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21 May 14:18

Os brasileiros safados

by renato renato

Enquanto dez milhões de brasileiros ainda aguardam o processamento de seus pedidos para ter acesso à primeira parcela do auxílio emergencial de R$ 600, o governo identificou que filhos de famílias de classe média (maiores de 18 anos), estudantes universitários, mulheres de empresários e servidores públicos aposentados e seus dependentes receberam o benefício sem ter direito. O grupo se soma a militares que obtiveram indevidamente o benefício.

A irregularidade foi possibilitada pela falta de checagem mais rigorosa dos dados sobre a renda familiar, um dos critérios para ter acesso à ajuda federal. Segundo integrantes do governo, fraudadores omitiram a renda do domicílio no cadastro feito na Caixa Econômica Federal.

A informação não foi checada porque a Dataprev, responsável pelo cruzamento de dados e autorização do pagamento, não utilizou a base de dependentes dos contribuintes que declaram Imposto de Renda (IR) para saber, por exemplo, se o requerente é filho de um servidor público.

Foi analisado apenas o CPF da pessoa e se ela não tinha declarado renda superior a R$ 28,5 mil em 2018, um dos requisitos definidos na lei que criou o benefício.

Assim, o critério de renda familiar de até três salários mínimos (R$ 3.135) ficou prejudicado. Jovens sem renda ou cônjuges que não trabalham, por exemplo, acabaram beneficiados pela falta de cruzamento de dados.

Na semana passada, o Ministério da Defesa já havia identificado que o auxílio havia sido pago indevidamente a 73.242 militares das Forças Armadas. O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou o bloqueio das contas dos beneficiários e o ressarcimento dos valores.

Esse será o mesmo tratamento aos novos fraudadores. A Corte quer ampliar a auditoria que já havia sido aberta para averiguar as irregularidades envolvendo os militares para investigar os demais casos suspeitos.

Especificamente sobre o caso dos militares, o TCU apura se houve a participação de comandantes no sentido de autorizar o cadastramento de recrutas no aplicativo da Caixa para receber o benefício.

Dos militares que receberam ilegalmente, 90% estão na folha de pagamento da Defesa. O valor repassado ilegalmente chegou a R$ 43,9 milhões.

O TCU aguarda ainda um posicionamento do Ministério da Cidadania sobre a identificação de servidores civis de União, estados e municípios que possam ter recebido o auxílio. Segundo um técnico do tribunal, em todos os casos de pagamento indevido, o dinheiro terá que ser devolvido.

O GLOBO

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18 May 13:55

Presidente do Sindicato dos Médicos do RN é desmoralizado por infectologista e entidade da categoria

by Rafael Duarte

O presidente do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte Geraldo Ferreira Filho foi desmoralizado após assinar uma nota em nome de todos os médicos do Estado defendendo o uso da hidroxicloroquina no tratamento precoce de Covid-19. No mesmo comunicado do Sinmed, o anestesiologista afirma ser contrário ao lockdown e a favor do isolamento social apenas para o chamado grupo de risco, o inclui idosos e pacientes com alguma comorbidade.

Em entrevista ao portal AgoraRN em abril de 2019, Ferreira Filho admitiu candidatura à prefeitura de Natal em 2020:

– Medidas como lockdown só servem para encobrir a incapacidade gerencial da administração pública em abrir leitos ou UTIs que vinham sendo ostensivamente fechados e contribuiram para o estado atual que sugere o sistema como lotado”, diz um trecho da nota, política, assinada pelo presidente do Sinmed.

No dia seguinte ao comunicado divulgado pelo Sindicato, o médico infectologista Alexandre Motta gravou um vídeo rebatendo cada um dos argumentos usados por Ferreira Filho, que afirmou inclusive que o Estado falava em colapso mesmo tendo 280 pacientes internados e 7.200 leitos disponíveis.

Motta trabalha na linha de frente no combate a Covid-19, atua no hospital Giselda Trigueiro e usou a ciência para afirmar que não se deve tirar a esperança de nenhum paciente. No entanto, lembrou que não existe eficácia comprovada no uso desse medicamento nos tratamentos. Não há diferença na sobrevida de quem usa nem de quem não usa. O infectadologista chegou a chamar de “desumana” a proposta do presidente do Sindmed:

– Quem defende o tratamento defende para que as pessoas saírem do isolamento e retomar suas atividades normais. Quando elas fazem isso elas se contaminam e contaminam outras pessoas. Isso é desumano porque a contaminação significa mais gente precisando de UTI e, obviamente, mais pessoas morrendo”, disse.

Veja o vídeo completo abaixo:

 

Além do colega infectologista, Geraldo Ferreira Filho recebeu mais críticas da Associação Brasileira de Médicas e Médicos pela Democracia no Rio Grande do Norte. Em nota, a entidade formada por profissionais do Estado repudiou as informações publicadas pelo Sindmed/RN e disse que o conteúdo daquele comunicado não representa o conjunto de médicos e médicas do Rio Grande do Norte.

Leia a nota na íntegra:

A Associação Brasileira de Médicas e Médicos pela Democracia do RN no que se refere à Nota publicada pelo Sindicato dos Médicos do RN, Sinmed em 14 de maio de 2020, tem as seguintes considerações a fazer:

  1. O referido Sindicato extrapolou a sua função natural de órgão reivindicativo, invadindo área específica de uma Sociedade de Especialidade, no que se refere ao tratamento da Covid-19, a de Infectologia. O Sindicato de forma anômala propõe o protocolo terapêutico para uma doença grave sem possuir autoridade ou prerrogativa para tal;
  2. O Sinmed também extrapolou os limites legais da atividade sindical assumindo o papel reservado à autoridade sanitária, que está previsto em lei e é exclusivo do Poder Público, o que poderá (a) levar pessoas à automedicação com substância capaz de provocar efeitos colaterais graves e (b) produzir desrespeito ao Isolamento Social por falsa sensação de segurança numa terapêutica que não conta com protocolo oficial;
  3. O Sinmed faltou com a verdade em relação à questão da disponibilidade de leitos hospitalares, inclusive de Terapia Intensiva, que estão (a) sendo regulados de forma transparente e pública e (b) por haver Chamada Pública pela Secretaria de Estado da Saúde Pública aberta para a contratação de mais leitos para a Covid-19;
  4.  O Sinmed também faltou com a verdade ao relatar que o Estado recebeu milhões para a testagem, quando o Ministério da Saúde tem enviado Kits para teste rápido destinados apenas a populações específicas: profissionais de saúde, de      segurança publica, idosos e seus contactantes e não à testagem em massa, como alegou
  5. A proposição de protocolo terapêutico por entidade não habilitada para tanto além dos demais fatos citados, é flagrante desrespeito aos profissionais médicos já mortos, no RN e no Brasil e à comunidade em geral para com quem a responsabilidade profissional do médico não é opcional, mas obrigatória;
  6. Lamenta a citação de que “a administração pública usa o pânico”, reverberando os ataques de alguns setores da imprensa local, sobre as previsões iniciais de estudos de simulação do comportamento da curva epidêmica, e do número de óbitos, caso não ocorresse a adesão desejada ao isolamento social. Na realidade, a Sesap/RN seguindo as recomendações da Organização Mundial de Saúde, do Ministério da Saúde e de várias instituições científicas nacionais (Fiocruz) e internacionais (London College e John Hopkins), manteve informada a sua população sobre a pandemia, através de uma comunicação de risco e da necessidade de seu envolvimento nesse enfrentamento;
  7. Por fim, constata que o presidente do Sinmed, candidato na última eleição, parece pretender com a nota, que extrapola as funções sindicais e põe em risco a sociedade, ganhar notoriedade político-eleitoral em momento de grave epidemia, quando defende medidas sem evidências e nega ações recomendadas pela OMS. Com essa Nota, estranha às finalidades da instituição que dirige, auferiu uma visibilidade pessoal sem conexão sindical, que pode se justificar por possível finalidade eleitoral;

Nestes termos, a ABMMD-RN repudia com veemência a referida Nota do Sinmed, assinalando à comunidade norte-rio-grandense que seu conteúdo não representa o conjunto dos médicos do nosso Estado.

Associação Brasileira de Médicos e Médicas pela Democracia-RN

Natal 17/05/2020

 

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16 May 13:46

“Covarde”, “cretino”, “nojento”, “imbecil”, “analfabeto” e “primata”

by renato renato
Cuidado Bolsonaro, Artur Virgílio é lutador de Vale Tudo

Arthur Virgílio Neto chamou Jair Bolsonaro de “assassino indireto”, por “incitar as pessoas a saírem às ruas, violando o isolamento social”.

Ele o chamou também, segundo Josias de Souza, de “covarde”, “cretino”, “nojento”, “imbecil”, “analfabeto” e “primata”.

Foi uma resposta à frase que Jair Bolsonaro teria dito no encontro ministerial de 22 de abril:

“Aquele vagabundo do prefeito de Manaus está abrindo cova coletiva para enterrar gente e aumentar o índice da Covid.”

A gravação da reunião é peça central no inquérito no Supremo Tribunal Federal que investiga interferência do presidente na Polícia Federal. Em parte dela, o presidente falou sobre a pandemia de coronavírus.

Arthur Virgílio Neto concluiu:

“Ele tem olho de peixe morto, uma cara assustada, típica de pessoa que não sabe ficar quieta. Não sei que outras moléstias esse sujeito tem além da mental. Mas há algo no seu coração perverso, capaz de tocar em feridas que estão sepultadas.”

O prefeito respondeu à Veja que Bolsonaro não pode fazer ssa referência ao seu pai. “Não pode porque ele não se aproxima na coragem, nem na honradez do meu pai. Meu pai não se metia em rachadinha. É um exemplo. Se ele seguisse o exemplo do meu pai o país não estaria como está agora”, afirmou, emocionado.

“O ídolo dele é o torturador [Carlos Alberto] Brilhante Ustra, de quem eu tenho nojo e asco. Bolsonaro que fique com o Ustra, enquanto eu fico com o meu pai, com Ulysses Guimarães, com tantas pessoas imoladas e que lutaram contra o regime militar. Se Bolsonaro estivesse no Exército e dessem a ele essa oportunidade, ele torturaria. Ele busca memórias que torturam. Ele é um torturador”, disse à Veja, chorando.

Manaus, capital do Amazonas, é a cidade mais atingida pela pandemia de coronavírus, com colapso no sistema de saúde e cerca de 120 enterros por dia.

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16 May 13:28

Alguém está a preparar a escola pública do tempo da Covid19

by Paulo Pedroso
De certeza que alguém está já a preparar o próximo ano lectivo e o Primeiro-Ministro trouxe hoje duas mensagens-chave sobre ele: será em convivência com a Covid19 e obrigará as escolas a uma adaptação de grande dimensão. 
A escola pública não pode transferir-se para casa sob pena de passar de mitigadora a produtora de desigualdades. Não é apenas, embora também seja, a exclusão digital de alguns alunos e famílias ou os problemas tecnológicos com internet, computadores, tablets e telemóveis, gerando uma nova deisgualdade de acesso à educação. Nesse campo, aliás, muitas autarquias estão a fazer um esforço notável. É também a compressão da relação pedagógica que retira na educação a distância muita interação com os alunos, tende a reduzir-se para já à transmissão unilateral de conhecimentos, aumenta a dependência dos pais para os apoios educativos e por isso amplia as desigualdades de oportunidades de sucesso entre crianças e jovens de famílias de diferentes meios sociais. A escola em casa devolve às famílias uma centralidade educativa que aprofunda desigualdades, como bem salientou o Rui Pena Pires .
Sabendo que se espera que tenhamos que conviver com a Covid19 mais dois anos, não podemos continuar em clima de improviso e dependentes da capacidade  de adaptação individual de cada professor e de cada família. Como as escolas não vão aparecer do chão como cogumelos e parece claro que terá que haver menos alunos por sala, redução da frequência de espaços coletivos como as cantinas, horários adaptador a que não haja congestionamento de transportes públicos, assim como haverá professores de grupos de risco que não poderão dar aulas presenciais, não é difícil imaginar que a solução que permita não condenar esta geração à falta de acesso à escola de que necessita vai exigir muito trabalho.
Acresce que temos que nos preparar para períodos de novos confinamentos, com a chegada de novas ondas da pandemia. Há mesmo modelos que antecipam um cenário em que a onda do próximo inverno será mais ampla do que a que já vivemos.
Quem está a preparar os próximos dois anos lectivos está seguramente a pensar nisso. Mas não consigo imaginar que tenhamos sucesso sem novos programas de formação contínua de professores para o desenvolvimento de materiais pedagógicos, para o uso das plataformas e adaptação pedagógica a formação a distância e para a interação pedagógica em formas de ensino blended como as que muito provavelmente nos esperam. Como não consigo acreditar que as escolas possam receber a mesma quantidade de alunos com a mesma carga horária que têm nos curricula atuais. Nem acho, pelo que vejo e ouço, que o improviso atual possa continuar ou esteja a permitir globalmente atingir padrões de qualidade e democraticidade que garantam o cumprimento da missão da escola pública. Teria preferido que se assumisse este trimestre de um modo diferente (ver http://paulopedroso.blogspot.com/2020/05/para-que-uma-emergencia-de-saude-nao-se.html), mas essa questão está ultrapassada.
Não invejo o trabalho de quem está a pensar a escola pública nos próximos dois anos e não transformo a minha ignorância do que esteja a ser feito numa crítica a uma inércia que provavelmente não existe. Posso achar que já se devia saber mais sobre o próximo ano lectivo, contudo, porque a participação é um fator de sucesso em política educativa e para que nos possamos preparar. E continuo convencido que as medidas de planeamento das alterações necessárias não podem circunscrever-se à adaptação de espaços e de reforço das capacidades tecnológicas. Ou seja, espero que os recursos pedagógicos necessários estejam a ser preparados e imagino que as ações de formação necessárias estão na forja.
Ao contrário do que possa parecer, não é cedo para saber que escola pública vai esperar os alunos em setembro e parece-me que todos compreenderão que é uma questão pelo menos de tanta relevância como a da medição das distâncias nos restaurantes. Assim como acredito que compreenderão que não é compatível com declarações de intenções tão do outro mundo como a de definir regras que pressupõem que crianças em creche podem estar lá um dia inteiro sem partilhar brinquedos ou se tocar. É preciso tanta imaginação quanto realismo e nem os peritos da saúde não podem ser prescritorss de medidas inexequíveis nem os da educação podem ignorar que a Covid19 estará connosco por tempo suficiente para se poder tratar o desafio com meros ajustes nas infra-estruturas, distribuição de computadores e fitas adesivas nos pavimentos e nas mesas.
11 May 11:00

Bolsonaros são gastadores de cartões de créditos pago pelo povo

by renato renato

Os gastos com cartão corporativo da Presidência no governo de Jair Bolsonaro dobraram no período que corresponde aos quatro primeiros meses de 2020 em comparação com o mesmo período nos primeiros meses de mandato.

Procurada pela Folha, a Secom afirmou que as despesas são decorrentes, entre outros gastos, do “atendimento da manutenção” e de “eventos na residência presidencial”.

A secretaria disse ainda que o número de familiares de Bolsonaro é maior do que o de seus antecessores, o que “acarreta no incremento de despesas para as atividades, sobretudo as de segurança institucional”.

Com informações de O Antagonista

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09 May 19:32

Imperial College de Londres estima 20 mil infectados por covid-19 no RN

by Bruno Barreto
RN estaria com 20 mil infectados, diz estudo (Foto: reprodução/Internet)

Agora RN

Cerca 20 mil potiguares já devem ter se infectado com o novo coronavírus, aponta uma estimativa divulgada nesta sexta-feira (8) pelo Imperial College de Londres, uma das principais instituições de pesquisa da Inglaterra.
A estimativa do instituto de pesquisa, que abrange os 16 Estados brasileiros com o maior registro de casos da doença até o momento, é de que 4,2 milhões de pessoas estejam contaminadas em todo o Brasil.

Ainda de acordo com o estudo, o Rio Grande do Norte tem 0,56% da população contaminada. A margem de confiabilidade da pesquisa é de 95%. Desta forma, o número de potiguares infectados pode estar entre 14,7 mil e 23,7 mil.

