Shared posts

05 Sep 17:34

yo tambien tengo el peor de los libretistas, no eres el único...

by panzerdrako


yo tambien tengo el peor de los libretistas, no eres el único calvin….

01 Jul 02:39

Protestos: Por que esses vândalos não sofrem em silêncio?

by Leonardo Sakamoto
Liliana do Amaral

Enquanto isso, mais um indígena foi emboscado e morto a tiros no Mato Grosso do Sul. Mas tudo bem. Devia ser apenas mais um vândalo, não um homem de bem.

Alguém acha que a realidade vai mudar apenas com protestos on line ou cartas enviadas ao administrador público de plantão? Ou que a natureza de uma ocupação de terra, de uma retomada de um território indígena ou de uma manifestação urbana não pressupõe um incômodo a uma parcela da sociedade?

Fiquei bege ao ler propostas de que manifestações populares em São Paulo passem a ser realizadas no Parque do Ibirapuera ou no Sambódromo. Pelo amor das divindades da mitologia cristã, o pessoal só pode estar de brincadeira! Desculpe quem tem nojo de gente, mas protesto tem que mexer mesmo com a sociedade, senão não é protesto. Vira desfile de blocos de descontentes, que nunca serão atendidos em suas reivindicações porque deixam de existir simbolicamente. “Quesito: Importância social. Sindicato dos Bancários, nota 10. Movimento Passe Livre, nota 10. Movimento Cansei, nota 6,5.”

Parar a cidade, inverter o campo, subverter a realidade. Ninguém faz isso para causar sofrimento aos outros (“ah, mas tem as ambulâncias que ficam presas no trânsito” – faça-me um favor e encontre um argumento decente, plis), mas para se fazer notado, criar um incômodo que será resolvido a partir do momento em que o poder público resolver levar a sério a questão.

Ser pacifista não significa morrer em silêncio, em paz, de fome ou baioneta. A desobediência civil professada por Gandhi é uma saída, mas não a única e nem cabe em todas as situações.

Rascunhei em outro texto essas ideias, mas decidi dar prosseguimento a elas depois de ler os comentários de um post que fiz, na semana passada, sobre os protestos contra o aumento das passagens em São Paulo. É trágico como milhares de pessoas não entendem o que está acontecendo e, tomando uma pequena parte pelo todo, resumem tudo a “vandalismo”. Não defendo destruição de equipamentos públicos, por considerar contraproducente ao próprio movimento, pela escassez de recursos públicos, por outras razões que já listei aqui antes. Mas é impossível para os organizadores de uma manifestação controlarem tudo o que acontece, ainda mais quando – não raro – é a polícia que ataca primeiro.

E, acima de tudo, não compactuo com uma vida bovina, de apanhar por anos do Estado, em todos os sentidos e, ainda por cima, dar a outra face, engolindo as insatisfações junto com cerveja e amendoim no sofá da sala.

Muitos detestam sem-terra, sem-teto e povos indígenas. Abominam a ideia de que o direito à propriedade privada e ao desenvolvimento econômico não são absolutos. Mas os direitos humanos são interdependentes, indivisíveis e complementares. O que é mais importante? Direito à propriedade ou à moradia? Não passar fome, locomover-se livremente ou desfrutar da liberdade de expressão? Todos são iguais, nenhum é mais importante que o outro. Intelectuais que pregam o contrário precisam voltar para o banco da escola.

E direitos servem para garantir a dignidade das pessoas, caso contrário, não são nada além de palavras bonitas em um documento quarentão.

Leio reclamações da violência das ocupações de terras – “um estupro à legalidade” – feitas por uma legião de pés-descalços empunhando armas de destruição em massa, como enxadas, foices e facões. Ou contra povos indígenas, cansados de passar fome e frio, reivindicando territórios que historicamente foram deles, na maioria das vezes com flechas, enxadas e paciência.  Ou ainda manifestantes que exigem o direito de ir e vir, tolhido pelo preço alto do transporte coletivo, e que resolvem ir às ruas para mostrar sua indignação e pressionar para que o poder público recue de decisões que desconsideram a dignidade da população. Todos eles são uns vândalos.

Por que essa gente simplesmente não sofre em silêncio, né?

Caro amigo e cara amiga jornalistas, falo com todas as letras: não existe observador independente. Você vai influenciar a realidade e ser influenciado por ela. E vai tomar partido e, se for honesto, deixará isso claro ao leitor. Sei que há colegas de profissão que discordam, que dizem ser necessário buscar uma pretensa imparcialidade, mas isso é só metade da história. Deve se buscar ouvir com decência todos os lados de um fato para reconstruí-lo da melhor maneira possível. Afirmar que existe isenção em uma cobertura jornalística de um conflito, contudo, só seria possível se nos despíssemos de toda a humanidade.

Isso sem contar que tentar manter-se alheio a reivindicações justas é, não raro, apoiar a manutenção de um status quo de desigualdade e injustiça. Coisa que, por medo, preguiça, vontade de agradar alguém ou pseudo-reconhecimento de classe, a gente faz muito bem.

Manifestações populares e ocupações de terra e de imóveis vazios significam que os pequenos podem, sim, vencer os grandes. E os rotos e rasgados são capazes de sobrepujar ricos e poderosos. Por isso, o desespero inconsciente presente em muitas reclamações sobre a violência inerente ou involuntária desses atos.

Muitas das leis desrespeitadas em protestos e ocupações de terra não foram criadas pelos que sofrem em decorrência de injustiça social, mas sim por aqueles que estão na raiz do problema e defendem regras para que tudo fique como está. Você pode fazer o omelete que quiser, mas se quebrar os ovos vai preso.

Enquanto isso, mais um indígena foi emboscado e morto a tiros no Mato Grosso do Sul. Mas tudo bem. Devia ser apenas mais um vândalo, não um homem de bem.

17 Jun 12:56

06/05/13 PHD comic: 'Friend Request'

Piled Higher & Deeper by Jorge Cham
www.phdcomics.com
Click on the title below to read the comic
title: "Friend Request" - originally published 6/5/2013

For the latest news in PHD Comics, CLICK HERE!

28 May 02:19

por Fernando Gonsales http://www2.uol.com.br/niquel/ (via Maria...



por Fernando Gonsales http://www2.uol.com.br/niquel/ (via Maria Nanquim)

27 May 22:21

Google Wallet deixará você enviar dinheiro pelo Gmail

by Daniel Junqueira
Liliana do Amaral

Agora o manhe me manda um grana vai ser mais simples...

Depois dos vários anúncios feitos hoje pelo Google, apareceu uma coisa um tanto estranha: o Google Wallet permitirá enviar dinheiro para seus amigos por e-mail.

Sim, isso mesmo. Você anexa uma quantia e seu amigo recebe diretamente na conta do Google Wallet dele.

E enviar é realmente tão simples quanto anexar um arquivo: a integração com o Google Wallet aparece no mesmo lugar dos ícones para anexar arquivos do computador ou do Drive, com a legenda “anexar dinheiro”. Você então escolhe a quantia e o amigo que vai receber o dinheiro e pronto, enviado. Ao receber um e-mail com dinheiro, você pode escolher entre aceitar a quantia ou devolvê-la ao remetente.

A quantia pode ser debitada da sua conta corrente, caso ela seja vinculado ao Google Wallet, ou via cartão de crédito ou débito – nestes dois últimos casos, você está sujeito a cobrança de taxas.

O envio de dinheiro por e-mail vai aparecer nos próximos meses dentro da versão de desktop do Gmail. [Google Commerce]

20 May 15:40

O menor filme do mundo (até agora)

by Fernanda Poletto

O marketing é involuntário, mas achei tão bacana que não pude evitar compartilhar aqui. A IBM lançou um filme construído a partir de cerca de 200 imagens em sequência de algumas dúzias de moléculas de monóxido de carbono em diferentes posições sobre um suporte de cobre (é um efeito semelhante ao utilizado para produzir animações feitas com massa de modelar, a famosa técnica de stop-motion animation do filme “A fuga das galinhas”). As imagens das moléculas de monóxido de carbono (cujo “aumento” é de cem milhões de vezes) e sua movimentação foram possíveis através de uma técnica chamada microscopia de tunelamento com varredura. Por causa do desenvolvimento dessa técnica, cientistas da IBM ganharam o prêmio Nobel de física de 1986.

Watch this video on YouTube.

Com pesquisas nessa área, a IBM busca soluções inovadoras para armazenar maiores quantidades de informação nos menores espaços possíveis. Em 2012, a IBM demonstrou como armazenar 1 bit de informação empregando apenas 12 átomos! O computador que você está usando para ler esse texto precisa de uns vários milhões de átomos para fazer a mesma coisa. O filme em si não é nada de absolutamente novo no campo da ciência, mas dá um toque divertido para o tema (um tanto quanto árido em termos técnicos) e, quem sabe, tenha arrancado um sorriso seu nesse final de feriado em homenagem ao dia do trabalho.

