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09 Apr 15:14

Como o Piauí virou modelo no combate ao roubo de celulares. PS: Envolve robôs

by Josette Goulart

Sem nenhum novo investimento, com muita inteligência – e alguns robôs – o Piauí está fazendo um estrago na vida daquela grande praga nacional: os bandidos especializados em roubar ou furtar celulares.

A estratégia é simples e brilhante. Começa pelo rastreio do chassi dos celulares. 

No setor de telecom, esse “chassi” é conhecido como IMEI, a sigla para International Mobile Equipment Identity. Não importa quantos donos ou quantos números de telefone um celular tenha, o IMEI nunca muda. 

Com base nesta premissa, os policiais desenvolveram um aplicativo que consegue ler o IMEI e cruzar informações. O sistema foi batizado de Cell Guard.

Em um primeiro momento, em uma espécie de MVP, a polícia do Piauí realizou várias blitz pelas ruas de Teresina. Os ocupantes dos veículos não precisavam soprar em nenhum bafômetro, mas digitar *#06# nos seus celulares. Ao fazer isso, o celular mostra na tela o número do IMEI.

O policial tirava uma foto, e o robô dizia na hora se o aparelho era roubado. Em apenas um fim de semana, foram apreendidos 50 aparelhos. 

A ideia estava validada. Agora era só partir para a operação em massa. 

Com 24 mil boletins de ocorrência na fila das investigações, a polícia pediu uma autorização judicial e conseguiu obter das empresas de telefonia os novos números de todos os aparelhos roubados. 

Mais uma vez os robôs entraram em ação, desta vez para fazer uma notificação em massa via mensagens de celulares. Usando um número de WhatsApp verificado, a polícia dispara intimações aos novos usuários dos aparelhos, exigindo que compareçam à delegacia para comprovar que são os proprietários legítimos dos celulares. 

O robozinho é capaz de fazer 10 mil intimações por minuto – mas como a delegacia não teria como receber tanta gente ao mesmo tempo, o trabalho é feito aos poucos.

boopo matheus zanatta

A delegacia ficou cheia; no começo, apenas quatro funcionários faziam o atendimento. Logo, tiveram que botar 15. 

Em uma espécie de delação premiada em massa, as pessoas foram contando aos policiais os nomes das lojas ou pessoas de quem compraram os aparelhos. 

Estava dado o start para a nova etapa das investigações: a Operação Interditados, que já está em sua 15ª fase e é de fazer inveja a qualquer Lava Jato. 

Os policiais conseguiram provas da venda irregular de celulares e já fecharam 65 lojas físicas e virtuais envolvidas na receptação. 20 lojistas foram presos.

Mas as operações têm um requinte de inteligência. Em cada diligência, os policiais levam consigo os fiscais da Receita Federal. 

Os policiais só podem apreender os celulares roubados, como bem lembrou ao Brazil Journal o delegado Matheus Zanatta, superintendente de Operações Integradas da Secretaria de Segurança Pública do Piauí. 

“Já os fiscais…” descobrem outras bandalheiras.

No mês passado, na 12ª fase da Interditados, os fiscais da Receita apreenderam em uma única loja do Shopping da Cidade 26 sacos (de 60 quilos cada) com equipamentos eletrônicos importados sem notas fiscais. E agora, o boleto do imposto está a caminho. 

Mas para resolver o furto de celulares, a polícia também está atacando em outra frente. Usando o bom e velho trabalho de campo, policiais à paisana estão frequentando eventos de grande porte no Piauí para prender ladrões de celulares – com a mão na massa, em flagrante. (Já houve incursões no Pará e no Maranhão para prender suspeitos.) 

Do outro lado, os ladrões começaram a testar novos mercados – como o de peças usadas – forçando os policiais a estender as operações às empresas que revendem peças. 

Graças à operação, o círculo contra a bandidagem está se fechando no Piauí: em oito meses, a polícia já devolveu 6 mil celulares a seus verdadeiros donos. 

Os roubos e furtos de aparelhos diários caíram 40%, em Teresina – enquanto, no resto do País, crescem 15% ao ano.  Além disso, todo assalto a mão armada tem o potencial de virar algo mais grave. No Piauí, a polícia reduziu os latrocínios em 20% no ano passado – e, segundo a Secretaria de Segurança, a queda já é de 50% em 2024.

O roubo e o furto de celular não estão no rol dos crimes graves, mas têm um efeito imediato na sensação de insegurança da população, e, por isso, outros estados estão se interessando pelos avanços feitos pelo Piauí. 

“Nem toda família vai viver a dor de um homicídio, mas com certeza 100% das famílias já viveram a dor de um roubo,” diz o diretor de inteligência da SSP do Piauí, Anchieta Nery. “Se não você, sua esposa, seu filho, seu irmão… com certeza alguém de cada família brasileira vai viver essa dor em cada geração.” 

Em março, o sucesso do Piauí ganhou destaque no Fantástico, e desde então pelo menos cinco estados procuraram mais informações. Antes disso, outros três já estavam recebendo ajuda para replicar o método. 

“Nosso estado é um case de sucesso e não vejo obstáculos para que outros estados repliquem. Estamos prontos para transferir a tecnologia,” diz Zanatta. 

O Ministério da Justiça anunciou hoje que quer transformar o protocolo em política nacional. 

Mas o Piauí continua um passo à frente: sua polícia já se prepara para aplicar um protocolo similar contra o roubo de automóveis.

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02 Apr 15:27

Saudades do tio Filipe

by Unknown
O meu pai detestava ver fotografias antigas. Assumia que elas lhe traziam recordações tristes de tempos felizes, de gente que tinha perdido pelos anos. 

Tenho uma atitude em absoluto inversa. Acho imensa graça recordar pessoas que já se foram, imaginá-las nesses momentos, olhá-las na idade que então tinham. Faz-me bem, não sinto a menor nostalgia. Dilui-me mesmo a saudade que, pontualmente, possa ter de algumas delas. Como é o caso do meu tio Filipe.

Nas fotografias de família que, há pouco, encontrei numa caixa, onde tenho tudo convenientemente desordenado, descobri uma meia dúzia onde surge o tio Filipe. 

Quem era o tio Filipe? Era um dos muitos irmãos do meu avô materno. Um homem alto, magro, pálido, com ar de ter maleitas debilitantes. Teve uma vida algo atribulada. Recebeu, por herança da minha bisavó, uma bela quinta, à volta da qual se tinha formado a aldeia de Bornes de Aguiar. Rezam as crónicas familiares, e sabe-se serem esses os factos, que perdeu a quinta ao jogo, no casino das Pedras Salgadas, uma história à época famosa, que já vi retratada num artigo de imprensa. Ficou em situação económica muito difícil, mas nem isso terá impedido que levasse uma vida de estroina, com muitos casos românticos pelo meio.

Há uns anos, um mestre-de-obras que andava a trabalhar na minha casa, em Lisboa, ao saber-me ligado familiarmente a Bornes de Aguiar, revelou-me que o seu sogro era filho ilegítimo de "um tal Filipinho Seixas, que tinha perdido a fortuna no jogo". Nem por esse vago parentesco o senhor Bonifácio me embarateceu a obra!