A porcentagem de infectados é a sexta menor do país, ficando atrás do Rio Grande do Sul (0,42%), Bahia (0,4%), Paraná (0,25%), Santa Catarina (0,23%) e Minas Gerais (0,13%).

O Estado do Amazonas está no topo da tabela do Imperial College. A estimativa é de que 10,6% da população amazonense já teve contato com o vírus, o que representa 448 mil pessoas.

A pesquisa do instituto inglês mostra preocupação com a taxa de reprodução do contágio. Os dados apontam que a pandemia continua em aumento exponencial em todos os 16 Estados brasileiros analisados. Segundo os autores, o número de reprodução do Rio Grande do Norte é de 1,18. O número mais alto é observado no Pará, de 1,90.

O Imperial College alerta que a taxa está acima de 1 em todos esses Estados, o que indica que a epidemia ainda não está controlada. O número de reprodução – a medida da intensidade da transmissão – significa que um indivíduo infectado pode infectar três ou quatro outros em média, aponta o estudo.

O Rio Grande do Norte tem 1.821 casos confirmados de Covid-19 e 6.188 suspeitos até esta sexta-feira (8). São 662 pacientes recuperados no estado, segundo a Secretária da Saúde Pública do Rio Grande do Norte (SESAP). A doença causou a morte de 82 pessoas no Estado.

O Imperial College aponta, ainda, mesmo com o atual número de casos confirmados e de mortes, que o Brasil ainda está passa por uma fase incipiente da epidemia. Com isso, afirmam os pesquisadores, que os gestores têm de adotar ações para o controle da infecção. “Embora a epidemia brasileira ainda seja relativamente incipiente em escala nacional, nossos resultados sugerem que ações adicionais são necessárias para limitar a propagação e impedir a sobrecarga do sistema de saúde”, escrevem os autores.

O Imperial College é um dos institutos de pesquisa mais conceituados do mundo em modelagem matemática. A instituição, ainda em março, convenceu o primeiro ministro do Reino Unido, Boris Johnson, de que o isolamento social era a única medida possível para evitar um número catastrófico de mortes no país.

09 May 18:56

Juíza nega pedido de volta às aulas no RN e dá lição em procurador com base na ciência

by Kamila Tuenia

A juíza da 1ª Vara da Fazenda Pública de Natal Patrícia Gondim, em decisão liminar, indeferiu pedido apresentado em Ação Popular pedindo o retorno das aulas na rede pública e privada do Rio Grande do Norte, suspensas por decreto até 31 de maio de 2020.

A ação é de autoria do procurador Kleber Martins de Araújo, que pediu que as atividades fossem retomadas a partir do dia 5 de maio. O Ministério Público Federal, no entanto, divulgou duas notas públicas afirmando que a ação é uma iniciativa de um único procurador, e não condiz com o que defende a instituição MPF, que prega respeito aos decretos estaduais.

Neste momento de análise processual, a magistrada não entendeu que a determinação do Poder Executivo seja lesiva ao patrimônio público e desprovido de motivos que a justifiquem. A decisão, de 7 de maio, rejeita a suspensão imediata da vigência do artigo 2° do decreto Estadual n° 29.634 de 22 de abril de 2020 e indeferiu a tutela de urgência solicitada.

A ação sustentou que a suspensão das atividades escolares presenciais até 31 de maio de 2020 afronta ao Princípio Constitucional da Legalidade nos aspectos da razoabilidade (adequação) e da proporcionalidade (custo x benefício).

A juíza mencionou em sua decisão estudos científicos acerca da pandemia da covid-19 e disse que “os estudos realizados por autoridades no assunto em todo mundo levam a crer que o distanciamento social é a estratégia mais eficiente para retardar a velocidade do Contágio e evitar o colapso do sistema de saúde”.

Um dos argumentos de Kleber Martins foi a alegação de que crianças e adolescentes, por não fazerem parte do grupo de risco do coronavírus, poderiam circular sem maiores riscos de contágio. Para Patrícia Gondim, as crianças podem sim ser infectadas, mesmo que sejam assistomáticas e ampliar o perigo de contágio entre familiares.

Pesquisa

Um estudo realizado na UFRN aponta que, caso as aulas fossem liberadas conforme o pedido do procurador, cerca de 1.100 novos casos – além do previsto para projeções onde o estado segue em restrições de isolamento – seriam confirmados, podendo chegar ao número de 4.200 casos da covid-19 no RN até 5 de junho. Entenda o estudo aqui.

Quanto à alegação do autor da ação, Kleber Martins de Araújo, de que não haveria motivo para prorrogação da suspensão das atividades escolares presenciais sob o fundamento de que as crianças e os adolescentes não integrariam o grupo de risco da Covid-19, é um argumento que não se sustenta, observa a titular da 1ª Vara da Fazenda Pública da capital.

“Os estudos realizados por autoridades no assunto em todo mundo levam a crer que o distanciamento social é a estratégia mais eficiente para retardar a velocidade do Contágio e evitar o colapso do sistema de saúde”, afirma.

Os dados divulgados pelos boletins epidemiológicos da secretaria de Estado de Saúde Pública (Sesap) contradizem os argumentos do procurador. Há casos registrados de contaminação entre crianças e jovens de 0 a 19 anos, além de óbitos registrados em crianças de até 4 anos de idade no Estado.

Em relação ao pedido do procurador, a magistrada esclarece que o perigo maior seria o nivelamento por baixo permitindo que todos os segmentos voltassem às suas atividades normais.

“Não se está aqui menosprezando a necessidade do trabalhador de retomar suas atividades para prover o sustento de sua família. Não há dúvida de que o isolamento social tem afetado negativamente todos os setores da economia, mas deve ser encarado como um mal menor para se evitar um mal maior, que seria o colapso do sistema de saúde ocasionando a perda de incontáveis vidas humanas que não teriam acesso ao tratamento adequado devido a superlotação dos hospitais, UTI e pronto-socorros”, ressaltou a juíza em sua análise.

 

 

 

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05 May 13:15

“Bolsonaro odeia o Exército”: o depoimento de um alto oficial que o conheceu conheceu 30 anos atrás. Por Joaquim de Carvalho

by Joaquim de Carvalho
Bolsonaro

A nota divulgada hoje pelo ministro da Defesa recoloca a relação entre as Forças Armadas e Jair Bolsonaro nos devidos termos —  ou nos termos históricos, considerando que Jair Bolsonaro nunca demonstrou apreço pela Exército, Marinha e Aeronáutica enquanto instituições de Estado, como se verá adiante.

Diz a nota assinada pelo ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva:

Marinha, Exército e Força Aérea são organismos de Estado, que consideram a independência e a harmonia entre os Poderes imprescindíveis para a governabilidade do País.

A liberdade de expressão é requisito fundamental de um País democrático. No entanto, qualquer agressão a profissionais de imprensa é inaceitável.

O Brasil precisa avançar. Enfrentamos uma Pandemia de consequências sanitárias e sociais ainda imprevisíveis, que requer esforço e entendimento de todos.

As Forças Armadas estarão sempre ao lado da lei, da ordem, da democracia e da liberdade. Este é o nosso compromisso.

Foi a resposta da cúpula dos três poderes ao comentário leviano que Bolsonaro fez sobre a posição do Exército, Marinha e Aeronáutica.

“Nós temos o povo ao nosso lado, temos as Forças Armadas ao lado do povo, pela lei, pela ordem, pela liberdade”, afirmou em live neste domingo, durante o ato contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal.

Um alto oficial da reserva de uma das três forças conheceu Bolsonaro em 1990, quando ele era vereador no Rio de Janeiro.

“Jair Bolsonaro odeia o Exército. Posso te garantir que na época que foi afastado e enquanto foi vereador, ele sequer poderia passar na porta de uma organização militar. Sua fama era de arruaceiro, alguém que ousou subverter os pilares do militarismo: disciplina e hierarquia”, disse, em depoimento por escrito que me foi enviado por e-mail.

Naturalmente, o nome desse oficial será mantido em sigilo, mas é necessário dar publicidade a seu depoimento, pois mostra como Bolsonaro emergiu mesmo sendo considerado um “mau militar” —  como disse o general Ernesto Geisel em seu depoimento ao CPDOC/FGV — Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil.

O autor da declaração entrou na Aeronáutica em 1982, para desempenhar atividade na área multiprofissional.

Como determinava a lei, após oito anos, ele deveria passar ao serviço ativo, com estabilidade. Mas, no final do período contratado, houve uma tentativa de mudar a regra do jogo. Segue trecho da carta enviada por ele:

O oitavo ano ocorreu em 1990, no governo Collor. Com a reforma administrativa proposta pelo Collor, lembraram do meu Quadro, e o então Ministro Sócrates Monteiro ofertou 72 cabeças para serem demitidas da Aeronáutica, sem direito algum e sem qualquer motivo. Isto é, poderiam utilizar o sistema de avaliação militar, mas não utilizaram qualquer critério. Lógico que não foram escolhidas as que entraram a mais na época do concurso. Escolheram aquelas que não tinham padrinho, dentre as quais, eu.

Nesta época, eu e outros fomos colocados na rua, literalmente, de um dia para o outro. Dormi militar e acordei civil.

Em decorrência, nosso grupo se reunia com frequência, a fim de escolher um advogado que assumisse o nosso caso, e qual a melhor ação a ser proposta em face da Aeronáutica.

Numa dessas reuniões, ainda em agosto de 1990, no apartamento de um colega, no Rio de Janeiro, fomos surpreendidos pelo porteiro, que no interfone dizia que Jair Bolsonaro estava na portaria para falar com um de nós.  Ele mesmo: Jair Bolsonaro, vereador, estava ali na porta, para oferecer ajuda. 

Ao sermos informados da presença não solicitada, fomos, de pronto, desencorajados pelo “dono da casa”, que nos orientou a dispensar a ajuda de pronto, pois se tratava de um sujeito de péssima fama, que só nos prejudicaria, caso nossa situação estivesse ligada ao nome dele.

Assim, eu e um colega descemos à portaria. Ele estava acompanhado de um advogado que se propunha a ajuizar a ação judicial para que anulasse o ato administrativo que nos colocou fora da FAB. Nós, para nos vermos livre deles dois, dissemos que íamos pensar na proposta ofertada. Posteriormente, eu fui designado pelo grupo para, em nome de todos, agradecer e declinar a ajuda proposta.

Assim, uns dias depois, fui à Câmara Municipal do Rio de Janeiro, para falar com ele. 

Para você ter uma idéia, o que me chamou a atenção foi o paraquedas preso no teto do gabinete dele. A conversa foi breve, mas me lembro que foi raivosa. Jair Bolsonaro odiava o Exército. Todo tempo foi de ressentimento, chegando a dizer que no Exército só tinham covardes.

Acabamos, por fim,  a retornar à FAB, por conta de um mandado de segurança ajuizado no STJ. Portanto, retornei e cheguei ao posto de tenente-coronel, último posto do meu quadro.

Digo tudo isto para que você acredite em alguém que esteve dentro do sistema. Jair Bolsonaro odeia o Exército. Posso te garantir que, na época em que foi afastado e enquanto foi vereador, ele sequer poderia passar na porta de uma organização militar.

Sua fama era de arruaceiro, alguém que ousou subverter os pilares do militarismo: disciplina e hierarquia. 

Basta ver que nenhum dos filhos tentou ingressar numa das academias militares. Por quê? O sobrenome queimado. 

Jair Bolsonaro só conseguiu entrar nas organizações militares após ser eleito deputado federal. Foi devagarinho, se colocando como defensor dos direitos salariais dos militares. 

Para acalmar os comandantes, vez por outra, ofertava alguma coisa para a organização militar, segundo ele, com verba de emendas parlamentares. Na minha organização militar, por exemplo, montou uma sala com equipamentos de ginástica e musculação para pacientes cardíacos.

Assim, em toda festa e passagem de comando, ele aparecia.

Nessas aparições, gostava de se mostrar para os menos graduados. Chegou a pedir  por meio do comando o e-mail de todo efetivo. Tive que bloqueá-lo porque enchia minha caixa de correio com lixo eletrônico.

Não sei se ele pretendia chegar aonde chegou, mas sei que ele se mantinha visível perante à tropa. Também sei que era tolerado porque oferecia alguma benesse, mas sei que, no oficialato superior, era tolerado e tido como um louco que dava alguma vantagem. Sei também que certo era o ódio que nutria por ter sido afastado.

 A história dele no processo que tramitou no STM é notória e é, inclusive, escrita num livro.

.x.x.

Bolsonaro só não foi expulso do Exército por decisão do Superior Tribunal Militar, apesar do voto contundente de um dos ministros, José Luiz Clerot, que analisou o processo e disse que Bolsonaro não poderia continuar no oficialato.

Uma frase de Clerot define bem o que o Brasil vive hoje, com Bolsonaro na Presidência da República:

“Um exame mais aprofundado leva este capitão às profundezas do inferno de Dante.”

05 May 11:24

Solidariedade Literária: Cooperativa Cultural da UFRN lança delivery de livros para escapar da crise

by Kamila Tuênia

A Cooperativa Cultural, localizada no Centro de Convivência da UFRN, em Natal, está disponibilizando o serviço de delivery com obras selecionadas semanalmente.

Cumprindo as recomendações do isolamento social como prevenção a um possível contágio em massa diante do momento de pandemia do Covid-19, a cooperativa encerrou suas atividades presenciais em 23 de março, dando férias coletivas aos funcionários. Logo o fluxo de caixa esgotou-se e a empresa anunciou em suas redes sociais que só teria condições de pagar os salários por um mês.

Para não fechar as portas em meio à pandemia, a Cooperativa iniciou ações de arrecadação e compra remota, pedindo o apoio da comunidade de professores, alunos e servidores da UFRN, além do público externo à universidade.

Para esta semana, 12 obras estão disponíveis para entrega, entre elas Mulheres, Raça e Classe, de Ângela Davis, e O Oráculo da Noite, de Sidarta Ribeiro. Confira os demais livros disponíveis para entrega aqui

Os catálogos semanais são disponibilizados nas redes sociais da Cooperativa Cultural.

Os pedidos são expedidos uma vez por semana e podem ser feitos através do Whatsapp 84 99864-1991.

Além da venda de livros, a cooperativa disponibilizou a compra de vouchers de R$ 100 e R$ 200 reais, que poderão ser trocados por qualquer produto da livraria assim que seu funcionamento volte ao normal. Outras doações também podem ser feitas via transferência bancária.

Dados para doações     

CNPJ Cooperativa Cultural Universitária: 08.391.591/0001-87

Banco do Brasil 001

Agência: 2870-3

Conta: 4055-x

Sicoob Banco 75

Agência: 5177

Conta: 53-1

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04 May 11:50

Supermercado virou o shopping de parte da população (ou, o consumo como “fuga” do isolamento)

by Cefas Carvalho

Segue aqui neste meu espaço das segundas-feiras mais uma crônica tendo como base o que observo e o que leio e ouço de amigos e amigas, sem qualquer base científica. Deixo os números exatos, dados precisos e tabulações aos especialistas, aqui sou um mero observador do mundo à minha volta.

E a observação de hoje tem a ver com supermercados. Ou melhor, com as pessoas nos supermercados. Para ser ainda mais exato, com a postura dessas pessoas. Vamos por partes.

Quando teve início o isolamento social, garantido por decretos estaduais e com aval da OMS e do senso comum,  quase todo mundo – eu, inclusive – correu para os supermercados para garantir, em menor ou maior escala, estoque de ítens essenciais para algumas semanas de confinamento em casa. Em todo o mundo, reportagens abordaram a compra maciça de papel higiênico, que esgotou em quase todos os estabelecimentos. Enfim, era o início do isolamento e ninguém tinha muita noção do que viria em breve.

