversário de Buda. Buda nasceu cerca de 2557 anos atrás, a data exata é desconhecida, mas o aniversário oficial é comemorado na lua cheia em maio na Coreia do Sul. Segundo a tradição, acendem-se lanternas em forma de lótus, o que dá lugar a inúmeras manifestações. A Exposição das Lanternas tradicionais representa, desta forma, um dos pontos altos do Festival, sendo consideradas símbolo de sabedoria e luz no mundo, as flores de papel recebem pedidos por saúde, paz, amor, entre muitos outros. As fotografias são um registro de Chung Sung.

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15 May 17:37

Veja o trailer de ATLANTIC Rim!

by Algures

Vocês estão ligados no filme do Del Toro, Pacific Rim, né? Então conhecam Atlantic Rim! (mas hein???)


Caras, não tem como não adorar a Asylum Movies. Já falei dos caras aqui no MDM, eles pegam na maior cara de pau blockbusters e fazem filmes de baixo orçamento que geralmente saem ainda ANTES dos filmes “originais” para ir na onda desses lançamentos. Os caras são gênios que trouxeram pérolas como Transmorphers e Sharktopus, e agora trazem a versão “Asylumzada” de Pacific Rim, que safadamente se chama…Atlantic Rim, ehuehueheuheuheuheuheuheuehueheuheuheuhe Confiram aí clicando na imagem:

Vocês tem alguma dúvida de que vou ver essa merda? Claro que vou! (Eu sou um dos que mantém a Asylum fazendo filmes toscos, por que assisto eles, ehueheuheuehueheuheuheuh)

14 May 20:09

Community salva pela Internet aos 48 do 2º tempo, mas não foi sofativismo

by Carlos Cardoso

Community é (ou era, segundo alguém, não eu) uma das melhores séries da atualidade. Humor inteligente, personagens tridimensionais que evoluem, uma verdadeira aversão a clichês e uma incrível capacidade de referenciar cultura pop sem parecer forçado.

Há episódios intimistas, episódios surreais, episódios com zumbis e até um episódio todo passado em um videogame de 16 bits. Há linhas do tempo alternativas e há a Alison Brie.

Por isso tudo Community foi um fracasso de público, só agradando a uma pequena fração dos espectadores. Justamente a fração que assiste séries em todo lugar menos na TV. Para piorar o criador da série brigou com a emissora, foi devidamente saído, e antes que pudessem se reestruturar Chevy Chase achou que ainda estava nos Anos 70, quando era relevante, e brigou com todo mundo.

A série teve sua quarta temporada dividida em duas. A segunda parte foi adiada sem prazo para ser exibida, e só voltou agora em 2013. Os episódios estavam perdidos, pela primeira vez com queda visível de qualidade. O consenso era que Community não teria uma quinta temporada. O sonho de seis temporadas e um filme havia morrido.

Eis que, do nada, a NBC, famosa por decisões inteligentes como cancelar Star Trek, renova a série que sabotou, nunca prestigiou e tratou como patinho feio. Qual o motivo?

Bem, digamos que a audiência da NBC está tão baixa quanto era zoada em 30 Rock. Eles não podem se dar ao luxo de perder mais público, e Community se mostrou um fenômeno online, em serviços como Netflix e Amazon. Se a série for tirada do ar, o público fiel assistirá as reprises somente online, e pior cenário, a série pode ser comprada por um desses serviços e ressuscitada, como a Netflix fez com Arrested Development.

Se for preciso manter no ar uma série da qual ninguém no canal é fã, que seja.Os serviços de streaming estão mordendo o bolo das grandes redes. Não são mais meros repetidores de conteúdo. Séries como House of Cards mostraram que são capazes de produzir conteúdo original, invertendo o caminho. A meta das emissoras é impedir -ou mais realisticamente- atrasar isso.

A mídia tradicional está perdida, todo o modelo das Famílias Nielsen não leva em conta as duzentas formas diferentes que usamos hoje para consumir midia. Na verdade não leva nem em conta a presença de mais de uma TV por residência. Esse castelo de cartas irá cair em breve, e com ele as verbas milionárias de publicidade. O lado ruim é que o orçamento das séries será igualmente cortado, com o investimento em propaganda espalhado por muito mais veículos.

Talvez aí a salvação sejam projetos de kickstart, onde os próprios fãs banquem parte da produção. Sinceramente não teria problemas em desviar R$ 5,00 ou R$ 10,00 de minha assinatura da SKY, para garantir um Da Vinci’s Demons ou um Justice League: Unlimited. Muito melhor que que ver meu dinheiro indo premimos caixa comum e financiando aquele descabelado do History Channel.



10 May 15:14

[Kickstarter] Pixel Press é um app para você desenhar seus games!

by Antonio Tadeu

Pixel Press

Pixel Press é um projeto no site gringo de crowdfunding Kickstarter. Ele pretende criar um app para iPad e para iPhone onde o jogador poderá criar sua própria fase em um  jogo de plataforma!

Funciona da seguinte maneira: você pega e imprime uma folha quadriculada com algumas marcações para você desenhar os níveis. Depois, você usa o app com a camera do seu aparelho para captar o design que você criou. Você vai poder andar com um pequeno personagem por sua criação antes de adicionar algumas outras mecânicas de jogo, como plataformas móveis e perigos mortais. Também vai dar para você colocar a música que quiser no fundo e depois compartilhar sua fase com seus amigos e o resto do mundo!

O projeto do Pixel Press está atrás de mais fundos para poder melhorar a funcionalidade de suas ferramentas. Uma melhor captação dos mapas, maior controle do jogador sobre o game e mais facilidade para crianças mexerem com o aplicativo e se divertirem construíndo fases. Se você gosta desse tipo de programa, à lá RPG Maker, você pode contribuir clicando aqui, já podendo até começar a imprimir e desenhar o seu próprio jogo…

10 May 15:03

Lost Girls - Livro 01 de 03

by Eudes Honorato

LOST GIRLS - LIVRO 01 de 03
Scans by Onomatopéia Digital

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Por mais blasé que se tente ser quanto a Alan Moore, fica difícil não aceitar que ele mudou a cara dos quadrinhos. Mesmo antes de ser elevado a popstar dos comics - coisa que ele detesta - com o megasucesso Watchmen, Moore não aceitava fazer uma HQ se não fosse para dar o seu melhor. Foi assim com Capitão Britânia, Miracleman, Monstro do Pântano, Batman: A Piada Mortal, e até mesmo as dezenas de outras histórias que escreveu para a Marvel UK (divisão do Reino Unido), DC Comics e tantas outras editoras.

Mesmo depois que se desligou das grandes editoras continuou criando e revolucionando. Alguns projetos eram tão complexos que não puderam ser concluídos, como Big Numbers, no qual trabalhou com Bill Sienkwiecz. Outros, mesmo levando muitos anos, ele os concluiu e nos deus novas obras-primas. Foi o caso, por exemplo de Do Inferno, que levou dez anos para ser terminado. Tão demorado quanto Do Inferno foi Lost Girls, que levou 16 anos de sua vida e lhe rendeu um segundo casamento, com Melinda Gebbie, ilustradora da HQ. Afinal, trabalhar 16 anos com uma pessoa já era um casamento, então ele só oficializou a coisa.

Lost Girls é uma HQ pornográfica. Porém, pornográfica nos termos de Alan Moore. Não há um fio de história como desculpa para cenas tórridas. É quase o oposto: cenas de sexo como desculpa para se contar uma história incrível.

Moore nos traz Alice, Dorothy e Wendy, respectivamente as protagonistas de Alice no Pais das Maravilhas (e Alice Através do Espelho), O Mágico de Oz e Peter Pan. A primeira é uma senhora lésbica, viciada em alguns alucinógenos, a segunda uma jovem solteira liberada, e a terceira uma jovem senhora casada com um senhor extremamente moralista.

As três estão no mesmo hotel e acabam se conhecendo. Logo notam que suas vidas têm algumas coisas em comum, principalmente em relação à descoberta do sexo. Cada uma então, começa a contar sobre seu passado que, para elas, na época, parecia mais uma aventura em um mundo estranho e mágico.

Alan Moore reconta os três contos de fadas de um ponto de vista totalmente erótico. A arte de Melinda Gebbie se encaixa perfeitamente nesta história que não visa primeiramente excitar, mas nos transportar para uma realidade alternativa. Só não espere ver Peter Pan como entregador de pizza, ou o Espantalho como personal trainer. É praticamente uma HQ pornô-cult-underground. Mas garanto, é foda!


10 May 12:06

A juventude japonesa dos anos 60 pelas lentes de Michael Rougier

by EDRD

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O que pensavam os jovens japoneses nos anos 60? Entre traumas de guerra, Beatles, e a grande revolução cultural que viria a eclodir no final daquela década, o fotógrafo Michael Rougier foi investigar esses jovens e nos trouxe o retrato de uma geração por vezes perdida, mas de certo inquieta. Trabalhando para a revista Life por 24 anos, Rougier cobriu de guerra à casamento, e contribuiu solidamente para a reputação da revista como um marco no fotojornalismo. A versão online da revista resgata essas fotos de um especial sobre o Japão feito em 64, e essa e outras séries clássicas da revista você pode conferir aqui.

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10 May 12:05

As incríveis fotografias macro de Yoav Reinshtein

by GLHRM

O fotógrafo israelense Yoav Reinshtein inspira a todos com suas incríveis fotografias macro de vários insetos com gotas de água sobra as suas cabeças. Confira mais de sua macro fotografia aqui:

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10 May 12:05

1 Litro de Lágrimas

by Eudes Honorato

1 LITRO DE LÁGRIMAS - AYA KITO
Scans by Sabrewulf/Onomatopéia Digital

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Nos primórdios do Rapadura Açucarada e do início da distribuição de scans de HQs em massa, uma das coisas que se destacou, logo algumas semanas depois, foi a contribuição espontânea de pessoas que visitavam o blog. Não precisei pedir, nem formar um grupo, simplesmente aconteceu. Como fogo em mato seco. As pessoas mandavam seus scans de todos os lugares do Brasil. Alguns deles, verdadeiras raridades. Essa agitação só servia para contagiar outros, que contagiavam outros. Por fim, muitos desses saíram para formar seus blogs de scans, inspirando assim novas pessoas a contribuirem também. Era o que se chama de um crescimento exponencial.