O tio Filipe nunca casou. Passou, a certa altura, a viver, creio que com alguma modéstia material, com uma senhora que havia estado empregada em casa dos meus avós, de seu nome Aurora. Tiveram várias filhas e creio que um filho, cuja morte trágica, esmagado entre dois vagões de um comboio, tenho bem presente.

As imagens que guardo do tio Filipe são de Bornes, da casa do meu avô, ou das Pedras, do terraço da casa das irmãs da minha avó. A uma delas, a mais doce, a tia Tininha, de seu nome Albertina, o tio Filipe terá andado a arrastar a asa. Outra versão é que a própria tia Tininha teria tido um derriço pelo irmão do cunhado. Constatando ser eu quase o mais velho membro da família, já não tenho a quem perguntar sobre estas coisas, pelo que elas ficam assim imprecisas.

Na minha memória de infância, vejo o tio Filipe a ir à caça, com um chapéu largo, espingarda dobrada no braço, cinturão de cartuchos à banda, a embarcar com outros caçadores, numa camioneta de caixa aberta. Fixo-o também recostado num cadeirão de espaldar alto, na bela varanda em redor do pátio da casa dos meus avós. E também, bem enfarpelado, no casamento da única irmã da minha mãe, em que eu ajudei uma prima a levar as alianças aos noivos.

Recordo o tio Filipe com o seu sorriso triste, um curto bigode, sempre algo isolado. É aliás esse isolamento que ressalta de fotografias de picnics mais antigos, com toda a família sentada no chão, com ele invariavelmente nos extremos.  

É estranho. Numa família tão alegre como a minha sempre foi, pelo bom ambiente criado à volta dos meus avós, a figura do tio Filipe projetava uma postura melancólica, um ar de alguma gravidade, como se se obrigasse a sentir-se à margem desse mundo feliz que o seu irmão e meu avô convocava para os seus. 

Nos dias de hoje, ainda sinto alguma pena pelo destino meu tio Filipe. E, quando deparo com uma sua imagem, associo-a logo à simpatia que a sua postura isolada me suscitava, pelo facto de a ver sempre um pouco alheia ao ambiente familiar em que era chamado a integrar-se.

Estava eu, no final da noite de ontem, a pensar em tudo isto, no vasculhar das fotografias, quando me deu para ir a um registo genealógico que alguém fez, há uns anos, sobre a nossa família. E fui procurar nele as datas relevantes de vida do tio Filipe. E sabem o que descobri? Que o tio Filipe, o tal que me convoca saudades ligadas à minha infância, em Bornes de Aguiar e nas Pedras Salgadas, afinal já teria morrido antes de eu ter nascido...

(Deixo esta memória bizarra, neste sábado de Aleluia, aos meus sete primos direitos, todos mais novos, que conheceram o nosso tio-avô Filipe ainda menos do que eu...)
28 Mar 12:09

Quem mandou matar Marielle foi respondido. Os três presos são os únicos?

by Carlos Wagner
No final da madrugada de domingo (24), quando começou a circular nos noticiários a informação que a Polícia Federal (PF) tinha deflagrado a Operação Murder Inc. e prendido três suspeitos de ter mandado matar, em 14 de março de 2018, a vereadora Marielle Franco (PSOL), do Rio de Janeiro, eu me lembrei de uma frase Read More...
27 Mar 14:15

Uma calúnia a serviço do setor mais pró-imperialista da esquerda

by Victor Assis da Silva

Em artigo Nota de repúdio às agressões do PCO no 8 de março, publicado no portal Esquerda Diário, o Movimento Revolucionário dos Trabalhadores (MRT) calunia o Partido da Causa Operária (PCO), cujos militantes foram agredidos no ato de 8 de março em São Paulo. Após três parágrafos de muita demagogia, em que o MRT diz ter ido às ruas contra a “violência de gênero e a precarização do trabalho”, o grupelho diz que rechaça “veementemente as agressões e violência cometidas por militantes do PCO contra mulheres no ato do 8 de março em São Paulo“.

Que agressões? Que violência? Ninguém sabe. O MRT, aqui, age como a extrema direita bolsonarista durante o golpe de Estado de 2016, que acusava o filho de Lula de ser dono da empresa de telefonia Oi ou da empresa frigorífica Friboi. Prova? Nenhuma. Há algum contrato em nome do filho de Lula? Há sequer uma foto dele no escritório dos executivos da Friboi? Não. Mas, para a extrema direita, a acusação já basta. É este o seu método: acusar sem provas e intimidar os adversários por meio de calúnias.

Em um dado momento no artigo, o MRT apresenta o que seria sua “prova”. Uma “prova”, contudo, digna da Operação Lava Jato, que tinha Sergio Moro como seu juiz. Na época em que tentava prender Lula, Moro apresentou como “prova” de que um sítio pertenceria ao presidente o fato de que a ex-esposa do petista teria comprado pedalinhos para os netos brincarem no local. Eis o “pedalinho” do MRT: “uma professora dirigente do MRT foi agredida pelas costas, enquanto tentava impedir que militantes do PCO seguissem com seus empurrões, socos e cotoveladas“.

O MRT sequer afirma que a “agressão” teria sido feita pelo PCO! E mais: o que seria essa “agressão” pelas costas? A “professora dirigente” recebeu uma facada? Em um empurra-empurra, em um tumulto, sempre alguém acaba sendo empurrado. É completamente diferente de uma agressão, quando alguém, deliberadamente, resolve investir contra a integridade física de alguém. Em nenhum momento o MRT diz: fulano, do PCO, deu um murro no rosto de ciclano, do MRT. No máximo, a grande “acusação” é a de que alguém trombou em uma tal professora. Não acusam o PCO de nenhuma agressão de fato por um motivo simples: não houve agressão.

Mas a mentira do MRT diz mais sobre o próprio grupelho. Ao se preocupar em acusar o PCO de ter agredido pessoas, o grupelho se exime de denunciar o verdadeiro motivo que levou às agressões contra o PCO naquele ato. Tudo aconteceu porque o Partido foi censurado. Foi impedido de falar do caminhão de som. Em vez de denunciar essa conduta da “organização” do ato, que, além de ser antidemocrática, é o que causou os eventos posteriores, o MRT preferiu, portanto, acusar os agredidos e censurados de serem os agressores!

A questão da censura aparece de uma maneira verdadeiramente calhorda no artigo: “batalhamos por um movimento de mulheres democrático onde as posições possam se expressar, e defendemos direito de fala para todas as organizações no caminhão de som do ato“. Veladamente, eles reconhecem que o PCO foi censurado. No entanto, é como se dissessem: “se o PCO foi censurado, nós não temos nada a ver com isso“. Ora, mas se o PCO foi censurado, os eventos posteriores estão mais que explicados.

Ao contrário do que o MRT alega, a reação do PCO ao ser censurado não foi a de agredir manifestantes. Foi, conforme vários vídeos nas redes sociais comprovam, a de protestar contra a censura. E é neste momento que as agressões contra as mulheres do Partido ocorrem. O tumulto no ato foi simplesmente o resultado de homens da “organização” do ato reprimindo o protesto de mulheres que foram censuradas e essas mulheres tentando se defender.