Observando agora em Natal e região, passados quarenta dias do isolamento, descobrimos quase todos que os estabelecimentos de vendas, sejam os grandes supermercados, sejam os mercadinhos de bairro, não entraram em desabastecimento. Some-se a isso o fato de quem ninguém mais aguenta ficar em casa o dia inteiro e mais o fato de que natal não empilhar corpos (pelo menos não ainda) deu coragem para muita gente sair – com ou sem máscara – e se aventurar um pouco mais nos poucos lugares que estão abertos (shoppings, restaurantes e bares não estão, como se sabe). Esse somatório nos leva ao raciocínio seguinte:

Sem ter onde passear e consumir (shopping centers permitem as duas coisas), parte considerável dos natalenses elegeu os supermercados como válvula de escape. Precisa comprar mantimentos? Sim, o certo é ir ao supermercado. Vontade de andar e passear? Hummm… que tal ir ao supermercado e comprar aquilo que faltou da compra anterior? Bate papo? Experimente as filas dos caixas do supermercado e a seção de frutas e verduras. Lotérica para pagar contas que poderia ser pagas on line? Tem no supermercado.

Enfim, o supermercado substituiu o shopping center e de quebra virou terapia individual e coletiva.

E isso explica porque eles estão sempre lotados, a julgar pelo que amigos e amigas dizem e mostram em grupos de Zap e postagens em redes sociais.

Nas últimas duas vezes que fui a supermercado – Supercoop e Favorito, ambos na Avenida Ayrton Senna – em duas semanas, testemunhei exatamente isso: lotação, pessoas querendo bater papo em fila e nas seções, pouco respeito a distanciamento e gente andando pelos corredores no estabelecimento que mais parecia estar espairecendo do que propriamente escolhendo produtos, como se não houvesse amanhã (e, neste  diapasão, talvez não haja!).

Não pretendo ser a cassandra ou o crítico azedo de tudo, eu mesmo quando saio – coisa rara – aproveito ao máximo cada minuto, a sensação inevitável, é de querer ficar um pouco mais.

Porém, essa construção coletiva de que podemos todos substituir shoppings e passeios de consumo por supermercados, poderá se tornar apenas uma política de “cobrir um santo para descobrir outro”.

Percebo os donos dos estabelecimentos preocupados em seguir as diretrizes do decreto do Governo do RN e as normas de bom senso da OMS; Caixas estão protegidas por vidros, álcool em gel à disposição dos clientes, cartazes indicados as normas básicas de segurança.

O problema está mesmo é na população, nas pessoas que vão lá (muitas com a intenção aqui listada, mais de “desopilar” do que de fazer compras). E, eu iria ainda além, de forma totalmente empírica e pessoal: o problema está muito concentrado naquele velho e ultra-citado perfil, o do homem-branco-hétero-cinquentão-classe média, que se acha imune a tudo e quer opinar sobre tudo em qualquer lugar e em qualquer hora. Esse foi meu tema aqui na coluna na segunda-feira passada. Esse perfil, que é quem mais anda sem máscara ainda, na minha percepção, é quem dificulta ainda mais a situação em uma fase delicada para todo mundo.

Estamos todos entre o medo e o tédio, a desesperança e a necessidade de achar soluções para o problema. Mas, não é se arriscando e arriscando o coletivo que sairemos dessa.

 

 

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03 May 11:58

Glênio Sá, 70 anos: o legado de coragem do único potiguar a lutar na Guerrilha do Araguaia

by Rafael Duarte

Sempre que o ritual no Dia de Finados terminava, Maria de Fátima Beserra de Sá parava na porta do cemitério para entreter os filhos enquanto a avó das crianças voltava até a sepultura para recolher algo que havia esquecido. Uma cena aparentemente comum que, aos poucos, passou a chamar a atenção. Os pequenos Gilson e Jana só começaram a achar estranho quando perceberam que o esquecimento virou hábito. Os irmãos não entendiam porque toda vez que iam ao cemitério a avó ou a mãe voltavam para pegar algo que haviam deixado para trás.

Questionadas pelos meninos sobre o que iam buscar, Neusa e Fátima desconversavam. Somente muitos anos depois, já adolescentes, Gilson e Jana descobriram que as cartinhas que escreviam à mão para o pai e deixavam sobre o túmulo, na esperança que ele lesse e enviasse resposta, estavam todas guardadas como documentos de um período difícil marcado pela força, dedicação e a coragem que o pai, o marido, o filho, o irmão, o líder comunista e o guerrilheiro Glênio Sá deixou como herança.

Na quinta-feira, 30 de abril, Glênio Fernandes de Sá completaria 70 anos de idade não fosse uma tragédia. Em 26 de julho de 1990, o fusca onde ele estava com mais três pessoas bateu de frente com um Opala, de placa fria adulterada. O motorista do Opala fugiu sem prestar socorro e nunca foi encontrado. O relógio marcava 15h40. Os passageiros retornavam para Natal depois de uma atividade de campanha no interior do Rio Grande do Norte. Morreram Glênio Sá e Alírio Guerra, dois dos principais dirigentes do PCdoB no Rio Grande do Norte que, naquele ano, disputariam uma vaga no Senado e na Câmara dos Deputados, respectivamente. Entre os sobreviventes, o dirigente municipal do PCdoB em Santa Cruz Valdo Teodósio e Antenor Roberto, atual vice-governador do Estado potiguar. O velório e o sepultamento marcaram um dos dias mais tristes da cidade. Os jornais registraram que mais de cinco mil pessoas foram se despedir dos comunistas.

“Se tiver papel e lápis escreva para mim, Gilsinho e mainha. Amarre numa estrelinha e jogue para mim”

A notícia da tragédia correu o Brasil. Glênio Sá era um dos nove sobreviventes da Guerrilha do Araguaia e único potiguar a participar da principal experiência de luta armada no país durante a ditadura militar que reuniu quase 70 pessoas. Natural de Caraúbas (RN) e caçula numa família de sete irmãos, sendo cinco homens e duas mulheres, morreu aos 40 anos de idade e ainda hoje é lembrado com carinho, emoção e reverência. Formado em Geologia na UFRN, passou os últimos anos de vida dedicado de corpo e alma à reconstrução do PCdoB no Rio Grande do Norte.

Coragem, força e dedicação são três palavras recorrentes que aparecem nos depoimentos de todas as pessoas com quem a agência Saiba Mais conversou durante o processo de produção desta reportagem. Predicados cultivados durante uma trajetória marcada pela luta em defesa da democracia e das causas sociais num país que briga contra sua verdadeira história e não está no retrato oficial.

Em ato pró-Lula em 1989, em Caicó (foto: acervo de família)

Glênio foi guerrilheiro, comunista, militante, preso, torturado e brigou pela própria liberdade. Resistiu, insistiu, amou, foi amado e segue vivo na memória das pessoas que passaram de alguma forma pela vida dele. Hoje, 30 anos depois da tragédia, o nome dele está gravado nas placas do Centro Cultural de Caraúbas, de ruas em Natal, Mossoró e Campinas (SP), além de batizar o auditório do PCdoB em Natal e um assentamento no município onde nasceu. No entanto, mais do que registros na parede ou vias públicas, as marcas de Glênio Sá ficaram na memória e também no coração de quem o conheceu:

– As pessoas têm uma visão equivocada do que era ser comunista, ele foge muito a esse estereótipo. Era afável, solidário, paciente, amigo, capaz de resolver qualquer divergência. Se perguntar para qualquer pessoa era isso. Então todos os anos é bem difícil para mim. Data de aniversário a gente comemorava em casa, com a família”, diz a viúva Fátima Sá, que vê nos filhos a semente germinada:

– A saudade é grande, muito grande. Cada um (dos filhos) encarou de um jeito. Vejo Glênio nos gestos de Gilson e Jana, constantemente”, conta.

Ficaram a companheira de vida Fátima, o primogênito Gilson e a caçula Jana. O destino não lhe deu mais tempo para conhecer Beatriz, a neta mais velha, e Manuela, a mais nova herdeira da família. Alguns rituais passaram dos filhos para os netos. O hino A Internacional que embalou os sonhos de Gilson e Jana, já fez Bia dormir e hoje soa como caixinha de música aos ouvidos da pequena Manu, de apenas um ano.

Sem a presença física da principal referência, mãe e filhos se uniram ainda mais no aperto e transformaram a memória de Glênio num campo de força que há três décadas os protege:

– Ficou o exemplo de humanidade, de uma pessoa que pensava no outro, altruísta. Meu pai foi um exemplo mesmo. Ele não era um comunista para o lado de fora, era assim que ele agia. E não era uma coisa fácil. Uma palavra que o define é coragem. Foi uma pessoa que deu a vida por uma causa. Não é para todo mundo”, destaca Gilson, o filho mais velho, que tinha 9 anos na época da tragédia, e lembra das primeiras palavras da mãe ao relatar o ocorrido:

– Cada um teve uma reação diferente pelo impacto. Jana teve uma retração, o que influenciou na forma dela encarar a vida. A primeira coisa que minha mãe falou foi se eu compreendia o que tinha acontecido e minha maior preocupação foi com Jana. Não sei se devido à criação, mas a gente nunca brigou. Talvez pelas dificuldades que a gente passou… já éramos bem pobres, ficamos numa situação muito ruim de vida e tivemos que nos ajudar ainda mais”, lembra.

Família contesta versão do “acidente”

A versão oficial do “acidente” nunca foi aceita pela família. Os arquivos abertos da ditadura militar em 2014 mostraram que as dúvidas sobre a causa da morte do ex-guerrilheiro mereciam, pelo menos, uma investigação mais aprofundada: documentos oficiais do Serviço Nacional de Inteligência revelaram que o comunista foi vigiado pelos militares pelo menos até 1989, uma década após a promulgação da lei da Anistia. Quatro meses antes da tragédia, Glênio participou de um evento em Natal em que citou nominalmente todos os agentes da repressão que o torturaram enquanto esteve na prisão:

– Era o Comitê em Defesa da Vida, na sede da OAB, estava lotado. Glênio se levanta e faz um desabafo, cita os principais torturadores. No final, na saída, eu disse: “Glênio, como você faz uma coisa dessa, citar o nome dos torturadores…”. E ele dizia que não iria mais acontecer nada, achava que não tinha mais ninguém. Mas quando ele sai da prisão, já sai jurado. E depois soubemos que ele foi vigiado 10 anos depois da lei da Anistia, a placa do Opala que bateu no carro dele era fria, de São Paulo… havia divergência no laudo da polícia”, recorda a companheira Fátima.

Além da perseguição e vigilância admitidas pelo próprio Estado, um fato ocorrido um dia após a tragédia reforça as suspeitas. A casa onde moravam Fátima, Gilson e Jana foi assaltava e os bandidos só roubaram documentos e livros de Glênio, além dos álbuns de fotografia da família.

Caçula, Jana tinha apenas seis anos de idade quando perdeu o pai. Das lembranças físicas, só restou uma única fotografia em que aparece ao lado de Glênio. Por sorte, a imagem não estava na caixa dos álbuns roubados. Nos últimos 30 anos, Jana se dedicou a lutar para preservar a memória do pai e se reinventou para constituí-lo no imaginário:

– Preenchi esse vazio com depoimentos de mainha, do meu irmão, de amigos, de parentes, além de leitura dos livros e documentos que ele deixou. Isso sempre me fez sentir mais próximo de painho, me ajudou a construir um ideal que eu pudesse de certa forma me espelhar. E o que eu ouço dessas pessoas é que os grandes traços dele eram a paciência e a amorosidade, características que seguiram com ele mesmo após os anos em que permaneceu preso, quando foi barbaramente torturado. Então, a imagem que tenho é de alguém que aprendeu a superar as dificuldades na vivência do sofrimento e que internalizou isso como lição de vida”, destaca a filha mais nova.

Jana ao lado de Glênio, Raimunda (avó) e Gilson: única imagem com o pai (foto: acervo pessoal)

Jana Sá assumiu papel político semelhante ao que o pai desempenhava. Ocupa espaço na direção estadual do PCdoB, dedicou-se à reorganização do Partido e tem uma visão humanista da política. Das características que herdou, cita o amor pelo mar, a impaciência nas pernas e admite que a militância política foi um caminho natural e inspirador:

– Seguir seu caminho na militância política, na direção do PCdoB, na luta que precisa ser permanente pelas liberdades democráticas, pelo direito dos trabalhadores, (semelhança) ao me indignar frente à qualquer tipo de injustiça, e na luta pelo direito à memória e à verdade, condições imprescindíveis para estabelecer a conciliação e a paz que nosso país tanto precisa hoje. Além, é claro, a disposição para seguir o caminho da luta”, reforça.

Sobre a imagem definitiva que guarda do pai, é direta:

– Quando penso no meu pai vem a imagem dele sorrindo e feliz”, diz.

Em família: um comunista que amava o mar, os bichos e encantado com a natureza

Glênio e Fátima: cumplicidade e amor eterno desde 1979 (foto: acervo da família)

Glênio e Fátima se casaram em 1979, quando o país ensaiava a transição lenta e gradual da ditadura para a democracia. O comunista sempre abriu o passado em relação às lutas do movimento estudantil em Fortaleza, a participação na Guerrilha, a prisão e as torturas. E Fátima logo percebeu que o período de violência havia deixado sequelas. As costas de Glênio, por exemplo, eram marcadas com cigarros, marcas das torturas:

– Desde que começamos a namorar notava ele sempre assustado. Achava Glênio tão bonito, mas tinha medo também no início e ele logo me contou toda a história. Em casa, falava sobre tudo isso. Como tinha sido, o que havia passado. A gente sabia que estava sendo seguido. Uma vez Glênio viajou a São Paulo e um cara bateu na porta perguntando por ele. Eu disse que ele não estava e o rapaz: “não está ou está viajando?”. Falei que como ele sabia mais do que eu que ele aguardasse. Às vezes quando saía de casa e voltava tinha gente escorado no portão em frente”, relata.

Fátima se tornou militante pela convivência com o marido. E apesar da dedicação de Glênio ao PCdoB, nunca se queixou da ausência dele nem em relação aos filhos:

– Ele era muito amoroso com os meninos, comigo. Em alguns finais de semana íamos para uma casa na praia de Zumbi, ele adorava o mar, colocava os meninos para dormir cantando a Internacional”, diz.

Nas lembranças de Gilson, o pai sonhava em criar cachorro, gato e galinha em casa

Nas lembranças de Gilson, o pai mirava o futuro e sonhava em morar com a família numa casa onde pudesse criar animais em liberdade, como cachorros, gatos e galinhas. Sobre a experiência no Araguaia, Fátima lembra que pelos relatos do marido, a beleza natural da região lhe chamou a atenção:

– Me relatou muito bem a beleza do Araguaia que viu descendo de barco, lembrou que balançava muito. Ficava feliz falando mata…”, recorda

Sobre o legado deixado pelo marido, ressalta a disposição e as experiências que conseguiu transmitir para quem conviveu com ele:

– Glênio deixou como legado a coerência, de abnegação, de coragem e a disposição de reconstruir o PCdoB. É referência para os nossos filhos, sua luta. Acho que as pessoas que conviveram com ele sentem isso”, afirma.

Irmãos comunistas, pai conservador e o lendário apartamento 115

Família em Caraúbas (RN): Glênio é o primeiro da ponta (dir)

Glênio era o caçula de uma família de sete irmãos. Os cinco homens eram comunistas, criados por uma mãe católica fervorosa e um pai tradicional de direita que apoiava um dos políticos mais conservadores da história do Rio Grande do Norte, o ex-senador Dinarte Mariz, ligado ao militares durante a ditadura. Para entender como os ideias de esquerda entraram na casa do seo Epitácio Martins Fernandes de Sá é preciso voltar no tempo, até a Caraúbas dos anos 1940, quando um vendedor de queijo chamado João do Açu atravessou a vida de Gilberto, o primogênito da casa.

Além de vender queijo, João do Açu tinha outras qualidades, o que acabaram despertando a curiosidade do garoto:

– Em Caraúbas tinha o João do Açu, comunista da linha ortodoxa. Ele vendia queijo e a gente conversava. Me apresentou uns textos, indicou livros, era bem simples. E depois fui estudar em João Pessoa e tentava entender a questão do partido”, conta Gilberto, hoje professor aposentado da Universidade Federal de Pernambuco.

