É oficial: a Netflix tem mesmo filmes mais interessantes do que os que estão em cartaz nos cinemas. Uma boa surpresa esta semana foi a chegada à plataforma de "Mademoiselle Vingança", indicado a seis Césars e vencedor de um, melhor figurino. É uma produção luxuosa, ambientada em meados do século 18 e livremente inspirada em um livro de Diderot. A trama parece um esboço de "Ligações Perigosas", que seria escrito alguns anos depois. Uma viúva nobre resolve se vingar de seu ex-amante, fazendo-o apaixonar por uma bela jovem - só que ele não sabe tudo sobre sua nova paixão. Lento a princípio, com diálogos literários, o filme aos poucos se revela uma história cruel, em que a feiúra das almas contrasta com a beleza das imagens. Não tem o impacto do clássico com Glenn Close, mas é uma iguaria fina.
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02 Jan 13:04
The Handmaid's Tale (Paramount)
Insatiable (Netflix)
Jogos Sagrados (Netflix)
Pose (Fox Premium)
Menção mais do que honrosa:
a sensacional "Ilha de Ferro" (Globoplay), do qual eu sou suspeito para falar. Só não entrou na lista porque o relapso aqui ainda não terminou de assistir...
MINISSÉRIES
O Assassinato de Gianni Versace (Fox Premium)
Sharp Objects (HBO)
E ainda teve as séries antigas que tiveram boas temporadas em 2018: "The Affair", "Better Call Saul", "Divorce", "Merlí", "This Is Us", "Versailles"...
AS SÉRIES DE 2018
by TONY GOES
As séries são os novos romances. Ninguém mais vê outro tipo de programa, ninguém vai ao cinema, ninguém lê livros - todo mundo só vê séries. A chamada "long form TV" supriu nossas necessidades de ouvir histórias, ainda mais depois que passou a estar disponível em qualquer lugar e a qualquer hora. Podem anotar: a temporada final de "Game of Thrones" vai ser o último momento em que a humanidade se reunirá ao redor da TV em um mesmo dia, no mesmo horário. Dali em diante, só assistiremos às nossas próprias programações, ainda mais do que já fazemos agora. Na minha própria, essas foram as que mais reinaram no ano que ora finda:
SÉRIES NOVAS
La Casa de las Flores (Netflix)
Esta sátira às novelas mexicanas passou meio batida pelo Brasil, mas foi um sucesso tão retumbante no resto da América Latina que gerou até concurso de vídeos de imitação de Paulina de la Mora. A personagem vivida pela ótima Cecilia Suárez fa-la tu-do pau-sa-da-men-te, pois vive sob o efeito de calmantes. A segunda temporada já está em produção.
The Handmaid's Tale (Paramount)
A série que abalou os Estados Unidos em 2017 só chegou ao Brasil no começo deste ano. Pelo menos a segunda temporada não tardou a ser exibida; por outro lado, ao ir além do livro de Margaret Atwood, o roteiro se tornou irregular. Mas o assunto continua na ordem do dia, ainda mais com o avanço da extrema-direita no Brasil. Damares Alves, a futura ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, é nossa Tia Lydia?
Insatiable (Netflix)
A sitcom sobre uma garota obesa que de repente emagrece e parte em busca de vingança recebeu uma saraivada de críticas antes mesmo de estrear, acusada de gordofobia. Besteira: trata-se, na verdade, de um programa que questiona a ditadura do padrãozinho, tanto estético quanto sexual. E ainda traz uma personagem gira: Nonnie, a melhor amiga que se descobre lésbica, feita pela mais-do-que-incrível Kimmy Shields.
Jogos Sagrados (Netflix)
Não vi ninguém além de mim comentando a primeira série da Netflix produzida na Índia: nem na imprensa, nem na blogosfera, nem ao vivo. O fato é que vocês não sabem o que estão perdendo. Baseada em um calhamaço policial que cobre décadas de história indiana, "Jogos Sagrados" traz um tempero exótico a um gênero meio batido. E a gente ainda aprende um bocado sobre um dos países mais fascinantes do mundo.