Curiosamente, uma cena dessa história foi completamente omitida pelo MRT. O grupelho não mencionou o que houve de mais escatológico naquele dia: os mesmos que agrediram as mulheres do PCO ainda chamaram a polícia para uma manifestação de esquerda para reprimir as militantes trotskistas. O MRT, portanto, não apenas não condena a censura, como não condena a agressão às mulheres do PCO e como não condena a intervenção policial no ato.

O MRT mente e calunia por um problema de interesses, mostrando que não tem princípios. Não há, por exemplo, como falar que “em SP nossas mulheres também lembraram as famílias que perderam seus filhos e filhas para a violência policial para que essa data também fosse em nome de cada uma dessas mães e de cada um que nos foi tirado, ainda mais em um momento que Tarcísio de Freitas, governador bolsonarista e reacionário da extrema direita segue com a maior chacina da história de SP – com exceção do massacre do Carandiru“, se a organização não vai denunciar a participação da polícia no ato. Não é uma defesa da mulher de fato, mas uma defesa do próprio interesse.

O MRT calunia o PCO não porque acha que isso é o melhor a ser feito na luta em defesa das mulheres, mas porque considera que o PCO é um partido que “compete com eles”. Isto é, por se verem ameaçados diante o crescimento do PCO, se sentem obrigados a criticar o Partido, ainda que não haja o que criticar. Essa defesa do próprio interesse, finalmente, faz com que o MRT apoie os setores mais oportunistas e pró-imperialistas do movimento contra o setor mais combativo e revolucionário.

21 Mar 11:31

O trotskismo é a defesa viva da revolução proletária

by Thiago Assad

Em entrevista à Revista Opera, publicada no último dia 7, o youtuber Jones Manoel afirmou ter sido simpatizante do trotskismo nos primórdios de sua trajetória. Segundo ele, “Trótski sempre foi vendido, na literatura com a qual tive contato, como o exato oposto do Stálin: então havia autoritarismo no stalinismo – Trótski era o defensor da democracia proletária plena; tinha repressão à liberdade artística e criativa – Trótski era o defensor pleno da liberdade criativa no socialismo; e por aí vai”. Contudo, o próprio Jones Manoel admite que:

“O que fez eu me afastar do trotskismo foi, (…) quando Trótski era comandante do Exército Vermelho e houve greve de ferroviários na Ucrânia, ele mandou prender. Porque do ponto de vista militar era necessário que aquelas linhas de ferro estivessem funcionando para as manobras do Exército Vermelho. Percebe?”

Para o youtuber, as decisões tomadas por Leon Trótski no calor de uma guerra civil, que contou com forças hostis de mais de 20 nações, e a severa repressão promovida por José Stálin, anos após a consolidação da Revolução de Outubro, justificada tão somente pelos interesses da burocracia dirigente, seriam a mesma coisa. Manoel, então, segue seu raciocínio, afirmando que “o que me afastou do trotskismo é que acho que ele tem uma tendência muito pequeno-burguesa de idealizar as condições de transição socialista, de imaginar um mundo perfeito, e também de pensar as coisas como se fossem fáceis”.

A crítica de Jones Manuel basicamente coloca Trótski como um mero acadêmico, alguém que não vivia no mundo real, da luta política prática, reduzindo-o a um diletante – como ele diz, “um pequeno burguês”. Ora, mas Trótski não estava trancado em um gabinete elaborando ideias mirabolantes sobre o socialismo, ele foi uma das pessoas mais decisivas para o sucesso da Revolução Russa. Organizou o golpe que derrubou o carcomido regime burguês, tendo sido também o responsável por organizar o Exército Vermelho, por ele fundado. Após o fim da Guerra Civil, vendo os descaminhos adotados pela direção burocrática da República operária, cria a Quarta Internacional para lutar pela permanência do processo revolucionário até o seu fim.

Para o ex-PCB, contudo, todos esses feitos são aspectos “menores” da obra de Trótski diante do fato de que, em tempos de normalidade, o revolucionário defendia as liberdades civilizatórias e em tempos de guerra, a satisfação das necessidades da guerra. Pior do que isso e revelando suas tendências diletantes, seu questionamento se dá em relação a teses, o que fica evidente ao dizer:

“Fui forçado a pensar várias questões que eu realmente não tinha pensado. É muito gostosa, muito tranquila, a ideia de que no socialismo tudo vai ser negociado e conversado. Mas como é que fica, por exemplo, a justa reivindicação de trabalhadores ferroviários que estão recebendo um salário muito baixo, com dificuldade de acesso a suprimentos, e que decidem parar uma ferrovia, frente as necessidades postas por uma guerra civil que precisa daquela ferrovia funcionando?”

Marx e Engels acabaram de ser revogados. Não é a luta de classes que move a história, mas a luta de teses. Ou, talvez, a luta moral: “reprimir ou não reprimir, eis a questão”? Quem tem o programa marxista solidificado – “densidade teórica”, como o youtuber diz” – jamais perderia tempo com questionamentos tão inúteis como “qual a tese certa?” ou “operários grevistas ou ferrovias?” Diante de uma contenda que apresenta a forma de Stálin contra Trótski, um marxista perguntaria “qual o fundo social dessa disputa?” “Quais classes estão em luta?”

Questionamentos realmente relevantes levariam um observador atento a perceber a ascensão da burocracia após a vitória de Stálin – que se solidificara na URSS até o colapso do país -, indicando que este representava uma pequena burguesia. Trótski, por outro lado representava a classe operária e a sua necessidade de levar adiante uma revolução permanente contra a burocracia e contra o imperialismo.

Após a consolidação da revolução, a pequena burguesia entrincheirada na burocracia soviética torna-se ferozmente contrarrevolucionária. Este fenômeno é reconhecido por Manoel, que destaca:

“O governo soviético, com Stálin à frente, decidiu não socorrer a revolução grega, e deixou, na prática, que a Inglaterra esmagasse a revolução grega. O Stálin está certo ou errado? De um ponto de vista do internacionalismo proletário puro, deixou uma revolução ser esmagada – claro que está errado. Mas do ponto de vista da responsabilidade com o seu povo faria sentido”.

Tivesse a luta de classes como guia, o youtuber não se prestaria a justificar o esmagamento de uma revolução pela defesa da nação. Evidencia-se, mais uma vez, que não é o marxismo o que orienta Manoel.

Curiosamente, o crime cometido pelo stalinismo contra o proletariado internacional nitidamente não o choca tanto quanto a repressão a trabalhadores contrarrevolucionários no meio de uma guerra civil. Revela-se, finalmente, que seu espanto com os grevistas presos não é nada além de uma calúnia contra aquele que personificou a luta do proletariado contra as tendências contrarrevolucionárias e morreu as enfrentando.

09 Nov 11:52

Livro: A Portuguesa que Odiava o Catalão

by Marco Neves
Deixo abaixo o primeiro capítulo de A Portuguesa que Odiava o Catalão. No início duma noite de Verão de 1994, quem passasse naquela estrada secundária perto de Talavera de la Reina veria uma carrinha Mitshubishi L300 de matrícula portuguesa estacionada à porta dum restaurante de ar castiço. Uma carrinha portuguesa, por aqueles anos, já não era […]
18 May 12:56

Como assistir filmes soviéticos de graça

by Carla Dórea Bartz

Uma dica de cinema para todos que gostam de bons filmes e querem ter acesso a obras especiais gratuitamente.