Gilberto foi atrás de mais informações para entender a mensagem do comunista João do Açu e acabou influenciando os quatro irmãos. Resultado: três dos cinco irmãos comunistas – Glênio, Gil e Epitácio – foram presos e torturados num determinado tempo da história. Só Gilson e Gilberto conseguiram escapar da ditadura.

Nos anos 1960, já morando em Fortaleza (CE), ajudou a fundar o PCdoB na capital cearense. Lá, dividiu apartamento com outros dois irmãos: Gil e o próprio Glênio, que chegou em 1968.

Parte dessa experiência, Glênio deixou registrada em “Araguaia, relato de um guerrilheiro”, escrito sem maiores pretensões a pedido de uma dirigente do PCdoB e que acabou virando um livro lançado em dezembro de 1990, após a morte dele.

A obra é dividida em sete capítulos: Os Precedentes, No Gameleira, Na Guerrilha, Dentro da Mata, A Traição, A Prisão e A Liberdade.

A obra é de fato um registro histórico. O potiguar começa falando sobre o início no movimento estudantil, o que o motivou a se engajar na luta armada e as principais recordações do período em que viveu outra vida mata adentro no sul do Pará:

– Dois anos após o golpe militar de 1º de abril de 1964, comecei o meu engajamento na ação política oposicionista, quando ainda fazia o curso ginasial, em Mossoró, maior cidade interiorana do Rio Grande do Norte. Em 1968, já em Fortaleza, participava ativamente do movimento estudantil secundarista quando ingressei nas fileiras do PCdoB. Na época já tinha lido algumas obras de Marx e de Lenin e a entrada no partido foi a concretização da minha entrada militante”, relata já na abertura do livro.

Gilberto, Gil e Glênio moraram juntos com outros amigos no mítico apartamento 115, da rua Clarindo Queiroz, em Fortaleza.

O apartamento era uma espécie de célula comunista onde, além das reuniões políticas, se debatia cultura, especialmente literatura e cinema. Eram tempos embalados por Chico Buarque, Edu Lobo e Geraldo Vandré. No cinema, a turma do Cinema Novo – Gláuber Rocha, Nelson Pereira dos Santos e Sérgio Ricardo – estava sempre na pauta:

– Eu tinha todos os discos da editora Elenco, dirigida pelo Aluísio de Oliveira, que lançou o pessoal da Bossa Nova. O apartamento 115 virou uma referência. Lembro da gente discutindo o filme Hiroshima mon amour, que era um filme político, mas também tinha um romance. Era no apartamento que as pessoas terminavam as reuniões e discutiam cultura”, lembra Gil.

Apesar de mais velho que o irmão, Gil passou a admirar o caçula e acompanhou toda a trajetória de Glênio. Ele cita a coragem como característica que mais lhe saltava aos olhos:

– Por onde Glênio passou, todos o viam como uma referência séria. Era muito afável, muito amado, muito determinado, responsável. Eu cheguei a dizer a ele: “eu queria ter a coragem que você tem”. Foi um exemplo para nós, um exemplo de desprendimento. A vida de Glênio era alimentada por sonhos libertários. Era um sonhador forte. Morreu seguindo esses princípios, lutou contra a injustiça social”, relata.

Pergunto como seo Epitácio lidava com tantos comunistas sendo ele um homem de princípios conservadores e Gil lembra de uma cena com o pai que lhe marcou. De volta a Caraúbas para uma visita, os dois sentaram na sala, ligaram a televisão e assistiram o telejornal informar sobre a morte do ex-delegado da Polícia Federal e conhecido torturador do DOPS Laudelino Coelho. A reação do pai confortou o filho:

– Quando meu pai viu a notícia falou na hora: “Mais um para o inferno”. Acho que foi uma forma dele se solidarizar comigo sem maiores explicações. Só disse aquilo: “Mais um para o inferno”. Pra mim, bastou”, diz.

No Araguaia, o relato de um guerrilheiro

A Guerrilha do Araguaia durou de 1969 a 1976 e era formada basicamente por estudantes secundaristas, universitários, operários e profissionais liberais. Todos sob o comando do ex-militar do Exército Osvaldo Orlando da Costa, o Osvaldão, e do comandante máximo Maurício Grabois.

Na época, Glênio Sá era estudante e desde 1968 morava em Fortaleza com  Gil e Gilberto. Antes de partir para o Araguaia, Glênio já tinha sido preso duas vezes, ambas no Crato (CE), em atividades políticas de panfletagem. Quando decidiu ingressar na luta armada, a opção não era consensual nem mesmo entre os irmãos comunistas. Gilberto, por exemplo, era contra. Mas nunca impediu o caçula de fazer o que queria:

– Antes de Glênio ir para o Araguaia ele passou lá em casa, eu já morava em São Paulo e não concordava com a luta armada. Mas a gente nunca divergia, não discutia, sempre nos respeitamos muito. E não é também porque eu não achava certo que não ajudei. Dei força, era aquilo que ele queria”, recorda o mais velho.

Muitas das razões que levaram Glênio Sá à Guerrilha do Araguaia estão no documento “Guerra Popular, Caminho para a Luta Armada no Brasil”, lançado pelo PCdoB na segunda metade dos anos 1960. Era o incentivo que o estudante potiguar precisava:

Um documento do PCdoB intitulado “Guerra Popular, Caminho para a Luta Armada no Brasil” incentivou-me a sair à procura do que existia de concreto sobre a preparação dos comunistas para a luta armada. Solicitei o meu deslocamento para o campo, usando como argumento minha origem sertaneja”, escreveu.

Fotos com os desaparecidos políticos da Guerrilha do Araguaia

Sem informações sobre o paradeiro do caçula, os irmãos achavam que Glênio não tinha escapado com vida do Araguaia. Mas o destino tinha outros planos para a família Sá. Quando estava na Papuda, presídio de Brasília (DF), Glênio percebeu na cela ao lado a chegada de um novo preso. O rapaz era acusado de contrabando. No livro, o comunista potiguar descreve a cena:

– Estava nu porque tinha lavado e estendido sua única roupa. Ia ser transferido para uma cadeia no interior de Goiás e queria ver a família a limpo. Conversamos muito também e ele ficou muito comovido com a minha situação. Pedi-lhe para levar um recado para a minha família, quando fosse embora. Ele se prontificou imediatamente dizendo que ia pedir à filha para escrever para os meus parentes. Resolvi escrever o endereço da minha casa numa ponta de jornal. Pus o papel bem dobrado no bolsinho da minha bermuda. Chamei o carcereiro protestante e disse: “Meu vizinho está com frio. Leva essa bermuda pra ele”. Passou tranquilo, sem inspeção. Na manhã seguinte levaram meu amigo prisioneiro embora. Fiquei pensando se ele era mesmo um prisioneiro comum”, relatou.  

O que parecia o roteiro de um filme de ficção virou realidade. A carta chegou em Caraúbas, na farmácia da família Sá, enviada por Divina, a filha do prisioneiro da Papuda. Embora os cinco filhos de Epitácio fossem comunistas, o patriarca seguia a política da velha UDN, partido que dava sustentação à ditadura militar. No Rio Grande do Norte, Epitácio mantinha ligações políticas com Dinarte Mariz. E foi a ele que o pai de Glênio recorreu para libertar o filho caçula.

Gilberto, o filho mais velho e responsável por recrutar todos os irmãos homens para as fileiras do PCdoB, foi o escolhido pelo pai para tirar o irmão da cadeia. E o primogênito assumiu as rédeas, colocou o orgulho de lado, passou a ser o interlocutor da família com Dinarte Mariz e foi até o irmão. Glênio já estava num presídio do Rio de Janeiro e narrou emocionado o reencontro:

– Um ano e um mês completaram-se desde que eu fora preso. Um belo dia, um oficial acompanhado por vários soldados armados, abriu a porta da minha cela e me convidou a sair. Pela primeira vez sem algemas e sem capuz. Levaram-me, por umas escadas, a um corredor imenso. A uns cem metros de mim avistei um homem de paletó. Quando me aproximei, uma surpresa agradável: era meu irmão Gilberto. Foi um abraço muito forte e cheio de emoção. Levaram-nos para uma sala. Meu irmão estava meio constrangido com tanto cerco e nós só tínhamos 15 minutos. Começou a contar as novidades, dizendo que trazia saudades de todos. Estava vindo do Ceará, onde era professor universitário e que a filha do meu amigo prisioneiro goiano tinha mesmo mandado a carta para nossos pais; que o Exército tinha negado minha passagem pela PE de Brasília; que papai estava tentando convencer um amigo seu do Exército a interceder por mim e tinha conseguido aquela visita, etc. Me deu comida e dinheiro e disse que papai viria em seguida me visitar e queria saber do que eu estava precisando. Deu ainda a triste notícia de que nosso irmão Gilson morreram afogado e choramos os dois, emocionados. Não tinha mais clima para conversar e o nosso tempo se esgotou”, escreveu.

Citado no livro, Gilson trabalhava na construção da Transamazônica e durante uma travessia pelo rio Amazonas o barco em que estava naufragou. Mesmo sabendo nadar, acabou morrendo afogado. Mais tarde, como homenagem, Glênio deu o nome do irmão ao primeiro filho.

Gilberto e o pai acionaram quem conseguiram para tentar libertar Glênio. Dinarte Mariz abriu alguns caminhos, mas chegou a um dado momento em que admitiu que não poderia ir mais adiante. Na época, o ex-governador do Maranhão Vitorino Freire era ainda mais ligado aos militares e também foi acionado. Assim como o arcebispo Dom Eugênio Sales e outros persongens entre comandantes, generais e militares de outras patentes.

– Era a vida de Glênio, então valia tudo. Na primeira vez que fui ao presídio me disseram que era mentira, que ele não estava lá. Na saída, um cabo que ouviu a conversa me garantiu que tinha visto Glênio ser torturado no dia anterior. Foi quando voltei a Dinarte Mariz, que ligou para um comandante na minha frente pedindo informações sobre o “menino de Epitácio”. Só então consegui me encontrar com ele, como está relatado no livro. Mas depois foi mais um tempo para tirá-lo de lá, o que só conseguimos com a ajuda dos advogados Marcelo Cerqueira, que era meu amigo dos tempos da UNE, e a doutora Eny Moreira, que hospedou Glênio logo que saiu da prisão”, conta.

No apartamento do Rio de Janeiro da advogada Eny Moreira, o reencontro entre Glênio, Gilberto e Gil, que morava em São Paulo e foi voando para o Rio, aconteceu:

– Indescritível a alegria que a gente tem ao reencontrar quem a gente tanto queria e ver que ele está bem. E foi aquele abraço, uma alegria incontida”, lembra Gil.

Glênio relata no livro sua maior saudade, na volta para o Nordeste:

– Cerca de 15 familiares me aguardavam no aeroporto. Apesar da alegria grande em revê-los, após mais de quatro anos de ausência, não seria ainda ali que mataria minha maior saudade. Fui para Caraúbas, interior do Rio Grande do Norte, meu ponto de partida, para abraçar e beijar minha querida mãe que me esperava tão ansiosa”, conta.

Reconstrução do PCdoB começa pela universidade

Glênio Sá discursa durante campanha para o DCE da UFRN, em 1979 (foto: acervo da família)

Glênio Sá liderou o processo de reconstrução do PCdoB no Rio Grande do Norte ainda em meio à clandestinidade durante a ditadura militar. Já em liberdade, e de volta a Natal em 1974, o comunista foi buscar na universidade parte da militância que cerraria as fileiras do Partido a partir dali. Dois anos após sair da cadeia, Glênio é aprovado no vestibular da UFRN e inicia o curso de Geologia ao mesmo tempo em que começa a mobilização e recrutamento de estudantes universitários.

Recém-chegado do Rio de Janeiro, o jovem Christian Vasconcelos vinha influenciado pelas ideias do Movimento de Emancipação do Proletariado, uma organização clandestina de esquerda e de orientação Marxista com atuação no Brasil nos anos 1970 e 1980. O encontro com Glênio, no entanto, mudou os rumos da trajetória político-partidária do estudante carioca de apenas 18 anos.

A diferença de idade entre Christian e Glênio Sá era de oito anos. E em pouco tempo, a relação político passou a ser fraternal. Durante o tempo em que conviveu com o ex-guerrilheiro, que passou a colega de curso e “irmão mais velho”, Vasconcelos cita a humanidade e simplicidade como marcas que permanecem nas boas lembranças:

– Glênio era o meu irmão mais velho. Eu tinha 18 anos, estava chegando do Rio transferido da Universidade Federal Rural e vinha influenciado pela corrente Movimento Emancipação do Proletariado. O conheci como colega de curso, ele um ano à minha frente. Foi a figura mais humana que eu conheci na vida. A gente fica imaginando que pessoas como Glênio são seres extraordinários, mas na verdade são pessoas comuns, simples como a gente. E me dá mais orgulho ainda de estar onde estou, de fazer parte de tudo o que fiz na minha vida tendo Glênio como espelho”, diz.

A capacidade que Glênio tinha de ouvir o outro e de assimilar as divergências é citada por vários colegas e amigos que conviveram com o comunista. Christian lembra que mesmo em assembleias acirradas durante o movimento estudantil ou dentro do próprio PCdoB, Glênio abria mão de falar e até de defender um posicionamento.

– Glênio era muito firme na defesa dos pontos de vista quando estava convencido, e tinha uma capacidade de ouvir muito grande, foi uma referência para muita gente. Lembro de ouví-lo falar uma vez: “se eu não estiver convencido de uma matéria, não vou defender”, o que demonstra que ele não era arrogante, abria mão muitas vezes, reconhecia erros”, lembra.

Glênio Sá foi o condutor da reorganização do PCdoB no Rio Grande do Norte (foto: acervo de família)

Com o processo de abertura política iniciado pelos militares após a pressão das ruas, o movimento estudantil virou um barril de pólvora na luta pela redemocratização do país. E dentro das universidades, a pressão também aumentou para que as direções dos centros e diretórios acadêmicos, além dos diretórios centrais, fossem escolhidas de forma direta pela comunidade.

O estudante de Geologia Glênio Sá era um dos líderes do processo que reivindicava eleições diretas na UFRN. Pressionada, a reitoria cedeu e, em 1979, Glênio é eleito presidente do Diretório Acadêmico do Centro de Ciências Exatas.

A primeira diretoria eleita do CCE tinha outros nomes que ao longo dos anos se transformaram em referência na política norte riograndense. Um deles, recém-chegado do interior de Minas Gerais, também foi recrutado e cativado pelo olhar e a retórica do comunista.

Embora Glênio não tenha conseguido levar aquele colega para o PCdoB, o comunista também virou espelho para ele. Na hora de definir a filiação partidária, o estudante de Geologia Fernando Mineiro optou por contribuir com a fundação de um partido novo, o Partido dos Trabalhadores. Mas a partir dali selou uma relação de admiração e afeto com o líder comunista:

– O Glênio que me recrutou para o movimento estudantil. Foi ele que indicou meu nome para compor a chapa da primeira eleição direta para o DCE, no final de 1979, como representante do Centro de Ciências Exatas. Ali eu comecei a fazer a militância estudantil por isso digo que o Glênio foi o responsável pela minha entrada no movimento”, conta.

Primeiro vereador do PT eleito em Natal e deputado estadual por quatro mandatos consecutivos, Mineiro destaca que, embora em partidos diferentes, ele e Glênio sempre se respeitaram:

– Sempre tivemos uma relação de muito respeito, ele tinha uma capacidade rara de respeitar as divergências e as visões diferentes. Ele era do PCdoB, eu fui para o PT, mas nunca tivemos uma desavença. Glênio teve um papel muito importante na minha vida, foi uma referência para mim”, afirmou.

Coordenador do Centro em Direitos Humanos e Memória Popular, Roberto Monte reúne um dos maiores acervos do movimento político do país com personagens e fatos históricos a partir dos anos 1950, com foco no Rio Grande do Norte. As imagens em vídeo de Glênio em discursos disponíveis hoje na internet foram captadas por Monte e ativista Marize Monte. Para ele, a morte de Glênio Sá e Alírio Guerra foram perdas não só para o PCdoB, mas para toda a esquerda:

– Não é porque a pessoa morre que você vai falar bem, mas Glênio era um cara muito sério. Ainda jovem foi para a guerrilha. E o lance não foi nem ele ter participado, mas escapado do Araguaia. Depois que saiu já entrou na luta pelo processo de redemocratização do país. A morte dele foi traumática porque aconteceu num momento barra pesada. Glênio e Alírio eram os dois grandes dirigentes do PCdoB no Estado, as grandes referências. Ficou só o segundo escalão”, diz.