Pose (Fox Premium)
Outra forte candidata a personagem do ano é a amazona transexual Elektra Abundance, a antagonista-que-vira-boa da série ambientada no universo das houses novaiorquinas do final dos anos 80. Ryan Murphy marcou mais um golaço com este potente cocktail de glamour, desespero e atitude. Começo a suspeitar que o criador de "Glee" e outros sucessos tem poderes infalíveis.
Menção mais do que honrosa:
a sensacional "Ilha de Ferro" (Globoplay), do qual eu sou suspeito para falar. Só não entrou na lista porque o relapso aqui ainda não terminou de assistir...
MINISSÉRIES
O Assassinato de Gianni Versace (Fox Premium)
Quem foi esperando um mergulho na intimidade de Gianni e Donatella - tipo eu - se decepcionou um teco. Mas foi só até entender que mais essa façanha de Ryan Murphy é na verdade sobre Andrew Cunanan, o psicopata assassino que rendeu a Darren Criss o Emmy de melhor ator em minissérie. Penélope Cruz, Edgar Ramírez e até Ricky Martin também estão ótimos, mas o que importa mesmo é mostrar como a homofobia introjetada pode se tornar fatal.
La Balada de Hugo Sánchez (Netflix)Devo ser o único brasileiro que vê a mexicana "Club de Cuervos", uma das séries mais engraçadas da atualidade. Mas por lá a repercussão é grande o suficiente para gerar este spin-off estrelado por um coadjuvante, o puxa-saco Hugo Sánchez, que se vê encarregado de levar o time para um torneio na Nicarágua. O ex-ator mirim Jesús Zavala merece muitos prêmios.
My Brilliant Friend (HBO)Eu confesso: larguei no meio o romance de Elena Ferrante que se tornou cult no mundo inteiro. Mas caí de boca nessa adaptação para a TV, tornada ainda mais saborosa por causa dos dialogo em dialeto napolitano. A saga de Lila e Lenu se interrompe bruscamente, no ponto em que acaba o livro: vem aí a segunda temporada, mas com outro nome. E em inglês, cazzo.
Sharp Objects (HBO)
E por falar em final abrupto, que tal a frase "Don't tell mama?" Bastaram três palavrinhas para destruir toda a sensação de paz que o espectador atingiu depois de sofrer ao longo dos oito episódios desta versão do livro de Gillian Flynn, sobre um assassino de garotas no sul dos Estados Unidos. Amy Adams é outra que pode ir arrumando espaço para troféus na prateleira.
Wild Wild Country (Netflix)Quase não vejo séries documentais, porque a maioria é do tipo "The Making of a Murderer": lentas, hiperdetalhistas, que não chegam a lugar nenhum. Mas me rendi a esta, porque uma das minhas irmãs foi sannyasi e eu queria saber mais sobre a religião que a dominou por mais de dez anos. Acabei descobrindo em Sheela Anand uma vilã icônica, mais interessante do que o Baghwan Shree Rajneesh. Mas a serie também é leeenta.
E ainda teve as séries antigas que tiveram boas temporadas em 2018: "The Affair", "Better Call Saul", "Divorce", "Merlí", "This Is Us", "Versailles"...
ATUALIZAÇÃO: Esqueci de incluir entre as séries minha queridinha "Samantha!", da Netflix. Sou uma das poucas pessoas que realmente gostou dessa sitcom nacional: eu diria que sou uma das poucas que entendeu. A busca pela fama a qualquer custo é um assunto que sempre me faz rir, e a bela Emmanuelle Araújo revelou um timing cômico que a Globo nunca deixou ela por para fora. A próxima temporada já foi filmada!
MAIS UMA ATUALIZAÇÃO: A velhice é muito triste. Foi ela quem me fez esquecer da melhor sitcom sobre velhice jamais feita: "O Método Kominsky", muito superior à similar "Grace and Frankie", também da Netflix. Michael Douglas e Alan Arkin fazem amigos de longuíssima data que enfrentam juntos as agruras da terceira idade: a perda do cônjuge, problemas financeiros, o encarquilhamento fisico. Tudo com muito sarcasmo. Assim dá gosto envelhecer.