O Centro de Cultura Popular da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (CPC-UMES) é representante, no Brasil, da agência de filmes criada na União Soviética em 1924, a Mosfilm.

A princípio, o CPC-UMES vende o catálogo da agência, com filmes legendados e restaurados, em DVD em seu site. Mas, desde a pandemia, tem mantido, em seu canal do YouTube, uma programação imperdível e gratuita aos finais de semana.

De sexta-feira, 19h, até domingo, também 19h, é possível assistir a um filme escolhido pela equipe curadora do canal, como se fosse uma sessão de cinema.

Tenho acompanhado religiosamente as exibições nos últimos meses e posso dizer uma coisa: não tem como se arrepender.

Cada filme é excelente e mostra um pouco da vida da União Soviética, com obras importantes, de diretores consagrados.

Nos dois últimos finais de semana, o canal exibiu Libertação, uma série de cinco filmes lançados entre 1969 e 1972, dirigidos por Yuri Ozerov.

Trata-se de uma monumental representação da contra-ofensiva soviética na II Guerra Mundial a partir da Batalha de Kurzk até a tomada do Reichstag em Berlin.

Ter a oportunidade de assistir a uma obra como essa é poder confrontar pontos de vista diferentes sobre o que aconteceu no conflito.

Somos muito acostumados a assistir somente a filmes da Europa ocidental e dos Estados Unidos sobre a II Guerra, o que é uma falha.

A obra soviética mostra como esses países foram coniventes com o nazismo como força que poderia destruir o socialismo soviético e mantiveram uma atitude ambígua durante toda a duração da Guerra.

Além disso, a obra tem o mérito de mostrar, de maneira didática, como foram as estratégicas e táticas do exército soviético para derrotar os alemães, com encenações das principais batalhas.

Ozerov utiliza mais os recursos épicos (no sentido que Brecht dá ao termo) do que o mero exercício melodramático que poderia se esperar da obra.

Não deixa, no entanto, de elencar alguns personagens que acompanhamos ao longo dos cinco filmes, com momentos de humor e romance.

Além dos personagens históricos, que são apresentados tomando decisões sobre o conflito, como Hitler, Stálin, Churchill e Roosevelt.

No canal do CPC-UMES, a média de audiência de cada filme revela que há um público ávido no Brasil pela oportunidade de ter acesso a essas obras. Em média, cerca de duas mil pessoas acompanham as exibições semanais.

Para não perder o próximo, visite este link: https://www.youtube.com/results?search_query=CPC+Umes

03 May 13:12

A língua em Portugal e no Brasil (com um salto à Galiza)

by Marco Neves
No dia em que o Brasil faz 200 anos, falamos sobre o português de cá e de lá (e ainda damos um saltinho à origem da língua).
23 Aug 13:03

TO: professora é demitida por se candidatar ao governo pelo PCO

by Vasco Neto

─ Por Carmen Hannud (Carmen Aga) ─ No dia 5 de Agosto, uma sexta-feira, foi divulgada minha candidatura como governadora do Tocantins pelo Partido da Causa Operária-PCO. Alguns dias depois, na quarta-feira dia 10 do mesmo mês, fui chamada para uma reunião em que fui informada da minha demissão. Eu trabalhava como professora na Faculdade Católica Dom Orione-FACDO na cidade de Araguaína...

Fonte

09 Aug 13:09

What Borgen gets right (and wrong) about Danish politics

by Jakob Stougaard-Nielsen
Jakob Stougaard-Nielsen (UCL Scandinavian Studies & Nordic Noir Book Club) has written a piece for The Conversation (‘an independent source of news analysis and informed comment written by academic experts, working with professional journalists who help share their knowledge with … Continue reading →
01 Aug 14:07

Paulo Freire y la Pedagogía Refugiada. Construcción de una Educación Liberadora en el Sahara Occidental

by noreply@blogger.com (AAPSO)


Escola nos acampamentos de refugiados saharauis

José Antonio Monje (1)


Resumen:

El presente artículo nos muestra en detalle el modelo educativo saharaui, construido en los campamentos de refugiados instalados en Tindouf (Argelia) desde 1976, año en el cual se proclamó la República Árabe Saharaui Democrática (RASD). Dicho modelo se encuentra profundamente inspirado en las lecciones aprendidas de la experiencia de colonialismo, guerra, genocidio, ocupación, exilio y refugio padecido por su pueblo, analizada a la luz del pensamiento crítico de autores como Franz Fanon o Paulo Freire. La construcción cotidiana de su historia, la problematización de su realidad presente y su lucha liberadora, junto con el propio contexto de descolonización, todavía pendiente en este territorio africano, se han convertido desde aquellos años, al mismo tiempo, en un auténtico eje estructural de identidad, una reivindicación histórica, una carta de presentación al mundo y en la marca distintiva de la “pedagogía refugiada saharaui”.


Palabras-clave: Sistema Educativo; Sahara Occidental; Paulo Freire; Pedagogía; Refugiados.


Resumo:

Este artigo mostra-nos em detalhe o modelo educativo saharaui, construído nos campos de refugiados instalados em Tindouf (Argélia) desde 1976, ano em que foi proclamada a República Árabe Saharaui Democrática (RASD). Esse modelo é profundamente inspirado nas lições aprendidas com a experiência de colonialismo, guerra, genocídio, ocupação, exílio e refúgio sofridas por seu povo, analisadas a partir da perspectiva crítica de autores como Franz Fanon ou Paulo Freire. A construção cotidiana da sua história, a problematização da sua realidade presente e a sua luta de libertação, juntamente com o próprio contexto de descolonização, ainda pendente neste território africano, tornaram-se desde esses anos, ao mesmo tempo, um autêntico eixo estrutural de identidade , uma reivindicação histórica, uma carta de apresentação ao mundo e na marca distintiva da “pedagogia dos refugiados saharauis”.


Palavras-chave: Sistema Educativo; Sahara Ocidental; Paulo Freire; Pedagogia; Refugiados.


Abstract:

This article shows us in detail the Saharawi educational model, built in the refugee camps installed in Tindouf (Algeria) since 1976, the year in which the Saharawi Arab Democratic Republic (SADR) was proclaimed. This model is deeply inspired by the lessons learned from the experience of colonialism, war, genocide, occupation, exile and refuge suffered by its people, analyzed from the critical perspective of authors such as Franz Fanon or Paulo Freire. The daily construction of its history, the problematization of its present reality and its liberation struggle, together with the context of decolonization itself, still pending in this African territory, have become since those years, at the same time, an authentic structural axis of identity, a historical claim, a letter of introduction to the world and in the distinctive mark of the “Saharawi refugee pedagogy”.


Keywords: Educational System; Western Sahara; Paulo Freire; Pedagogy; Refugees.


1. Introducción

De acuerdo a datos de la UNESCO (2008)[2], la tasa de alfabetización de la RASD actualmente es 96%, encontrándose muy por encima de otros países del norte de África tales como Túnez, cuya tasa se encuentra en 77,7%, Marruecos, que ostenta un 70,1%, o Egipto, con un 66,4%. Esta particular condición ha despertado interés en torno a la propuesta pedagógica desarrollada por este país magrebí, liderada por el Frente Popular por la Liberación de Saguia el Hamra y Río de Oro (Polisario) (ACNUR, 2011). Esta innovadora propuesta pedagógica es gestionada desde su sistema educativo nacional, fruto de un intenso trabajo concertado entre la sociedad civil saharaui y su gobierno, principalmente representado a través de su Ministerio de Educación y Formación Profesional.