Tanto que hoje em dia pode-se formar uma árvore genealógica de blogs que inspiraram blogs que inpiraram blogs. Tudo porque as pessoas têm esse potencial para compartilhar. Nesse mesmo ritmo se seguiu os scans traduzidos, gerando os grupos de tradução de scans que vemos até hoje. Todos baseados no mesmo príncipio de contribuição espontânea. Era como trocar gibis de uma forma totalmente nova.

Me é impossível lembrar o nome de tantos que contribuíram para a Era de Ouro dos scans no RA. Calculo que foram dezenas a certa altura. Hoje em dia refaço muitos scans daqueles que tanto eles fizeram, como eu também fiz. Mas, mesmo sendo digitalizações ultrapassadas, foram a base para o que veio depois.

Com a dispersão e as várias fases por quais o RA passou, a contribuição acabou se dispersando também. Em parte é bom por eu controlar a qualidade e torná-la padrão, sem scans com diferentes graus de qualidade. Em parte é ruim, devido ao fato de eu ser apenas um e o tempo ser curto. Então vou fazendo o que posso no ritmo que dá. Não me preocupo com quantidade. Afinal, o que não falta são scans nos vários links à direita.

Então, chegamos ao mangá aqui postado. Além de ser uma contribuição de qualidade, faz com que retornemos a essa época do blog em que outras pessoas ajudavam. Pura nostalgia.


E, surpreendendo, Sabrewulf, que enviou o scan, foi além e acrescentou duas páginas escritas por ele, com uma introdução - coisa que a revista não possui - explicando não apenas mais da história de Aya Kito, mas da história dele mesmo e de como a revista o afetou, já que... bom, leia a introdução.

Aya Kito é uma menina de 16 anos que descobre estar com uma doença degenerativa, que começa a afetar seus movimentos e cada dia seu passa a ser uma luta. Sua médica sugere que ela escreva em um diário tudo que sente e tudo pelo que passa, e ela acata a sugestão, o que acaba servindo como base para um livro, publicado mais tarde, para uma minissérie televisiva e, finalmente, para este mangá. Como Aya mesmo diz durante sua história "eu deixei minha marca". Ela se referia a como estava contribuindo para a organização de sua classe e como as pessoas gostavam dos livros que ela sugeria. Mas, sua marca foi bem além disso.

Obrigado, Sabrewulf.


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10 May 12:03

Google Timelapse: veja as enormes mudanças na superfície da Terra ao longo de 28 anos

by Felipe Ventura

Você consegue ver o mundo inteiro usando o Google Earth. Mas para ver as mudanças na superfície do planeta ao longo dos anos, é preciso voltar ao passado. E, com a ajuda de alguns parceiros, o Google conseguiu fazer isto.

Conheça o projeto Timelapse: um conjunto de imagens que mostram a evolução, de 1984 até 2012, de áreas como Las Vegas, Dubai e até a floresta amazônica.

O mapa interativo, feito em HTML5, permite dar e tirar zoom de certas áreas, e ver como elas mudaram ao longo do tempo. O Google trabalhou com a revista Time, a NASA e o U.S. Geological Survey para obter as imagens do passado e elaborar o projeto.

Você também pode ver alguns dos timelapses em formato GIF nesta galeria do Google+. Lá você verá coisas bacanas – como a expansão da costa de Dubai – e outras um tanto preocupantes, como o recuo das geleiras no Alasca, e o desmatamento da floresta amazônica no Brasil.

É um projeto bem interessante, movido pelo Google Earth Engine, que analisou mais de 2 milhões de imagens (capturadas por satélites Landsat) para escolher só as melhores fotos da Terra. Depois, para cada ano, o Google gerou uma imagem de 1,78 terapixel.

Para criar o projeto, o Google teve que vasculhar 909 terabytes de dados. Para usar o Timelapse, no entanto, é simples – basta clicar no link a seguir: [Google Timelapse via Official Google Blog via TechCrunch]

Dubai Coastal Expansion Brazilian Amazon Deforestation

10 May 12:02

Sexploitaition

by Arnaldo Branco


Cartum para a Folha de S. Paulo

10 May 12:00

Tok&Stok diz que verdadeiros homens montam seus próprios móveis

by Carlos Merigo

A Tok&Stok passa o ano fora do radar da comunicação, mas, não coincidentemente, sempre aparece semanas antes do Festival de Cannes. É como um relógio suíço.

A marca pouco faz. Produções como essa então – vídeo acima – nunca antes na história desse país. Não falo nem de compra de mídia e veiculação na televisão, porém, sequer em seu canal no YouTube o comercial aparece.

Situado em um vilarejo do século XVIII, especialmente construído para o filme, vemos aqui o ritual de iniciação de um garoto. São longos dois minutos e meio até descobrirmos do que realmente se trata, mas não envolve caçadas ou grandes inimigos, apenas montagem de móveis.

Filmado em Praga, o comercial tem criação da DM9DDB e produção da Fulano Filmes.

Vamos lá Tok&Stok. Promova seu filme. Coragem.

Tok&Stok

Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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09 May 12:49

Morreu Ray Harryhausen

by Corto de Malta

Ray Harryhausen 2

Raymond Frederick Harryhausen, o mago dos efeitos especiais, faleceu hoje aos 92 anos. Se você me disser que nunca viu um filme dele eu te digo que você é uma criança que nunca foi a um show de mágica.

Harryhausen foi o maior dos mestres da técnica de animação stop motion… a não ser pra um professor maluco que eu tive que achava que o Tim Burton era mais referência do que ele… na verdade tudo o que Burton fez, fez porque era fã de Harryhausen, que por sua vez era fã de Willis O’Brien, responsável pelos efeitos especiais do primeiríssimo King Kong láááá em 1933.

A partir de então Ray Harryhausen construiu sua carreira produzindo cenas que enchiam os olhos platéias do mundo em diferentes clássicos como Poderoso Joe (versão antiga), O Monstro do Mar Revolto, A 20 Milhões de Milhas da Terra, O Monstro dos Tempos Perdidos, A Invasão dos Discos Voadores, Jasão e os Argonautas, Simbad e o Olho do Tigre, Fúria de Titãs (versão antiga) etc. Ele era tão foda que muita gente atribui a ele a direção geral desses filmes, embora ele com certeza fosse o grande talento por trás das câmeras. Pensar que se hoje em dia se faz as coisas usando um computador, ele ia lá e realizava tudo manualmente.

E a grande vantagem: por mais que alguns digam que os efeitos estão datados, o que o cara fez décadas atrás ainda é esteticamente belo e relevante… enquanto a computação gráfica vai se tornando obsoleta por causa do avanço dela própria. Duvido que qualquer pessoa hoje tenha coragem de dizer que a luta do Neo com o Agente Smith em Matrix Reloaded é menos que esquisita – os atores e dublês se transformam em CGI no meio da sequência.

Já o trabalho do Harryhausen tinha uma plástica, era mais que um produtor de efeitos, era um artista se expressando. Ou um ilusionista fazendo uma mágica. Você até saber que era falso, mas nao tem como não apreciar. Por isso quando inventava seus cenários incríveis e suas criaturas fantásticas (veja todas elas aqui em ordem cronológica) mesmo as mais feias eram uma coisa linda de se ver.

01 Nov 11:59

10 dicas espertas para melhorar o Windows 8

by Rodrigo Ghedin

O Windows 8 já foi lançado, publicamos um livro com tudo o que você precisa saber dele, mas sempre há espaço para algumas dicas espertas, certo? Pegamos o que o Gizmodo americano publicou, juntamos com os guias do Lifehacker e, claro, alguns pedaços do nosso livro para compilar essas 10 dicas para usar melhor o Windows 8. Por que dez? Não sabemos. É um número legal, redondo. Não importa. O que importa é que isso é só a ponta do iceberg. O terror do Titanic, o iceberg, digo, o livro completo, está disponível aqui por módicos R$ 5.

1. Como eu desligo o Windows?

É assim que você desliga o Windows 8.

Antes, talvez seja o caso de explicar por que a Microsoft praticamente escondeu a opção de desligar o sistema. Por quê? Porque ela não faz muito sentido em equipamentos modernos — tablets e ultrabooks em especial. Tablets jamais são desligados, ficam em modo suspenso e voltam num piscar de olhos. O mesmo vale para ultrabooks. Mesmo em desktops antigos não é preciso apelar para o “Desligar”; use a hibernação, ou desligue apertando o botão (físico) do seu computador. É mais prático de diversas formas.

Mas se ainda assim você quiser desligar, não tema — a opção continua a existir. Com o mouse, posicione o cursor em um dos cantos da tela à direita e arraste-o para baixo; com uma tela sensível a toques ou usando um touchpad atualizado, arraste o dedo da borda direita para dentro. Isso ativará a Charm Bar, uma coluna lateral com cinco ícones. Clique no “Configurações” e ali está, a opção “Ligar/Desligar”. Ela expande um menu suspenso onde aparece o “Desligar”. Clique e diga adeus ao Windows — até a próxima inicialização.

2. Organize a Tela Inicial

A Tela Inicial é o novo menu Iniciar. Ele é mais visual, ocupa a tela toda e traz os apps representados por blocos (“tiles”), alguns deles dinâmicos (“live tiles”). Instale um app, seja na Área de Trabalho, seja da Loja de apps, e uma entrada será acrescida ali. Vários apps depois, estará uma bagunça. Calma, dá para arrumar tudo muito bem.