MAIS UMA ATUALIZAÇÃO: A velhice é muito triste. Foi ela quem me fez esquecer da melhor sitcom sobre velhice jamais feita: "O Método Kominsky", muito superior à similar "Grace and Frankie", também da Netflix. Michael Douglas e Alan Arkin fazem amigos de longuíssima data que enfrentam juntos as agruras da terceira idade: a perda do cônjuge, problemas financeiros, o encarquilhamento fisico. Tudo com muito sarcasmo. Assim dá gosto envelhecer.
12 Mar 16:59
TELL ME HOW DO I FEEL
by TONY GOES
Estou exausto. Cheguei ontem a SP tarde da noite, depois de dois dias muito intensos de networking no Rio Content Market. Também estou cansado de escrever sobre política e ter que bater boca com anônimos. Então encerro a semana com esse vídeo que está causando furor nas timelines dos finos e conectados: a clássica "Blue Monday", do New Order, tocada com instrumentos mais clássicos ainda, da década de 1930. Tem até o theramin, um dos meus sons favoritos. Amanhã eu comento o programa da Ellen Page no Brasil. Por hoje é só.
26 Sep 04:26
Jogadores ficam com Pau Duro e tem Orgasmos no Campo de Futebol durante apalpadas?
by Bananas
18 Oct 22:17
"Bethânia, obrigado por existir"
by Eduardo Lott
“Aquilo me transformava, me fazia crescer dum modo, que doía e prazia. Aquela hora, eu pudesse morrer, não me importava.”
__
Há exatos 46 anos atrás, em 1968, Maria Bethânia lançava seu antológico “Recital na Boite Barroco”. A capa maravilhosa, pintura do artista Luiz Jasmin, incrivelmente conseguia captar a dramaticidade e a força daquela jovem através do olhar grave, sereno e firme expresso na ilustração. Olhar de quem aos 22 anos já bradava cantar as músicas que gostava, do jeito que gostava.
Mais de duas décadas depois, Bethânia lançaria um disco de estrondoso sucesso. Repleto de músicas de apelo bastante popular, “As Canções que Você Fez Pra Mim” não carece de apresentações, tendo vendido mais de um milhão de cópias e impresso várias músicas nessa espécie de inconsciente coletivo que chamamos cultura popular.
“Tá”, me dirão, “e daí?!”. “O que isso tem que ver com a apresentação de ontem, que você, juntamente com uns poucos sortudos, foi conferir a convite da Re(verso)?!”. Pois bem, explico-me.
Eu estava na alfabetização quando descobri o “Recital”. Eu morava “na roça” e, muito embora o sem-número de coisas a se fazer por lá, não era raro eu passar horas sentado com aquele bolachão na minha frente, “namorando” aquela mulher misteriosa, meio mágica, perscrutando em detalhe o desenho, conferindo aqueles insetos, os seios proibidos se insinuando sem pejo, enfim. Nem sei se por aqueles tempos eu ouvia de fato o disco, assumo, mas se me perguntam qual elemento iconográfico, por assim dizer, que me remete aos meus começos de vida é, sem dúvida, esse: a Bethânia-entidade da ilustração do Jasmim e seu olhar invasor.
Pouco tempo depois, uma “tia” que tinha casa “na roça” apareceu com uma fita cassete com umas músicas que faziam grande sucesso à época. Quem me estiver lendo até aqui não terá dificuldade em adivinhar que se tratava do “As Canções…”. Dessa vez, o que me arrebatou não foi a imagem, mas sim aquelas músicas carregadas de dramaticidade (há quem diga que as letras, os arranjos, o projeto gráfico… é tudo muito brega, eu acho finíssimo, sofisticadíssimo, latiníssimo), que eu, na altura com cinco, seis anos, ouvi por uma semana direto infinitas vezes.