¿Cuáles son los elementos clave constitutivos de la propuesta pedagógica saharaui?, ¿qué características principales la diferencian de otros sistemas educativos implementados en la región del Magreb?, ¿por qué es tan importante conocerla y difundirla? Estas serán algunas de las preguntas de partida que nos guiarán por la historia, el desarrollo y la idiosincrasia de uno de los modelos educativos más exitosos implementados en zonas de conflicto y post-conflicto.

Para entender mejor los logros alcanzados por este sistema y la importancia que tiene en el desarrollo de la población saharaui, en la primera parte del presente trabajo conoceremos los elementos básicos que conforman dicha estructura gubernamental y las metodologías más representativas de esta forma de hacer educación en el desierto del Sahara. Analizaremos también las implicancias pedagógicas del trabajo que desempeña el Frente Polisario en el país, su capacidad movilizadora y de generación de auténticas dinámicas identitarias en su població[3]. Posteriormente, veremos cuáles han sido las principales contribuciones ideológicas que han marcado dicha identidad, al igual que su praxis política y educativa, deteniéndonos especialmente aquellos aportes realizados por Paulo Freire y su Pedagogía del Oprimido.




2. El sistema educativo saharaui

Creado en el exilio, en plena Primera Guerra del Sahara Occidental (1975 – 1991) y en medio de la precariedad absoluta de los campamentos de refugiados en Tindouf, el sistema educativo saharaui tiene como objetivo principal brindar un mejor futuro para sus niños y niñas, fortaleciendo plenamente sus capacidades. Un pueblo consciente de sus potencialidades y limitaciones que consideraba (y sigue considerando), en concordancia con el enfoque del PNUD[4], que la educación y la salud son la base del desarrollo, los pilares fundamentales a partir de los cuales debe construirse su sociedad liberada.

Debido a las características del contexto y, sobre todo, al proceso histórico en el que se encontraba, el pueblo saharaui requería para su sistema educativo nacional de una estructura básica y funcional, que le permitiese alcanzar sus objetivos de la manera más eficiente posible. Por ello, crearon un ordenamiento estratificado simple, el mismo que va desde la formación inicial en las guarderías, pasando luego por la educación básica regular en primaria y secundaria, la educación especial, para finalizar con la formación profesional y enseñanza superior. En todas estas etapas, los servicios educativos se brindan de manera gratuita y con cobertura universal (Rivero, 2013; Tur, 2015; Vinagrero, 2019).

El sistema en construcción también debía reconocer adecuadamente el protagonismo de las mujeres en la sociedad saharaui. Como toda sociedad en conflicto armado, los roles tradicionales de género se ven seriamente alterados, debiendo asumir siempre las mujeres una carga adicional de responsabilidades ante la presencia masiva de varones jóvenes en el frente de batalla (Fiddian-Qasmiyeh, 2018). El sistema educativo, como el resto de sistemas de dicha sociedad, debe facilitar las condiciones para que esa nueva asignación de roles se produzca eficientemente, proporcionando todos los insumos y transfiriendo las capacidades necesarias para el desempeño de las tareas reasignadas. Este es la causa principal por la cual el sistema educativo saharaui debía preparar a las niñas y jóvenes mujeres de manera igualitaria, con las mismas oportunidades para que puedan asumir sin mayores dificultades cualquier tipo de roles con las competencias requeridas. En este sentido, constituye un importante ejemplo de búsqueda de equidad de género en la educación por parte de una sociedad que preconiza el respeto a los valores arabo-musulmanes y el servicio a la patria como exigencias prioritarias (Medina, 2016).

El gobierno de la RASD decide asumir el reto e inicia la construcción de un sistema sólido y abierto, en diálogo permanente con el mundo que lo rodea, especialmente con aquellos países geográfica e ideológicamente más cercanos y con los cuales existe un vínculo cultural y/o histórico significativo. Por esta razón, entre sus características más representativas, además de adoptar el árabe como idioma oficial, se considera al castellano como segunda lengua, obligatoria en el programa de enseñanza a partir del tercer año de primaria. De esta manera, los y las saharauis integraron el idioma principal de la Península como signo identitario fundamental, marcando una importante diferencia con el marcado entorno francófono, “descolonizándolo” y convirtiéndolo en un importante nexo cultural con España en particular y con el mundo iberoamericano en general (Candela, 2007).

La estructura piramidal adoptada por el sistema presenta un nivel central nacional, a cargo del Ministerio de Educación y Formación Profesional, organismo sectorial rector que cuenta con un conjunto de direcciones generales que resaltan la importancia estratégica de determinados aspectos técnicos y organizativos de la gestión pedagógica tales como Metodología, Orientación, Recursos Humanos, Enseñanza Técnica, Lenguas Extranjeras, Actividades Deportivas y Estudios en el Exterior. El segundo nivel de la estructura es el correspondiente a la gestión pedagógica para las wilayas, los Consejos Populares Regionales, finalizando con un nivel básico de gestión desde las dairas, los Consejos Populares Locales (Vinagrero, 2019).

Al plantearse como un sistema participativo y democrático, las dinámicas de organización sociopolítica y sus correspondientes espacios de intercambio facilitan que todas las autoridades pertenecientes a cada uno de los diferentes estamentos sean asequibles, de modo que la población pueda interactuar con ellas sin mayores barreras de acceso o disponibilidad. Sin embargo, al encontrarse las escuelas y las guarderías al interior de las dairas, éste es el nivel que resulta más cercano a las familias, en el cual interactúan permanentemente y coordinan su participación en la educación de sus hijos e hijas, como parte activa de la comunidad educativa.

Al llegar a los campamentos de Tindouf entre 1975 y 1976, el índice de analfabetismo de la población saharaui exiliada era aproximadamente del 90%, pudiendo alcanzar hasta el 96% en el caso de la población femenina (Fuente y Mariño, 2006). Ante tales circunstancias, se estructuró un sistema educativo capaz de revertir esos indicadores y de formar desde la base a las nuevas generaciones, mediante una adecuada alfabetización y focalización del proyecto educativo en los primeros años de vida. Por tal motivo, en 1984 se constituyen las primeras tarbías, escuelas de educación infantil ubicadas en el centro de las dairas. Estas escuelas acogen durante las mañanas a niños y niñas entre tres y cinco años de edad. Plantean un periodo educativo voluntario en sus dos primeros años, siendo el tercer año preparatorio para el ingreso a la educación primaria y por tanto de carácter obligatorio. Como propuesta pedagógica, en este nivel se combina la protección con la instrucción, asumiendo las educadoras el rol complementario al de las madres de sus alumnos y alumnas. Se trata de un primer acercamiento a la formación en autonomía, conocimiento de sí mismo e integración al espacio colectivo (Vinagrero, 2019).