P.S.: Mais legal que o vídeo é o making of, vale assistir! Os 90 segundos de filme foram feitos pelos funcionários da IBM em 2 semanas, trabalhando-se 18 h por dia ….

 

 

07 May 19:26

#400ppmday

by Claudio Angelo
A curva de Keeling, batendo nos 400 ppm (Scripps/UCSD)

A curva de Keeling, batendo nos 400 ppm (Scripps/UCSD)

O AQUECIMENTO GLOBAL, esse fenômeno que só existe na cabeça de fanáticos de esquerda como eu e a Angela Merkel, continua a brindar-nos com novas bizarrices para assistir em tempo real. Nos últimos dez anos, nós já vimos o esfacelamento das plataformas de gelo Larsen-B e Wilkins, o encolhimento do mar congelado no Ártico, o degelo superficial de toda a Groenlândia, a temporada de furacões de 2005, duas secas recorde na Amazônia e a volta do Renan Calheiros várias epidemias de dengue. A nova tragédia nos chega com antecipação: em algum momento do mês que vem, poderemos ver a concentração de gás carbônico na atmosfera bater as 400 partes por milhão (ppm) pela primeira vez em pelo menos 850 mil anos. Para comemorar esse dia especial, proponho uma grande celebração na sede da Convenção do Clima da ONU: o 400 ppm Day. Com webcast para a Casa Branca, o Itamaraty e a sede do PC Chinês.

Saberemos que o CO2 chegou lá quase em tempo real, graças à internet e aos esforços incansáveis de Charles David Keeling, um cientista da Universidade da Califórnia em San Diego, EUA, que dedicou sua vida a medir as concentrações do gás num observatório construído no alto do vulcão Mauna Loa, no Havaí. Keeling começou a fazer suas medições em 1958, em dois momentos: na primavera e no outono do hemisfério Norte. A plotagem dos dados produziu um dos gráficos mais famosos da ciência, a curva de Keeling, reproduzida acima. Ela dá a medida da aceleração sem precedentes na história humana das concentrações de gases-estufa produzidas pela queima de combustíveis fósseis e pelo desmatamento nas últimas décadas. Quando Keeling montou seu observatório, o CO2 estava em 318 ppm. Durante toda a era pré-industrial, até onde os registros confiáveis de química atmosférica vão (ou seja, 850 mil anos atrás), ela jamais ultrapassou 280 ppm. Quando eu comecei a cobrir esse assunto, em 2000, ela estava em 360 ppm. Pouco mais de uma década depois, baterá os 400. O Instituto de Oceanografia Scripps, ao qual pertence o observatório de Mauna Loa, inaugurou até um serviço de atualização da curva em tempo real. Com a morte de Keeling, em 2005, o bastão passou para seu filho, Ralph.

A marca, porém, será temporária: a concentração de CO2 chega ao pico sempre na primavera setentrional por causa da decomposição das folhas que caem no hemisfério Norte (onde está a maior parte das terras emersas) no outono e no inverno, e cai à medida que novas folhas sequestram carbono na atmosfera. Isso dá à curva seu padrão característico em serrote, mas basta olhar para ela para perceber qual é a tendência.

E a tendência, como diria Marco Aurélio Garcia, é top-top. Vamos cair um pouquinho na nossa primavera, para ultrapassar a barreira dos 400 ppm para valer no ano seguinte. E 400 ppm, só para registrar, era o limite inferior de estabilização do CO2 na atmosfera para que o mundo tivesse uma chance de 50% de manter o aquecimento global em “apenas” 2 graus Celsius em relação à era pré-industrial neste século. Como nossos diplomatas resolveram deixar esse assunto para 2020, a chance de estabilizarmos o carbono no limite de 450 ppm (ponto médio entre 400 e 500) é, para dizer de um jeito educado, muito pequena.

O legal do 400 ppm Day é que, para comemorá-lo, você não precisará sair da rotina nem fazer esses sacrifícios bobinhos que o Grinpís e os pandas exigem de você uma vez por ano. As sugestões deste blog para marcar a data:

- Tome um banho bem demorado logo de manhã (se o chuveiro for a gás, tanto melhort) e deixe as luzes acesas.

- Saia com seu carro. Se for flex, abasteça com gasolina. Ah, esqueci: você faz isso (quem é que guenta pagar esse álcool, né?).

- Coma um bifão no almoço e agradeça a São Aldo e a Santa Kátia de Palmas pelo novo Código Florestal, que nos deu comida barata e, er…, sustentável.

Como você viu, são coisas que a gente faz todos os dias que garantem o sucesso do 400 ppm Day. Eu, por boa medida, vou aproveitar e abrir um belo Pinot Noir da Borgonha: a cepa tem tido quebras de safra com o aumento da temperatura, mas justamente por isso o vinho tem ficado cada vez melhor.

30 Apr 04:28

Uma nova assimetria entre matéria e antimatéria

by João Carlos
Liliana do Amaral

Este universo é predominantemente matéria pq a anti-matéria esta retida no universo paralelo!

lhcb

Vista da área subterrânea do LHCb, olhando para cima a partir do fundo do poço.

(Imagem: Anna Pantelia/CERN)


A experiência LHCb (Large Hadron Collider beauty – onde o “beauty” ainda usa o nome antigo para o quark  ”bottom”) descobriu mais uma assimetria no decaimento dos Bósons B (mais exatamente no méson B0 – formado por um antiquark “bottom” e um quark “strange”). Esta é a quarta partícula a exibir essa quebra de simetria (e os dados, coletados nas experiências de 2011 têm uma significância maior que 5 Sigma).

Supostamente, no início da existência do universo, foram criadas quantidades simetricamente iguais de matéria e antimatéria, mas, por algum motivo ainda desconhecido, a matéria acabou prevalecendo e o universo atual é feito dela (bem… pelo menos uns quase 5% do atual universo – o resto é matéria escura e energia escura, sejam isso lá o que forem).

É exatamente isso uma das coisas que os cientistas do LHC pesquisam: esse viés do universo pela matéria, em desfavor da antimatéria – ou, em termos mais técnicos, “violação da simetria CP” . E uma das experiências em curso no LHC é a LHCb, que examina o decaimento dos mésons que contêm quarks bottom (genericamente chamados que “mésons B”).

A primeira vez que se observou uma violação da simetria CP foi no decaimento dos Kaons (ou mésons K), pelo Laboratório de Brookhaven, nos EUA, em 1960. Mais 40 anos se passaram e, no Japão e nos EUA, verificaram que o decaimento dos mésons B0 (antiquark bottom e quark up) também apresentava o mesmo comportamento.

Recentemente, tanto a experiência LHCb, como outras “fábricas de Bs”, tinham flagrado essa violação CP no decaimento dos mésons B+ (antiquark bottom + quark up).

Todas essas violações da paridade CP estão perfeitamente de acordo com o Modelo Padrão da Física de Partículas (ou, se você preferir, Física Quântica, ou ainda Física de Altas Energias), mas as discrepâncias observadas ainda são dignas de estudos mais aprofundados. Como declara Pierluigi Campana, porta-voz da colaboração LHCb: “Nós também sabemos que o efeito total induzido pelas violações CP do Modelo Padrão, são muito pequenas para explicar a total predominância da matéria sobre a antimatéria. No entanto, através do estudo dessas violações CP, estamos procurando pelas peças que faltam no quebra-cabeças, realizando testes que comprovam com mais acurácia as previsões da teoria do Modelo Padrão e sondando a possibilidade da existência de uma física além do Modelo Padrão”.

###

Fonte: LHCb experiment observes new matter-antimatter difference.

Artigo submetido ao Physical Review Letters – First observation of CP violation in the decays of Bs mesons.

18 Apr 05:32

Garoto Perdido

by Daniel Cramer
Liliana do Amaral

tic...tac...


17 Apr 18:11

Vivendo na nuvem: 4 dicas para domar a diversidade de aparelhos e ecossistemas conectados à internet

by Eduardo Fernandes
Liliana do Amaral

ok, rtf, dropbox... waiting for more!

Começar um projeto no celular, desenvolvê-lo no tablet e terminá-lo no desktop. Esse já é o fluxo de trabalho de muitos profissionais hoje em dia. Mas ainda não é tão simples usar a computação em nuvem a nosso favor. A diversidade de aparelhos interconectados na web traz pelo menos três desafios:

Muitos gadgets não conversam entre si. Isso porque a maioria usa formatos proprietários de arquivos. Isto é: que pertencem a uma determinada empresa e que praticamente só funcionam no “ecossistema” controlado por ela. Por exemplo, arquivos .docx, do Word, da Microsoft, ou a sincronização de dados via iCloud, da Apple.

Nem sempre é seguro hospedar seus dados na nuvem. Basta se lembrar da lista de companhias que tiveram seus sistemas de senhas hackeados recentemente: Apple, Twitter, EvernoteDropbox, entre outras.