Isso posto, não é difícil perceber como essa artista foi importante na minha formação. Da minha infância mais pequena até a idade adulta, nunca mais abandonei sua obra. Já na cidade grande, as facilidades se avolumaram, tomei conhecimento de sua imensa produção, tive contato com os mais variados formatos, bootlegs, fui a várias apresentações, a ouvi, enfim, incontáveis vezes. Mas o “Recital” e “As Canções…” permaneceram ali, como uma espécie de gênese da minha sensibilidade (ao lado dAs Reinações de Narizinho, da vida religiosa, etc). Sou uma pessoa com imensa dificuldade em me ligar a ídolos, talvez coisa de ego, analistas que o digam, mas Maria Bethânia é uma exceção. Não é só um ídolo, mas parte da minha formação. Os modos pelos quais eu vejo e me relaciono com o mundo têm MUITO a ver com essa artista. Posturas, escolhas, gostos, enfim, é imensa e determinante a influência de Bethânia na minha vida. A despeito disso, malgrado sua presença tão forte na minha vida, apesar das várias apresentações suas a que eu assisti, eu nunca tinha tido o prazer de privar de sua presença, ser apresentado a ela, conhecer, mesmo que rapidamente, a mulher por trás daquela persona que já me era íntima desde sempre, me embalado que havia desde minha meninice. Nunca a havia conhecido, repito. Até ontem.
Foi esse o espírito que me animava ontem, ao ser recebido em um pós-show da Bethânia pela primeira vez. Dia dos professores, o magnífico espetáculo, o documentário, tudo isso se nublou ante a perspectiva de estar em sua presença. Sempre falei que seria inútil falar tudo que ela significava para mim, o quanto eu a admirava ou os onipresentes “eu te amo” quando eu fosse recebido em seu camarim. Idealizava um momento de feliz contemplação. E assim o foi.
Nem me utilizando de toda minha disciplina, aplicação e escasso talento literário eu conseguiria expressar o que se passava comigo naquele momento. Ela foi ótima, calma, gostou de eu ter levado o livro para ela assinar, se preocupou se a foto ia ficar bacana por que eu não me aproximava muito dela… enfim, o de melhor que se podia esperar. Eu, a despeito de toda euforia que me ia por dentro, me comportei como eu achava que deveria ser e como há muito havia aprendido com a melhor das mestras: calmo, “alegre, plenitude sem fulminação.”
___
1. Sei que tergiversei, mas ai, temos muitos depoimentos e materiais sobre a noite. O espetáculo está há muito disponível na internet;
2. Muito, MUITO obrigado à Re(verso), especialmente ao Edu, pela experiência.
3. Obrigado também à produção. Segunda vez que fomos recebidos e tratados pela Ana Basbaum com toda atenção, respeito e disponibilidade.
4. Parabéns à Bia Lessa pelo filme e obrigado pela simpatia.
5. Bethânia, obrigado por existir.
Matheus R. Pinto
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Há exatos 46 anos atrás, em 1968, Maria Bethânia lançava seu antológico “Recital na Boite Barroco”. A capa maravilhosa, pintura do artista Luiz Jasmin, incrivelmente conseguia captar a dramaticidade e a força daquela jovem através do olhar grave, sereno e firme expresso na ilustração. Olhar de quem aos 22 anos já bradava cantar as músicas que gostava, do jeito que gostava.
Mais de duas décadas depois, Bethânia lançaria um disco de estrondoso sucesso. Repleto de músicas de apelo bastante popular, “As Canções que Você Fez Pra Mim” não carece de apresentações, tendo vendido mais de um milhão de cópias e impresso várias músicas nessa espécie de inconsciente coletivo que chamamos cultura popular.
“Tá”, me dirão, “e daí?!”. “O que isso tem que ver com a apresentação de ontem, que você, juntamente com uns poucos sortudos, foi conferir a convite da Re(verso)?!”. Pois bem, explico-me.
Eu estava na alfabetização quando descobri o “Recital”. Eu morava “na roça” e, muito embora o sem-número de coisas a se fazer por lá, não era raro eu passar horas sentado com aquele bolachão na minha frente, “namorando” aquela mulher misteriosa, meio mágica, perscrutando em detalhe o desenho, conferindo aqueles insetos, os seios proibidos se insinuando sem pejo, enfim. Nem sei se por aqueles tempos eu ouvia de fato o disco, assumo, mas se me perguntam qual elemento iconográfico, por assim dizer, que me remete aos meus começos de vida é, sem dúvida, esse: a Bethânia-entidade da ilustração do Jasmim e seu olhar invasor.