Filme vai mostrar que comunista potiguar foi perseguido mesmo depois da ditadura

Jana Sá foi selecionada no edital da Fundação José Augusto e fará documentário reconstituindo a morte do pai

A família de Glênio Sá nunca aceitou a versão oficial de que a morte do ex-guerrilheiro foi um acidente. Documentos obtidos após a abertura dos arquivos da ditadura militar em 2014 pelo governo Dilma Rousseff mostram que o comunista potiguar foi vigiado e perseguido mesmo 10 anos após a promulgação da lei da Anistia.

A certidão em que o Estado brasileiro reconhece que cometeu um crime é uma das provas que familiares de Glênio vêm reunindo ao longos dos anos. A placa fria do Opala que colidiu com o fusca onde estavam os dirigentes comunistas aliado ao fato de que o motorista fugiu e nunca mais foi encontrado reforçam a tese de assassinato.

Alguns fatos “estranhos” também marcaram o período após a morte do ex-guerrilheiro. Um dia após a tragédia, a casa da viúva Maria de Fátima Sá foi assaltada, mas os bandidos só levaram documentos e livros de Glênio, além dos álbuns fotográficos com memórias e lembranças do comunista.

Outro indício forte de que o acidente pode ter sido forjado está no depoimento do ex-delegado do DOPS Cláudio Guerra, publicado em 2012, no livro “Memórias de uma Guerra Suja”. Na obra, Guerra não cita o nome de Glênio Sá, mas faz referência a uma morte encomendada por agentes da ditadura militar no final dos anos 1980, numa cidade do interior da região Nordeste. Esse assassinato, ainda segundo Guerra, teria sido forjado com sucesso num acidente de carro e vitimado um político comunista. Na época, Glênio Sá era candidato ao Senado pelo PCdoB e o “acidente” ocorreu em Jaçanã, município do interior potiguar.

Filha mais nova do ex-guerrilheiro, Jana Sá vai contar a versão da família no documentário “Não foi acidente: mataram meu pai”. O filme foi selecionado no edital de audiovisual da Fundação José Augusto, braço cultural do Governo do Rio Grande do Norte, e está em fase de produção. O documentário trará documentos oficiais e depoimentos de personagens que conviveram com Glênio Sá durante a Guerrilha do Araguaia, como o ex-deputado federal Genoíno de Oliveira (PT), camponeses, familiares e outros entrevistados.

– É uma tentativa de passar a limpo uma parte da história do país que estabeleceu o esquecimento por decreto e o que restou da ditadura. Meu pai é um exemplo de como o aparato repressor do Estado, que funcionou durante a ditadura militar, continuou a agir mesmo após o fim do regime de exceção. O filme vai mostrar as circunstâncias da morte dele, envoltas de mistérios e que, para a família, nunca foram esclarecidas”, diz a jornalista e diretora do filme, que destaca a versão família:

– Meu pai foi vigiado e perseguido pelos militares mesmo 10 anos após a lei de anistia. Então a narrativa será criada a partir de depoimentos de personagens da época que vão tentar passar a limpo a história do Brasil”, afirma.

 

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01 May 15:54

O adeus do Piantella

by Unknown


Leio agora que fechou, de vez, o Piantella. Para quem não saiba, foi, durante décadas, o restaurante preferido da classe política de Brasília. Tinha um primeiro andar, com uma bela garrafeira, onde se realizaram reuniões históricas que, para o bem ou para o mal, iam decidindo o futuro político do país. Recordo-me da cadeira de Ulisses Guimarães, que era uma espécie de relíquia do local. No andar de entrada, onde, ao sábado, havia um buffet com uma bela feijoada, cruzavam-se, durante a semana, expatriados dos seus feudos, deputados e senadores, que se juntavam aos jornalistas e lobistas, com os ministros a fazerem aparições solenes, acompanhados dos seus séquitos. Nunca fui um “habitué” do local, quando vivi em Brasília, mas estive por lá as vezes suficientes para ter podido apreciar, com detalhe, aquela sociologia gastronómica, que encenava a coreografia do poder da capital federal. Comia-se bem? Era assim-assim, embora caro. Brasília tinha bem melhores lugares para refeiçoar, mas beber um copo, ao fim da tarde ou mesmo à noite, no Piantella tinha a sua graça. Neste dia de finados para o mais emblemático restaurante político do Brasil, deixo um pensamento para o meu amigo Toninho Drummond, por décadas representante da rede Globo em Brasília, frequentador assíduo do Piantella, autor das mais interessantes memórias políticas que nunca foram escritas.
28 Apr 13:45

Empresários voltam a pressionar pela reabertura do comércio no RN e cientista reforça importância do isolamento

by Rafael Duarte

Bom senso é um artigo em falta na prateleira das empresas do Rio Grande do Norte. Com o número de mortes e de casos confirmados por Covid-19 aumentando semanalmente no Estado, e os avisos de que o pico da epidemia ainda não chegou, o segmento empresarial segue forçando e pressionando pela reabertura de bares, restaurantes e do comércio em geral.

O Governo chegou a ceder em alguns pontos, flexibilizando algumas medidas restritivas no decreto publicado dia 23 de abril e ampliando o número de atividades essenciais em todo o território potiguar. Mas não foi o suficiente para saciar os empresários.

Nesta segunda-feira (27), sete entidades entre federações, associações e câmaras de dirigentes lojistas divulgaram uma carta à sociedade onde anunciam a apresentação de um plano para a retomada da economia ainda essa semana.

Assinam a nota Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL RN), Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL Natal e CDL Jovem Natal), Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio RN), Associação dos Empresários do Alecrim (AEBA), Associação Comercial (ACRN) e Federação das Associações Comercias (FACERN).

A primeira proposta de plano para esse retorno responsável foi entregue por nós do setor produtivo, ela deverá ser avaliada por todos os membros do grupo ainda essa semana. Acreditamos que em breve chegaremos uma versão final da retomada econômica no RN. Sabemos da importância de criarmos horizontes para as empresas e estamos todos empenhados nessa missão. Enquanto isso, clamamos a todos para o uso de máscaras, essa é a melhor forma de cuidar da vida e da economia”, diz a carta.

Já a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) divulgou uma cartilha com o protocolo para a reabertura parcial dos estabelecimentos.

Em coletiva de imprensa realizada hoje (27) a secretaria de Estado de Saúde Pública confirmou 45 mortos no Estado e 832 casos confirmados. “Dias piores virão. A situação passa a ser dramática”, afirmou o adjunto da Sesap Petrônio Spinelli.

“A reabertura não é como um interruptor de luz”, rebate pesquisador da UFRN

José Dias do Nascimento Jr. é pesquisador do Departamento de Física da UFRN (foto: acervo pessoal)

Diante da pressão do segmento empresarial, o cientista e pesquisador da UFRN José Dias do Nascimento reforçou a importância do isolamento social como forma de impedir a disseminação em massa do novo Coronavírus.

– Apoiamos a manutenção do distanciamento social até que novas evidências estejam disponíveis. A reabertura da economia não é como um interruptor de luz: desligado agora e que pode ser religado depois. A decisão de abrir não é baseada em evidência científica nenhuma. A economia não vai voltar de uma hora para outra. Esse retorno súbito vai gerar casos, vai morrer mais gente e gestores vão voltar atrás”, prevê.

Nascimento afirmou recentemente em matéria publicada pela agência Saiba Mais que os modelos matemáticos que analisam a curva epidemiológica do Rio Grande do Norte indicam que, se não fosse o isolamento social no Estado, o número mortes por Covid-19 já estaria em 2,2 mil.

Ele estima agora que aproximadamente 20 mil pessoas no Estado precisarão ser hospitalizados. E discorda de qualquer medida de flexibilização das medidas restritivas, como a que o próprio Governo adotou:

– A conduta de municípios é independente do decreto da governadora. Ela usou argumentos sólidos, porém pode ter aberto cedo demais. Sendo um cientista, não posso concordar com essa decisão. Não temos um plano de saída baseado em dados locais. Deveria ser por idade, etc. Estudo é necessário. Sem isso, existe somente uma opção: continuar o isolamento”, afirmou.

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26 Apr 15:48

Assim não dá: vice-presidente Mourão gasta R$ 100 mil com dinheiro público para ficar bombado

by renato renato

O vice-presidente da República quer ganhar músculos

O governo compra dois aparelhos para exercícios físicos por 100 mil reais para o vice utilizar durante a pandemia

Revista Veja

Por Hugo Marques 
No momento em que a palavra impeachment volta a circular com força, é natural que as atenções se voltem para a saúde do vice-presidente Hamilton Mourão. E o general, ao que tudo indica, está bem,  em forma — ou, no mínimo, está empenhado em continuar em forma.  Aos 66 anos, a atividade esportiva preferida do vice é cavalgar. Às vezes, também anda de bicicleta pelas ruas de Brasília. Porém, em épocas de pandemia, até para servir de exemplo, melhor respeitar ao máximo o confinamento.

O Palácio do Jaburu, por conta disso, decidiu renovar a academia da residência oficial. Mourão vai ganhar uma esteira ergométrica e uma estação de musculação novíssimas. Os dois aparelhos vão substituir os antigos que estão danificados e obsoletos. A esteira terá sensores sem fio que medem a frequência cardíaca e interface com aplicativos de entretenimento, internet, TV.

Já a  estação de musculação contará com  três torres do tipo “Lat Pulldown” (para exercícios de puxada para costas, com articulação giratória), “Triceps Press” (extensão do tríceps) e “Remadas Baixas” (com polia, cadeira extensora, mexa flexora e banco de supino ajustável) — segundo está especificado no edital de compra. O custo será de 100.000 reais. Detalhe: a encomenda foi feita antes da crise desencadeada com a demissão do ministro Sergio Moro.

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26 Apr 13:41

Covid19 industrial?

by noreply@blogger.com (João Ramos de Almeida)
Ao cuidado dos jornalistas:

Por que razão a região do Norte, com apenas mais 25% do que a população da região de Lisboa e Vale do Tejo, tem 3 vezes mais de pessoas infectadas e de óbitos com o Covid19? Aqui é tudo ainda mais visual.

Será que é porque o Norte tem quase mais 5 vezes trabalhadores nas indústrias do que Lisboa, o dobro do pessoal na construção e apenas 75% do pessoal de Lisboa nos serviços que foram encerrados?

(ver Quadros de Pessoal de 2018, INE)

E não se trata apenas de contactos com feiras internacionais, mas de que forma é que foram concedidas condições sanitárias a quem continuou a trabalhar?  Houve alteração ou continuou a ser business as usual?

Será que tem a ver também, embora em menor escala, com haver muitíssima gente emigrada (na Suiça, em França) e que não trabalham propriamente em Universidades e que vieram para cá fazer a quarentena...? Veja-se as cadeias de contágio no boletim da DGS acima referenciado.


Tempo de se fazer reportagens às condições de trabalho dos trabalhadores do Norte - os tais heróis - que continuam a produzir.  

PS: Depois de publicado, foi-me sugerida a leitura de um artigo de João Ferrão no jornal Público, do qual retiro a seguinte citação: 

"Deste ponto de vista, a região Norte é particularmente interessante, já que os resultados globalmente elevados apenas são compreensíveis se considerarmos que existem vários Nortes particularmente expostos e suscetíveis: a área metropolitana, com as suas franjas suburbanas mais pobres; as áreas de industrialização difusa, sobretudo do Vale do Ave; as cidades médias (Viana do Castelo, Braga, Guimarães, Vila Real, Bragança); os concelhos junto à Galiza, o troço da fronteira luso-espanhola com uma dinâmica transfronteiriça mais intensa; e Trás-os-Montes, com uma forte relação com comunidades emigrantes de vários países europeus (desde o regresso de portugueses despedidos recentemente ao vaivém de trabalhadores da construção civil). Dizer que a região Norte tem valores mais elevados porque “por acaso” alguém veio infetado de uma feira no Piemonte, a região italiana com maior incidência da covid-19, é não entender que estes vários Nortes conciliam, ainda que em graus diferenciados, uma forte exposição externa e uma suscetibilidade local elevada, ou seja, um significativo potencial de vulnerabilidade em relação a esta ou a qualquer outra doença infecciosa" 

26 Apr 13:10

Agora, Moro

by Unknown

E lá foi “à vida” Sérgio Moro!

Agora, muitos de quantos elogiaram a vedeta do Lavajato, vão afirmar que ele traiu o presidente que lhe deu um palco político, ferindo-o num momento de uma óbvia fragilidade.

Outros, mesmo alguns que o diabolizaram pelo modo como se comportou naquele processo, mas porque lhes dá jeito esta bofetada em Bolsonaro, vão dizer que o homem saiu com alguma dignidade, para não ter de fazer mais fretes políticos ao presidente.

Vamos ser claros: estamos a falar da mesma pessoa que, independentemente de ter conseguido meter na prisão gente que bem o merecia, o fez através de uma operação político-judicial cheia de irregularidades processuais, com finalidades políticas que iam muito para além dos objetivos da justiça. Um processo que, no fim da linha, teve como consequência a eleição de uma figura como Jair Bolsonaro, tendo Moro, como prémio, o lugar de ministro da Justiça.

A questão, no dia de hoje, é, assim, bem simples: Moro, que passou todos estes meses no governo a fazer vergonhosos fretes a Bolsonaro, e que, com a sua presença no executivo, ajudou a avalizá-lo perante a opinião pública, não aguentou tudo o que, num excesso já obsceno, lhe era agora pedido. Ou alguém acredita que Moro só agora descobriu quem, na realidade, era Bolsonaro? Ou será que a sua súbita “coragem” pode ter algo a ver com o facto do governo de que fazia parte estar já apodrecido e decadente? E se se vier a constatar que esta saída de Moro está conjugada com o início de um processo de afastamento do presidente? Ou será que o próprio Moro gostaria de viver no Palácio da Alvorada?

Logo veremos.
26 Apr 13:09

O dia mais feliz?

by Unknown

Vejo muita gente, com a maior sinceridade, dizer que o 25 de abril de 1974 foi o dia mais feliz das suas vidas. Embora me ficasse bem dizê-lo, não se passou assim comigo.

Passei toda essa manhã angustiado. Lembro-me de mim, nervoso, na parada da Escola Prática de Administração Militar, aconselhando, com escasso sucesso, os soldados-cadetes, nesse dia sem instrução, a manterem-se nas casernas. Porquê? Sei lá! Porque sim, porque na tropa as razões não têm necessariamente de ser justificadas.

Por essa altura, não sabíamos se o golpe tinha tido sucesso, apenas íamos ouvindo os comunicados do “posto de comando” - uma falsidade, porque o posto de comando (viémos depois a saber) estava na Pontinha e aquilo era lido do Rádio Clube, na Sampaio e Pina.

O nosso pessoal, chefiado pelo capitão Bento e pelo alferes Geraldes, com o aspirante António Reis a dar o toque “político” às hostes, estava, desde as primeira horas da madrugada, a ocupar a RTP, não muito longe dali, também na Alameda das Linhas de Torres. A nossa unidade fora a primeira a avançar na Revolução. Também só me apercebi disso dias depois.

A certa altura, inesperadamente, surgiu na parada o comandante da unidade, o coronel Fidalgo, vindo da sua residência adjacente. Já me fartei de contar a história, quase caricata, de como tivemos de o deter, vencendo grandes hesitações por parte dos militares profissionais. Depois, mandámo-lo para casa.

Ainda o assunto estava em curso de resolução, quando surgiu o segundo-comandante, o major Nogueira da Silva. Lembro-me de dar uns berros a dois soldados que começaram a insultá-lo. Uma revolução não dispensa a manutenção da disciplina hierárquica, se não passa a ser uma bandalheira. Afinal, o Nogueira da Silva, que era um “chicalhão” (sinónimo de militarão), viria a revelar-se um democrata.