Fora os ilegíveis Termos de Serviço, que aceitamos cegamente ao nos registrar em sites. Em alguns casos, inadvertidamente, aceitamos até mesmo ceder a propriedade dos nossos arquivos para a empresa que mantém o serviço.

A computação em nuvem ainda não é exatamente confiável. Muitas empresas surgem no mercado, oferecem serviços gratuitos e depois somem, mudam suas regras no meio do caminho ou, vendidas para companhias maiores, resolvem abandonar seus produtos.

Até mesmo o todo poderoso Google incorre nesse tipo de prática, que ficou conhecida como “spring cleaning”: abandonar serviços que são considerados impopulares ou que não cumprem certas metas comerciais.

Isso aconteceu recentemente com o Google Reader e enfureceu milhares de pessoas no mundo todo. E, ao longo dos anos, a lista de assassinatos do Google vem crescendo. Tanto que um colunista do jornal inglês The Guardian calculou que um produto do BigG dura, em média, 1.459 dias. Depois, beijo, me liga.

A arte de desconfiar

Não é por causa desses três fatores que você precisa abandonar a sincronização de aparelhos via nuvem. Você só precisa ficar atento para fazer escolhas informadas. Quer dizer, seguras e preparadas para o futuro. A seguir, algumas estratégias para atingir esse objetivo.

Mas entenda que são dicas comportamentais, não recomendações de aplicativos. Por quê? Para que você conheça detalhes que o ajudem a escolher melhor seus softwares, sem ingenuidade ou atitude de Maria Assinatura — aquelas pessoas que saem assinando qualquer serviço e comprando qualquer aplicativo, por impulso, só porque está na moda.

Então aperte os cintos e desligue os aparelhos eletrônicos.

Dicas para escapar das turbulências da nuvem

Sempre que possível, prefira formatos não-proprietários para seus arquivos. Por exemplo, salve seus textos em .rtf em vez de .doc. Vantagens: você não perderá o visual do texto, além de criar arquivos menores e que serão aceitos em todos os sistemas de sincronização disponíveis na atualidade.

A regra é clara: quanto mais aberto é o formato, mais ele se torna flexível, podendo ser lido por diversos aplicativos e guardados em vários sistemas de backup. No final das contas, você vai economizar tempo e dinheiro que gastaria convertendo, configurando ou migrando de serviços.

Essa ideia é o que os experts chamam de portabilidade de dados. Praticamente sempre há uma alternativa aberta para cada formato proprietário. É só procurar direito.

Desconfie de serviços gratuitos. Não seja ingênuo: alguém sempre paga a conta. Geralmente, os anúncios. Quer dizer: um mercado extremamente instável, que, nos piores casos, pode incitar até invasões de privacidade.

Antes de assinar um serviço, procure entender qual é o modelo de negócio por trás dele. Por exemplo, o serviço de sincronização Dropbox é parcialmente gratuito. Mas, a partir de certa quantidade de uso, passa a ser pago. Assim, é uma empresa que tende a ser mais confiável e existir por mais tempo. A chance de puxar o tapete dos consumidores ainda existe, mas é menor.

Note que você já faz esse tipo de seleção natural de consumo o tempo todo: escolhe bancos, restaurantes, supermercados, assinaturas de TV a cabo etc. Por que seria de outro jeito numa área tão importante como a hospedagem dos seus dados (o que hoje implica em gerenciar até relações pessoais)?

Sempre que possível, hospede seus próprios dados. Essa é uma dica para pessoas que conhecem melhor como a internet funciona (servidores, hospedagens e distribuição de informação on-line). Se você já assina um bom provedor, há excelentes alternativas de aplicativos que permitem criar seu próprio serviço de sincronização de dados. Como o Own Cloud ou até os serviços da Amazon. Quer dizer: você pode conectar todos os seus aparelhos à sua própria rede pessoal. É o sonho da nuvem própria.

Faça backup. Sempre. Até dos seus e-mails. Por mais que você use serviços hoje considerados sólidos, confiáveis e à prova de balas como o Gmail, é sempre importante sincronizá-los (via POP ou IMAP) com clientes de e-mail locais, como o Thunderbird, Mail.app, entre outros — e o geek em mim não quer deixar de citar o velho e russo TheBat!.

Os fóruns e sites de notícias sobre tecnologia estão cheios de reclamações de pessoas que tiveram suas senhas hackeadas ou contas de e-mail canceladas sem maiores explicações. Portanto, é essencial ter cópias dos seus dados mais importantes, de e-mails a fotos. Seja em HDs externos ou no seu computador.

Há muito mais a ser dito. Mas o importante é você desenvolver uma “confiança desconfiada” na nuvem. Porque, assim, você poderá usá-la com mais eficiência. Você se tornará mais prático.

Então repita com o titio aqui: para usar melhor a nuvem é preciso pensar em:

  • Formatos abertos e flexíveis.
  • Portabilidade de dados.
  • Segurança e confiabilidade dos serviços.

Fechado? A partir daí, poderemos falar de aplicativos e serviços interessantes. Mas isso fica para um próximo texto.


Eduardo Fernandes (@eduf) é escritor, estrategista de conteúdo e mantém o blog Caos Ordenado.

11 Apr 18:18

Como construir seu próprio repulsor controlado por músculos do Homem de Ferro

by Andrew Liszewski
Liliana do Amaral

já to fazendo...

Homem de Ferro 3 está quase aí, e se você pretende aparecer na estreia com sua própria armadura feita em casa, você vai querer conferir este guia do Instructable feito pela Advancer Technologies.

Ele mostra como criar seu próprio repulsor controlado pelos músculos que funciona como Tony Stark faz nos filmes. Quando você aperta seu punho, sensores em uma manga no antebraço detectam seu músculo do braço de flexionando e aciona os LEDs do repulsor ligando-o e liberando um efeito sonoro de carga. E quando você soltar o punho, ele aciona um som de disparo. Você é até recebido por J.A.R.V.I.S. quando liga a coisa, e não precisa de todo o conhecimento técnico de Tony Stark para fazer tudo funcionar. [Instructables]

original

10 Apr 20:33

Você fuma e acha que só prejudica você?

by Igor Santos
Liliana do Amaral

boas referencias...

Sabia que para produzir um único cigarro são gastos vinte e seis mil litros de água? E isso é só para o cigarro, sem contar a embalagem![1]

E sabia que essa água não pode ser reutilizada por ficar contaminada demais por metais pesados (usados como bactericida na filtragem) e por hidrocarbonetos provenientes do alcatrão (usado para concentrar a nicotina do tabaco)?[2]

Alcatrão esse que precisa ser extraído de petróleo bruto, em outro processo bastante dispendioso em termos de recursos (especialmente gás natural e água) com o único intuito de aumentar o poder viciante da nicotina, sem qualquer preocupação com a saúde humana, visto que piche (outro nome mais comum para alcatrão) é extremamente tóxico (especialmente quando aquecido além do seu ponto de vapor durante o ato de fumar) mas modifica as moléculas de nicotina de modo que elas se fixem mais facilmente aos receptores do cérebro e causem mais desconforto durante abstinência.[3]

E as plantações de tabaco? Você já viu alguma? Provavelmente sua resposta é “não”, pois elas ficam em imensas fazendas de monocultura em países pobres (geralmente governados por ditadores) como Nicarágua, Honduras e República Dominicana.[4]

Algumas dessas plantações são tão grandes que é possível vê-las do espaço!

E alguns cientistas climáticos[5] dizem que o vapor extra jogado na atmosfera pela evaporação de tantas plantas imediatamente acima daqueles países é o que tem causado os ciclones e furacões que vêm assolando a região nas últimas décadas com cada vez mais intensidade (lembram do Katrina?).

Vista do espaço, plantação de tabaco a 15 quilômetros sudeste de Tegucigalpa, Honduras.

Vista do espaço, plantação de tabaco a 15 quilômetros sudeste de Tegucigalpa, Honduras.

E todos nós sabemos que monoculturas danificam o solo e para continuar produzindo necessitam de fertilizantes químicos que poluem leitos subterrâneos, contaminando os poços artesianos das famílias ao redor, onde a incidência de câncer é a maior do mundo, perdendo somente para algumas vilas ao redor de Chernobil.[2]

E sabia que o dono da Phillip Morris, maior companhia de cigarros do mundo, é também sócio majoritário de uma das maiores empresas produtoras de adubo químico do planeta?[4]

Lógico que toda essa química precisa vir de algum lugar. Você sabe de onde sai o nitrogênio para o famoso NPK? Ele é produzido naturalmente quando folhas mortas apodrecem e essa é a maneira mais barata de consegui-lo.

E aí, consegue pensar num lugar com muita folha morta largada no chão para quem quiser vir pegar? Exatamente. Amazônia![4]

Mas tudo bem, é só um monte de folha seca, não?