Com o mouse, clique com o botão esquerdo e arraste um bloco para reposicioná-lo. Se você largá-lo na intersecção entre dois grupos de blocos, um novo (grupo) é criado. Pode criar quantos quiser, sem problema. Com o dedo, basta segurá-lo em cima do bloco e dar uma puxada para baixo, sem tirá-lo da tela. O resto é igual.

Rebatizar grupos.

Para gerenciar grupos de apps, use o zoom semântico, uma espécie de visão panorâmica disponível em várias partes do Windows 8 e em muitos apps também. Com o mouse, clique no botão de “menos” no canto inferior direito ou segure a tecla Control e role a rodinha do mouse; com o dedo ou touchpad, faça o universal movimento de pinça. Os grupos ficarão pequenininhos e você poderá reordená-los como quiser arrastando para lá e para cá. Nesse modo de visão, ainda, é possível batizar os grupos — ative o menu inferior (botão direito do mouse ou toque e segure com o dedo) e, lá, clique em “Nome do grupo”.

Lembre-se, ainda, que é possível desafixar blocos da Tela Inicial. Se você nunca usa o app Finanças, por exemplo, selecione-o e, no menu inferior, clique em “Desafixar da Tela Inicial”.

3. Pesquisa em todos os lugares

Todos os Charms são contextuais, ou seja, eles se adequam ao app que estiver sendo usado. O de pesquisa não foge à regra. Se você ativá-lo (experimente o atalho Winkey + Q) a partir da Área de Trabalho ou na Tela Inicial, a pesquisa será por apps instalados. Esse é um dos três contextos padrões/globais do sistema; além dele, há também um para configurações e outro para arquivos.

Abaixo desses três você verá vários ícones de apps. Selecionando um deles, basta fazer uma pesquisa para abrir o app direto nos resultados da consulta. É bem prático e economiza um tempão, já que você abre o app desejado direto no que interessa.

Para facilitar ainda mais, é possível remover apps que você não usa e fixar, no topo, os mais requisitados. Com o Charm “Pesquisar” aberto, clique com o botão direito do mouse (ou segure e dê uma puxada com o dedo) no app desejado; um menu surgirá, com as opções “Ocultar” e “Fixar”. Você sabe o que fazer. Para reverter os apps ocultos, entre nas configurações do Windows 8, depois em “Pesquisar” e reative o que quiser.

4. Altere os apps padrões

Mudando os apps padrão.

Vídeo, Música e outros apps padrões talvez não façam muito sentido para quem passa a maior parte do tempo na Área de Trabalho. Se esse for o seu caso, talvez prefira o Windows Media Player, VLC, SMPlayer, essas coisas mais… “antigas”. Acredite: é bem mais cômodo — embora bonitões, os apps modernos padrões são bem fraquinhos de recursos.

Na primeira vez que você abre um formato de arquivo, uma notificação surge perguntando se você quer alterar o app padrão. Mude ali mesmo. Se por qualquer motivo, por exemplo não tiver instalado o app substituto ainda, não rolar, faça o seguinte depois: encontre algum arquivo do formato desejado no Explorador de Arquivos, clique com o botão direito nele, aponte para “Abrir com…” e clique em “Escolher programa padrão…” Um menu suspenso surgirá. Marque a caixa “Use este aplicativo para todos os arquivos [extensão]” e clique no app desejado.

5. Screenshots automáticas

Finalmente, finalmente o Windows salva screenshots diretamente em uma pasta qualquer — no caso, a “Capturas de Tela”, dentro da biblioteca “Imagens”. Como? Segure a tecla Winkey e aperte a Printscreen. A tela piscará e a imagem da tela será salva automaticamente, no formato PNG, na referida pasta. Simples assim.

6. Novas teclas de atalho

Nós adoramos teclas de atalho. Elas agilizam tanto o trabalho, minimizam o uso do mouse ou touchpad, tornam o dia a dia mais produtivo. O Windows 8 ganhou várias novas. Confira algumas:

  • Winkey + Tab: abre aquela lista de apps abertos à esquerda;
  • Winkey + C: abre a Charm Bar;
  • Winkey + I: abre o Charm “Configurações”;
  • Winkey + D: volta à Área de Trabalho. Se já estiver nela, minimiza todas as janelas;
  • Winkey + . (ponto final) ou Winkey + Shift + . (ponto final): ativa o Aero Snap moderno para a esquerda e a direita, respectivamente.

7. Entre direto na Área de Trabalho

Se você realmente não suporta a nova Tela Inicial, sem problemas: o seu uso “moldará” o sistema para vê-la pouco. Mas mesmo o mais ferrenho old school ainda se deparará com a nova encarnação do menu Iniciar na inicialização. Isso, claro, até fazer essa dica.

Entre na pasta Windows e faça uma busca por “show desktop”. Apenas um resultado surgirá, um atalho. Copie-o para a seguinte pasta:

C:\Users\USUÁRIO\AppData\Roaming\Microsoft\Windows\Start Menu\Programs\Startup

Feito isso, na próxima inicialização o sistema entrará direto na Área de Trabalho. Tela Inicial, só se você esbarrar sem querer na Winkey.

8. Três tipos de login

Além do login tradicional, usando uma senha, o Windows 8 traz dois outros formatos, a senha com imagem e o PIN.

Mudando os apps padrão.

A senha com imagem consiste em uma imagem (d’oh!) que recebe três gestos do usuário — os gestos podem ser linhas retas, círculos ou toques simples. É uma forma mais simples, ótima para telas sensíveis a toques. A outra forma é o PIN — um código de quatro números, similar ao bloqueio existe no iOS.

Essas modalidades estão nas configurações, na aba “Usuários”. Você pode configurar as três simultaneamente e, na tela de login, escolher a que quer usar.

9. Sincronize tudo

Configurações de Sincronização.

A Microsoft encoraja fortemente os usuários a logarem no sistema usando suas Contas Microsoft (ex-Windows Live IDs). As maiores vantagens são a possibilidade de baixar e comprar apps da Loja e a sincronia de configurações. Vale, muito, para essa última.

Nas configurações, clique em “Sincronizar suas configurações.” Ali é possível passar o pente fino no que será sincronizado ou não. Alguns exemplos? Estética (papel de parede, esquema de cores, imagens etc), idioma, informações do Internet Explorer (histórico, senhas) e configurações de alguns apps. As mudanças surtem efeito em tempo real e se estendem automaticamente para todos os computadores usados com a mesma conta. É lindo de ver tudo mudando em tempo real.

10. Windows novo de novo

Não é preciso mais reinstalar o Windows para resolver problemas de lentidão ou mal funcionamento. O Windows 8 traz dois recursos legais que voltam o sistema ao estado de recém-instalado. É bem fácil usar e ambos estão nas configurações, aba “Geral”.

O “Atualizar PC sem afetar os arquivos” é uma mão na roda para resolver eventuais problemas de desempenho ou estabilidade do equipamento. Para casos mais graves, ou para quando o usuário quiser uma solução mais drástica (para vender ou doar um tablet que vinha usando, por exemplo), a seguinte é mais recomendada. Clicando em “Remover tudo e reinstalar o Windows”, é exatamente isso que o sistema fará: ele eliminará todos os apps, modernos ou legados, arquivos e configurações, e trará o Windows de volta ao estado original de fábrica.

***

Essas dicas são uma pitada do que você encontra maior, mais detalhado e argumentado no livro “Montando os blocos — o guia completo do Windows 8″. Ele custa apenas R$ 5 e você pode comprá-lo nos links abaixo:

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01 Nov 11:57

Tim Cook vê o Surface como um “DeLorean que flutua na água”

by Emanuel Laguna

Na manhã da terça-feira da semana passada, o aniversário de 11 anos do iPod foi comemorado com o anúncio de novos produtos Apple numa palestra realizada no California Theatre: por lá, Tim Cook deu bom dia aos convidados esfregando na concorrência os 5 milhões de iPhones 5 vendidos apenas no primeiro final de semana, tornando-se o smartphone mais rapidamente vendido da história.

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Frase de efeito do iPad mini lusitano: “De longe, um iPad.”

Outro número interessante foram os 14 milhões de iPads vendidos no último trimestre, número esse que encorajou o presidente executivo da Apple a alfinetar o Surface RT, lançado sexta-feira:

Parece um produto comprometido, bastante confuso.
[Tim Cook diz não ter usado um Surface ainda.]
Um dos maiores desafios no desenvolvimento de um produto é podar recursos pouco interessantes e decidir de facto como o produto deveria ser: fizemos isso com a linha iPad e a experiência dos usuários tem sido incrível. Você pode até projetar um automóvel voador que flutua na água, mas duvido que esse carro faria todas essas coisas tão bem.

Em resposta, Steven Sinofsky, chefe da divisão Windows, disse que a Microsoft e suas parceiras fabricantes de PCs oferecem máquinas completas por preços bem menores que o iPad mini:

Esses fantásticos laptops completos com Windows 8 Pro estão sendo vendidos por US$ 279, enquanto certos tablets com minúsculas telas de 8 polegadas saem a 329 dólares. Computadores produzidos por empresas como a Acer, Lenovo e Dell conseguem ser baratos pelo trabalho de engenharia que impulsiona o custo baixo. São máquinas que conseguem ser mais úteis aos estudantes universitários que tablets: enquanto um iPad pode ser bom para entretenimento numa viagem curta, um dispositivo como o Microsoft Surface pode ser suficiente até mesmo para uma longa viagem de negócios.

Sinofsky também disse que, embora o Windows 8 RT não rode programas x86, essa versão ARM teria bastante apelo para competir contra os iPads. Concordando com ele, temos o CEO da Microsoft, Steve Ballmer, desdenhando também o Nexus e Kindle Fire em entrevista à CNBC:

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Steve Ballmer: “Surface é um produto de primeira!”

