Shared posts

19 Oct 20:19

O peso da naçom





Amigos e amigas:

Quando me propugerom participar nesta mesa sobre o peso da naçom o primeiro que me veu á cabeça foi o hino da naçom de Breogám que eu, como profe, e para conhecermos a fondo o poema de Pondal nas aulas de literatura, gosto de interpretar com a música mariachi de Allá en el Rancho Grande, seguindo aos grandes Os da Ria.

Como de seguro que neste foro todo o mundo sabe de cor o hino, hoje, rogo que o entendades, nom o vou interpretar.

?Um escritor sem o seu povo é como merda baixo a chuva?, dixo Jonas Pshibiliauskiene-Krikshchiunas. E despois da cita de rigor, continuo.

Os cultivos hidropónicos som aqueles cultivos nos que as plantas ?tomates, por exemplo- nom tenhem as raízes na terra. As plantas penduram nos viveiros conetadas a diferentes cabos e a raíz mergulha-se num recipiente cheio de líquido. Um computador central controla o cultivo. Tamém proliferam os cultivos aeropónicos, plantas com as raízes no ar.

Na Galiza tamém hai gente que nom vive com os pés na terra, como tomates aeropónicos, que nom se alimenta do substrato próprio do país. Gente que nom canta em galego, que nom le em galego, que nom fala em galego.

Quando tinha 17 anos eu era desse tipo de gente. E pensava que isso era o normal... Como muitos mozos e mozas cheguei a pensar que era normal que os rapaces galegos nom falassemos galego ?especialmente as rapazas-, que nom conhecessemos grupos de música em galego ou que nom ligassemos na língua da Galiza. Era normal que nom fossemos ?demasiado? galegos.

Hoje a cousa está bastante pior, porque hai menos gente a falar a nossa língua e, polo tanto, a naturalidade do idioma fica mais longe da mocidade nas suas relaçons sociais, especialmente nas cidades.

Por isso é urgente oferecermos as nossas maos abertas cheias de terra do país. E na terra do país está a língua. Nos graos de terra, as palavras. A terra que pissamos e a terra que sonhamos. O substrato que nos alimenta desde um cenário ou desde o facebook, desde um livro, num talher de soldadura ou na etiqueta dumha Galicola...

E agora explico por que, se queremos cambiar as cousas, cada um de nós, cada umha de nós, tem que falar por dez.

Porque as palavras criam, construem a realidade. Nom é certo que as palavras só descrevam ou repressentem a realidade. Ao colocarmos umha letra detrás doutra, um signo, um símbolo, palavra tras palavra, estamos a construír novas realidades. Nom só a gente que publica livros. Tamém a gente que escreve nos jornais, fala nas aulas, escreve nos muros com spray, redata facturas, pinta coraçons de amor nos banhos ou canta rap.

Som as palavras as que construem a nossa vida. Elas conformam o nosso pensamento e dirigem o nosso comportamento. Disto sabem muito os méios de comunicaçom, grandes construtores e destrutores de hábitos, atitudes, normas e vida social. A vontade dos grandes meios de comunicaçom sempre será monopolizar as palavras. Modificar e dirigir a nossa identidade. Porque as palavras, que levamos na cabeça inevitavelmente, fam-nos ser como somos persoal e socialmente. A linguagem produce a realidade. E tod@s e cada um de nós somos médios de comunicaçom.

A língua galega, pois, nom representa ou define simplesmente a nossa identidade: construe-a. Persoal e socialmente. As línguas som povos de palavras. A minha língua é um povo de palavras.

Songoku ou Shin Chan ajudarom-nos a construír a nossa língua, a edificar a nossa autoestima, a viver com normalidade que um colega japonés falasse o idioma da Galiza. E por essa raçom ?entre outras- o espanholíssimo governo actual da Xunta nom podia consentir que os Teletubies lhes falassem galego aos nossos filhos e filhas. Para a geraçom da minha filha pode que chegue a resultar mais normal despedir-se dicindo By-By que Aaaadeuuuus.

Eu, como cidadám galego, estou a participar num proceso de criatividade social espalhando as palavras da minha língua, dia a dia, como professor, como escritor, como cliente dum supermercado ou dum banco, como usuário de internet ou lector de jornais, como pai, como irmao, como filho, como amigo ou colega, como vizinho no elevador, como cliente da cafetaria, estou a construír, ombro com ombro com milheiros de persoas, este país que umha gente chama Galiza e outra, Galicia, ou outra la Galice.