Nada disso! Nossa floresta só sobreviveu até hoje por causa desse nitrogênio, que aduba naturalmente aquele solo pobre em recursos. Sem esse elemento, o solo não tem como sustentar tantas árvores.

Você achava que a única causa do desmatamento era a derrubada de árvores adultas? Isso é fichinha! Comparado com todas as mudas que jamais crescerão por falta de nitrogênio no solo as madeireiras são santinhas![6]

Ou seja, não é só o seu pulmão que cigarro afeta, mas também o pulmão do mundo!

A Indústria dos Cigarros está poluindo e contaminando irremediavelmente nossa água [7], criando dependência química e matando milhões de pessoas ao redor do mundo sem o menor pudor, enriquecendo regimes ditatoriais em países miseráveis, aumentando a freqüência e intensidade de furacões em áreas já comprometidas por péssima infraestrutura e pobreza, dando câncer em trabalhadores inocentes e suas famílias, destruindo quimicamente o solo das plantações e acabando com a nossa Amazônia.

Apesar de todas essas provas incontestáveis, você já viu o Greenpeace, o Instituto Nina Rosa, PETA, a WWF ou qualquer outra ONG “ambientalista” ir atrás das empresas de cigarro? Já viu alguma manifestação desses grupos “verdes” em frente à casa de algum magnata da Indústria da Fumaça?

Não? E sabe o por quê?

O jornal londrino The Sun divulgou, em uma matéria publicada ano passado, o resultado de uma investigação jornalística que liga Ingrid Newkirk (fundadora do grupo PETA e fumante inveterada desde seus 14 anos) e seu amigo de infância Patrick Moore (co-fundador do Greenpeace International e presidente da central canadense) ao conglomerado americano de lobby a favor do cigarro no senado americano (incluindo dois senadores e seis congressistas).[7]

Como ambos os grupos foram considerados como células terroristas [8] ao longo dos anos devido a comprovados atentados à bomba e destruição de patrimônio público e privado, os chefes das duas maiores “facções verdes” do planeta fizeram acordo com os lobistas mais poderosos do mundo para se livrar da cadeia em troca de jamais organizar um ataque contra uma fábrica ou desviar um carregamento de cigarros.

Ingrid Newkirk, fundadora do grupo PETA, também fuma.

Ingrid Newkirk, fundadora do grupo PETA, também fuma.

Podem procurar por aí! Desde o começo dos anos 80 não há um só ato registrado de protesto ambientalista contra a Indústria do Cigarro. E como todas as ONGs menores pedem a benção àquelas duas maiores, fica por isso mesmo.

Portanto, lembrem disso quando acenderem o próximo cigarro.

———

[1~8] De onde eu tirei tudo isso? Fora alguns inexpressivos detalhes, o resto saiu dos recessos mais nefastos da minha imaginação, sem qualquer confirmação.

Mas parece verdade, né?

10 Apr 20:10

Procurando emprego?

by Emanuel Henn
Liliana do Amaral

classificados...

Eu sei que a situação do emprego no nosso país nem anda tão ruim assim se comparado aos nossos amigos espanhóis e italianos e em outras praças por aí.

Mas é óbvio que ainda há muitos que procuram um emprego, um emprego novo, o emprego dos seus sonhos ou ainda só um bico pra reforçar o orçamento. É esse o seu caso? Então este post pode te interessar.

emprego

A sociedade americana de física abriu uma vaga para editor chefe da sua mais prestigiada revista, o Physical Review Letters. Depois de 25 anos no cargo, o atual editor vai se aposentar e eles estão procurando alguém novo para o cargo. O escolhido vai liderar uma equipe de mais de 20 editores, se preocupar em manter e revisar a política editorial do jornal, suas diretivas e direções e manter seu padrão de publicação no nível alto que se encontra hoje.

Se interessou? Então olhe aí algumas das qualificações que eles procuram:

  1. Possuir uma considerável estatura científica tanto na sua área de atuação quanto dentro do quadro de autores de trabalhos já publicados dentro da revista,
  2. Possuir experiência prévia com editoração de jornais científicos,
  3. Ter qualificação e habilidades de relacionamento interpessoal a fim de lidar com autores e árbitros das mais diversas áreas e cantos do mundo, além da equipe de editores e a própria sociedade americana de física,
  4. Possuir habilidades de liderança para lidar com todas as questões que envolverem o jornal.

O melhor de tudo é que não há necessidade de dedicação exclusiva. Você pode trabalhar apenas em regime parcial, de 20% a 50% do seu tempo é o indicado, mas tudo é negociável. Em outras palavras: pode muito bem ser um bico que complemente o seu salário. Ah! Você pode trabalhar de casa, mas se puder estar na sede pelo menos uma vez por mês levará vantagem na escolha. Já imaginou viajar pelo menos uma vez por mês para Long Island, pertinho de Nova York?

Bom, e agora a pergunta crucial: quanto é o salário? Eles não dizem no anúncio, mas tudo é negociável de acordo com o seu tempo de dedicação. Uma pesquisa rápida que fiz indica que um editor assistente ganha por ano algo em torno de 30 a 50 mil dólares. Razoável para um bico não?

Se interessou ou conhece alguém que possa entrar nessa vaga? Vai aqui que tem o endereço de contato.

Antes de fechar, uma nota pessoal: eu acho que é o tipo de emprego que eu adoraria ter, além da pesquisa.  De certa forma, o editor vira uma espécie de voyeur da ciência, vendo antecipadamente uma informação que é confidencial e só os autores conhecem antes da publicação, especialmente em uma revista de relevância. De certa forma, pode passar pela sua mão um resultado científico que vai virar a ciência de cabeça para baixo antes de qualquer outra pessoa. Deve ser divertido.

04 Apr 16:56

Cats: How Do They Work? Here’s a Look at the Science Behind Them

by Glen Tickle
Liliana do Amaral

cats cats cats!!!

Cats are a pretty big deal on the Internet, so it’s fitting that the Internet try to explain what cats are all about. The new video by AsapSCIENCE looks at why cats do the things they do like rubbing against us, purring, and even why they bury their poop. One explanation that’s noticeably missing from the video is why Grumpy Cat is so grumpy.

(via YouTube)

Relevant to your interests

03 Apr 04:13

[Enigma] Salve-se quem puder?

by Renato Pincelli
Liliana do Amaral

essa ta complicada...

Vincent_van_Gogh

Vincent Van Gogh, ‘La ronde des prisonniers’, 1890

A penitenciária está lotada e o diretor não sabe mais o que fazer. Incapaz de decidir quem deve soltar ou quem deve ser morto, o diretor propõe uma saída matemática. Os nomes de 100 prisioneiros são colocados em um pedaço de papel e guardados dentro de 100 caixas de madeira (um nome em cada caixa). E as caixas, por sua vez, são postas no ginásio da prisão. “Um por um”, explica o diretor, durante o anúncio do esquema, “os prisioneiros serão levados ao ginásio pelos guardas. À procura de seu nome, cada um pode olhar no máximo 50 caixas, mas deve sair sem mudar o modo como elas estão arranjadas. Depois da saída do ginásio, fica proibida a comunicação entre os detentos.”

Os prisioneiros percebem que há uma brecha nas regras, que lhes dá a chance de criar uma estratégia para facilitar as buscas. E eles vão mesmo precisar se entender, já que cada prisioneiro deverá encontrar seu próprio nome. Se isso não acontecer, todos eles serão executados.

Assim, como evitar que todo mundo procure nas mesmas caixas?

  • Nível: de médio para difícil. A lógica é simples até, mas a matemática para comprová-la é mais complicada.
  • Dica: se cada prisioneiro examinar um conjunto aleatório de 50 caixas, a probabilidade de sobrevivência dos condenados é de míseros 1/2^100 ≈ 0,0000000000000000000000000000008. É claro que o resultado poderia ser pior, especialmente se todos eles olharem para as mesmas 50 caixas — nesse caso, as chances caem a zero. Entretanto, é possível elevar a probabilidade de sobrevivência para aproximadamente 30%.
  • Solução: será publicada, assim que me for possível, na sexta, 05/04.
03 Apr 03:50

DNA é o Linux do mundo natural

by Lily Newman

Nós provavelmente assumimos mesmo que vagamente que um dia os computadores nos superarão, e deve ser por isso que é tão perturbador saber que os códigos de computadores estão evoluindo como códigos genéticos. Ao comparar o genoma bacteriano ao Linux, pesquisadores encontraram a “sobrevivência do mais apto” atuando na programação de computação.

Sergei Maslov, do Laboratório Nacional de Brookhaven, e o estudante Tin Yau Pang observaram como diferentes componentes em genomas e códigos de computadores funciona. Eles notaram que em ambos os exemplos de sistemas complexos, as partes constituintes prevalecentes se tornaram generalizadas por serem tão integradas que não podem ser removidas. E isso acontece ao contribuírem para a reprodução, seja diretamente ou através de expansões que tornam a reprodução possível.