La incorporación del alumnado desde tan tempranas edades rompió absolutamente con el esquema tradicional establecido por la sociedad saharaui, de naturaleza nómada, beduina arabo-bereber, exiliada y asentada precariamente en territorio argelino debido a la invasión de sus tierras, que se vio forzada a adoptar una dinámica socioeconómica diferente a la ancestralmente propia. Tal como comenta el antropólogo saharaui Bahia Awah (2011), originalmente la responsabilidad de la educación básica en esta sociedad recaía directamente en la familia, especialmente en la madre, transmitiéndose los conocimientos de generación en generación a través de las diferentes herramientas de la tradición oral y escrita. En este sentido, la literatura y poesía formaban parte de los instrumentos más eficaces para realizar dicha transferencia de saberes (Awah y Moya, 2015). Sin embargo, al hacerse sedentaria la población saharaui delega dicha responsabilidad pedagógica al Estado y a su sistema educativo, trayendo como consecuencia directa la progresiva disminución del protagonismo e importancia del espacio familiar como referente educativo principal (Rivero, 2013; Yern, 2015).

El sistema plantea la educación primaria como siguiente nivel de instrucción, el mismo que consta de seis cursos en total. Se incrementa el número de horas de clase y con ello los niveles de interacción entre el alumnado, facilitando la transición de la dinámica de socialización de los niños y niñas del ámbito familiar al comunitario. Al mismo tiempo, diversifican contenidos, cursando asignaturas de Geografía e Historia, Dibujo, Educación Islámica, Matemáticas, Educación Física, Lengua Árabe, Tecnología, Ciencias Naturales y Lengua Española. Todas las materias de imparten en hassanía[5], siguiendo la secuencia de la educación argelina, a excepción de Lengua Española. Por esta condición, en este nivel de instrucción se inicia la presentación de complicaciones técnicas pues el sistema argelino proporciona los principales contenidos para las materias genéricas, pero en el caso de cursos como Geografía e Historia se deben llevar a cabo adaptaciones casi integrales a la realidad saharaui, en medio de las condiciones de grave carestía antes descritas (Vinagrero, 2019).

La elaboración de los contenidos curriculares para estas dos materias estratégicas brinda la oportunidad precisa para introducir el ejercicio del análisis contextual y la concepción de la integridad territorial nacional. Todos los lugares en los campamentos, las dairas y wilayas, así como los centros comunitarios más representativos, llevan nombres de lugares originales en el actual territorio ocupado. De esta forma, las cinco wilayas que conforman los campamentos en TIndouf se denominan Smara (la ciudad sagrada saharaui), Ausserd, Bojador, Dajla y Aaiún, la capital ocupada de la RASD. De igual manera, centros como el “27 de Febrero”, día de la proclamación de la RASD (1976), o el 12 de Octubre, día de la Unidad Nacional Saharaui, hacen referencia directa a hitos clave de la historia de este pueblo. En el calendario oficial de festividades nacionales, esta última fecha conmemora el anuncio que un grupo de líderes saharauis hicieran en 1975, en la región de Ain Bentili, a los principios del Frente Polisario, con la finalidad de alcanzar la independencia y defender la integridad territorial ante la inminente invasión marroquí del territorio patrio. Resulta doblemente significativa debido también a su fuerte carga simbólica y de denuncia directa pues ese mismo día España celebra su Fiesta Nacional.

La cooperación internacional interviene a lo largo de toda la formación y consolidación del sistema educativo. En un primer momento principalmente bajo la modalidad de voluntariado, con comités de solidaridad y asociaciones de amigos del pueblo saharaui para pasar progresivamente por un proceso de oficialización de la ayuda, posibilitando la intervención de instancias estatales de gobierno, lo que significa en términos prácticos el envío de más recursos económicos, materiales, equipos y asistencia técnica especializada (Jiménez 2015).

Existe suficiente número de madrasas para satisfacer la demanda estudiantil primaria, aunque las condiciones de la infraestructura, materiales y equipos no son las más adecuadas, al igual que ocurre con el resto de establecimientos en todos los niveles de instrucción. Al haber sido construidas también en los años ochenta, presentan serias limitaciones y natural deterioro. Requiere de particular atención la condición de oscuridad de las aulas en la que se desarrollan las clases, en un intento por evitar la entrada de sol o arena ante la ausencia de ventanas adecuadamente acondicionadas y de electricidad. Dicha condición, como es de esperarse, viene afectando seriamente tanto la visión como la motivación del alumnado (Vinagrero, 2019).

En general, la lucha permanente contra las inclemencias de la hamada es otro de los rasgos característicos en este contexto de resistencia. Una de las dificultades más desafiantes de los centros educativos, especialmente aquellos que se encuentran más alejados de los centros de concentración poblacional, es la persistente acumulación de arena, efecto de los constantes sirocos (quibli) en la zona. Dicha concentración de este material origina serios bloqueos en el acceso, dificultad en la movilidad, deterior de los materiales y equipos, entre otras graves consecuencias (OXFAM, 2015).

En septiembre del 2011 la propuesta educativa conjunta saharaui dio un salto cualitativo muy importante al inaugurarse en la wilaya de Smara la Escuela Secundaria Básica Simón Bolívar. Hasta ese momento, los y las adolescentes saharauis habían contado con reducidas posibilidades de acceder a la educación secundaria y en su mayoría debían trasladarse a Argelia, Cuba o, en última instancia, a España para seguir dichos estudios y luego poder completar su formación con alguna carrera universitaria. Pero desde aquel año, se brinda en la RASD una sólida oferta de educación secundaria propia, adaptada a la realidad local y regional, que va del séptimo al décimo curso de educación básica regular e incluye asignaturas como Lengua y Literatura Árabe, Historia, Geografía, Educación Islámica, Lengua y Literatura Española, Matemáticas, Física, Química, Biología, Educación Laboral, Educación Física, Informática, Ciencias Naturales y Educación Artística (Aranda, Arias y González, 2012).



A excepción del caso argelino, la continuidad de los estudios secundarios en Cuba o España significa inevitablemente para la adolescencia y juventud saharaui una fuerte ruptura cultural, la misma que es muy difícil de afrontar en la mayor parte de casos, considerando que se realiza justo en la época trascendental del crecimiento donde ocurren importantes cambios físicos y mentales (Monje, 2012). Por esta razón, no eran pocas las familias que ponían muchas dificultades para que sus hijos e hijas pudiesen continuar con su formación académica. Esta situación se presentaba (y se sigue presentando) especialmente en el caso de las familias con tradición musulmana más arraigada, las mismas que ven un grave riesgo de perder costumbres y prácticas propias del islam en la salida de sus hijas al extranjero, sobre todo si se trata de países no practicantes (García, Ahmed Salem, Fernández y González, 2009).

Aunque los modelos clásicos de cooperación internacional suelen usarse en el sustento de gran parte del sistema educativo y, en general, del funcionamiento del Estado saharaui, la escuela Simón Bolívar es fruto de un novedoso modelo de cooperación triangular, integrada por Cuba, Venezuela y la RASD. La tecnología pedagógica y los profesionales especializados son aportados por la mayor de las Antillas, junto con la asesoría y supervisión de las obras de infraestructura, mientras que la financiación de la obra es una donación del pueblo bolivariano, ascendiendo dicha financiación en su etapa inicial a un millón de dólares americanos. Por su parte, la RASD también contribuye con una proporción mayoritaria de docentes, casi todos cubarauis[6] profesionales de carreras universitarias relacionadas con las materias del programa y formados pedagógicamente para el desempeño de la labor docente en los propios campamentos (Monje, 2012).