Pouco tempo depois, uma “tia” que tinha casa “na roça” apareceu com uma fita cassete com umas músicas que faziam grande sucesso à época. Quem me estiver lendo até aqui não terá dificuldade em adivinhar que se tratava do “As Canções…”. Dessa vez, o que me arrebatou não foi a imagem, mas sim aquelas músicas carregadas de dramaticidade (há quem diga que as letras, os arranjos, o projeto gráfico… é tudo muito brega, eu acho finíssimo, sofisticadíssimo, latiníssimo), que eu, na altura com cinco, seis anos, ouvi por uma semana direto infinitas vezes.
Isso posto, não é difícil perceber como essa artista foi importante na minha formação. Da minha infância mais pequena até a idade adulta, nunca mais abandonei sua obra. Já na cidade grande, as facilidades se avolumaram, tomei conhecimento de sua imensa produção, tive contato com os mais variados formatos, bootlegs, fui a várias apresentações, a ouvi, enfim, incontáveis vezes. Mas o “Recital” e “As Canções…” permaneceram ali, como uma espécie de gênese da minha sensibilidade (ao lado dAs Reinações de Narizinho, da vida religiosa, etc). Sou uma pessoa com imensa dificuldade em me ligar a ídolos, talvez coisa de ego, analistas que o digam, mas Maria Bethânia é uma exceção. Não é só um ídolo, mas parte da minha formação. Os modos pelos quais eu vejo e me relaciono com o mundo têm MUITO a ver com essa artista. Posturas, escolhas, gostos, enfim, é imensa e determinante a influência de Bethânia na minha vida. A despeito disso, malgrado sua presença tão forte na minha vida, apesar das várias apresentações suas a que eu assisti, eu nunca tinha tido o prazer de privar de sua presença, ser apresentado a ela, conhecer, mesmo que rapidamente, a mulher por trás daquela persona que já me era íntima desde sempre, me embalado que havia desde minha meninice. Nunca a havia conhecido, repito. Até ontem.
Foi esse o espírito que me animava ontem, ao ser recebido em um pós-show da Bethânia pela primeira vez. Dia dos professores, o magnífico espetáculo, o documentário, tudo isso se nublou ante a perspectiva de estar em sua presença. Sempre falei que seria inútil falar tudo que ela significava para mim, o quanto eu a admirava ou os onipresentes “eu te amo” quando eu fosse recebido em seu camarim. Idealizava um momento de feliz contemplação. E assim o foi.
Nem me utilizando de toda minha disciplina, aplicação e escasso talento literário eu conseguiria expressar o que se passava comigo naquele momento. Ela foi ótima, calma, gostou de eu ter levado o livro para ela assinar, se preocupou se a foto ia ficar bacana por que eu não me aproximava muito dela… enfim, o de melhor que se podia esperar. Eu, a despeito de toda euforia que me ia por dentro, me comportei como eu achava que deveria ser e como há muito havia aprendido com a melhor das mestras: calmo, “alegre, plenitude sem fulminação.”
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1. Sei que tergiversei, mas ai, temos muitos depoimentos e materiais sobre a noite. O espetáculo está há muito disponível na internet;
2. Muito, MUITO obrigado à Re(verso), especialmente ao Edu, pela experiência.
3. Obrigado também à produção. Segunda vez que fomos recebidos e tratados pela Ana Basbaum com toda atenção, respeito e disponibilidade.
4. Parabéns à Bia Lessa pelo filme e obrigado pela simpatia.
5. Bethânia, obrigado por existir.
Matheus R. Pinto
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09 Oct 01:12
“Eu já me sinto um pouco assim.”
by Eduardo Lott
“O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio…”
“Eu já me sinto um pouco assim.”
O longa dirigido muito sensivelmente por Márcio Debellian é pródigo em cenas impactantes, mas essa, na qual d. Cleonice Berardinelli assume, assim, muito despretensiosamente e sem grande alarde se identificar com o famoso (mormente entre os fãs de Bethânia) poema “Aniversário” talvez seja a mais singular.
Não deixou de me causar certo desconforto essa cena. Desconforto, curiosidade e, acima de tudo empatia.