Ninguém ainda lançou produtos úteis que você quer e pode realmente usar: o Windows 8 disponibilizará novos computadores mais criativos ao mercado, sejam notebooks, desktops ou os novos tablets x86 nos quais você pode tocar na tela e interagir com novas informações em tempo real. Francamente, não há aparelho disponível no mercado hoje, nem da Apple, nem da Google, nem da Amazon, que permita você trabalhar e entreter-se sendo seu computador pessoal e tablet recreativo ao mesmo tempo, não pelos preços que temos.

Quem estaria com a razão? Embora deseje um futuro iPad mini com A6, o tio Laguna pagou R$ 269 para ter a caixinha do Windows 8 Pro e estou gostando do desempenho do sistema, aparentemente mais rápido que o Windows 7. Espero tratar-se de uma questão de tempo, mas ainda estou tentando me acostumar com a Tela Iniciar no lugar do, na minha opinião prático, Botão Iniciar. Talvez até à chegada do Surface Pro eu possa me decidir melhor sobre a compra de meu futuro tablet.



31 Oct 14:57

Eleições Paulistanas: Transmetropolitan é aqui

by Alessio Esteves

“Você quer saber sobre eleição. Eu tô aqui pra falar sobre eleição. Faz de conta que você tá em uma imensa boate subterrânea cheia de pecadores, putas, malucos e coisas inomináveis que estupram pit-bulls só de farra. E você não pode sair, não até que todo mundo vote no que vocês vão fazer esta noite. VOCÊ que pôr os pés pra cima e assistir a reprise do seu seriado favorito. ELES querem trepar com uma pessoa normal usando facas, revólveres e novos órgãos sexuais que você nem sabia que existiam. Então você vota na TV, e o resto, até onde você consegue enxergar, vota em te comer com canivetes. Isso é eleição. Bem-vindo.”

- Spider Jerusalém, Transmetropolitan

No Fest Comix, a Panini lançou o terceiro volume encadernado da HQ, “Transmetropolitan”. O timming não poderia ser mais apropriado, já que o que move as histórias deste álbum são as eleições e, tanto aqui em São Paulo quando em diversas outras cidades, acabamos de voltar às urnas para o segundo turno das eleições municipais.

Para quem não sabe do que se trata “Transmetropolitan”, um breve resumo: Spider Jerusalem é um jornalista que se isolou em uma montanha, incapaz de lidar com a fama e assédio de fãs. Mas, após cinco solitários e felizes anos, é obrigado a voltar para a cidade, pois só assim poderia escrever dois livros que deve para uma editora. Enquanto pensa em como fazer os livros, volta a trabalhar em um grande jornal, onde destila sua amarga visão de mundo em uma coluna semanal intitulada “Eu Odeio Isso Aqui”.

Escrita por Warren Ellis e com desenhos de Darick Robertson, esta série se destaca pelo seu protagonista e pelo cenário onde ele atua. Spider Jerusalem odeia pessoas, está em um local cheio delas e tem que lidar com elas diariamente para poder trabalhar. Não disfarça isso nem um pouco e faz questão de ser o mais ofensivo possível. O jornalista sobrevive em um mundo futurista onde as pessoas não sabem (ou não fazem questão de saber) em que ano estão e qualquer coisa é possível. Desde realidade virtual até clones sem cérebro para fornecer carne humana para lanchonetes, passando por implantes bizarros, pombas com quatro asas e muito mais.

E o que isso tudo tem a ver com São Paulo?

Como dito lá em cima, o tema do terceiro volume de “Transmetropolitan”, intitulado “O Ano do Bastardo”, trata das eleições presidenciais nos Estados Unidos da América futurista em que Spider Jerusalem vive. O motivo que fez ele se isolar foi uma cobertura das eleições ocorrida há 8 anos atrás, quando o candidato que ele apelidou de “A Besta”, ganhou. Agora, a Besta vai tentar um terceiro mandato e seu principal concorrente é Gary “Sorridente” Callahan, que ainda tem que enfrentar as primárias dentro do próprio partido.

São dois candidatos que não estão preocupados com o povo e sim com a manutenção ou a conquista do poder. Para a Besta, “Minha função não é deixar tudo bonito, e nem fazer da vida uma bela experiência prazerosa… É manter a maioria da população do país viva. Se amanhã 51 por cento da população tiver o que comer e 49 não, já fiz a minha parte. Tal é o limite absoluto do que pode ser feito. Negar isso é estelionatário. Minha função é manter as coisas como estão. Deixar tudo na mesma. E eu cumpro. Cuido pro dinheiro entrar, forneço televisão e uns trocados de sobre e espaço pra uma bimbada ou duas. Você pode não gostar. Pode não achar que seja assim que um presidente deve se comportar. Mas, como você sabe, é foda pra caralho”.

Já, para o Sorridente, “Odeio gente acima de tudo. E vou ser presidente. Preciso mesmo é de um gato branco para afagar, estilo vilão de James Bond. Dá pra providenciar, Alan? Claro que sim. Você é meu coordenador político, pode arrumar QUALQUER coisa. Não é mesmo, Alan? Odeio todos vocês, sabia? Esta escória. Quero ser presidente porque os odeio e quero foder com vocês. Quero fazê-los calar a boca e se comportarem. Tocarem em silêncio suas vidinhas sem futuro. Quero ser presidente porque acho que tenho que ser”.

Chocante? Pura ficção? Troque Besta por Lula e Sorridente por Serra e continue dizendo que parece ficção. Desafio alguém a me apontar quem é o certo e quem é o errado nos discursos acima. Complicado e deprimente.

Muito se falou em polarização entre PT e PSDB aqui em São Paulo, mas a real é que foi uma briga entre Lula e Serra. O PT não queria Haddad e o PSDB não queria Serra, mas ambos os partidos tiveram suas bases tratoradas para quem estes dois pudessem mostrar que ainda mandam. E mostraram. Por que pensaram na melhor para São Paulo? Não. Mas porque Lula e Serra pura e simplesmente não conseguem ficar longe do poder. E não vão medir esforços para manter e ampliar o que já tem.

Após a eleição de Dilma Roussef, muitos decretaram a morte política de José Serra. Quando Lula empurrou Haddad, muitos disseram que um poste não ia ganhar. Pois bem, os dois conseguiram ir ao segundo turno, mesmo com um recorde de abstenções e votos brancos e nulos.

Com alianças bizarras e propagandas do mais baixo nível, Serra e Lula mostraram que não há limites para conseguir o que querem. Mas os números absolutos de votos também mostram que os ventos da mudança que começaram a soprar em 2010 estão aumentando.

O que concluir de tudo isso? Fica cada vez mais claro que a política se pauta pela manutenção do poder e não em governar para os cidadãos. E isto está ficando tão, mas tão escancarado que a população está percebendo. Marina Silva em 2010 e Celso Russomano este ano mostraram que tem muita gente disposta a mudar, mesmo que os critérios ainda não sejam os melhores.

Marina mostrou que existe espaço para ideologia no campo político, e foi o que mais se aproximou de uma “terceira via”, fetiche de muitos desencantados com os políticos de sempre. Russomanno esfregou na cara de políticos e marketeiros que nem só de dinheiro e tempo na TV se faz uma campanha, além de colocar no debate que o cidadão também é um consumidor dos serviços públicos. Mas ambos estavam ligados demais à setores religiosos e não tinham propostas muito concretas, o que no final das contas afastou muitos eleitores. Porém, não podemos negar que apontaram alternativas que podem ser bem ou mal utilizadas.

Em São Paulo, a grande maioria dos candidatos a vereador que eram celebridades e puxadores de voto NÃO se elegeu. Era um ótimo jeito de partidos pequenos conquistar diversas cadeiras na câmara do vereadores. Agora terão que arrumar um outro jeito. Sem contar que houve renovação de 40% nas cadeiras ocupadas. Mais sinais de que as coisas estão mudando.

Muito cedo para avaliar se as mudanças serão boas ou ruins, mas o próprio fato dos eleitores estarem buscando alternativas é um ótima sinal. Lula e Serra mostrarão as garras em 2014, que nós mostremos ainda mais as nossas!

31 Oct 14:56

Servidor que não ficou em pé para leitura da bíblia é expulso de Câmara de Vereadores

by admin7070

Servidor é retirado à força de Câmara de Vereadores de Piracicaba por não ficar de pé durante leitura da Bíblia. Ato fere a laicidade do estado

servidor expulso leitora bíblia piracicaba

Servidor é expulso da Câmara de Vereadores de Piracicaba por se recusar a ficar em pé durante leitura da Bíblia. Medida é afronta a estado laico, diz OAB. (Foto: Jornal de Piracicaba)

O funcionário do Ministério Público em Piracicaba (SP), Regis Montero, foi expulso do plenário da Câmara na noite desta segunda-feira (29) por não ficar em pé durante a leitura de um trecho da Bíblia. A sessão chegou a ser interrompida pelo presidente do Legislativo João Manuel dos Santos (PTB) para a retirada do servidor, que foi levado pelo braço por um policial militar e por um guarda municipal. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) considera o ato inconstitucional.

Em imagens disponibilizadas no site da Câmara, o vereador André Bandeira (PSDB) começa a leitura da Bíblia quando foi interrompido pelo presidente da Casa. Santos pediu que o servidor que estava sentado ficasse em pé durante o ato ou que se retirasse. Após uma discussão, o manifestante foi expulso à força do prédio.

O presidente da Câmara afirmou que apenas cumpriu o Regimento Interno da Casa. Ele nega que o ato de retirar o servidor tenha sido inconstitucional. Já o diretor jurídico do Legislativo de Piracicaba, Robson Soares, disse que Montero fazia ‘baderna’ e que ‘tumultuava’ a sessão naquele dia. “O ato da leitura bíblica está no artigo n° 121 do Regimento Interno. É algo presente nas sessões desde a criação do Legislativo piracicabano. Não obrigamos ninguém a acompanhar a leitura, mas que essa pessoa respeite as regras da Casa ou que se retire”, afirmou Soares.