A meio da manhã, chegou Marcelino Marques, um coronel antifascista, afastado pela ditadura, que vinha assumir o comando. Era um homem agradável e talvez estivesse à espera de que também o fôssemos.

Ora no dia seguinte, na biblioteca da unidade, ele iria ter de aturar uma arenga minha e do Teixeira, em nome dos oficiais milicianos, sobre a “tibieza” daquilo que era anunciado sobre a política colonial. Semanas depois, chamar-me-ia ao seu gabinete, para mostrar o seu desagrado com um meu discurso público, no juramento de bandeira, em que eu havia denunciado a postura repressiva do MFA numa greve, que tinha originado a detenção dos nossos colegas Anjos e Marvão. O meu “divórcio” com Marcelino Marques, uma jóia de pessoa, teria lugar não muito tempo depois, comigo a ser simpaticamente convidado a afastar-me da unidade, por “incompatibilidades com a hierarquia interna”, pelo facto de eu me ter recusado a solidarizar-me com uma punição a um soldado-cadete, que só me recordo chamar-se Loff. Mas eu e Marcelino Marques ficámos para sempre com uma excelente relação pessoal.

O resto do meu dia 25 de abril seria passado na RTP. Chegavam notícias de que as coisas estavam a correr bem pelo país. Pela rádio, íamos seguindo o que se passava no Carmo, onde o nome de um tal Salgueiro Maia era referido, sabendo-se que Caetano estava prestes a cair. Depois, foi uma longa espera. Primeiro, para conseguir pôr a antena de Monsanto a funcionar, operação por muito tempo boicotada por um “patriota” renitente. Mais tarde, foi o aguardar da Junta de Salvação Nacional, junto às antigas bombas de gasolina, antes do início da rampa que levava aos estúdios do Lumiar.

A escolha de Spínola para chefiar a Junta não me agradava minimamente. Vê-lo chegar, com Costa Gomes e os outros, era, contudo, o anúncio de um tempo que, fosse ele o que viesse a ser, seria sempre muito diferente. Lembro-me de ter seguido com eles pela ladeira acima. Fiquei depois atrás das câmaras, a ouvir a proclamação. Que, pelo tom, não me agradou nada. Eu, no meu radicalismo, estava já de pé atrás.

A minha noite acabou tarde. Nunca consegui perceber onde dormi, apenas me recordo de mim, logo de manhã, de novo a coordenar o piquete de soldados, junto às bombas de gasolina, na tal entrada para a RTP. Passou um autocarro e lembro-me de ter dito adeus ao Eduardo Prado Coelho que ia nele, e que eu esperava que já me tivesse perdoado pelo facto de, quatro anos antes, com o Nuno Júdice, lhe ter invadido uma aula na Faculdade de Letras.

Regressei à unidade e fui entregar a pequena metralhadora FBP com que tinha andado nas últimas 48 horas. O sargento armeiro que a recebeu deu uma gargalhada: eu tinha levado um carregador errado, que era de uma metralhadora Vigneron. Se eu quisesse ter dado um tiro, durante todo o dia 25 de abril, não tinha conseguido. Às tantas, foi melhor assim. Ser oficial de Ação Psicológica não me tinha dado uma grande preparação operacional. E o dia 26 avançava já, comigo a manter-me politicamente inquieto. Ser radical raramente é sinónimo de se ser feliz.

Assim, que me recorde, o 25 de abril esteve longe de ser o dia mais feliz da minha vida. Ou talvez eu tivesse sido bem feliz nesse dia e, afinal, não sabia.
26 Apr 11:53

MST distribui 1,2 tonelada de alimentos para famílias carentes em Ceará-mirim

by Da Redação

Por Hilder Andrade / Brasil de Fato

No mês de abril o MST promove a Jornada Nacional de Lutas, momento em que ergue suas bandeiras em memória aos 19 trabalhadores rurais sem terra mortos pela polícia militar, no episódio que ficou mundialmente conhecido como Massacre do Eldorado dos Carajás, no dia 17 de abril de 1996.

Esse ano, devido à pandemia da Covid-19, a jornada se transformou em ações de solidariedade por todo país. Ao todo, o MST já distribuiu mais de 500 toneladas de alimentos saudáveis, frutos de assentamentos da Reforma Agrária.

Seguindo as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e sob o lema “Reforma agrária contra a impunidade, produzindo alimentos para o campo e para a cidade!”, assentados e acampados do Rio Grande do Norte organizam campanhas de arrecadação e distribuição de alimentos para as famílias em situação de vulnerabilidade da região metropolitana de Natal. Para Vanuza Macedo, da Direção Nacional no Estado potiguar, “o MST acredita que a solidariedade humana é elemento fundamental para salvar vidas”, por isso, vem promovendo as atividades.

Na sexta-feira (24) foi realizada a distribuição de 1,2 tonelada de alimentos no município de Ceará Mirim (RN). A doação só foi possível devido à consciência das famílias assentadas e de sua mobilização.

A primeira ação da campanha no Estado foi destinada ao abrigo de idosos São Vicente de Paula e para o bairro do Formigueiro.

Segundo Vanuza Macedo, o movimento já realizou doações e fez atividades com o abrigo, não sendo a primeira contribuição com a instituição. Ela ressalta que a atividade respeitou a indicação de não aglomeração, além da higienização adequada dos produtos. Também fez parte da ação, a comunidade do Formigueiro, localizada na periferia de Ceará Mirim, beneficiando mais de 200 famílias.

Em vários estados do país, o movimento vem organizando doações de alimentos para comunidades carentes, hospitais e asilos. Além disso, tem ocorrido experiências em distribuir marmitas e realizar cafés solidários, como as promovidas pelo Armazém do Campo do Recife (PE) e de São Luís (MA).

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23 Apr 16:10

Militares se meteram em uma arapuca, avalia Celso Amorim

by Eleonora de Lucena e Rodolfo Lucena

“Temos que ter duas frentes, uma mais ampla que a outra: a frente pela vida e pela democracia, que vai da esquerda até a centro direita, e uma frente progressistas, que quer uma democracia aprofundada, com maior justiça social, solidariedade, com maior participação do estado na economia para evitar esse poder absurdo do capital financeiro absurdo, para evitar que os interesses do lucro predominem sobre interesses do ser humano. A gente tem que ser capaz de articular essas duas frentes”.
A visão é de Celso Amorim em entrevista ao TUTAMÉIA (acompanhe no vídeo acima e se inscreva no TUTAMÉIA TV). Ministro das relações exteriores, com Lula, e da defesa, com Dilma, ele avalia o papel dos militares no governo Bolsonaro. Para ele, a chegada do general Braga Netto à Casa Civil, vindo do posto de chefe do estado maior do Exército, deu a leitura de que havia uma tentativa de limitar ou tutelar o governo. Mas, no último domingo, com o discurso de Bolsonaro em Brasília em manifestação pró AI-5, houve um fato novo:
“Acho que eles devem ter percebido que eles se meteram numa arapuca. Porque o Bolsonaro é intutelável. Isso chegou ao paroxismo agora. Não acho que eles venham a tirar o Bolsonaro. Não haverá golpe; Bolsonaro também não vai cair. Vai haver uma tentativa de, seja pelo Congresso, seja pelo Supremo, seja pelas Forças Armadas, de limitá-lo, de limitar as loucuras. Ao mesmo tempo, ele vai usar essas tentativas de limitação com o eleitorado básico dele para dizer: Eu queria fazer, e eles não me deixaram”, diz Amorim.
Na análise do ex-ministro, a oposição “deveria se concentrar menos no Bolsonaro e mais no bolsonarismo e no Guedes. Na área econômica as maldades continuam sendo encaminhadas. O antipetismo, o antiprogressismo está cedendo aos poucos, pelas bordas. É preciso se concentrar muito nas questões concretas. E apoiar governadores que estão tomando medidas certas”. Amorim elogia a iniciativa do consórcio de governadores do Nordeste, que criou um comitê de assessoramento científico com a coordenação do ex-ministro Sérgio Rezende e do premiado cientista Miguel Nicolelis.


Ao TUTAMÉIA, Amorim fez uma análise da situação internacional em tempos de pandemia.
“Mudanças vão ocorrer e vai se criar um novo panorama internacional. As forças conservadoras vão querer fazer mudancinhas só cosméticas, mas vai haver uma mudança bastante profunda dos organismos internacionais. O comércio e a finança não poderão mais ser encarados de forma separada de outras questões, sobretudo as sociais. A influência da China nessa reordenação vai ser muito maior. O jogo de forças vai ser outro porque a presença da China vai ser muito forte”. E acrescenta:
“O coronavirus não vai mudar tudo, mas ele vai acelerar tendências que já existiam. Uma delas é a ultrapassagem dos EUA pela China. A capacidade de reação econômica da China foi muito melhor. Os chineses também estão buscando aproveitar as possibilidades de cooperação, demonstrando ter uma ação mais cooperativa. Os EUA perdem poder de atração. Acho errado dizer que a União Europeia acabou. A União Europeia vai passar por um período difícil, mas vai se recompor”.
Sempre enfatizando que a situação é muito volátil e avessa a prognósticos definitivos, o diplomata afirma que os efeitos políticos da pandemia que pode provocar profundas perturbações sociais devem variar de país a país, podendo pender para democracias ou autoritarismos. Mas arrisca uma possibilidade maior:
“Tendencialmente, vai haver um reforço da democracia. Porque haverá uma demanda de participação. Há um desgosto em relação ao capital financeiro. Vai se acentuar uma reação, que já existia, contra a globalização desenfreada”.

23 Apr 15:53

Bolsonaro entrega Banco do Nordeste ao PL de Valdemar Costa Neto, outro condenado no mensalão

by renato renato

De Renata Agostini na CNN Brasil.
Pelo acerto discutido hoje (21) com o governo federal, o PL, de Valdemar Costa Neto, ficará com a presidência do Banco do Nordeste e a secretaria de vigilância em saúde no Ministério da Saúde.

O posto, comandado pelo secretário Wanderson Oliveira na gestão de Luiz Henrique Mandetta, é um dos mais estratégicos da pasta e central no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus. 


Pelo acerto discutido hoje (21) com o governo federal, o PL, de Valdemar Costa Neto, ficará com a presidência do Banco do Nordeste e a secretaria de vigilância em saúde no Ministério da Saúde.

O posto, comandado pelo secretário Wanderson Oliveira na gestão de Luiz Henrique Mandetta, é um dos mais estratégicos da pasta e central no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus. 

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23 Apr 15:50

WhatsApp é o principal disseminador de notícias falsas, aponta estudo da Fiocruz

by Jana Sá

Mais de 70% das notícias falsas são disseminadas por meio do aplicativo WhatsApp. É o que revela pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) sobre o compartilhamento de Fake News. Outros 10,5% foram publicadas no Instagram e 15,8% no Facebook.

A pesquisa comandada pelas pesquisadoras da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), Claudia Galhardi e Maria Cecília de Souza Minayo, foi desenvolvida com base em dados colhidos pelo aplicativo Eu Fiscalizo, através de notificações recebidas entre os dias 17 de março e 10 de abril.

O aplicativo, que pode ser baixado pela Play Store ou Apple Store, possibilita que usuários notifiquem conteúdos impróprios e verifica possíveis notícias falsas em veículos de comunicação e mídias sociais como o WhatsApp.

As principais denúncias estão relacionadas à área de saúde. São publicações pessoais, como “não acredite no coronavírus“. Do total de notícias falsas sobre a pandemia da Coivd-19 que circularam pelo WhatsApp, 71,4% citam a Fiocruz como fonte. No Facebook, as atribuições à instituição de pesquisa caem para 26,6%. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) somam 2% das instituições citadas como fonte das informações falsas.

Os dados obtidos até o momento estão sendo organizados e, até o início de maio será lançado um relatório detalhando os tipos de fake news, se são mentiras inventadas ou informações distorcidas, informou a Fiocruz.

As atividades da CPMI das Fake News terminariam no dia 14 de abril, mas os trabalhos foram prorrogados por mais 180 dias por decisão dos parlamentares. O deputado federal, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), protocolou mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) para anular a prorrogação das atividades da comissão.

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22 Apr 16:22

Sociedade civil reage à golpe do MEC nas eleições do IFRN

by Jana Sá

Durante os últimos 15 anos, os governos chancelaram a escolha dos reitores feita pela comunidade acadêmica das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES). A tradição foi rompida pelo governo de Jair Bolsonaro (sem partido).

Desde que assumiu a Presidência, o mandatário optou por não seguir o resultado das consultas internas na hora de nomear o novo reitor ou reitora das IFES. Nas universidades federais em 6 das 12 oportunidades escolheu nomes com poucos votos ou até mesmo fora da lista tríplice. Entre institutos federais, o Ministério da Educação (MEC) também nomeou, por duas oportunidades, pessoas que sequer participaram do processo eleitoral.

Nesta segunda-feira, 20, o governo voltou a intervir no processo de eleição dos Institutos Federais do Rio Grande do Norte e de Santa Catarina. No RN as reações à nomeação do servidor público federal Josué de Oliveira Moreira como reitor pro tempore do IFRN foram imediatas.

Governadora e parlamentares do RN

A governadora do Estado, Fátima Bezerra (PT), disse que conversou com o professor José Arnóbio, eleito com 48,25% dos votos válidos e expressou solidariedade e apoio “à vontade soberana da comunidade acadêmica e escolar que o elegeu por maioria de votos”.

O senador Jean Paul Prates (PT-RN) condenou a decisão do Ministério. “Considero gravíssimo este caso por vários motivos: a eleição foi realizada antes da Medida Provisória ser editada, e a própria MP impõe que seja nomeado um dos três da lista tríplice. Além disso, uma nomeação pro tempore é prevista pela lei quando houver impedimento para o eleito assumir – o que absolutamente não é o caso.”

A Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Social da Assembleia Legislativa e a Frente Parlamentar em Defesa das Universidades Públicas e dos Institutos Federais lançaram uma nota de apoio à posse do reitor eleito do IFRN, professor José Arnóbio de Araújo.

Os deputados que assinaram a nota também se posicionaram individualmente em suas contas do twitter. Francisco do PT avaliou que a “escolha democrática de gestores escolares tem contribuído decisivamente nos resultados de excelência da gestão pública”, e colocou seu mandato à “disposição da luta para reverter a intervenção que macula a democracia e desrespeita uma das mais notáveis Instituição Educacional Brasileira”.

Para a deputada estadual Isolda Dantas (PT), a ação do MEC é de “total desrespeito à democracia”. Em nota, o mandato prestou “solidariedade e apoio ao professor José Arnóbio Araújo, reitor eleito do IFRN com 48,25% dos votos de professores, técnicos e estudantes para derrubarmos a decisão arbitrária que fragiliza ainda mais a democracia no nosso país”.

Sandro Pimentel (PSOL) afirmou que a intervenção é “mais uma prova que esse governo não tem nenhum compromisso com a democracia”.

A deputada federal Natália Bonavides também se pronunciou. A parlamentar considerou “gravíssima” a medida do MEC em “nomear reitor interventor no IFRN, ignorando o resultado da eleição”.

Partidos e Sindicatos 

Partido políticos, sindicatos e movimentos sociais também repudiaram a ação de intervenção do governo no IFRN um dia após Bolsonaro incentivar e participar de atos pró-intervenção militar.

O Sindicato dos Servidores da Educação Básica, profissionais e tecnológica (Sinasefe) disse que não reconhece o novo reitor nomeado pelo MEC e afirmou que a entidade vai à Justiça contra a nomeação arbitrária.

“Fere ainda a autonomia dos Institutos federais, é o direito de escolha democrática dos nossos dirigentes, conforme a Lei de Diretrizes e Bases, o nosso projeto pedagógico e até mesmo a Constituição Federal, que preconiza as práticas democráticas na educação”, disse a coordenadora geral do Sinasefe Nadja Costa.