“(o vento lá fora)” é um belíssimo registro que une uma mais que bem vinda visão panorâmica sobre a obra de Fernando Pessoa com a interpretação apurada de duas de suas admiradoras mais célebres desse lado do Atlântico. Tudo isso somado a uma proposta visual baseada na fotografia em preto e branco e enquadramentos fechados que acentuam a proposta intimista do registro e a força das questões colocadas pelos poemas apresentados.
Apesar da opção de repetidos closes em Maria Bethânia ao longo dos primeiros minutos, é d. Cleonice que emerge como a grande personagem do filme, rivalizando com a figura onipresente de Fernando Pessoa, ou melhor, de sua poesia, eixo central da narrativa mais ou menos linear.
No que nos diz respeito mais especificamente - fãs de Bethânia que somos-, é o prazer de rever textos já clássicos em sua discografia tomar novos ares na tela grande. Novas interpretações, textos outrora falados em parte sendo agora apresentados integralmente, poemas divididos… enfim, um deslumbre. Ponto alto nesse sentido é a interpretação conjunta do famoso “Todas as cartas de amor…”: inesperadamente divertida.
Também vale atentar para o início do filme, onde podemos rever Bethânia ao piano tocando a clássica “Le Lac de Come” (procurei um vídeo antigo dela executando essa música ao piano no palco aqui mas não achei, alguém certamente o fará…).
Ao final, resta inconteste a potência interpretativa de Maria Bethânia, a singularidade de sua voz e a força de sua persona. Malgrado a beleza e a autoridade da interpretação de d. Cleonice, a diferença é quase palpável quando a Abelha Rainha abre a boca e, dedo em riste, solta a voz. “Quem ganha é o poema”, palavras da professora, quem há de discutir.
Enfim, o filme é ótimo. Não deve agradar a gregos e troianos, contudo. Nada demais, afinal “A realidade sempre é mais ou menos do que nós queremos”.
Matheus R. Pinto
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio…”
“Eu já me sinto um pouco assim.”
O longa dirigido muito sensivelmente por Márcio Debellian é pródigo em cenas impactantes, mas essa, na qual d. Cleonice Berardinelli assume, assim, muito despretensiosamente e sem grande alarde se identificar com o famoso (mormente entre os fãs de Bethânia) poema “Aniversário” talvez seja a mais singular.
Não deixou de me causar certo desconforto essa cena. Desconforto, curiosidade e, acima de tudo empatia.
“(o vento lá fora)” é um belíssimo registro que une uma mais que bem vinda visão panorâmica sobre a obra de Fernando Pessoa com a interpretação apurada de duas de suas admiradoras mais célebres desse lado do Atlântico. Tudo isso somado a uma proposta visual baseada na fotografia em preto e branco e enquadramentos fechados que acentuam a proposta intimista do registro e a força das questões colocadas pelos poemas apresentados.
Apesar da opção de repetidos closes em Maria Bethânia ao longo dos primeiros minutos, é d. Cleonice que emerge como a grande personagem do filme, rivalizando com a figura onipresente de Fernando Pessoa, ou melhor, de sua poesia, eixo central da narrativa mais ou menos linear.
No que nos diz respeito mais especificamente - fãs de Bethânia que somos-, é o prazer de rever textos já clássicos em sua discografia tomar novos ares na tela grande. Novas interpretações, textos outrora falados em parte sendo agora apresentados integralmente, poemas divididos… enfim, um deslumbre. Ponto alto nesse sentido é a interpretação conjunta do famoso “Todas as cartas de amor…”: inesperadamente divertida.
Também vale atentar para o início do filme, onde podemos rever Bethânia ao piano tocando a clássica “Le Lac de Come” (procurei um vídeo antigo dela executando essa música ao piano no palco aqui mas não achei, alguém certamente o fará…).
Ao final, resta inconteste a potência interpretativa de Maria Bethânia, a singularidade de sua voz e a força de sua persona. Malgrado a beleza e a autoridade da interpretação de d. Cleonice, a diferença é quase palpável quando a Abelha Rainha abre a boca e, dedo em riste, solta a voz. “Quem ganha é o poema”, palavras da professora, quem há de discutir.