Faz sentido que quão mais um gene ou um programa específico é usado, mais os desenvolvimentos futuros dependerão dele, mas a surpresa está na similaridade em frequência de uso entre genes importantes e programas de computadores. Maslov e Pang observaram 500 espécies de bactérias e 2 milhões de computadores individuais. Eles descobriram que a frequência que certos códigos genéticos são usados em processos fundamentais para a vida de bactérias era muito próxima à frequência de instalação de 200.000 pacotes de Linux. Maslov explica:

Nós descobrimos que pode os determinar o número de componentes cruciais – esses sem o qual outros componentes não funcionariam – com um simples cálculo que é verdadeiro tanto em sistemas biológicos como em computadores… as bactérias são o BitTorrent da Biologia.

Você descobre o número de partes fundamentais ao tirar a raiz quadrada dos componentes dependentes. Mas como Maslov diz, isso só funciona com código aberto, onde a evolução acontece “naturalmente”. Ok, definitivamente nosso universo é uma simulação computacional agora. [Brookhaven National Lab via PhysOrg]

Imagem via: Shutterstock/isak55

01 Apr 05:02

Com uma estante arqueada, você nunca correrá o risco de ver uma avalanche de livros

by Andrew Liszewski

O designer Ivan Zhang tem a solução perfeita para quem está cansado de arrumar milimetricamente o último livro nas prateleiras de modo que os demais não caiam por cima. Em vez de perder espaço com um aparador, ele acrescentou lindas prateleiras arqueadas a essa estante que, com a ajuda da gravidade, consegue manter tudo de pé e em ordem.

As prateleiras arqueadas também oferecem suporte estrutural, fazendo uma força constante para fora que mantém o quadro (dobrável) aberto, sem o risco de se fechar sozinho. E embora a funcionalidade tenha sido o foco desse projeto, o visual não fica muito para trás — ficaram bem bonitas essas prateleiras curvadas. [Apostrophe Design via ArchiDesignclub]

01 Apr 02:17

Direitos Humanos

by Carlos Orsi
Liliana do Amaral

"Humanos direitos!" Há uma arrogância implícita no uso, a sério, dessa frase que quase me faz perder o fôlego. É espantoso imaginar que tem gente que olha nos olhos do próprio reflexo no espelho e se declara, sem uma ponta de dúvida ou de ironia, um "humano direito". Mesmo? Jura? Há de ser a mesma gente que lê o Poema em Linha Reta de Álvaro de Campos/Fernando Pessoa e não sente a porrada no peito.

O reconhecimento da dignidade inerente e dos direitos iguais e inalienáveis de todos os membros da família humana é o fundamento da liberdade, justiça e paz no mundo. 
(Preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada pela ONU em 1948)


Então, né. Direitos Humanos. Para que isso serve? Por que tanta briga por causa de uma comissão da Câmara dos Deputados? Não é muita frescura? Quem liga para isso? Não seria melhor cuidar, primeiro, dos "humanos direitos"?

"Humanos direitos!" Há uma arrogância implícita no uso, a sério, dessa frase que quase me faz perder o fôlego. É espantoso imaginar que tem gente que olha nos olhos do próprio reflexo no espelho e se declara, sem uma ponta de dúvida ou de ironia, um "humano direito". Mesmo? Jura? Há de ser a mesma gente que lê o Poema em Linha Reta de Álvaro de Campos/Fernando Pessoa e não sente a porrada no peito.

Claro, a maioria das pessoas não é formada de bandidos -- entendendo-se "bandido" como gente que rouba, mata, estupra, mete a mão no patrimônio público. Mas, ainda assim, bandidos também são pessoas, parte de nossa humanidade comum. São as ovelhas negras, talvez, mas ainda assim, partes da "família humana" de que fala a Declaração Universal.

Certa vez, vendo um grupo de homens sendo levado para o patíbulo, o futuro mártir da Igreja Anglicana John Bradford teria dito: "Ali, exceto pela Graça de Deus, vou eu". Dá para trocar "Graça de Deus" por sorte, destino, acaso, mas o princípio é o mesmo: o que separa a minha vida, ou a sua, da do homem que rouba galinhas, do homem que assalta bancos ou do que comete atrocidades inomináveis pode não ser uma virtude heroica ou uma firmeza inabalável de caráter, mas apenas uma curva que não fizemos, uma rua que não atravessamos, uma conversa que não tivemos. Soa pouco lisonjeiro, ou francamente assustador, mas nem por isso deixa de ser verdade.

Reconhecer esse fato não implica, como muitos parecem temer, que devamos perdoar tudo, implantar uma cultura de vitimização dos culpados e de impunidade irrestrita, mas apenas admitir que o melhor sistema de prevenção e de punição não é o que priva o criminoso de sua humanidade, mas o que torna menos frequentes as ruas, esquinas e conversas que levam ao crime.

Em termos de estrutura de incentivos, o mais importante é a garantia de que os benefícios do mal não ficarão disponíveis para serem desfrutados. Uma garantia assim depende muito mais da investigação correta que leva à certeza da punição justa, do que do castigo cruel e exemplar, dado a um ou outro criminoso que teve o azar de ser pego por uma força policial cronicamente incompetente.

Suponhamos, no entanto, que existam mesmo vilões contumazes, canalhas congênitos, monstros renitentes, gente que  merece, mesmo, apanhar até morrer. A questão que surge, aí, é: e quem decide?

Eu não confiaria a um júri, ou a um juiz, decidindo em público e à luz do dia, diante de meus advogados, o poder da vida e da morte sobre mim. Muito menos, portanto, a um policial solitário num beco escuro, à noite.

Os povos das Nações Unidas, em sua Carta, reafirmaram sua fé em direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor da pessoa humana, e nos direitos iguais de homens e mulheres, e determinaram-se a promover o progresso social e melhores padrões de vida com maior liberdade.
(Preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada pela ONU em 1948)


A crítica "direitos humanos" versus "humanos direitos" costuma vir da direita, mas isso não quer dizer que a esquerda também não tenha seus problemas com a ideia. Em tempos recentes, tornou-se comum a queixa de que os Direitos Humanos são um instrumento imperialista e colonialista -- nos anos 90, chegou a ser criada uma Declaração dos Direitos Humanos do Islã, para contrapor-se à versão "eurocêntrica".

A ideia de que a declaração da ONU foi uma imposição de "valores ocidentais" ao mundo não passa, no entanto, de uma mentira histórica. O primeiro rascunho da declaração foi elaborado por um poeta chinês, em parceria com um filósofo libanês. Cada artigo do texto foi exaustivamente debatido pelos países-membros das Nações Unidas. Mesmo os Estados Unidos sofreram algum embaraço nos debates, por conta das leis, então em vigor, contra o casamento inter-racial. 

Participaram da comissão inicial representantes do Irã, das Filipinas, da então URSS. Um ministro paquistanês foi peça-chave na redação do artigo sobre liberdade religiosa. Quando o documento foi à votação na Assembleia Geral, não houve um único voto contrário, mas três países -- curiosamente, três tiranias -- abstiveram-se: Arábia Saudita, África do Sul e União Soviética.

A ideia de que os Direitos Humanos definidos na declaração deveriam ter aplicação universal vinha da memória, ainda fresca, dos horrores da 2ª Guerra Mundial. Um delegado paquistanês na ONU em 1948, Begum Shaista Ikramullah, disse que "era imperativo que os povos do mundo reconhecessem a existência de  um código de comportamento civilizado", válido tanto para as relações internacionais quanto para os assuntos internos dos países. Um dos objetivos da Declaração era deixar claro que nenhum governo jamais teria a prerrogativa de oprimir e de massacrar o próprio povo, a exemplo do que Hitler havia feito com os judeus alemães.

Foi a escritora indiana Hansa Methra quem definiu a redação final do Artigo I -- "todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos" -- para que a expressão usada no sujeito fosse "seres humanos", não "homens". A ideia de que os direitos valem para todos, independentemente de raça, sexo ou nacionalidade, não é uma invenção, ou imposição, ocidental: de fato, a americana Eleanor Roosevelt queria "homens".

"É essencial, para que o homem não seja levado, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão, que os direitos humanos sejam protegidos pelo império da lei".
(Preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada pela ONU em 1948)

E então, para quê uma comissão de Direitos Humanos numa Casa Legislativa? Qual a importância disso? Como o preâmbulo (citado acima) reconhece, para que os direitos possam ser respeitados e implementados -- há quem diga que a Declaração Universal enumera, na verdade, mais "aspirações" humanas do que realmente direitos -- é preciso que haja leis. Não necessariamente leis paternalísticas, mas uma estrutura legal que permita o livre desenvolvimento e desdobramento dos direitos fundamentais, e a conquista das aspirações implícitas neles.