É curioso. Eu falei espanhol até os 17. Papá e mamá considerarom que educar-me nessa língua era o melhor para mim. O peso dumha história de sometemento e umha realidade de prejuíços sobre o galego foi decisiva. Na sua circunstáncia nom tiverom posibilidade de eligir. Como hoje, desgraciadamente, muita gente.

Entre o conjunto d@s que nalgum dia fomos neo-falantes, seria importante revelar, entre tod@s, quais forom os números da combinaçom que nos abrirom essa porta que ás vezes semelha brindada, a da nossa língua. Justiça social, criatividade, fraternidade...

Assi que eu um dia quando era um adolescente puxem-me a escrever e outro a falar em galego, e logo, hai pouco tempo, pugem-me a escrever o galego com NH e LH, continuando com o meu particular processo educativo.

Em internet hai milhons de comentários sobre o reintegracionismo e o isolacionismo, milhons de palavras sobre que se o Ñ e que se o NH e tumba e da-lhe, as mais das vezes enfrontando estas duas formas de expresom e, polo tanto, criaçom social da língua e do próprio país, como estratégias incompatíveis.

Mas por que hai gente que nom se quere dar de conta de que nom tenhem que ser incompatíveis?

Neste momento histórico de debilidade social da nossa língua nom podemos seguir a marginar gente que pensa, fala, joga, trabalha, escrebe, canta em galego todos os dias, e está a trabalhar incansavelmente participando de forma activa no processo de normalizaçom do idioma, simplesmente porque nom escrevem com Ñ.

É talvez um dos maiores erros da nossa história esta discriminaçom por raçom ortográfica que se deveria recolher na Declaraçom de Direitos Humanos.

E agora gostaria de brindar, simbólicamente, com Galicola pola nossa língua!

Brindar com vós que estades neste congreso de escritor@s, mas tamem com a gente para quem escrevemos: a nossa mae que nom gosta de ler, o nosso pai que nom quere que se deam as matemáticas em galego, a nossa filha que aínda nom sabe ler nem falar, o nosso filho que já nom fala a nossa língua, a nossa curmá nacionalista galega ?essa tam rara- que gosta de Castelao?, o tio nacionalista espanhol, a rapaza romanesa que acaba de chegar, e o resto do mundo.

Devemos construír milheiros de discursos diferentes. Cada persoa debe achegar-se á nossa literatura, á nossa língua, como a umha fonte de criatividade, de originalidade, de transformaçom persoal, de cámbio social, de riqueza, energia e onda vital. E por isso devemos trabalhar muito.

Escrever muito a gente que sabe escrever, e falar muito a gente que sabe falar. Que somos tod@s. Devemos amplificar-nos. Cumpre que as palavras do nosso idioma se multipliquem e saiam além e entrem em contacto com o maior número posível de gente, porque hai muita gente a participar na construçom ?e na destruçom- deste país. E por isso @s galego-falantes, cada um de nós, cada umha de nós, tem que falar por dez.

Ou ter dez filh@s, -como figerom as mulheres curdas-, cousa mais complicada e injusta.

Em todo caso, cumpre participar socialmente, amigos e amigas, oferecendo com as maos abertas a nossa língua.

Quero dicer que si, que Eu nunca serei yo, e que muita gente sentimos e comprendemos que estamos a resistir umha ofensiva alienatória que pretende a devaluaçom da nossa identidade como povo, a disoluçom da Galiza como povo diferenciado do mundo nos límites sociopolíticos espanhois e tal e tumba? Etcétera.

Mas que passa com a gente que non pensa assi? Que nom comparte essa ideologia? Fica fóra do proceso de revitalizaçom da língua? Nom tal. Nem pensa-lo.
O caminho da transformaçom da nossa língua nom é só um caminho pura e ortodoxamente ideológico. E sabe-o quem chegou a falar a nossa língua por raçons socio-afectivas. Ou mesmo por motivaçons económicas. Ou laborais. Ou amorosas. Ou medio-ambientais.

E o futuro do galego ou é um futuro impulsado por milheiros de neofalantes que comecem a falar galego por mui diferentes motivaçons, ou nom será.