La cobertura inicial del proyecto educativo (2011) fue de 360 alumnos y alumnas, logrando expandirse hasta lograr la participación de 700 estudiantes en total, en régimen de internado y semi-internado, con la posibilidad de usar las instalaciones del comedor estudiantil y dormir en la jaima familiar para el alumnado cuyas familias residan más cerca de la escuela. El plan de estudios propuesto es multilingüe, incluyendo materias en árabe y castellano. También se imparten clases de inglés y francés.

Es importante anotar que las facilidades que brinda la escuela Simón Bolívar contrastan con las ausentes en los territorios liberados[7] donde sólo existe la posibilidad de formarse en el nivel primario, encontrándose diversas escuelas dispersas de este nivel, obedeciendo a la dinámica poblacional en el lugar.

En el caso de la formación profesional, la presencia de la cooperación internacional es mucho más marcada, apuntando todas las iniciativas a brindar una oportunidad de empleo a los y las jóvenes instalados en los campamentos de Tindouf que no lograron acceder a la educación secundaria o que no consiguieron culminarla. Uno de los primeros centros lleva el nombre del primer presidente de la RASD y mártir de la patria, El Uali Mustafa Sayed. Allí se imparten cursos de motores de automóviles, chapa y pintura, carpintería, administración, electricidad del automóvil, electricidad industrial y soldaduras. Le sigue en antigüedad el Gazuani, con capacidad para setenta alumnos en régimen de internado. En este centro se recibe formación técnica en electricidad, electrónica, informática básica y montaje de ordenadores.

Para continuar los estudios superiores en algún centro universitario, en su gran mayoría los y las saharauis deben recurrir a alguno de los países que solidariamente conceden becas en sus centros. La elección de las profesiones a seguir inicialmente solía estar en función de las necesidades futuras del Estado saharaui, una vez desplegado en su propio territorio. Sin embargo, la situación de larga espera del cumplimiento de la normativa internacional está resultando mucho más prolongada de lo calculado inicialmente, razón por la cual las nuevas generaciones de jóvenes eligen actualmente aquellas profesiones que les den más oportunidades laborales individuales en el corto plazo.

También debemos añadir que, debido a la profundización de la crisis económica mundial, en los últimos diez años el número de becas otorgadas por países amigos como Argelia, Cuba y Venezuela se ha reducido considerablemente, sumado a la supresión de dichas becas por parte de Libia desde la caída del gobierno del coronel Gadafi.

Desde la propia RASD, la Universidad de Tifariti abre las posibilidades de generar y gestionar conocimiento científico, con una perspectiva pedagógica creativa y crítica, ofreciendo además una alternativa de profesionalización a través de cuatro titulaciones (Enfermería, Magisterio, Informática y Periodismo) a los y las jóvenes saharauis residentes en los campamentos de Tindouf. Fundada el año 2012, constituye un auténtico símbolo de liberación e identidad nacional pues desde un primer momento de su concepción se presentó como un proyecto autónomo, gestado en la Conferencia Internacional para la Reconstrucción y Urbanización de los Territorios Liberados celebrada el año 2009 en la ciudad de Tifariti, donde se planteó como objetivo central formar un centro saharaui de enseñanza superior en territorios nacionales. Actualmente, este baluarte político y educativo sigue recibiendo el apoyo solidario de universidades europeas, africanas y latinoamericanas.

En términos generales, hay pocos incentivos para que la juventud de los territorios liberados o de los campamentos curse estudios superiores pues no existe suficiente oferta de empleos cualificados en dichos territorios ni escalas remunerativas acordes con el coste de vida en el lugar. Esta situación de precariedad laboral y alta tasa de desempleo obliga a los y las jóvenes a pensar en dedicarse directamente a la generación de ingresos una vez terminada la educación secundaria e incluso muchas veces finalizando tan sólo la primaria o, en su defecto, a migrar hacia Europa u otros países de la región (como Mauritania o Argelia) en búsqueda de mejores oportunidades laborales y de desarrollo personal (Vilches y Esparza, 2017).


3. Presencia de Freire en las aulas de la hamada

Una vez revisada la estructura básica y las condiciones de desarrollo que presenta el sistema educativo saharaui, analizaremos desde una perspectiva crítica algunos aspectos de su dinámica interna, enfatizando en aquellos contenidos y prácticas pedagógicas estratégicas que guarden relación directa con los aportes de Paulo Freire. El objetivo será constatar el grado de aplicabilidad que presentan dichos aportes en el contexto específico de la RASD.


3.1 Lectura intercultural del entorno

Una de las invitaciones más potentes de Freire es aquella que nos incita a aprender a leer el contexto, captar sus particularidades, oportunidades y desafíos, incluso antes que la propia palabra. “La lectura del mundo precede a la lectura de la palabra, de ahí que la posterior lectura de ésta no pueda prescindir de la continuidad de la lectura de aquél. Lenguaje y realidad se vinculan dinámicamente. La comprensión del texto a ser alcanzada por su lectura crítica implica la percepción de relaciones entre el texto y el contexto” (Freire, 1991). En concordancia con este planteamiento, la propuesta pedagógica saharaui se crea y desarrolla “desde una comprensión crítica de la realidad”, descubriendo “la razón de ser de los hechos” y desmitificando “las falsas interpretaciones de éstos” (Freire, 2011). Dicha propuesta se va construyendo a través del intercambio permanente con la complejidad de su entorno, adoptando cada uno de los componentes estructurales encontrados en su contexto.

Son muchas las aristas que componen la compleja realidad saharaui. Sin embargo, tal vez uno de sus componentes transversales más característicos y que, al mismo tiempo, encierra una riqueza material e inmaterial invaluable, sea su amplia diversidad cultural. En consecuencia, tal como hemos visto anteriormente, su sistema educativo, fiel reflejo de la variada composición demográfica del país, es eminentemente multicultural. Ha logrado integrar tanto sus tres principales esencias identitarias (árabe, bereber y africana) en un conjunto armónico y dinámico, como también aquellos componentes externos, ligados a la experiencia educativa de una considerable proporción de su población, que hoy igualmente forman parte de esta multifacética identidad colectiva. De esta forma, lo latino (cubano específicamente) y lo ibérico, gracias al intercambio educativo prolongado, actualmente constituyen una posible arista adicional de lo que significa ser saharaui. Es en este sentido precisamente que el pueblo saharaui ha logrado la descolonización de lo que inicialmente se presentó como una imposición de la metrópoli, “quitándole por una decisión radical su heterogeneidad” y convirtiéndola en un elemento propio de una identidad cultural en construcción. Desde esta perspectiva, la cultura saharaui puede quedar definida como aquel “conjunto de esfuerzos hechos por el pueblo en el plano del pensamiento para describir, justificar y cantar la acción a través de la cual el pueblo se ha construido y mantenido” (Fanon, 1983).