Porque, assim como os axiomas da matemática, os Direitos Humanos não se esgotam em si, mas se desdobram em consequências lógicas e levam a corolários, como esta Declaração Universal dos Deveres Humanos, que inclui o dever de "reconhecer qualquer um, de qualquer lugar, como pessoa perante a lei", e o de "permitir que todos escolham livremente sua crença ou religião, e que livremente mudem de crença ou de religião". Essas consequências podem requerer elaboração sob a forma de lei, ou mesmo implicar que certas leis existentes devam ser revogadas ou reinterpretadas. 

Uma comissão parlamentar de Direitos Humanos, então, poderia ter a prerrogativa de cuidar disso -- de lutar para garantir que as leis do país se conformem a um padrão mínimo de comportamento civilizado. De aprofundar a ideia de que todos nascem iguais em dignidade e direitos, e merecem ser tratados como pessoas pela lei. 

É uma pena que os grandes partidos brasileiros tenham abandonado essa missão, preferindo searas mais lucrativas. E que, por conta disso, a comissão tenha ido parar nas mãos de gente que, pelo jeito, nem acredita de verdade no que deveria defender.
30 Mar 19:36

O Mito da Queda

by Carlos Orsi
Liliana do Amaral

" A ideia de que, em algum momento do passado, houve uma Era de Ouro onde tudo era perfeito (ou encaminhava-se rapidamente nesse sentido) mas aí apareceu alguém -- os capitalistas, os comunistas, Eva, a Serpente, Xenu, os militares, os imperialistas, os colonialistas, Sauron, Palpatine -- e, pimba, fudeu."

Uma das vantagens de meu emprego atual é o acesso liberado ao conteúdo do Chronicle of Higher Education, onde parte dos artigos são de livre leitura e parte, exclusiva para assinantes. Se o artigo Misguided Nostalgia for Our Paleo Past estiver disponível gratuitamente, faça um favor a si mesmo e leia-o. De autoria da bióloga Marlene Zuk,  ele é um excerto do livro Paleofantasy: What Evolution Really Tells Us about Sex, Diet, and How We Live, que deve sair em março, e que já pedi na pré-venda.

O argumento geral parece ser este:

"Nem nós, nem nenhuma outra espécie jamais chegou a um ajuste perfeito com o ambiente. Em vez disso, nossa adaptação é como um zíper quebrado, onde alguns dentes se alinham e outros se afastam (...) querer ser mais como nossos ancestrais significa desejar um conjunto diferente de ajustes".

Soa até meio óbvio, suponho, mas é bom parar para pensar no que essa afirmação representa para o que talvez seja o meme dos memes, a mitologia por trás de praticamente todas as pulsões ideológicas conhecidas pelo homem (e pela mulher, também): o Mito da Queda. A ideia de que, em algum momento do passado, houve uma Era de Ouro onde tudo era perfeito (ou encaminhava-se rapidamente nesse sentido) mas aí apareceu alguém -- os capitalistas, os comunistas, Eva, a Serpente, Xenu, os militares, os imperialistas, os colonialistas, Sauron, Palpatine -- e, pimba, fudeu.

A característica mais impressionante do Mito da Queda é sua aplicação universal. Praticamente toda corrente de pensamento tem uma Era de Ouro em seu inconsciente coletivo, seja a era de capitalismo laissez-faire de antes da I Guerra Mundial, seja o "comunismo primitivo" dos primeiros cristãos ou dos povos paleolíticos, seja o Jardim do Éden. O problema com isso, claro, é que mesmo nas Eras de Ouro havia quem sonhasse com Eras de Ouro ainda mais antigas. O conceito de Era de Ouro vem da Grécia Antiga, que se considerava, já, um período de decadência da raça humana.

Com o passar do tempo, o mito ganha novas roupagens -- em tempos modernos, tende a despir-se da linguagem mais religiosa e abraçar uma roupagem de pretensões científicas. Sua versão mais popular, na seara contemporânea, é de idealizar um passado onde as coisas eram mais "naturais" e menos "processadas", ou um estilo de vida mais próximo àquele para o qual nossa espécie "evoluiu" -- afinal, passamos 99% de nossa existência como espécie na Idade da Pedra. Então, estamos mais "adaptados" a ela. Certo?

Bom, voltando ao trecho citado anterior: "querer ser mais como nossos ancestrais significa desejar um conjunto diferente de ajustes". Nossos ancestrais não eram "perfeitamente" adaptados ao ambiente deles, da mesma forma que não somos "perfeitamente" adaptados ao nosso. Se hoje temos problemas com comida processada e com calçados que prejudicam a coluna, nossos ancestrais tinham verminoses provocadas por comida crua "orgânica" e parasitas que entravam no corpo pela sola dos pés.

Ou, como escreve Zuk:

"Será que nossos ancestrais nas cavernas sentiam nostalgia dos dias antes de serem bípedes, quando a vida era boa e as árvores, uma zona de conforto? Acredita-se que o hábito de comer restos deixados por predadores, como as hienas fazem, precedeu, ou ao menos acompanhou, o nascimento da caça na espécie humana. Então, será que os primeiros caçadores-coletores acreditavam que tirar a gazela do leão que a havia matado era melhor do que essa novidade de matar o bicho por conta própria?"

O Mito da Queda deixa-se ligar com muita facilidade ao do Bom Selvagem (sobre o qual, aliás, outro livro muito interessante, Noble Savages: My Life Among Two Dangerous Tribes -- the Yanomamo and the Anthropologists, acaba de ser lançado) e à falácia do Apelo à Natureza -- a ideia de que se é "natural" é "bom" -- o que provavelmente ajuda a explicar o complexo ideológico eco-evangélico que se está plasmando em torno da figura de Marina Silva.

É importante notar que o Mito da Queda, mesmo quando abraçado em nome de causas ditas "revolucionárias" -- como no caso da parcela da esquerda terceiromundista para quem o capitalismo imperialista é o Um Anel da nossa Terra Média tropical -- é inerentemente conservador e autoritário, já que aponta para uma versão idealizada do passado como o nec plus ultra da condição humana, um lugar para onde todos deveriam voltar, custe o que custar.

Existe um mito oposto ao da Queda, que é o Mito do Progresso -- o de que o futuro será sempre, inevitavelmente, melhor do que o presente é, ou do que o passado foi. A ameaça do holocausto nuclear, do colapso ecológico e dezenas de distopias literárias mais ou menos convincentes ajudaram bastante a enterrá-lo, embora ele ainda seja popular entre certos economistas ultraliberais.

Ambos os mitos são falsos e, no limite, perigosos, mas por alguma razão o da Queda sempre teve uma certa aura de respeitabilidade intelectual, enquanto que o do Progresso costuma ser tratado como uma fantasia de nerds ingênuos. O que não deixa de ser engraçado porque, ao menos na origem, tanto o marxismo quanto cristianismo pareciam muito mais ligados a uma visão brilhante do futuro do que do passado. Talvez a idealização do passado seja, no cenário ideológico, um sinal de cansaço -- uma admissão de derrota, a admissão de que o futuro falhou em chegar.


30 Mar 03:38

Resistência (de chuveiro) é sim questão de gênero

by Leonardo Sakamoto
Liliana do Amaral

eu troco as minhas desde cedo... mas tenho medo do gás...

Você, cara leitora, já pediu para um homem consertar um chuveiro? 

A educadora Gabriela Monteiro* escreveu o texto a seguir para este blog, contando como isso mudou sua percepção do dia a dia.  

Meninas, meninos, vale a pena ler.

Poucos prazeres são tão reconfortantes quanto o banho do final do dia. Aquela hora de desarmar, abandonar as batalhas diárias vencidas ou perdidas, se ausentar das preocupações e deixar que a água purifique tudo – uma mística diária, necessária. Pessoalmente, me permito o luxo de que esse banho seja quente. Calientito y acogedor, así me gusta. E poucas surpresas são tão decepcionantes quanto descobrir durante o banho que a resistência do chuveiro queimou. Tragédia em cinco atos, diria Nelson. Literalmente, uma ducha de água fria em qualquer ritual de relaxamento.

Recém-chegada em um novo prédio e morando sozinha, não soube a quem recorrer. Dois ou três telefonemas me reafirmaram que as amigas mais próximas não faziam ideia do modus operandi da troca de resistência num chuveiro. Infantilmente, pedi ajuda à genitora, que por sua vez não tinha nenhuma experiência no assunto. Feminista de carteirinha, não queria ceder ao senso comum de que precisaria de um homem para execução de uma operação com tamanha complexidade. Mas as noites com banho cada vez mais frugais, entrecortados por saltos e gritinhos dentro do box, lábios roxos e um desânimo trêmulo… Bem, elas foram minando minha vontade.