O Diretório Central dos Estudantes do IFRN lançou nota conjunta com os DCEs da UFRN, UFERSA, UERN, UNI-RN, UnP, mais de 70 centros acadêmicos dessas instituições, e outras entidades estudantis (UMES, APES, UESP, UEE, REGIF), além de sindicatos (Sinasefe, Adurn-Sindicato, Sintest-RN, Aduern) e outras associações, federações e movimentos (Anpuh-RN e FENET).

O Sindicato dos professores da UFRN repudiou a nomeação de um interventor no IFRN e classificou a ação do MEC de “grave atentado à democracia”.

A UBES reativou a campanha #TireAMãoDoMeuIF, pedindo respeito à decisão da comunidade acadêmica e garantia da democracia interna dos Institutos Federais.

Os comitês municipal de Natal e Estadual do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) lançaram nota em que afirmam que “atitude de Weintraub, desrespeitando a vontade soberana da comunidade do IFRN, que havia consagrado o nome do professor José Arnóbio de Araújo para o cargo de reitor, confirma o caráter fascista do desgoverno Bolsonaro”.

O PSOL também se pronunciou. Chamou de “autoritária” a medida adotada pelo governo Bolsonaro que “passa por cima da vontade democrática da comunidade acadêmica do IFRN, intervém e nomeia reitor que nem sequer chegou a participar do processo seletivo”.

O Movimento de Trabalhadores Sem Terra (MST), a Marcha Mundial de Mulheres, a União Brasileira de Mulheres (UBM), o Levante Popular da Juventude, o Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) e Amélias Mulheres do Projeto Popular também repudiaram a intervenção federal.

Comunidade Acadêmica

Revoltados, Professores, funcionários e estudantes bloquearam a entrada do IFRN na tarde da segunda para impedir a posse de Josué Moreira, médico veterinário e professor do IFRN no campus Ipanguaçu. O professor Carlos Eduardo Campos Freire pediu exoneração da função de diretor geral do campus Natal Cidade Alta. Ele disse que foi surpreendido pela nomeação arbitrária do colega Josué e que a justificativa não veio com nenhuma fundamentação jurídica. “Dessa forma não posso compactuar em ficar um dia sequer nessa gestão”.

Apesar de não ter participado do processo eleitoral de escolha do novo reitor, em nota, ele disse que não entende “que houve intervenção política” e que tem “condições técnicas para assumir e conduzir os rumos do IFRN”.

Josué já foi candidato à Prefeitura de Mossoró em 2016 pelo Partido Social Democrata Cristão (PSDC) e teve 1,04% dos votos válidos: 1.370 ao todo. Em 2018, se filiou ao Partido Social Liberal (PSL), a então sigla do presidente da República Jair Bolsonaro.

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22 Apr 13:25

Página 5: Lembrar de Tiradentes é necessário quando um presidente ataca a liberdade

by Lucas Figueiredo

51T3pvo0OCL._SR600,315_SCLZZZZZZZ_Ano passado, na categoria Biografia, Documentário e Reportagem, o prêmio Jabuti foi para Josélia Aguiar pelo trabalho feito em “Jorge Amado” (Todavia). Tivesse ido para um dos outros quatro finalistas, no entanto, também estaria em ótimas mãos. Falo de Lucas Figueiredo e seu “O Tiradentes”, que busca reconstruir a história de vida do revolucionário cuja morte completa 228 anos hoje. “Biografar Joaquim José da Silva Xavier é embrenhar-se numa fresta escura. De um lado, pela cavilação das fontes disponíveis; de outro, pela escassez de registros – basta dizer, de início, que é impraticável descrever os aspectos físicos de Tiradentes”, escreve o jornalista no final do volume.

Tateando por uma infinidade de documentos, Lucas sai dessa fresta escura com um rico material em mãos e oferece ao leitor uma ótima reconstituição histórica, com destaque para a maneira como o autor trabalha os cenários e os ânimos da época

Ler “O Tiradentes” é fazer uma viagem no tempo. É, de cara, deixar um pouco de lado esses dias tão complicados para se situar no Brasil do final do século 18, quando alguns rebeldes ousaram imaginar um país independente, livre da opressão da Coroa Portuguesa. Enquanto a produção de ouro diminuía nas minas gerais e a realeza entuchava impostos goela abaixo dos mineiros, os ares locais pareciam cada vez mais propensos à ruptura. “A Coroa não estava interessada em fazer de Minas – ou do Brasil – um lugar decente para se viver. Portugal não tinha um projeto para a colônia; queria apenas lucrar o máximo possível da forma mais rápida e com o menor custo”, lembra Lucas. Mesmo vivendo em um lugar onde a impressão de livros e a edição de jornais eram proibidos, intelectuais mineiros estavam por dentro do que acontecia na Europa e na América do Norte. O Iluminismo ganhava força, os Estados Unidos conseguiam sua independência após a Revolução Americana e, na França, o pescoço do rei começava a ser ameaçado pelas tramas que culminariam na Revolução Francesa.

A trajetória de Tiradentes ajudou a forjar o revolucionário tupiniquim. Numa época em que certos profissionais apostavam em tratamentos feitos com osso de coxa de sapo, dente de toupeira viva, gordura de rã ou pó de lagarto, foi um dentista competente, o que lhe abriu muitas portas. Atuando como mascate, também se aproximou de humildes e poderosos, além de conhecer a fundo as picadas de Minas e do Rio. Como militar, enfim, encontrou apoio para tramar contra o rei e sonhar com a liberdade. Mas, não tem jeito, sempre que olhamos para a história do Brasil, notamos que o presente reflete muitos traços do nosso passado. Thomas Jefferson, um dos líderes da Revolução Americana, esteve à sombra dos revolucionários mineiros, já indicando uma dependência (ou, pior, subserviência) que viríamos a ter dos Estados Unidos. A Justiça, por sua vez, era assumidamente arbitrária. Leis estipulavam que os “homens bons”, “bem reputados”, os cidadãos de outrora, não deveriam ser importunados com processos ou prisões, mesmo que, por ventura, cometessem algum crime. Nesse ponto, dois séculos depois, estamos mais dissimulados, fingimos ter leis que se aplicam da mesma forma a qualquer brasileiro.

O final da história de Tiradentes todos conhecem. Apunhalado pelas costas, viu a revolução fracassar. Foi pintado como demente, bêbado, devasso…. Acusado de trair a sua majestade, passou anos preso. Alvo de um julgamento manipulado, terminou enforcado e esquartejado. Sobre seu cadáver, gente graúda enchia a boca para falar dos “benefícios da colonização” e as “delícias da subserviência”. “No alto do patíbulo, enquanto o cadáver de Tiradentes pendulava preso à corda, o frei Penaforte recitou o versículo 20 do capítulo 10 de Eclesiastes: ‘Não digas mal do rei, nem mesmo em pensamento; mesmo sozinho dentro do teu quarto, não digas mal do poderoso. Porque um passarinho pode ouvir e depois repetir tuas palavras’. Terminada a leitura, em tom de repreensão, o frade apontou a causa de todo aquele horror: o ‘louco desejo de liberdade”‘, escreve Lucas ao reconstituir a morte de seu biografado. O louco desejo de liberdade. Num Brasil em que o próprio presidente bate continência para a bandeira de outro país e prega a favor da ditadura (ou seja, contra a liberdade de seu povo), a memória de Tiradentes se faz necessária. Num país em que o presidente diz ser a própria Constituição, olhar para o que acontecia em alguns cantos do mundo naquele final de século 18 pode ser inspirador.

22 Apr 11:05

Uma televisão pública

by Unknown


Os portugueses descobriram agora que a RTP conseguiu montar, num prazo curto, um espaço de ajuda educativa que permite, em tempo de pandemia, suprir algumas das aulas presenciais que é inviável realizar. O êxito desta operação é revelado pela generalidade das apreciações e até pelo nível de audiências.

Toda a gente achou normal que fosse a RTP a fazer isso, ninguém se perguntou por que não foram os canais privados a ter esta iniciativa. Porque os portugueses sabem que a RTP é a sua televisão, que é a ela que se recorre para ações de serviço público. E talvez as pessoas desconheçam que o Estado não colocou nem um euro extra para a montagem deste novo projeto, que tem como parceira a Fundação Calouste Gulbenkian.

A RTP - e quando escrevo RTP, quero significar também as diversas rádios, todas sem receitas de publicidade, num conjunto de 19 canais, alguns servindo as Regiões Autónomas e várias zonas pelo mundo – é um serviço eminentemente público, financiado por uma contribuição ínfima dos cidadãos, inferior à que, lá fora, sustenta empresas congéneres.

Hoje, a tutela da RTP é um Conselho Geral Independente (CGI), que escolhe a administração, dá linhas genéricas de orientação e vela pelo cumprimento das obrigações de serviço público, sem se imiscuir na informação e na programação. A RTP é uma televisão “pública”, não é uma televisão “do Estado”, como foi no passado, onde os governos intervinham a seu bel-prazer.

A RTP vive hoje com metade do tempo de publicidade dos canais privados e tem as suas contas em dia. É, também com as suas rádios, um instrumento indispensável de ligação às comunidades portuguesas pelo mundo, um importante promotor da nossa língua, um auxiliar da projeção externa do país. E onde é que hoje se pode ouvir música clássica na rádio, sem ser na Antena 2? E quantos elogios não testemunhamos, todos os dias, à qualidade da programação da RTP 2?

A RTP é um “oásis“? Longe disso! Pode discutir-se a sua linha da informação? Pode e deve. A programação pode ser melhorada? Claro que sim! Em tempos normais, há por ali futebol a mais? Como espetador, sou dessa opinião. Como membro (não remunerado) do CGI da RTP, órgão a que é vedado intervir na informação e na programação, apenas nos cumpre velar por que as regras de serviço público sejam cumpridas pela empresa E é com gosto que constato que, nesta crise, a RTP esteve bem à altura daquilo que se lhe pode pedir, como televisão de todos os portugueses. E se começássemos a pensar num canal permanente RTP Educação?
21 Apr 16:24

A democracia de Girão e a nova política com cheiro de mofo

by Bruno Barreto
General finalmente manda recado direto para intervencionistas ...
A democracia de Girão exclui o contraditório (Foto: Web/Autor não identificado)

“É democracia, não é patifaria”, foi com essa frase de efeito que o deputado federal General Girão (PSL) justificou ao Blog do Magnos (ver AQUI) a nomeação do professor Josué Moreira (PSL) como reitor pró-tempore do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN).

Ontem as críticas foram direcionadas a Josué pela perplexidade que causou o envolvimento do ex-candidato a prefeito de Mossoró de perfil moderado numa subversão da ordem democrática.

Mas não podemos deixar de lembrar que sem o General Girão não haveria a nomeação de um reitor sem votos para comandar o IFRN. Sem o líder do bolsonarismo no Rio Grande do Norte a votação não seria ignorada.

O deputado Girão tem uma visão bem peculiar da democracia. Manifestação só vale se for a que ele concorda. Posição política só se for a dele. Escola sem partido, mas o dos outros. Ideologia só se for a dele.

Girão é um saudosista do regime de 1964. Daí a sua nova política ter um forte cheiro de mofo.

Nos primeiros dias após o golpe militar centenas de políticos foram cassados. Aqui no Rio Grande do Norte o prefeito de Natal Djalma Maranhã foi tirado na marra do Palácio Felipe Camarão.

Qualquer motivo servia para cassar políticos adversários. Aluízio Alves, um entusiasta do golpe, foi cassado.

Como nos anos de chumbo ontem a sociedade potiguar assistiu um golpe ser dado no IFRN impedindo a posse do reitor eleito democraticamente José Arnóbio de Araújo Filho. A desculpa é que ele responde a um processo administrativo por causa uma banquinha Lula Livre colocada por alunos num evento realizado pela Igreja Católica nas dependências do Campus de Natal.

Não me venham com a desculpa foi essa. A questão é que o reitor escolhido pela comunidade acadêmica não era o do agrado do bolsonarismo.

A questão é política! Os frágeis argumentos jurídicos são apenas uma cortina de fumaça.

Desde que assumiu a presidência Jair Bolsonaro, um notório defensor da Ditadura Militar, passou a não respeitar a ordem de votação dos reitores das universidades federais. No IF de Santa Catarina foi feito algo semelhante ao que aconteceu no Rio Grande do Norte, mas o escolhido recusou o convite e defendeu a nomeação do mais votado.

O que aconteceu nas terras de Poti não foi uma exceção provocada por algum entrave jurídico como alegam, mas a regra do bolsonarismo para eliminar a tradição democrática do nosso ensino superior.

A democracia de Girão é peculiar como a dos generais da ditadura que discursavam em favor da democracia enquanto tomavam atitudes autoritárias e estimulavam a tortura. A nova política do deputado tem o mofo do autoritarismo.

21 Apr 12:03

Que papelão, Josué!

by Bruno Barreto

Conheci o professor Josué Moreira durante as eleições de 2012. Sempre me pareceu ser um sujeito idealista e afinado com os princípios democráticos.

Suas baixas votações nas eleições de 2012, 2014 (suplementar) e 2016 atraiam um eleitor que queria mudar a política local longe dos grupos tradicionais.

Nunca o vi dizer publicamente nenhuma barbaridade, muito pelo contrário. Mas atitudes deploráveis também podem vir dos seres mais cordatos. Com a desculpa de se enquadrar num projeto que extirparia a corrupção do Brasil aderiu ao bolsonarismo.

Ontem tive um susto quando li no Blog de Thaísa Galvão que a eleição de reitor do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) que o resultado da eleição seria ignorado pelo Governo Federal e que o beneficiado pelo golpe contra a democracia beneficiaria um pretenso político que se colocara como incorruptível e idealista.

Josué topou a parada.

Vai ser reitor pró-tempore graças a um argumento sem pé nem cabeça de que o verdadeiro reitor (o eleito no voto) responderia a uma sindicância provocada por denúncia do MBL e Escola sem Partido de que teria permitido uma banquinha Lula Livre num evento da Igreja Católica no campus do IFRN.

Aceitar fazer parte dessa articulação autoritária sob as bênçãos do deputado federal General Girão (PSL) colocou em Josué Moreira pecha de golpista.

O professor vai ser reitor pelas portas dos fundos, sem a legitimidade do voto e perderá as condições de posar de democrata ilibado como outrora.

Poderia muito bem seguir o exemplo do colega Lucas Dominguini que se recusou a ser reitor pró-tempore do IF de Santa Catarina e defendeu que o mais votado assumisse o cargo.

Que papelão, Josué!

21 Apr 11:06

MST doa toneladas de solidariedade: O povo pobre do campo cuidando do povo pobre das cidades; vídeo

by Conceição Lemes
21 Apr 11:05

Os respiradores da Magnamed, o BNDES e o esforço coletivo da inovação (por Marcelo Miterhof)

by Fernando Nogueira da Costa

O projeto do BNDES, quando era, de fato, desenvolvimentista, foi mobilizar capital de diversos investidores para investir em startups, de modo a compartilhar os riscos.

Marcelo Miterhof é economista do BNDES. Foi meu orientando na Pós-Graduação do IE-UNICAMP. Infelizmente, o artigo abaixo não reflete necessariamente a opinião do banco.

Na semana passada, o Ministério da Saúde fechou com uma empresa brasileira a compra de 6500 ventiladores pulmonares, que é o equipamento central das UTIs para tratar de pacientes com o vírus Corona. Num contexto em que os países tendem a entrar no modo “farinha pouca, meu pirão primeiro” – vide o conflito sobre as máscaras descartáveis que iriam para Alemanha, França e Brasil, mas ficaram mesmo é com os Estados Unidos – é sorte termos uma empresa nacional capacitada a fabricar esses complexos equipamentos que salvam vidas, no caso a Magnamed.

Seria sorte mesmo? Para entender, vale contar brevemente a história da empresa.

A Magnamed nasceu em São Paulo, em que há uma ampla rede pública de educação superior e centros de excelência em Engenharia, como o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), onde seus empreendedores se graduaram. Os paulistas se orgulham, com razão, dos pioneiros programas de incentivo ao empreendedorismo, como o Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (CIETEC), baseado na Universidade de São Paulo (USP) e das bolsas de apoio à pesquisa em empresas da FAPESP. Empreendedores recebem dinheiro público para fazer pesquisas em suas empresas, passando por um processo competitivo rigoroso, com vários candidatos, em que é preciso apresentar planos de negócio consistentes a colegiados de especialistas, dentre outros requisitos.