Isso si, o futuro da língua está marcado pola luita, sempre no presente, contra a ignoráncia, polo caminho da cultura, a ciéncia, e a educaçom. É um caminho que na ilustraçom e o humanismo e continua no altermundismo e mais alá. Um caminho de aprendizagem social.

Que mo digam a mim que o dia que tenha responsabilidades políticas proporei o Ensino Obrigatório até os 65 anos.

Tristemente, ademais, por primeira vez na história da Galiza a porcentagem de nenos e nenas obesas está a chegar ao 25 por cento, apesar de que o livro de boa cocinha Larpeiros seja o livro mais vendido em muito tempo. E seguramente qualquer socióloga poida relacionar com facilidade o aumento da obesidade e o crescemento da desgaleguizaçom na gente nova como resultado de certas dinámicas socio-éconómicas e culturais.

Tod@s ?com maior ou menor suor- formamos parte dum processo de criatividade social para o que, sobre todo, necessitamos muito humor. E saúde. E, como dicia Novoneyra, amor.

E si, muitas ideias, tamém, claro.

E muito trabalhinho.

Por certo, por se nom quedou claro, todo isto era para recordar que si, que as nossas palavras podem cambiar o mundo. Que as nossas palavras cámbiam o mundo.

...

Intervençom no VII Encontro de Escritoras e Escritores Novos


Novembro de 2009
19 Oct 15:08

A arqueoloxía confirma o campamento romano da Granda das Xarras

by magago


Campamento na Granda das Xarras

É un espazo arqueolóxico espectacular. En 2011 contamos en Capítulo Cero o achado dun gran campamento romano de 5,5 hectáreas nun territorio montañoso na confluencia entre León, Asturias e Galicia, por parte dun equipo de novos arqueólogos asturianos. O achado era moi relevante para comezar a comprender que as cruentas Guerras Cántabras tiñan un radio de acción, e teatros de operacions máis amplios e occidentais do que determinada historiografía viña considerando ata o momento, e que ese radio de acción chegaba arqueoloxicamente ata as montañas occidentais da actual Asturias e a actual Galicia.

Agora, outro equipo do CSIC, dirixido por Javier Sánchez-Palencia e Almudena Orejas está intervindo no sitio, limpando a maleza, realizando catas, sondaxes e prospección, e xa confirman que se trata dun campamento romano, aínda que non se poden establecer cronoloxías con fiabilidade (e as cronoloxías son importantes. É un campamento do tempo da guerra ou da inmediata posguerra, por exemplo?).


Localización de A Recacha (esquerda) e Granda das Xarras (dereita)

O asunto interesante aquí é a participación de concellos leoneses, asturianos e galegos en achegar fondos para investigar non só a Granda das Xarras (o campamento grande) senón A Recacha (unha especie de fortín auxiliar), xa en territorio galego. Son os concellos de Ibias (Asturias), Candín (León) e Navia de Suarna (Galicia). O que é o mesmo, tres administracións de tres autonomías distintas chegan ao acordo de recuperar un auténtico teatro de operacións de hai dous mil anos.

Aquí podes ler máis información. E lembra tamén a nosa proposta de campamento romano para o gran sitio arqueolóxico de O Cornado (Negreira).

19 Oct 15:07

Unhas conservas diferentes

by magago

Nun escaparate de Dijon descubrín esta magnífica colección de conservas portuguesas. A empresa chámase José Gourmet [esta é a ligazón ao seu interesante web] e ten unha divertidísima colección de conservas embaladas con esta moderna e divertida presentación, encargadas a diferentes ilustadores portugueses. Cada conserva, ademáis, incorpora un pequeno texto literario vinculado ao produto que se presenta. Por exemplo, das sardinhas en azeite:

As sardinhas passeavam na costa atlântica, fazendo cócegas, costa acima, costa abaixo. E, de tanto rir, esticar, abanar, contorcer… a costa ficou assim como a conhecemos.

As sardinhas con tomate:

Certa sardinha quis transformar-se num tomate. Conseguiu mas perdeu o aroma e não achou piada ao corpo, vermelho e liso. Decidiu voltar atrás e passou a convidar o tomate para conversar: conversas de conservas.

As lulas en caldeirada:

Uma lula queria ser pintora. Arregalava os olhos e pintava tudo o que via. Mas, logo que acabava de pintar, mudava de cor e misturava-se com a sua pintura. Por isso ninguém a via nas exposições.