Enfim, o filme é ótimo. Não deve agradar a gregos e troianos, contudo. Nada demais, afinal “A realidade sempre é mais ou menos do que nós queremos”.
Matheus R. Pinto
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29 Sep 16:24
não passarão
by Patricia C.
Levy Fidelix disse hoje, no debate para presidente, em rede nacional, que homossexuais precisam ser tratados longe dele. Bem longe. Tais como os guetos que os nazistas criaram e depois foram mudados para campos de concentração. Choca o discurso de ódio. A ignorância alheia choca muito. "Estamos com 200 milhões de habitantes, se continuar como está, daqui a pouco teremos 100 milhões". Homossexualidade é tipo a peste negra, né? Sai matando todo mundo. Sai convertendo todo mundo. Afinal, você só é hetero porque foi influenciado a ser, imagina os homossexuais influenciando nossas crianças e blablabla. O cara fala isso sem pudor algum em rede nacional. Fala sobre a maioria esmagar a minoria. Desconhece princípios básicos da democracia. Não espanta um cara desses ser candidato. Espanta é ele ter adeptos. Espanta é ter um vizinho que pensa assim, um colega de trabalho, um colega de faculdade, um parente, espanta ir ao médico e no consultório sempre ter uma pessoa falando pejorativamente sobre seres humanos, espanta pegar o ônibus e escutar a conversa da frente. O ódio está por todo lado, em todos os lugares. Conheço muitos Levys, mas não esmoreço. Se querem falar a plenos pulmões essas barbaridades, também terão que me ouvir, todos eles. Que um dia eles serão lembrados como os racistas escravocratas que tratavam o negro igual a um animal. Um dia suas declarações serão mostradas nas escolas. Olha esse homofóbico aqui mandando os homossexuais para guetos, lhes tirando a condição de dignidade humana. E a criança vai olhar e pensar ainda bem que não é mais assim. Somos todos iguais.
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01 Apr 21:52
Comentário da Semana
Do Twitter, lógico:
(Lembrando sempre que Marco também não se chama Bemco, então tá todo mundo no mesmo time)
O post Comentário da Semana apareceu primeiro em Blog Te Dou um Dado?.
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16 Jan 21:48
SUICIDARAM O CARA
by TONY GOES
E agora chega de futilidade porque uma coisa gravíssima aconteceu. Estou falando do adolescente Kaique Augusto Batista dos Santos, assassinado com requintes de crueldade em pleno centro de São Paulo. Quase tão grave quanto esse crime monstruoso é o fato da polícia ter registrado o caso como suicídio. Como é que alguém se suicida arrancando todos os próprios denrtes e enfiando uma barra de ferro na perna? O lado bom dessa barbárie, se é que vai rolar mesmo, é a reação que está em curso nas redes sociais. Já existe a convocação para um protesto nesta sexta, e precisa haver muito mais. No Chile bastou um único crime homofóbico para comover o país e criminalizar a homofobia - sim, o Chile, um país ultracatólico, onde até pouco tempo nem existia o divórcio. Enquanto isto, por aqui, mortes como esta acontecem toda semana, e quase nunca são manchetes. Chega, basta, já deu. Que os animais que torturaram e mataram Kaique sejam presos logo, e que o peso de uma lei antihomofobia caia sobre eles. Só depende de nós.
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05 Dec 22:45
http://oglobo.globo.com/cultura/morre-diretor-ator-dramaturgo-fauzi-arap-aos-75-anos-10978413
Fauzi Arap
by Eduardo Lott
matheus.hist:/
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Em entrevista ao GLOBO, em 2010, Bethânia falou sobre sua relação com Arap:
"Eu era muito mais Marlene que Emilinha (Borba). Isso é nítido de um desejo. Preferia as intérpretes. Essas bandeirinhas começaram a acenar... Mas Fauzi (Arap) foi quem compreendeu que eu não era uma cantora, mas intérprete. O prazer da palavra dita veio com Fauzi... Em 1967, fizemos 'Comigo me desavim'. Caetano já havia musicado o poema e eu já queria algo mais teatral", disse.
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http://oglobo.globo.com/cultura/morre-diretor-ator-dramaturgo-fauzi-arap-aos-75-anos-10978413
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