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Ainda segundo o diretor jurídico, o homem desrespeitou os funcionários, os vereadores e os policiais durante a discussão. “Não é a questão constitucional que está em pauta, mas o desrespeito do homem com quem estava lá tentando trabalhar”, disse o funcionário.

Desrespeito de vereador

Segundo uma pessoa presente no plenário durante a confusão, e que pediu para não ser identificada, o movimento ‘Reaja Piracicaba’, que tem feito várias manifestações recentemente, está sendo responsabilizado pelos parlamentares pelo ocorrido na segunda-feira. “Já não basta o desrespeito do próprio vereador Trevisan Junior (PR) quando fala olhando para o plenário. Segundo o mesmo Regimento, quem utiliza a tribuna deve falar ao presidente”, afirmou.

Medida exagerada

O presidente da OAB de Piracicaba, Odinei Assarisse, afirmou que o acontecido na Câmara desafia o que está na Constituição Federal. “Acredito que é inconstitucional, pois o estado brasileiro é laico. Ninguém pode ser impedido de acompanhar a sessão na Câmara por não ser católico“, pontuou o advogado.

Ainda segundo Assarisse, a expulsão do homem foi uma ‘medida exagerada’ por parte dos vereadores. O presidente da OAB de Piracicaba também disse que cabe uma medida judicial por parte do homem retirado do prédio do Legislativo. ”Se o servidor se sentiu ofendido, cabe a ele tomar as atitudes necessárias. Não vejo motivo para a retirada dessa pessoa do plenário. Foi um exagero”, disse.

Posição da GM e da PM

A Guarda Municipal e a Polícia Militar de Piracicaba, por meio das respectivas assessorias de imprensa, afirmaram que apenas ‘cumpriam ordens’ do presidente da Câmara.

Posição do sevidor público

Montero informou que não descarta acionar a Câmara juridicamente pelo ato. “Já estive outras vezes no Legislativo e isso nunca havia acontecido”, afirmou. Ele disse também não lembrar se havia ficado sentado nas sessões durante leitura da Bíblia em outras ocasiões. O servidor disse que faz parte do Movimento Reaja Piracicaba se for considerado que ele é contra o aumento do salário dos vereadores.

Jornal de Piraricaba e Agência Globo


30 Oct 18:56

Ilustrações retrô de MizEnScen

by LNUS

MizEnScen realmente não possui nenhuma informação na web, nem sobre ele e nem sobre sua arte, apenas sabe-se que trata-se de um ilustrador que também realiza trabalho com arte digital. No entanto, sua obra encanta pela estética retrô, que remete muito a gravuristas de livros de épocas longínquas.

Para ver mais de seu trabalho, visite seu flickr aqui.

30 Oct 18:55

Underkomix #6- entrevista a Sean Aaberg artista esquisito, criador da Revista PORK

by Chico Felix

Um dia estava aqui de bobeira, procurando na internet sobre a revista “Pork” do lendário S Clay Wilson, quando finalmente,  achei a revista PORK! Não era o quadrinho underground que eu estava procurando, mas era um negócio melhor ainda! Uma revista nova, coloridaça, que  prometia Rock n Roll, Weirdo Art e Bad Ideas,  fiquei chapado com o negócio! Desde seu primeiro número, ela está na integra online, é só clicar aqui  para ler o conteúdo de todos os números na faixa! Ou entre na loja dos caras, faça  uma assinatura e receba a revista em casa com mais o monte de tralhas (buttons, adesivos, desenhos, Xeroxes, cruzes de ferro cor de rosa…) que Sean Aaberg e companhia  conseguirem enfiar dentro do envelope.

“PORK” rapidamente se tornou uma das minhas revistas favoritas! De lá pra cá, a “PORK” não só tem publicado quadrinhos de gente como o próprio Aaberg e Avi Spivak da maravilhosa gravadora “Norton”, como entrevistas e matérias com artistas lendários como John Holmstrom da “PUNK Magazine”, Ralph Bakshi, Stanley Mouse e os mais novos, mas igualmente fodas, Dirty Donny e  Shawn Dickinson - sobre o qual fiz minha primeira coluna do Contraversão. Além de fazer a conexão entre outros artistas, músicos, filmes, livros, idéias e maluquices que tem dado trabalho aos caretas nos últimos 50 anos e principalmente, no presente.

Resolvi então trocar uma idéia com o criador do negócio, Sean Aaberg, que aliás, é um grande artista também, e ver o que ele pensa sobre meia duzia de coisas. Ah, só uma coisa… ele escreve TUDO EM CAIXA ALTA. Então, resolvemos deixar como ele sempre faz.

A PORK é um grande catalisador para toda essa coisa de arte esquisita / rock n roll no momento, você junta todas as coisas que eu gosto: dos Ramones ao Ralph Bakshi passando por pizzas, hamburgueres e Dirty Donny.  Mas como você descobriu esse universo esquisito?

Sean- ESSAS SÃO COISAS QUE EU CURTIA QUANDO ERA GAROTO, E GRAVITEI PARA QUALQUER COISA ESQUISITA, NOJENTA, ESCROTA E VELHA. AS VELHAS MAD ERAM AS REVISTAS MAIS BARATAS QUE VOCÊ PODIA COMPRAR QUANDO ERA MOLEQUE, POR 10 CENTAVOS, ENTÃO EU COMPRAVA MILHARES DELAS. EU FUI O PRIMEIRO GAROTO NO COLÉGIO COM AS (FIGURINHAS) DA GANGUE DO LIXO QUANDO EU TINHA 10 ANOS, E VENDIA ELAS PARA MEUS COLEGUINHAS. EU E MEUS AMIGOS LÍAMOS MAD, FAZIAMOS FITAS DE COMÉDIA E DESENHAVAMOS QUADRINHOS. GRAVAVAMOS DR. DEMENTO  DO RÁDIO E FOI LÁ QUE EU OUVI FALAR EM CHEECH E CHONG, OS RAMONES E MÚSICA BUBBLEGUM. ERA ISSO QUE FAZÍAMOS. DEPOIS DESCOBRI A IGREJA DO SUBGENIUS (Resumidamente, é uma Igreja que tira um barato com todo o sistema de crenças, tem a logo feita pelo Paul Mavrides do Freak Brothers e gente como Jello Biafra e Robert Crumb entre seus “fiéis”), ZINES E PUNK E ERA COMO UMA VERSÃO ADOLESCENTE DAS COISAS QUE NÓS FAZÍAMOS QUANDO GAROTOS. AQUELE MUNDO PARECIA EXPANDIR MAIS E MAIS, ATÉ QUE OS ANOS 90 CHEGARAM E NÃO PARECIA MAIS CERTO. EVENTUALMENTE A REALIDADE DE PEGAR GAROTAS, DINHEIRO E COISAS ASSIM ACABARAM COM O NEGÓCIO TODO, PELO MENOS PSICOLOGICAMENTE. MAS DEPOIS QUE EU ARRUMEI UMA ESPOSA E LI A AUTOBIOGRAFIA DO GENE SIMMONS, EU LARGUEI MEU EMPREGO E ME DEDIQUEI A FAZER ESSE NEGÓCIO.

 O que te levou a começar a revista PORK?

Sean- EU TENHO FEITO ZINES DESDE QUE EU TINHA 12 ANOS, E QUADRINHOS ATÉ ANTES DISSO. E NUNCA PAREI. FUI CO-FUNDADOR E DIRETOR DE ARTE DE UM JORNAL ALTERNATIVO LOCAL, E A EDITORA SE CANSOU DO FORMATO DO JORNAL, ENTÃO EU ESCREVI UM MODELO DE NEGÓCIOS E REVISTA QUE RESUMINDO ERA CONY ISLAND EM FORMA DE REVISTA. DE QUALQUER FORMA, ERA UMA IDEIA TÃO BOA QUE EU NÃO CONSEGUIA IMAGINAR NINGUÉM MAIS FAZENDO, ENTÃO EU LARGUEI O JORNAL E NÓS COMEÇAMOS “PORK” NO DIA SEGUINTE. BABOOM.

“PORK” fala de cultura, arte e rock n roll em suas varias formas. Você acha que é mais fácil achar rock n roll em sua forma extra musical? Está mais difícil achar o tesão em forma de música hoje em dia?

 Sean- PRA MIM É UM PACOTE COMPLETO, E COMO NEM A MÚSICA E NEM A FORMA CULTURAL DO ROCK N ROLL SÃO O QUE DEVERIAM OU PODERIAM SER HOJE, EU ENFATIZO TUDO, E TENTO INCENTIVAR TUDO O QUE DEVERIA SER. ISSO É ALGO QUE EU SEMPRE FIZ, EU CRIAVA PACOTES CULTURAIS. EM TERMOS DE MÚSICA, EU NUNCA FUI LIGADO EM BANDAS DO MOMENTO, MAS AGORA TEM UM MONTE DE BANDAS FAZENDO A COISA DIREITO, E TENTO PROMOVÊ-LAS O MÁXIMO POSSÍVEL: NO BUNNY, KING KHAN & THE MISTERY, HETHER FORTUNE, HUNX, SHANNON & THE CLAMS, PERSONAL & THE PIZZAS, APACHE, GLITZ, DANNY JAMES & PEAR, THE NO TOMORROW BOYS, THEE CORMANS, ZACHARY JAMES & THE ALL-SEEING EYES, KING TUFF, E ESSA É SÓ UMA PEQUENA LISTA.

Aqui estamos, em pleno século 21 e ainda existem temas tabu, como o poster do Indio do Ben Lyon (o artista Ben Lyon foi duramente criticado por um jornal por seu poster para a loja de discos Windian- ironicamente pertencente a um cara com sangue Nativo Americano- que usava uma imagem de indio estilo dos desenhos da Warner antigos).  Os supostos rebeldes estão ficando caretas?