Humildemente, pedi ajuda ao porteiro e ao zelador do condomínio. Muito solícitos, ele me explicaram que teriam o maior prazer em me ajudar, mas que infelizmente isso era contra as regras do prédio. Não me perguntem que raios de sociedade é essa em que as pessoas são literalmente proibidas de trocar a resistência de um chuveiro, como se fosse uma atividade criminosa. A essa altura, a periculosidade da operação me parecia cada vez maior, envolta pelas ameaças de penas graves aos funcionários do prédio. As opções estavam se reduzindo e minhas preocupações aumentavam: quem poderia me ajudar? Os banhos frios noturnos zombavam da minha incapacidade de lidar com o problema.

No bar, partilhando a angústia, amigos boêmios me garantiam que podiam fazer isso, mas tudo soava a delírio etílico e no dia seguinte ninguém aparecia para colocar a mão na massa.  Confesso que passei a deitar algumas vezes sem tomar banho. Um sono ruim, sem água e sem paz. Ao meu redor, sempre ouvia mesma sentença. Sempre. “Isso é serviço para homem”. Ou suas variáveis: “Você precisa arrumar um homem para isso”, “mulher não sabe trocar resistência”. No trabalho, me indicaram um senhor que cobrava a bagatela de quarenta reais para realizar o serviço. Um homem, obviamente.

Nesse momento, considerei o machismo irritante da situação e repensei a trajetória das minhas estratégias. E um conceito dos mais queridos me veio à mente: Autonomia. Ora, durante todo o processo, minha ação fora “em busca de” alguém ou algo que pudesse solucionar o problema. Já estava mais do que na hora de mudar de perspectiva e assumir um pouco de protagonismo nessa história. Se eu pudesse desenvolver minhas habilidades, estaria construindo uma forma mais autônoma – e verdadeiramente feminista – de encarar os supostos impedimentos relacionados aos papeis de gênero. Eu podia dar um jeito naquilo. Nem que eu tivesse de perguntar ao Google.

Aproveitei o sábado para pôr em ordem a casa, reservando o desafio para o final, com uma expectativa quase divertida. Percebi que me faltava a bendita resistência nova e pacientemente fui até o supermercado comprar uma. A essa altura, estava completamente saturada do problema, mas ainda insegura se poderia dar conta dele sozinha. No caixa, perguntei por curiosidade:

- A senhora por acaso já trocou uma resistência?
- Não, minha filha. Só quem faz isso é homem.
- Não é verdade, minha senhora. Também tem mulher que faz.
- Muito difícil, viu? Eu nunca vi.
- Mas se o homem faz, a mulher pode fazer.
- Poder até pode, mas não se interessa. Mulher não gosta muito de aprender. Tá aqui seu troco.

Fui caminhando de volta pra casa, segurando a resistência e me lembrei de outro diálogo, uma história que minha mãe me contou, sobre o período do meu nascimento. Meu pai, que tanto sonhara com um menino, ficara decepcionado com o meu sexo. Para compensar minha ‘falha’ biológica, ele disse a minha mãe que eu seria diferente das outras, não aprenderia coisas de mulheres e sim de homens. Quando minha mãe questionou quais seriam essas coisas, ele respondeu: “Trocar resistência do chuveiro, por exemplo”.

Essa lembrança teve um grande impacto, de me fazer perceber como essa bobagem me antecedia e, aliás, nos antecedia a todas. A naturalização nos serviços de ‘homens’ e de ‘mulheres’ está tão enraizada que nos deparamos com o patriarcado o tempo todo, dentro do banheiro, na fila do supermercado, no bar, no trabalho, na psique. Quantas, quantas vezes e a respeito de tantas coisas, ouvimos dizer que não poderíamos fazer, que não fomos feitas para isso. Quantas vezes acreditamos. Quanto trabalho para desfazer essa educação de ignorância e terror. A resistência do banheiro já havia tomado outras proporções, de bandeira de luta. Eu pisava firme enquanto subia os degraus até o apartamento.

A descrição literal do que aconteceu depois que abri a porta: Desliguei o interruptor de força elétrica, abri o chuveiro, olhei a resistência anterior, coloquei a nova na mesma posição, fechei o chuveiro, liguei o interruptor de força elétrica. Abri o chuveiro: água quente. Olhei o relógio: não haviam se passado dois minutos. Minha vontade era voltar no supermercado, gritar pela varanda, avisar a todas às mulheres: Fomos enganadas! Pombas, o negócio tem três pinos que encaixam em três buracos. Até uma criança pode fazer isso. E nós passamos a vida inteira sendo excluídas dessa tarefa simplória por quê?

Pelas velhas desculpas esfarrapadas de que é ‘difícil’ ou ‘perigoso’. Porque é preciso criar mitos para colocar as mulheres em situação de submissão. Porque é muito seguro assustá-las ou intimidá-las, para que os homens detenham a técnica ou o conhecimento. Puro domínio, pura relação de poder. Em uma dimensão maior, essa é a estrutura social que garante a opressão: centralização de conhecimento e poder, desinformação para a maioria.  Menos de dois minutos para desconstruir mais um dos disparates da mentalidade patriarcal. Revoltantemente simples.

Narrei a saga à minha mãe por telefone, que não deu muita atenção às minhas expressões de indignação, mas ficou curiosíssima ao descobrir que a coisa toda é bem fácil. Perguntou várias vezes sobre o procedimento – do qual quase nada existe a ser dito – e ficou bem animada ao descobrir que agora não precisa mais pedir ou contratar alguém para isso. Ela ficou sinceramente feliz com a novidade. Daí me lembrei de uma outra coisa a respeito do feminismo: não faz sentido você ter autonomia se as outras também não tiverem. Autonomia não é algo individual, liberalizante. É uma dinâmica coletiva, é partilha e solidariedade.  Minha mãe acabou de completar cinquenta anos e está louca para trocar sua primeira resistência, agora que descobriu que pode. Eu já fui chamada para trocar em outras casas e ensinar às amigas.

Parece simples. Parece bobagem. Mas simboliza muita coisa. Te cuida, patriarcado. Nós resistiremos sempre.

(*) Gabriela Monteiro, feminista, educadora política e está pensando seriamente em comprar uma furadeira.

29 Mar 05:29

Bento XVI: o lado B

by Carlos Orsi
Uma prova da forte influência católica na sociedade global -- e, por tabela, na mídia -- é o fato de Joseph Ratzinger estar deixando o pontificado como "um grande teólogo" e não como um "um facilitador e acobertador de crimes sexuais contra crianças". Nada, é claro, impede que ele seja as duas coisas ao mesmo tempo, e ambos os títulos dependem, até certo ponto, de uma série de juízos de valor,  mas a escolha de ênfase pelo noticiário é sintomática.

A justificativa mais ampla para o menos lisonjeiro dos títulos veio a público há quase dois anos, quando advogados ligados à causa dos direitos humanos apresentaram uma denúncia contra Bento XVI no Tribunal Penal  Internacional, (TPI), em Haia. E em 2010, o jurista britânico Geoffrey Robertson já havia publicado o livro The Case of the Pope: Vatican Accountability for Human Rights Abuse , onde argumenta que documentos ratificados por Ratzinger enquanto cardeal, responsável pela Congregação da Doutrina da Fé, a antiga Inquisição, impuseram uma lei do silêncio mafiosa a padres, bispos e católicos leigos, efetivamente proibindo-os de denunciar padres pedófilos às autoridades civis. O livro, aliás, saiu no Brasil, com o título O papa é culpado?, mas a acho que a imprensa estava ocupada demais babando ovo para a  Jornada Mundial da Juventude para notar.

"Não existe dúvida de que a escala do escândalo de abuso sexual só foi atingida porque diretrizes do Vaticano -- especificamente, da Congregação para a Doutrina da Fé -- exigiam que todas as queixas de abuso sexual fossem processadas em absoluto segredo e escondidas da polícia e das cortes, sob uma Lei Canônica que era obsoleta e não-punitiva", escreve Robertson.

Em pelo menos um caso, o do padre Lawrence Murphy -- acusado de molestar cerca de 200 meninos deficientes auditivos -- o então cardeal Ratzinger foi informado, por carta, dos abusos, mas nada fez a respeito. O Vaticano defende-se dizendo que as cartas chegaram décadas depois de os crimes terem sido cometidos. Ainda assim, a ausência de qualquer tipo de reação ou resposta é intrigante.

Sua atuação como papa  também não foi muito melhor que a de inquisidor, ainda que tenha envolvido algum esforço de relações públicas: como a punição de Marcial Maciel, o maníaco sexual fundador dos Legionários de Cristo, cuja carreira de crimes foi absurdamente relevada por João Paulo II. No entanto, a queda de Maciel, sob Bento XVI, foi um caso típico  de "gato fora do saco": veio tarde demais, quando o escândalo já era de domínio público e o culpado se encontrava quase à beira da morte.