No entanto, o sucesso nessa etapa leva a empresa para o que no universo de startups é chamado “vale da morte”. É o momento em que a empresa precisa de injeção de capital para comprar insumos, estruturar equipes de vendas abrangente, montar fábricas etc. Nesse momento, o dinheiro das bolsas de pesquisa se torna insuficiente. A empresa precisa de um ou mais sócios que aportem capital para crescer rapidamente.

Só que em 2007, no Brasil, os investidores dispostos a colocar seus recursos em capital de risco ou semente eram muito raros e desarticulados. Não havia investidor e menos ainda fundos de investimento. Por isso, o BNDES resolveu atuar criando, em 2008, o Fundo Criatec. Desde o início, a ideia era mobilizar capital de diversos investidores para investir em startups, de modo a compartilhar os riscos. O Banco passou o chapéu no mercado e só o Banco do Nordeste (BNB), outro banco público de desenvolvimento, topou pingar 20% do capital do fundo. Mesmo assim, o BNDES decidiu seguir, colocando os outros 80%. A experiência foi tão bem sucedida que nas novas versões, em 2013 e 2016, os investidores privados estavam ávidos a entrar junto com o banco, cuja participação caiu para menos de 20%.

Fundada em 2005, a Magnamed foi uma das primeiras empresas investidas pelo Criatec 1, ainda em 2008, recurso que foi fundamental para a empresa sobreviver à crise de 2009 e obter, em 2010, certificação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária e o Selo CE (Comunidade Europeia), viabilizando as exportações, condição fundamental para o crescimento e para buscar e manter altos níveis de competitividade, em especial em setores intensivos em tecnologia.

Anos depois, em 2014, a empresa tinha sócios e porte suficiente para tomar dívida bancária. Mas qual banco empresta dinheiro para um arriscado projeto de desenvolvimento de um novo ventilador pulmonar? Mais uma vez o BNDES entrou em cena, concedendo crédito direto com taxa de 4% a.a. fixa com flexibilização de garantias, por meio do PSI – Inovação (Programa de Sustentação do Investimento).

A empresa continuou crescendo e em 2015 precisou de um novo sócio. Dessa vez, o apoio veio da FINEP – Inovação e Pesquisa – agência de inovação vinculada ao Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Telecomunicações, por meio do Fundo VOX.

Se hoje temos uma empresa capaz de fabricar no Brasil equipamentos de alta tecnologia, não é sorte ou acaso. É um esforço coletivo da sociedade brasileira. Que começou com a educação superior de excelência nas forças armadas (ITA), passou pelos laboratórios da USP, teve financiamento à pesquisa da FAPESP, ganhou escala com recursos de fundos de investimento do BNDES e da FINEP, obteve crédito subsidiado do BNDES-PSI, e agora vai ajudar o Brasil a enfrentar a pandemia, fortalecendo o SUS. É uma história que merece ser conhecida, como outras semelhantes. Elas juntam esforços privado e público, confiança, divisão de riscos, constante revisão de caminhos, tornando o sucesso mais provável.

Fonte:  Jornal GGN – 14/04/2020

11 Apr 11:52

Por que Fortaleza se tornou a capital mais atingida pelo novo coronavírus

by Da Redação

Por Caroline Oliveira para o Brasil de Fato

A cidade de Iguatu, no interior do Ceará, registrou, no dia 3 de abril, a morte do paciente mais jovem da covid-19 no Brasil. A vítima tinha apenas três meses de idade. Depois de São Paulo e Rio de Janeiro, o estado do Nordeste é o terceiro mais atingidos pela doença, com 1445 registros confirmados e 57 mortes até esta quinta-feira (9), de acordo com o Ministério da Saúde. A concentração se dá em Fortaleza, a capital brasileira com a maior incidência de casos.

Para explicar por que o estado se encontra nessa posição, o Brasil de Fato conversou com o epidemiologista e consultor do Consórcio Nordeste Antônio Silva Lima Neto, convidado do programa Bem Viver desta sexta-feira (10).

Ele pontuou quatro fatores que levaram o Ceará a essa situação. Primeiro, a região se tornou, há cerca de dois anos, um “hub aéreo”, passando a ter um fluxo maior de voos e visitantes internacionais.

Outro fator foi a realização de dois eventos sociais expressivos que facilitaram a circulação do vírus. O terceiro seria o fato de o estado ser um dos que mais estão realizando testagem, o que aumenta o número de registros. E, por último, está a sazonalidade dos vírus respiratórios. “O Nordeste é a primeira região onde há aumento das viroses respiratórias”, destaca Neto.

Brasil de Fato: Antônio, como está a situação no estado do Ceará?

Antônio Silva Lima Neto: É importante dizer que nós estamos vivendo, nesse momento, no estado, uma onda precoce de circulação viral intensa, que aconteceu desde mais ou menos a segunda semana de março e que tem alguns fatores que se relacionam a essa alta incidência, sobretudo na capital. Hoje, Fortaleza é realmente a capital com a maior taxa de incidência de casos do Brasil, de aproximadamente 34 casos por 100 mil habitantes.

A nossa incidência realmente está bem elevada, ao contrário da letalidade, que está em torno de 3,6 e é semelhante a de muitos países, ao passo que outros estados têm letalidade muito alta e baixa incidência, porque não têm detectado um número de casos muito grande e também porque não têm passado por uma circulação viral tão intensa quanto a nossa.

E por que a capital está liderando os números do coronavírus? 

Existem algumas razões bem objetivas para isso. A primeira delas é a questão de Fortaleza ter se transformado no hub aéreo. No último ano, passou a ter 20 voos internacionais por semana, então passou a ter um fluxo internacional muito intenso, mesmo que seja apenas para conexão, mas muitas vezes os viajantes e turistas passam alguns dias aqui. Isso é um aspecto.

Um outro aspecto foi o fato de a gente ter tido dois eventos sociais muito marcantes fundamentais para a introdução do vírus. Um deles foi um casamento que aconteceu na Bahia e que tinham muitos convidados de Fortaleza. Quando retornaram, tivemos aproximadamente dez casos positivos, ainda no início de março. Essas pessoas circularam muito, porque o diagnóstico não foi precoce, porque era o início da pandemia, então não houve a capacidade de diagnosticar. Então houve uma circulação precoce.

Outro detalhe é o fato de que a sazonalidade de viroses respiratórias no Ceará ocorre sobretudo no início das chuvas, que é mais ou menos entre fevereiro e março. Nós estamos em um momento que é um momento de aglomeração pela chuva, porque nós não temos amplitude térmica, inverno rigoroso com queda de temperatura. A gente tem chuva ou sol. Então as estações não são muito bem definidas. Essas questões contribuíram para isso.

Mas o fundamental é o fato de o estado ter se proposto a fazer testagem o máximo possível. Para se ter uma ideia, nessa quarta-feira (9), nós tínhamos 7 mil testes realizados pelo laboratório central, que são testes rápidos, são testes de pesquisa de vírus, então é um número bem importante.

Então a gente fez uma testagem de larga escala e isso faz com que a gente realmente tenha uma incidência alta realmente, um número de casos elevado, mas a nossa letalidade não é tão alta. Mesmo a gente tendo cerca de 40 mortes [neste momento, já são 57], a gente tem aproximadamente 1300 casos [neste momento, são 1445]. A nossa letalidade fica ali em 3%, que é o esperado.

Isso normalmente tem a ver com a questão de insumos, capacidade laboratorial. Isso é uma coisa que a gente tem até discutido muito no âmbito do Consórcio Nordeste para disseminar e descentralizar isso para fazer com que todos os estados ganhem capacidade para que a gente tenha um conhecimento da situação epidemiológica menos subnotificada, porque a situação aqui é de subnotificação.

Agora o senhor tocou em um ponto importante, que é da capacidade de atendimento. Como está o sistema de saúde no estado e, de modo mais específico, na capital? Quais as condições de atendimento nas próximas semanas, visto que o pico de casos ainda não ocorreu?

Hoje, neste momento, nós temos um hospital privado que foi arrendado com quase 300 leitos pelo governo do estado, onde nós temos atualmente em torno de 75 pacientes internados. Também temos a ampliação de leitos na capital, em Fortaleza, realizada pelo governo municipal. No principal hospital de traumas, já foram ampliadas 40 vagas de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Hoje nós temos uma capacidade nesse hospital de 90%. No outro, nós ainda temos mais ou menos 40%. Aí tem as UTIs privadas também.

Além disso, vai ter um hospital de campanha em Fortaleza, que vai ser entregue provavelmente no dia 15 de abril, com 200 leitos, que fica no Estádio Presidente Vargas (PV), que poderá ser usado para fazer a retaguarda dos casos menos graves. Aqui ficarão os casos menos graves, com oxigenação, mas não necessariamente faz intubação e ventilação mecânica. Além destes, nós temos hospitais regionais do interior do estado, com leitos de UTI.

Por enquanto, nós temos uma demanda pequena, mas é provável que chegue ao interior. Nesse momento em que a gente está falando, nós ainda não estamos próximos de um colapso do sistema de saúde, até porque eu acho que o padrão de dispersão espacial do vírus aqui talvez seja parecido como o de São Paulo, ou seja, começou muito nas áreas mais ricas. Então as UTIs privadas foram muito ocupadas, já tem um retrocesso agora em relação a isso. Já tem diminuído nesses bairros centrais. Agora a gente tem monitorado muito a dispersão periférica em fortaleza e nos municípios do interior.

Essa é a preocupação principal do estado neste momento?

A nossa preocupação fundamental agora é se vai haver o que algumas pessoas têm chamado de tsunami, que é o período em que o número de casos diminui, porque há um esgotamento de algumas áreas, principalmente do setor privado, dos bairros mais ricos; depois viria uma avalanche de casos produzidos nas áreas mais periféricas.

Então a gente está se preparando para isso. Neste momento, a gente não tem uma situação desconfortável com relação à capacidade instalada da rede assistencial. Mas nós temos um problema que eu acho que o mundo todo teve, que é a questão da contaminação eventual de profissionais da saúde. Essa é uma questão central.

Como Itália, França, Espanha e Estados Unidos vêm descrevendo, às vezes por contaminação dos profissionais ou por não ter profissionais intensivistas em quantidade suficiente, existe a dificuldade de fechar as escalas.

Estamos nos esforçando muito para além de oferecer a capacidade laboratorial e hospitalar. Num âmbito mais geral, tem duas questões centrais: equipamentos de proteção e profissionais de saúde. Como eu mencionei, o que mais nos preocupa é conseguir, e a gente tem conseguido, garantir equipamentos de proteção e diminuir a transmissão dentro dos hospitais para impedir que os profissionais da Saúde não adoeçam e possam compor as equipes normalmente.

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11 Apr 11:46

Trabalhadores da GOL foram proibidos de usar máscaras e luvas durante a pandemia

by Da Redação

Por Marques Casara do Brasil de Fato

A chegada do novo coronavírus ao Brasil foi negligenciada por uma das maiores companhias aéreas da América do Sul, a Gol, que opera uma média de 700 voos diários e tem 16 mil funcionários.

Em áudios obtidos pelo Brasil de Fato, trabalhadores relatam que foram proibidos pela empresa de usar máscaras e luvas no ambiente de trabalho. Se o fizessem, seriam punidos administrativamente. A proibição ocorreu inclusive depois da decretação da pandemia, pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

A proibição foi mantida mesmo após o afastamento, por determinação médica, de funcionários suspeitos de estarem com a covid-19. Colegas que tiveram contato direto com as pessoas doentes não foram afastados e tampouco receberam autorização para usar máscaras e luvas, o que contraria todas as normas em vigor.

O Sindicato Nacional dos Aeroviários (SNA) confirma a proibição imposta pela empresa e também as ameaças de punição. “Tivemos várias notificações de trabalhadores que estavam sendo punidos por usar luvas e máscaras nos aeroportos”, relata Patrícia Gomes, coordenadora da regional Sul do SNA. “Nós enviamos um ofício solicitando providências à empresa, nas áreas de saúde e segurança, mas nada foi feito.”

O envio do ofício foi confirmado pelo advogado do sindicato, Álvaro Quintão. “Algumas empresas não estão nem um pouco preocupadas com a saúde e com a vida dos seus empregados. Estão ignorando. O sindicato encaminhou, há mais de um mês, pedido de equipamento de proteção”, acrescenta.

Segundo Quintão, ocorre “descaso com a vida dos empregados”. Ele diz que apenas recentemente começaram a oferecer os equipamentos, mas ainda de forma precária e não para todos os funcionários.

Passageiros em risco

A falta de equipamentos de proteção ocorre também em outras companhias aéreas. As ameaças de punição, contudo, foram registradas na Gol. “As pessoas estavam sendo punidas por tentarem proteger a si mesmas, aos colegas de trabalho e aos passageiros”, relata Patrícia Gomes.

A Gol foi procurada. Enviou uma nota na qual nega o problema: “a Companhia vem acompanhando de perto a distribuição adequada de luvas e máscaras. Importante informar que no dia 20 de março, como resultado do nosso esforço diário, novos lotes dos itens foram disponibilizados à tripulação”. A informação não é confirmada pelo sindicato. “Nosso ofício foi enviado depois do dia 20, precisamente no dia 24, solicitando urgência e considerando a imperiosa necessidade de se evitar a contaminação em larga escala”, relata Patrícia.

A resposta completa da Gol pode ser acessada no PDF anexado aqui.

Trabalhadores em pânico

Os áudios dos trabalhadores relatam preocupação e medo. Em um deles, uma funcionária de terra conversa com outra funcionária e relata até mesmo a falta de álcool em gel nos locais de trabalho e de contato com passageiros:

“Cara, eu liguei pro Pará agora. Ele falou que o pessoal de São Paulo, a Priscila falou que não pode usar máscara. Cara, isso é um absurdo. A gente não está pedindo para a empresa comprar. A gente tá querendo comprar. E aqui a gente está com falta de álcool em gel. Hoje eu fui à farmácia comprar álcool em gel e não tinha. Comprei um pacote de luvas. Ai o Pará veio falar que não pode.”

Em outro áudio, também entre duas trabalhadoras, uma delas diz o seguinte:

“Eu vou ver se converso com a gerente, entendeu? Porque é um negócio muito sem lógica. Punir o funcionário por isso. Não existe. Se eles fizerem realmente isso, o Brasil não está levando a sério o que está acontecendo. Isso dai vai piorar. A gente não tem estrutura nenhuma para conseguir, caso alguém fique doente, a gente não tem, vive em um país sem estrutura nenhuma pra isso.’

Em um terceiro áudio, um funcionário da Gol comenta a contaminação de um colega pelo novo coronavírus.

“Aqui em Salvador, funcionário está de coronavírus. A gente aqui já tem o atestado dele confirmado. Desde o dia 24 que ele está afastado, que ele foi para a emergência e fez o exame e a Gol não informou aos funcionários… São medidas preventivas. Se ele ficou em casa tínhamos que estar tomando medidas preventivas aqui em Salvador…” 

A Gol nega as denúncias. “Reafirmamos que todas as medidas tomadas por nós colocam em primeiro lugar a segurança e o bem-estar dos nossos Clientes e Colaboradores”, diz em nota enviada ao Brasil de Fato.

Coação

Além dos problemas ligados à saúde e segurança dos trabalhadores, outra denúncia contra Gol diz respeito ao que o sindicato chama de “coação” para que os trabalhadores assinem uma Licença Não Remunerada (LNRv), por conta da diminuição no número de voos, causados pela quarentena.

A medida, segundo o advogado do SNA, está sendo tomada de forma arbitrária e sem consultar o sindicato. “A Gol é onde mais acontece os relatos de coação para que aceitem os acordos individuais”, diz o advogado Álvaro Quintão. “O que seria um acordo individual está virando uma imposição das empresas. E isso está acontecendo muito”.

A Gol nega a coação, diz que preza pelo diálogo e que está propondo a LNRv por conta da crise imposta pela pandemia.

Sobre esse caso, é possível acompanhar as atualizações diárias no site do SNA.

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