 Sean- NÓS TODOS ESTAMOS MOSTRANDO NOSSAS CORES. OS CARETAS COM RETENÇÃO ANAL QUE QUEREM POLICIAR TUDO NO MUNDO ESTÃO ALTAMENTE ENTUSIASMADOS COM SEUS PLANOS TOTALITARIOS, E PESSOAS QUE NEM VOCÊ E EU QUE QUEREM SÓ FAZER SUA PRÓPRIA COISA, BANG A GONG, GET IT ON ( REFERÊNCIA A MUSICA DO T-REX) E CONHECER COISAS LEGAIS ESTÃO SE ESFORÇANDO TAMBÉM. NÓS VIVEMOS EM UM TEMPO DE TRETA.

O universo infantil está cada vez mais protegido, quando eu era moleque, eu lia Mad, quadrinhos do Crumb, assistia tudo que é tipo de filmes de terror e desenhos animados dos anos 40 com toda aquela esculhambação e piadas fora de controle. Hoje, existem canais de tv inteiros so com programas educativos limpos e seguros. O que você como Artista Esquisito e pai pensa disso?

Sean - EU SEMPRE ODIEI ISSO. QUANDO EU ERA CRIANÇA, SABIA QUE PAIS E MESTRES EXAGERADOS ERAM O INIMIGO, E ELES AINDA SÃO. PESSOAS QUE QUEREM TE DIZER O QUE FAZER, O QUE FALAR, O QUE VOCÊ PODE OU NÃO PODE LER OU ASSISTIR, CARA, ME TORRA O SACO! ESSA MOLECADA PROTEGIDA DO MUNDO REAL, OU MESMO DE UM MUNDO DE DESENHO ANIMADO MALUCO, TERMINAM VIRANDO BABACAS. GAROTAS QUE CHORAM POR QUALQUER COISA, GAROTOS COM MEDO DE SUAS PRÓPRIAS SOMBRAS, PESSOAS SE OFENDENDO PELAS COISAS MAIS RIDÍCULAS, ELAS DEVIAM VIVER UM OU DOIS ANOS NA SARJETA OU IR PRA GUERRA OU SEI LÁ O QUE, SUJAR AS MÃOS E QUEBRAR AS ILUSÕES DE PRINCESA E CONTO DE FADA SOBRE A VIDA NO PLANETA TERRA. CRIANDO TRÊS FILHOS, EU SÓ ACHO ISSO AINDA COM MAIS FORÇA. NÓS VEMOS DESENHOS DO RALPH BAKSHI JUNTOS E OUVIMOS KISS NO CARRO.

Na PORK você é responsável pelos negócios, entrevistas, resenhas, arte e sabe lá Deus o que mais, mas você tem planos para uma revista em quadrinhos de Sean Aaberg num futuro próximo?

Sean - NÓS CONVERSAMOS SOBRE ISSO, NÃO TENHO CERTEZA. EU PROVAVELMENTE DEVERIA!

TIPO ISSO!

 

30 Oct 18:55

Japanóia #20 – Ranma 1/2 e o revival dos mangás no Brasil

by Roberto Maia

Poucos animes são lembrados com nostalgia pelos fãs brasileiros como “Ranma ½”. Embora tenha sido um sucesso em todos países que foi exibida ou publicada, aqui no Brasil lembramos da série com carinho por ser a primeira empreitada de um fandom no mercado editorial profissional. Era uma época diferente e com menos recursos, onde a internet não era tão acessível e os fãs se reuniam em salas de eventos para ver cópias de clássicos da animação japonesa. E hoje, com tantos títulos e editoras atuantes no mercado, vale a pena lembrar com carinho de tempos mais humildes.

“Ranma ½” foi criado em 1987 pela mangaka Rumiko Takashi. Para quem não sabe, a desenhista  estudou na escola de desenho fundada por Kazuo Koike, o homem responsável pelo roteiro de “Lobo Solitário”. Rumiko é bastante querida pelo público ocidental. Além de famosa por “Ranma ½”, a autora conquistou o coração dos fãs brasileiros com “Inuyasha”, que também foi exibido aqui no Brasil por um tempo. Para criar o mangá,  o processo criativo envolveu a mistura de diversos gêneros que estavam em alta na época. Portanto, sem orientação específica, “Ranma ½” é um mangá que compartilha características comuns em ambos demográficos shoujo e shonen, uma bem humorada ironia, se levarmos em consideração a trama do mangá.

Agregando elementos como artes marciais e comédia romântica em uma trama de humor pastelão, o mangá narra história de Ranma Saotome e seu pai, o velho tarado Genma. Durante uma peregrinação a China, os dois artistas marciais caem por acidente nas fontes amaldiçoadas de Jusenkyo. De acordo com as lendas, as pessoas que caem nessa fonte são amaldiçoadas com a forma física das pessoas que morreram afogadas nelas há cem anos. Quando molhados com água quente,  Ranma Saotome é amaldiçoado com a forma de uma garota, enquanto seu pai se transforma em um urso panda gigante. Para reverter a maldição e voltarem para suas formas originais, os amaldiçoados devem ser banhados em água fria.

Voltando de viagem, Genma resolve visitar seu antigo companheiro Soun Tendo, mestre do estilo Kakuto-Ryu. Anos atrás, Genma e Soun fizeram uma promessa de noivarem seus filhos. O grande problema é que sua filha mais nova, a bonita e impetuosa Akane Tendo, odeia homens e costuma responder de forma agressiva as cantados de seus colegas de classe. A trama então ganha um víeis de comédia romântica, mostrando o relacionamento das duas famílias e se tornando cada vez mais pitoresca na medida em que o elenco cresce e adiciona novos problemas para o casório de Ranma e Akane.

A série trabalha clichês que viriam a ser clássicos no meio dos animes e mangás.  Ao longo da série observamos triângulos amorosos. Ranma Saotome é assediado pela chinesa Shamploo, uma amazona que derrotou em combate e agora deve-se casar com ela. Bizarramente, a forma feminina do protagonista é perseguida por Tatewaki Kuno, o capitão de Kenjutsu do colégio onde Ranma e Akane estudam. As coisas só pioram quando a irmã de Tatewaki, a ginasta Kodachi Kuno, se apaixona pela forma masculina de Ranma. Adicionando ainda mais caos a situação, Ranma encontra um rival em Ryoga Hibiki, um lutador viajante com sérios problemas de direção. A rivalidade entre ambos se acirra quando Ryoga é amaldiçoado pelas fontes de Jusenkyo e ganha a forma de um filhote de porco, que é adotado por Akane. Sim amigos leitores, estamos falando desse nível de triângulos amorosos.

O mangá também desfruta de uma dose saudável e ingênua de fan service. Não chega a ser uma coisa grosseira, sempre acompanhado de humor e aquela ingenuidade das cenas de nudez de animes antigos, com um feeling muito diferente dos dias de hoje. Outra coisa que vale a pena lembrar é que com a forma de urso de Ranma Genma, Rumiko Takashi inventou o que viria a ser a “comunicação por placas”, uma coisa imitada pelos fãs de anime em eventos até hoje.

Antes mesmo da Conrad ou a JBC entrarem com suas publicações, “Ranma ½” foi uma das primeiras empreitadas do mangá no mercado nacional. Em 1998, a Animangá , uma loja de São Paulo especializada em quadrinhos japoneses, debutou nesse meio ao trazer o mangá de “Ranma ½” para o público brasileiro. Com uma edição praticamente amadora e comparável a um fanzine, a revista tinha uma impressão humilde e vinha em formato americano, inclusive com o sentido de leitura ocidental. Isso seria considerado uma heresia para os dias de hoje, mas funcionou bem há uma década com um público não acostumado com a leitura de mangás.

A publicação sofria de edições pesadas. Problemas de impressão eram comuns, também tínhamos a tradução das onomatopeias para o romanji, que não recebiam nenhum tipo de arte-finalização, erros graves de ortografia também eram comuns nas páginas da revista. Esse fato nunca impediu a publicação de ser um sucesso de público.  A revista cresceu, ganhando espaço interno para conteúdo extra, notícias, publicidades e até material paralelo produzido pela própria autora, a mangaka  Rumiko Takahashi.

O sucesso foi tamanho que a Animangá cogitou trazer outras publicações para o Brasil, inclusive pedindo a opinião dos fãs através de uma votação democrática, coisa que nenhuma outra editora de mangá no Brasil fez. A série seguiu bem até 2003, durando até a edição nº 27. A derrocada da Animangá no mercado editorial brasileiro em muito se deve a Conrad, que entrou com força publicando “Dragon Ball” e “Cavaleiros do Zodiaco”, dois títulos também muito queridos por nosso público. Oferecendo melhor edição e o dobro de páginas pelo mesmo preço da publicação da Animangá.

Em posição de desvantagem, a Animangá não aguentou a concorrência e cedeu suas atividades naquele ano. Em 2009, para a surpresa dos fãs, a editora JBC anunciou que passaria a publicar o mangá Ranma ½ a partir do primeiro número, dessa vez em formato tankobon e com o sentido de leitura original. E nesse mês, anos depois (e com uma série de atrasos, diga-se de passagem) a JBC está prestes a concluir a publicação desse mangá tão saudoso pelos fãs brasileiros.

Aqui no Brasil também tivemos a oportunidade de conferir a adaptação para anime de “Ranma ½”.  O anime foi dublado pelo veterano Estúdio Álamo. Sendo exibido no canal pago Cartoon Network nas madrugadas de terça a sexta, um horário pra lá de ingrato. Infelizmente, mesmo com o horário injusto, o anime sofreu uma série de cortes, em especial nas cenas que envolviam nudez feminina, o que prejudicou muito o conteúdo humorístico da série. . O Anime também foi exibido pela desconhecida Play TV, no bloco “Otacraze” ao lado de outras animações, como “Love Hina” e “Samurai Champloo.

