Quando alguém pedir para você ir no mercado comprar “R$ 600 em mouse”, você pode encher o carrinho com aquela galera ou voltar com 01 [um] Razer Ouroboros (NÃO AQUELE), o bichinho estranho que usamos nas últimas semanas para abrir abas, atualizar o Java e e dominar o BOT Perry [imagem meramente ilustrativa]. Ele tem design futurista, funções transformer de encaixes/ajustes e a melhor rodinha de scroll já vista por aqui desde 1964. Mas talvez tudo isso seja um pacote de benefícios amplo demais e útil de menos.
O Ouroboros é baseado no conceito de mouse universal e adaptável. É simétrico, então serve para destros e canhotos. Tem peças móveis, que se encaixam nas laterais para mudar a pegada. Tem ajustes de comprimento e inclinação para encaixar melhor na sua mão. Tem a qualidade Razer de acabamento e mecânica, seja nos cliques, no fio do carregador e na maleta muito ninja que transportou o produto até a nossa redação (mas que infelizmente só acompanha a versão de testes, não faz parte do produto final).
No vídeo a seguir, gravado com a ajuda de um mouse pad cenográfico que já apanhou muito na vida, tento mostrar como funcionam alguns encaixes e ajustes.
Seja no mousepad tapetão ou direto nas mesas de madeira, o Ouroboros não falhou, não travou, não deu lag nas cerca de três semanas de teste. Não instalei o software da Razer (Synapse 2.0), que grava configurações de perfil e sincroniza na nuvem, mas foi um mouse bastante confiável, que não exigiu nenhum tempo de adaptação para quem já se acostumou com os mouses gamers (muitos botões, alta precisão, sensibilidade que faz a sua mãe jogar a setinha alguns 300 quilômetros pra fora da tela). Ainda acho exagero o sensor de 8200 DPI, mas sabemos que sempre existe algum maluco com reflexos mais rápidos que você.
A liberdade de controlar tudo sem fio, e saber que isso vai funcionar 100% do tempo, foi um gigantesco alívio, principalmente para quem já errou qualquer clique fatal por culpa de interferências naquele mouse sem fio imperfeito ou acidentes de percurso no eterno mouse com fio. Se por acaso você não confiar na magia wireless (ou acabar com a bateria e esquecer de carregar, como cansei de fazer), pode usar o cabo do carregador direto no mouse, transformando (mais uma vez) o Ouroboros, dessa vez em mouse tradicional.
1 – A rodinha para controlar a inclinação traseira; 2 – O mouse na base de carregamento da bateria; 3 – A bateria recarregável nas entranhas do Ouroboros.
A função das peças de encaixe na lateral é mudar a pegada, o que pode servir para adaptar o mouse a cada pessoa (caso você tenha 5 irmãos pro-players) ou a cada jogo. Você pode querer um mouse mais rápido nos shooters (Counter-Strike) e mais confortável nos jogos de estratégia por turno (XCOM), por exemplo. Com duas opções de peça em cada lado, fica fácil combinar esses ajustes e o comprimento para se adaptar às pegadas oficialmente reconhecidas pela sociedade - Claw (garra), Palm (palma) e Fingertip (ponta dos dedos).
Diferentes peças de encaixe lateral: são duas opções para cada lado, com pontos de encaixe assegurados por ímã.
No meu caso, a versão “Palm” foi bem confortável, mas tive mais sucesso com as laterais curtas, pegada estilo “Claw”. Assim, ele se tornou tão ligeiro quanto outros mouses um pouco menores que venho usando nos últimos meses: um Razer Taipan (R$ 400/US$ 80) e um Logitech G9X (R$ 300/US$ 100).
O Taipan é equilibrado (em peso e funções), mas um tanto padronizado, sem graça. O Logitech G9X já é mais ousado e cheio de história (vem com uma carcaça extra, bloquinhos de peso e duas “velocidades” na rodinha de scroll), uma opção mais excêntrica que talvez não se encaixe em qualquer mão (ou gosto). O Ouroboros ficaria no meio dos dois em funções (tem o equilíbrio do Taipan e as firulas do Logitech), mas acima dos dois no preço.
Como alguém que dá mais valor a mouse do que a plano de saúde, eu acho que o mundo seria um lugar melhor com coisas de 8 botões e 6000 DPI pra todo lado. Precisamos de produtos alienígenas como o Ouroboros, o Cyborg R.A.T e até o já esquecido Microsoft Sidewinder, mas acredito que você não precisa disso tudo para ser feliz. O Ouroboros é um mouse extremamente confiável, preciso e confortável, mas você pode ter um resultado parecido por metade do preço, com mouses da própria Razer ou Logitech, SteelSeries e outros.
Uma vez que eu tenha encontrado algo que se encaixe na minha mão, boa parte das vantagens do Ouroboros passam a ser cosméticas. Não vou precisar de tantos ajustes e adaptações, por mais bonito que ele seja. E embora ele pareça tão robusto quanto outros mouses sólidos da Razer, a existência de partes móveis e a aparente delicadeza de certos componentes (como o trilho de encaixe da parte traseira) podem ser um desafio de durabilidade a longo prazo.
A partir da esquerda: Razer Taipan, Razer Ouroboros e Logitech G9X (edição Modern Warfare 3).
Razer Ouroboros
· Sistema 4G Dual Sensor de 8200 dpi
· Tecnologia wireless de gaming-grade
· Razer Synapse 2.0 habilitado
· 11 botões programáveis com tecnologia Hyperesponse
· 1000 Hz de conexão/1 ms de tempo de resposta
· 200 polegadas por segundo de velocidade de leitura/50 g de aceleração
· Cabo entrelaçado de fibra com 2.1 m de comprimento
· Tamanho aproximado: 116 mm to 136 mm (comprimento) x 71 mm (largura) x 42 mm (altura)
· Peso aproximado: 115g (sem bateria) a 135g (com bateria)
Preço sugerido (R$ 600)
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