Criticamente, a norma De gravioribus delictus, editada no reinado de Bento XVI, em 2010, não exige que bispos que tenham conhecimento de atos criminosos praticados por padres os denunciem à polícia, mas apenas à Congregação para a Doutrina da Fé. De fato, o Vaticano chegou a publicar, depois de muita pressão, uma "sugestão" de que os bispos procurassem as autoridades civis, mas ela não foi incorporada à norma. Sugestões à parte, a lei da Igreja segue exigindo "o segredo dos julgamentos, para preservar a dignidade dos envolvidos".

A ONG americana Survivors Network of those Abused by Priests (SNAP) emitiu uma nota sobre a renúncia de Ratzinger, também largamente ignorada pela imprensa. A SNAP oferece, a meu ver, o melhor resumo do pontificado de Bento XVI, tanto sob o ponto de vista teológico quanto moral: "Bento deixa uma Igreja ainda regida por leis sob as quais (...) não se pode ser casado e padre, nem mulher e padre, mas pode-se ser um estuprador de crianças e padre".





28 Mar 05:54

Este contador gente boa criou um jogo de RPG completo dentro do Microsoft Excel

by Casey Chan

Todo contador que eu conheço confia cegamente nos poderes do Excel. Mas nem todo contador é capaz de aproveitar todo esse poder de uma forma tão legal quanto Cary Walkin, do Canadá. Walkin criou um RPG completo dentro do Excel. Acredite ou não, agora dá para usar o Excel para se divertir pra valer.

O jogo, chamado Arena.Xlsm, pode ser baixado aqui. Ele funciona com o Excel 2007 e 2010, e embora ainda não tenha sido testado com o Excel 2013, é provável que funcione bem nele também. Infelizmente, como tudo que é maravilhoso no Excel, o Arena.Xlsm não funciona na versão para Mac. O jogo inclui:

  • Inimigos aleatórios: mais de 2000 inimigos possíveis com diferentes habilidades de inteligência artificial.
  • Itens aleatórios: 39 modificadores de itens resultam em mais de 1000 combinações e atributos de itens possíveis.
  • Uma interessante história com quatro finais dependendo de como o jogador se sai.
  • 8 encontros com chefes, cada um com sua própria tática.
  • 3 arenas pré-programadas seguidas por arenas processualmente geradas. Cada jornada tem seus próprios desafios.
  • 31 feitiços. Existem muitas estratégias diferentes para o sucesso.
  • 15 itens únicos. Itens únicos têm propriedades especiais e só caem de inimigos específicos.
  • 36 conquistas.
  • Isso tudo em uma só planilha do Excel.

É como se alguém tivesse pego os jogos que costumávamos jogar no TI-83s e os levado a outro nível. E talvez dê ao resto de nós, não-contadores, um motivo para usar  o Excel! [Cary Walkin via BoingBoing]

28 Mar 05:13

Eis o mangá de Steve Jobs que você não sabia que precisava ler

by Eric Limer

Existe um mangá para praticamente tudo, e do momento que surgiu um sobre a política para criação de dispositivos com Android, um sobre o Steve Jobs parecia inevitável. Bem, ele está aqui.

O primeiro capítulo foi publicado na revista japonesa Kiss, e a editora Kodansha soltou algumas imagens online para aqueles que querem ver como ficou. Segundo relatos, o mangá é baseado na biografia de Jobs de Walter Isaacson, então não é provável que ela tenha nada bizarro. Se isso é bom ou ruim é questão de gosto pessoal.

Tudo está em japonês, então você pode ter dificuldade em acompanhar a história, mas você deve saber um pouco dela já. E de qualquer jeito milhões de filmes sobre o Jobs estão a caminho. Você pode ler – ou só olhar – o resto do primeiro capítulo aqui. [Apple Insider via The Next Web]

original (1) original

26 Mar 21:42

Using Physical Organic Parameters To Correlate Asymmetric Catalyst Performance

by Kaid C. Harper and Matthew S. Sigman

TOC Graphic

The Journal of Organic Chemistry DOI: 10.1021/jo4002239
25 Mar 03:32

Ilustrações criativas – Parte 8

by massacritica

Ilustrações estranhas e divertidas que foram utilizadas em resumos de artigos científicos.

Uma ressonância renascentista.
ressonancia proteica com obra de arte
Do artigo: The Quiet Renaissance of Protein Nuclear Magnetic Resonance

Monocamada escorregadia pra elefante!
cartoon de elefante em carbeto de silício
Do artigo: Covalently Attached Organic Monolayers onto Silicon Carbide from 1-Alkynes: Molecular Structure and Tribological Properties

Matemática desatadora de nós
bolo de fio e um pouco de matemática
Do artigo: Spin system trajectory analysis under optimal control pulses

Molécula lobo em pele de cordeiro
ovelha com cabeça de lobo
Do artigo: Wolfphos in Sheep’s Clothing: The First Trinuclear Triboryl- and Other Boryl Platinum Complexes Featuring a Flexible Phosphine Ligand

Via TOCRofl

23 Mar 04:19

Isto não é um hands-on: Rego, um app bacana, mas que tem um nome bem complicado no Brasil

by Daniel Junqueira
Liliana do Amaral

Você pode até adicionar fotos no REGO!

De vez em quando surgem uns apps com nomes sugestivos, e o Rego é um desses. Você pode até achar que estamos sendo infantis, mas sério, veja como o Rego se descreve.

Ele é um serviço que lembra um pouco o Foursquare: você marca em mapas lugares que visitou e pode fazer anotações sobre ele. Útil, interessante até, mas… pô, Rego. Conheça mais sobre o Rego:

Você pode planejar uma viagem em casa e anotar no Rego os lugares que quer visitar. Depois, quando estiver fora do país, o GPS do iPhone ajuda a encontrar os lugares que você quer.

Captura de Tela 2013-03-21 às 18.51.18


Além de marcar o lugar em um mapa, você pode fazer anotações sobre ele. Dá para colocar fotos no Rego.

rego2


Sobre privacidade, o site do Rego é direto: “O Rego é privado. Ninguém consegue ver o que você adiciona no Rego. Mas às vezes você quer compartilhar um lugar com isso, e o Rego faz isso com facilidade. Lugares compartilhados são importados diretamente para o Rego, o que o torna um app perfeito para aquele momento ‘ei, vamos nos encontrar lá!’”

Captura de Tela 2013-03-21 às 18.50.00


Você não pode adicionar amigos no Rego: ele é apenas seu. Cada um tem seu Rego. Não é uma rede social e você não vai ficar sabendo o que outras pessoas fazem no Rego delas.

rego3


O Rego é gratuito: você pode adicionar até dez lugares sem precisar pagar nada. Mas, depois disso, a taxa para usar o Rego é de US$ 2,99. Se você curtiu muito, aproveite. O Rego está em promoção: US$0,99.

O Rego só está disponível para iPhone. Você pode baixá-lo no link a seguir: [App Store via Rego, via @rafaelcapanema]

23 Mar 03:58

Google Keep, o lugar para guardar o que está na sua cabeça, é lançado

by Rodrigo Ghedin

O rumor do começo da semana acaba de se mostrar verdadeiro: o Google Keep, aplicação do Google para fazer anotações, escrever lembretes e criar listas de tarefas está no ar — e já chega com um app para Android bem bonito.

A princípio, o Google Keep parece ser o “Evernote do Google”: dá para salvar texto, listas e fotos, e ainda transcrever áudio. A organização é toda feita em quadrados coloridos que lembram post-its e os dados são sincronizados em tempo real — alguém aí disse “Google Drive”? Parabéns, você acertou! O slogan usado pela turma britânica do Google no anúncio fala em “guardar o que está na sua cabeça”.

Num primeiro momento, o Google disponibiliza o serviço via web e em um app para Android. O anúncio fala em integração direta com o Google Drive nas próximas semanas, mas não menciona outras plataformas móveis, o que é um tanto incomum em aplicações mais genéricas como parece ser o caso do Keep.

Google Keep no Android.

Vamos brincar um pouco com o serviço e, logo mais, trazer um hands-on mais aprofundado, inclusive comparando o Keep com outras soluções estabelecidas como Evernote e Wunderlist. [Google UK]

22 Mar 02:13

FoxTrot by Bill Amend jason es como es nerd medio computin y la...

by panzerdrako


FoxTrot by Bill Amend

jason es como es nerd medio computin y la hermana es la tipica airhead que se la pasa molestando al hermano chico…

21 Mar 22:25

Libre!

by Daniel Cramer
Eu e mais outros talentosos quadrinistas nos juntamos para fazer  a pré venda da Revista Libre!
 Com o dinheiro arrecadado  iremos finaciar a impressão e envio para todos que contribuiram para o projeto, quem contribuir mais irá receber prémios exclusivos. 
Caso não for atingido a meta para o lançamento o Catarse garante que seu dinheiro sera devolvido.
não se preocupe!
21 Mar 22:25

Apenas

by Daniel Cramer