“Ranma ½” é uma boa série de comédia e um clássico obrigatório na estante de todo fã de animação japonesa. Personagens únicos que acompanham de um humor descontrolado e extremamente pastelão. Devemos lembrar também por seu caráter icônico e quase lendário justamente por ser um dos primeiros mangás publicados em nosso país. Com a série animada sem previsão de viver uma reprise, o leitor interessado ainda pode encontrar os mangás em comic shops, bancas de jornal e eventos por todo o país, não deixe passa essa oportunidade.

30 Oct 18:53

Nunca houve tanto ódio na mídia conservadora do Brasil

by admin7070

Os textos de Demétrio Magnoli, Ricardo Noblat, Merval Pereira, Reinaldo Azevedo, Augusto Nunes, Eliane Catanhede, entre outros, são fontes preciosas para as futuras gerações de jornalistas e estudiosos da comunicação entenderem o que Perseu Abramo chamou apropriadamente de “padrões de manipulação” na mídia brasileira

Jaime Amparo Alves*

Os brasileiros no exterior que acompanham o noticiário brasileiro pela internet têm a impressão de que o país nunca esteve tão mal. Explodem os casos de corrupção, a crise ronda a economia, a inflação está de volta, e o país vive imerso no caos moral. Isso é o que querem nos fazer crer as redações jornalísticas do eixo Rio – São Paulo. Com seus gatekeepers escolhidos a dedo, Folha de S. Paulo, Estadão, Veja e O Globo investem pesadamente no caos com duas intenções: inviabilizar o governo da presidenta Dilma Rousseff e destruir a imagem pública do ex-presidente Lula da Silva. Até aí nada novo.

Foto: Demétrio Magnoli, representante do Instituto Millenium (reprodução)

Tanto Lula quanto Dilma sabem que a mídia não lhes dará trégua, embora não tenham – nem terão – a coragem de uma Cristina Kirchner de levar a cabo uma nova legislação que democratize os meios de comunicação e redistribua as verbas para o setor. Pelo contrário, a Polícia Federal segue perseguindo as rádios comunitárias e os conglomerados de mídia Globo/Veja celebram os recordes de cotas de publicidade governamentais. O PT sofre da síndrome de Estocolmo (aquela na qual o sequestrado se apaixona pelo sequestrador) e o exemplo mais emblemático disso é a posição de Marta Suplicy como colunista de um jornal cuja marca tem sido o linchamento e a inviabilização política das duas administrações petistas em São Paulo.

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O que chama a atenção na nova onda conservadora é o time de intelectuais e artistas com uma retórica que amedronta. Que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso use a gramática sociológica para confundir os menos atentos já era de se esperar, como é o caso das análises de Demétrio Magnoli, especialista sênior da imprensa em todas as áreas do conhecimento. Nunca alguém assumiu com tanta maestria e com tanta desenvoltura papel tão medíocre quanto Magnoli: especialista em políticas públicas, cotas raciais, sindicalismo, movimentos sociais, comunicação, direitos humanos, política internacional… Demétrio Magnoli é o porta-voz maior do que a direita brasileira tem de pior, ainda que seus artigos não resistam a uma análise crítica.

Agora, a nova cruzada moral recebe, além dos já conhecidos defensores dos “valores civilizatórios”, nomes como Ferreira Gullar e João Ubaldo Ribeiro. A raiva com que escrevem poderia ser canalizada para causas bem mais nobres se ambos não se deixassem cativar pelo canto da sereia. Eles assumiram a construção midiática do escândalo, e do que chamam de degenerescência moral, com o fato. E, porque estão convencidos de que o país está em perigo, de que o ex-presidente Lula é a encarnação do mal, e de que o PT deve ser extinguido para que o país sobreviva, reproduzem a retórica dos conglomerados de mídia com uma ingenuidade inconcebível para quem tanto nos inspirou com sua imaginação literária.

Ferreira Gullar e João Ubaldo Ribeiro fazem parte agora daquela intelligentsia nacional que dá legitimidade científica a uma insidiosa prática jornalística que tem na Veja sua maior expressão. Para além das divergências ideológicas com o projeto político do PT – as quais eu também tenho -, o discurso político que emana dos colunistas dos jornalões paulistanos/cariocas impressiona pela brutalidade. Os mais sofisticados sugerem que a exemplo de Getúlio Vargas, o ex-presidente Lula cometa suicídio; os menos cínicos celebraram o “câncer” como a única forma de imobilizá-lo. Os leitores de tais jornais, claro, celebram seus argumentos com comentários irreproduzíveis aqui.

Quais os limites da retórica de ódio contra o ex-presidente metalúrgico? Seria o ódio contra o seu papel político, a sua condição nordestina, o lugar que ocupa no imaginário das elites? Como figuras públicas tão preparadas para a leitura social do mundo se juntam ao coro de um discurso tão cruel e tão covarde já fartamente reproduzido pelos colunistas de sempre? Se a morte biológica do inimigo político já é celebrada abertamente – e a morte simbólica ritualizada cotidianamente nos discursos desumanizadores – estaríamos inaugurando uma nova etapa no jornalismo lombrosiano?

Para além da nossa condenação aos crimes cometidos por dirigentes dos partidos políticos na era Lula, os textos de Demétrio Magnoli , Marco Antonio Villa, Ricardo Noblat , Merval Pereira, Dora Kramer, Reinaldo Azevedo, Augusto Nunes, Eliane Catanhede, além dos que agora se somam a eles, são fontes preciosas para as futuras gerações de jornalistas e estudiosos da comunicação entenderem o que Perseu Abramo chamou apropriadamente de “padrões de manipulação” na mídia brasileira. Seus textos serão utilizados nas disciplinas de ontologia jornalística não apenas com o exemplos concretos da falência ética do jornalismo tal qual entendíamos até aqui, mas também como sintoma dos novos desafios para uma profissão cada vez mais dominada por uma economia da moralidade que confere legitimidade a práticas corporativas inquisitoriais vendidas como de interesse público.

O chamado “mensalão” tem recebido a projeção de uma bomba de Hiroshima não porque os barões da mídia e os seus gatekeepers estejam ultrajados em sua sensibilidade humana. Bobagem! Tamanha diligência não se viu em relação à série de assaltos à nação empreendidos no governo do presidente sociólogo! A verdade é que o “mensalão” surge como a oportunidade histórica para que se faça o que a oposição – que nas palavras de um dos colunistas da Veja “se recusa a fazer o seu papel” – não conseguiu até aqui: destruir a biografia do presidente metalúrgico, inviabilizar o governo da presidenta Dilma Rousseff e reconduzir o projeto da elite ‘sudestina’ ao Palácio do Planalto.

Minha esperança ingênua e utópica é que o Partido dos Trabalhadores aprenda a lição e leve adiante as propostas de refundação do país abandonadas com o acordo tácito para uma trégua da mídia. Não haverá trégua, ainda que a nova ministra da Cultura se sinta tentada a corroborar com o lobby da Folha de S. Paulo pela lei dos direitos autorais, ou que o governo Dilma continue derramando milhões de reais nos cofres das organizações Globo e Abril via publicidade oficial. Não é o PT, o Congresso Nacional ou o governo federal que estão nas mãos da mídia.

Somos todos reféns da meia dúzia de jornais que definem o que é notícia, as práticas de corrupção que merecem ser condenadas, e, incrivelmente, quais e como devem ser julgadas pela mais alta corte de Justiça do país. Na última sessão do julgamento da ação penal 470, por exemplo, um furioso ministro-relator exigia a distribuição antecipada do voto do ministro-revisor para agilizar o trabalho da imprensa (!). O STF se transformou na nova arena midiática onde o enredo jornalístico do espetáculo da punição exemplar vai sendo sancionado.

Depois de cinco anos morando fora do país, estou menos convencido por que diabos tenho um diploma de jornalismo em minhas mãos. Por outro lado, estou mais convencido de que estou melhor informado sobre o Brasil assistindo à imprensa internacional. Foi pelas agências de notícias internacionais que informei aos meus amigos no Brasil de que a política externa do ex-presidente metalúrgico se transformou em tema padrão na cobertura jornalística por aqui. Informei-lhes que o protagonismo político do Brasil na mediação de um acordo nuclear entre Irã e Turquia recebeu atenção muito mais generosa da mídia estadunidense, ainda que boicotado na mídia nacional. Informei-lhes que acompanhei daqui o presidente analfabeto receber o título de doutor honoris causa em instituições européias, e avisei-lhes que por causa da política soberana do governo do presidente metalúrgico, ser brasileiro no exterior passou a ter uma outra conotação. O Brasil finalmente recebeu um status de respeitabilidade e o presidente nordestino projetou para o mundo nossa estratégia de uma America Latina soberana.

Meus amigos no Brasil são privados do direito à informação e continuarão a ser porque nem o governo federal nem o Congresso Nacional estão dispostos a pagar o preço por uma “reforma” em área tão estratégica e tão fundamental para o exercício da cidadania. Com 70% de aprovação popular, e com os movimentos sociais nas ruas, Lula da Silva não teve coragem de enfrentar o monstro e agora paga caro por sua covardia.Terá a Dilma coragem com aprovação semelhante, ou nossa meia dúzia de Murdochs seguirão intocáveis sob o manto da liberdade de e(i)mprensa?

* Jaime Amparo Alves é jornalista, doutor em Antropologia Social, Universidade do Texas em Austin – amparoalves@gmail.com


30 Oct 18:53

Índico

by johallack

Nas águas  nem sempre tranqüilas do Oceano Índico…

 

11 Oct 19:39

Mondo Trasho #6 – Precisamos falar sobre o Coelhinho do Sorvete

by Lisboa

Comemore o Dia das Crianças com um dos filmes infantis mais ridículos já feitos

Não existe filme criado sem intenção, seja ela artística, ideológica ou financeira. Assim, é interessante revisitar alguns dos clássicos de nossa infância, tentando compreender melhor os conceitos desenvolvidos pelos mesmos. Por exemplo: “E.T. – O Extraterrestre” se mantém até hoje como um filme brilhante, pela complexidade e sutileza com que desenvolve temas como divórcio, solidão e morte; por outro lado, “O Rei Leão“, embora se mantenha impressionante em sua construção, apresenta alguns subtextos realmente difíceis de engolir, como a tal “segregação” das hienas; e há ainda casos como “Good Burger“, a minha comédia favorita quando criança, e que hoje me parece apenas um atestado de meu potencial como debilóide.

Por mais que “Kenan & Kel” ainda seja o “Cidadão Kane” das sitcoms

O filme de hoje, porém, é um pouco mais obscuro, e difícil de explicar, do que os exemplos anteriores. “Santa and the Ice Cream Bunny” (Papai Noel e o Coelhinho do Sorvete), de 1972, é uma das produções mais ridículas, baratas, e sem fundamento já filmadas, e, por isso mesmo, se tornou um clássico cult ao ser lançado em VHS nos Estados Unidos nos anos 80. O filme, que foi rodado com um orçamento muito pequeno, e valores de produção amadores, tinha o objetivo de servir como veículo para relançar as produções do diretor Barry Mahon, mais conhecido por pérolas exploitation do nipe de “Cuban Rebel Girls” (1959) e “Fanny Hill Meets Dr. Erotico” (1969), e que havia lançado também alguns filmes infantis, como “The Wonderful Land of Oz” (1969), uma adaptação de baixo orçamento extremamente fiel ao livro de L. Frank Baum.

E por “fiel” entenda “assustador”

Em 1971, Mahon havia acabado de rodar uma adaptação, também em baixo orçamento, de “Thumbelina“, conto de fadas escrito por Hans Christian Andersen, conhecido no Brasil como “A Polegarzinha“. O diretor, talvez temeroso de que o conto não fosse conhecido o bastante para atrair as crianças ao cinema, decidiu chamar um homem conhecido apenas como R. Winer para criar um curta-metragem envolvendo o Papai Noel e o Coelhinho da Páscoa, com o qual emolduraria sua produção. Não há nenhuma informação sobre Winer na internet, que provavelmente foi o pseudônimo de algum outro diretor, provavelmente do próprio Mahon. Os dois filmes foram rodados em um parque da Flórida conhecido como “Pirate World” (Mundo dos Piratas), e aproveitou cenários, fantasias e animais do local, que já não era lá uma Disneylandia.

Ironicamente, o filme é completamente despido de piratas

Por algum motivo que ninguém nunca conseguiu explicar, porém, o nome “Coelhinho da Páscoa” (Easter Bunny) foi trocado para “Coelhinho do Sorvete” (Ice Cream Bunny). E, bem… digamos que o personagem, interpretado por um homem em uma ridícula fantasia barata, é a personificação do filme, tanto em forma quanto em conteúdo. Então me dem as mãos, meus amigos, enquanto caminhamos lentamente em direção à parte mais funda da piscina, nesse especial de Dia das Crianças que somente o Contraversão teria a pachorra de trazer.

A história começa no Pólo Norte, onde um grupo de elfos (crianças em roupas baratas) canta sobre a chegada do Natal. Algo está errado, porém; um dos elfos olha para fora, e percebe, em uma incrível montagem de cenas de arquivo a lá Ed Wood, que as renas chegaram sem o Papai Noel. Onde poderia estar o Bom Velhinho?

Claramente, o Pólo Norte

Acontece que o trenô do Papai Noel atolou em uma praia da Flórida; tudo bem, ele não atolou de verdade, ele simplesmente foi levemente coberto por areia, mas essa é a magia do cinema, não é?

Parece que é o fim da linha, heim?

Por sorte, os poderes (aparentemente) telepáticos de Papai Noel são suficientes para que ele recrute todas as crianças da área, interrompendo suas brincadeiras, como o pega-pega, o beisebol, e o pular da porra do telhado usando um guarda-sol como paraquedas!

As crianças, que por algum motivo misterioso, tem acesso à mais variada fauna do estado da Flórida, trazem toda espécie de animais para desatolar o trenô do pobre Papai Noel. Cabras, bois, porcos, e até um (ridículo homem vestido de) gorila, surpreendentemente trazido por uma menininha de oito anos, tentam livrar o Bom Velhinho desse problema constrangedor. Lutar contra as pateticamente baixas areias da Flórida, contudo, é uma tarefa impossível para meros animais.

“Pois trágica é a vida, e Deus está morto” – Homem Vestido de Gorila

Ainda mais surpreendentemente, Tom Sawyer e Huckleberry Finn, personagens clássicos do escritor Mark Twain, aparecem aleatoriamente na praia, comentando os problemas de Papai Noel, enquanto se encondem atrás de um arbusto, temendo serem vistos. O que torna “Santa and the Ice Cream Bunny” a segunda participação mais inútil de Tom Sawyer depois do filme de “A Liga Extraordinária” (The League of Extraordinary Gentlemen, 2003).

“A modern-day warrior; mean, mean stride…”

Papai Noel decide então tocar o foda-se, e começa a contar às crianças a história da “Polegarzinha“. Um conto famoso dentro do gênero “animais assustadores tentam cruzar com garota menor de idade”, se encaixa como uma luva dentro do estilo do filme, ainda que seja como uma luva cirúrgica às mãos de um proctologista. O segmento é bastante fiel ao material original, e dá mais contexto às criaturas bizarras que aparecem na tela, o que pode ser considerado algo bom ou ruim, dependendo do seu ponto de vista. O maior destaque seria a assustadora topeira chamada “Mr. Digger” (Senhor Cavador); traiçoeiro e solitário, é um personagem relativamente complexo, o que, aliado a seu visual tosco, dá a suas cenas uma áurea completamente surreal.

 

Tudo o que consegui pensar ao ver isso, contudo, foi: por que diabos o Papai Noel está contando isso para as crianças? Ele não deveria estar tirando a desgraça do trenô da areia, ao invés de entrar em detalhes sobre a vida miserável de uma criatura presa à uma existência de solidão, definhando ao lado de sua mãe fatalista? Seria tudo isso uma armadilha do Papai Noel? Iria ele, ao final, gritar: “Entenderam, crianças, seus sonhos nunca irão se realizar! Vejam essa areia de merda sobre meu trenô, acham que isso realmente é capaz de me bloquear? Não! A areia é uma farsa. Droga, eu sou uma farsa. Isso mesmo, Danny, sou eu, seu pai. O Papai Noel nem mesmo existe, moleque idiota! Agora pare de pular daquela porcaria de teto com aquela droga de guarda-sol e vá fazer sua lição de casa!”.

“O pai do Danny não é um monstro… ele só está na vanguarda”

É claro que não foi isso o que aconteceu; eu, homem de pouca fé, havia esquecido que um filme chamado “Papai Noel e o Coelhinho do Sorvete” seria obrigado a mostrar, em algum momento, o maldito Coelhinho do Sorvete. E não estava preparado para tamanha catarse. Como um ladrão na noite, desafiando todas as convenções de roteiro ou de bom senso, o Coelhinho do Sorvete chegou dirigindo seu caminhão antigo de bombeiro, trazendo consigo um coro de crianças, que cantava com alegria uma canção linda e singela, em um estado de comunhão tamanha, que pareciam todos uma só voz. Ao menos é o que assumo, já que o diretor aparentemente se esqueceu de desligar as sirenes do caminhão, impedindo que ouçamos as crianças, e tornando o esforço delas completamente inútil.

O Coelhinho do Sorvete não se importa com sua música burguesa decadente

A conclusão do filme é um mistério digno das obras de David Lynch. Eu honestamente achava que o Coelhinho do Sorvete daria um jeito naquele problema, que acabaria de vez com aquela cabacisse, puxando o trenô da areia com seu incrível caminhão. Em minha inocência, havia esquecido que a lógica é um conceito morto naquele universo. Ao encontrar o Papai Noel, o Coelhinho do Sorvete simplesmente resolve dar a ele uma carona! Os dois nem tentam, pelo amor de Deus, deixando o trenô enterrado no mesmo lugar, enquanto entram com o carro de bombeiros em uma mata fechada, para fazer sei lá o quê.

“Fodam-se, crianças!”

E o trenô? Bem, ele simplesmente desaparece no momento em que Papai Noel entra na floresta.

Deixando para trás apenas o vazio.

“Santa and the Ice Cream Bunny” parece muito mais um experimento neo-dadaísta que um filme infantil. Quando os créditos terminam de rolar, nada resta senão dúvidas, formando um grande apanhado de perguntas que nunca terão resposta. Qual era afinal o objetivo do Papai Noel, levando em conta que ele (aparentemente) tinha controle sobre o trenô o tempo todo? Onde a menininha conseguiu um gorila? O que o Papai Noel e o Coelhinho do Sorvete foram fazer na floresta? E principalmente, qual é a relação entre o maldito Coelhinho e o sorvete? Ele nunca aparece comendo sorvete, ele nunca fala sobre sorvete, ele nem mesmo dirige um caminhão de sorvete, e de fato, nenhum sorvete aparece em cena durante o filme inteiro.

Talvez seja melhor não saber. “Santa and the Ice Cream Bunny” é um filme ridículo, mas consegue captar como poucos o caos que existe na mentalidade criativa de uma criança. Talvez, no final das contas, o filme seja o equivalente cinematográfico a pegar dois bonequinhos e batê-los um no outro gritando “Pow, pow”. E se você não conseguir apreciar esse tipo de obra, bem… vá assistir algo que você goste então, você é um adulto, está certo em escolher seus próprios filmes. E bom feriado.