El problema del uso de la lengua colonizadora no es una cuestión menor. Freire destaca la importancia que tiene asumir los elementos culturales propios para garantizar un pensamiento autónomo y una praxis consecuente, advirtiendo que el uso del idioma colonial como principal instrumento de alfabetización, y de educación en general, puede enajenar a los usuarios, “desafricanizándolos” y haciéndolos repetir dinámicas coloniales entre los propios colonizados, atrapados en un extraño “biculturalismo” (Freire, 2011). El uso del castellano como segunda lengua oficial en la RASD, después del árabe, se encuentra exento de este problema si consideramos que no se trata del instrumento principal de alfabetización ni de educación inicial (la misma que se realiza siempre en lengua materna) y que, al mismo tiempo, todos los contenidos pedagógicos han sido adaptados previamente y “descolonizados”.

Como expresión de esta dinámica intercultural liberadora, se dan permanentemente intercambios en los distintos niveles del sistema educativo saharaui. Existen diversos hermanamientos entre escuelas primarias de los campamentos de Tindouf con un gran número de escuelas afines en países de Europa, América Latina y África. Al mismo tiempo, como lo señalábamos antes, aunque se ha reducido significativamente su cantidad, se mantienen algunos programas de becas para estudios secundarios y universitarios con países como Argelia, Cuba y Venezuela.

Este elemento creativo externo incorporado a la cultura tradicional saharaui funciona como un adaptable complemento. En ningún caso se trata de un sustituto o de un elemento principal distorsionador, ni en la propuesta cultural en general, ni en la pedagógica en específico. De esta forma, la literatura saharaui contemporánea, el arte, el cine e incluso la ciencia producida en la RASD, usa el castellano como idioma vehicular, el mismo que facilita el acceso a circuitos culturales y contextos de aprendizaje donde el resto de pueblos árabes no tienen presencia significativa (Rosania y Rodríguez, 2019).

La multiculturalidad de la propuesta pedagógica saharaui no es simplemente anecdótica o circunstancial, sino profundamente militante. Se presenta en un contexto de descolonización y formación del pensamiento crítico. Está inmersa en los propios procesos de liberación, históricos y vigentes, desarrollados por la población saharaui, desde su niñez hasta su juventud, nutriéndose permanentemente de internacionalismo solidario. La plena conciencia de su identidad poliédrica ha llevado a “los hijos e hijas de las nubes” (Caratini, 2008) a desarrollar una auténtica labor de sensibilización y testimonio, junto con una lucha nacional de liberación, que ha convocado una amplia y diversa red de apoyo internacional. Esta es la razón fundamental por la cual la causa saharaui ha logrado hacerse visible en una gran diversidad de países y contextos. La experiencia pedagógica y lúdica de la niñez participante del denominado programa “Vacaciones en Paz” o la desarrollada por el profesorado cubano en la secundaria Simón Bolívar es sólo una muestra de dicha condición.



Por tratarse de una educación protagónica y liberadora, el alumnado es consciente de su situación de manera permanente, a través de un profundo análisis crítico de la realidad, de un “pensar la práctica”. Los y las estudiantes saharauis no sólo estudian su entorno y definen claramente sus respectivos niveles de protagonismo de acuerdo a sus edades y circunstancia, sino que, al mismo tiempo, dicho entorno se convierte en agente referente de incidencia (“concientización individual y colectiva”) (Freire, 1974). Esta acción de incidencia es desarrollada en las más variadas circunstancias como veremos a continuación.

El sistema educativo saharaui ha logrado implementar y distribuir contenidos pedagógicos en todos y cada uno de sus espacios temporales de intervención, integrando la pedagogía liberadora a la vida cotidiana, incluso en aquellos espacios en los que no se esperaría comúnmente encontrar actividad pedagógica propiamente dicha, como puede ser el caso de las vacaciones escolares. Y es que, a través de programas de intercambio internacional como “Vacaciones en Paz”, el alumnado saharaui emprende una poderosa experiencia participativa de aprendizaje, retroalimentación, sensibilización y mejora de sus condiciones de vida en general (IECAH, 2008).

Esta forma de experimentar la multiculturalidad y el internacionalismo militante ha posibilitado que los niños y niñas saharauis se conviertan en legítimos embajadores y agentes efectivos de incidencia política ante autoridades locales y sociedad civil, consolidando el respaldo, simpatía y solidaridad que la causa saharaui tiene entre la ciudadanía de los países de acogida del programa. Se trata de un auténtico y efectivo ejercicio de diplomacia blanda que busca desencadenar “acciones políticas al lado de los oprimidos” (Freire, 1974), desde su experiencia.

De esta forma, la infancia saharaui, componente estratégico de esta lucha, cumple un rol pedagógico fundamental. Nos enseña mucho de su vida, de su cultura, de su historia y de sus sueños. Y es que, tal como afirmaba Freire, “los cañones solos no hacen la guerra… ésta se resuelve cuando, en su proceso, la debilidad de los oprimidos se hace fuerza, una fuerza capaz de transformar en debilidad la fuerza de los opresores” (Freire, 2011).

También es cierto que, más allá de las evidentes ventajas que pueda proporcionar la experiencia de “Vacaciones en Paz”, tanto para los niños y niñas participantes como para el propio gobierno de la RASD, es imposible negar algunos efectos negativos que acompañan la experiencia. El principal de ellos tal vez sea el choque cultural que se produce en menores de tan corta edad, quienes al principio no entienden exactamente lo que está ocurriendo y por qué existen tan marcadas diferencias entre los pueblos. Progresivamente y con una adecuada orientación, dicho impacto psicológico se va convirtiendo en toma de conciencia de las causas de esas diferencias y en necesidad de hacer algo para cambiar la situación de injusticia (IECAH, 2008). De esta forma, este programa presenta múltiples aristas pedagógicas en su esencia, logrando sensibilizar a cada uno de sus participantes, tanto españoles como saharauis, de distintas maneras y con diversificadas consecuencias.


3.2 Denuncia y Anuncio

Debemos partir del principio que toda guerra de liberación, tal como la que protagonizó el Frente Polisario en su lucha contra España primero y luego contra Marruecos y Mauritania durante la Primera Guerra del Sahara Occidental, “es un hecho cultural y un factor de cultura” (Freire, 2011). Por tal motivo, el proceso de dominación colonialista tiene la necesidad de seguir sometiendo al dominado, política, económica, socialmente y, también, culturalmente. En este sentido, la invasión masiva y permanente de colonos y soldados desde la Marcha Verde[8], la imposición de la tradición marroquí en territorio saharaui ocupado, la asimilación al sistema pedagógico marroquí junto con el uso del francés y la prohibición del hasanía, la permanente represión y violación de los derechos fundamentales de la población saharaui en los territorios comprendidos dentro del muro, entre otras muchas medidas, son evidentes expresiones de esta necesidad permanente de subordinación.

Asimismo, el cerco mediático impuesto por Marruecos desde inicios del conflicto, junto con el resultante ambiente de desinformación direccionada, sigue vigente y es apoyado por sus países aliados (Francia, USA e Israel, principalmente), los mismos que, a diferencia de lo que algunos analistas de geopolítica opinan, siempre mantuvieron sus alianzas estratégicas iniciales (Boukhari, 2004). En este bloqueo informativo globalizado participan diversos actores: reconocidos medios de comunicación masiva, empresas transnacionales, embajadas y parlamentos de países europeos y norteamericanos, prestigiosas universidades, ONGDs y Think Thank, entre otros. Realizan un minucioso trabajo, lento y progresivo, muchas veces inicialmente imperceptible, promoviendo la construcción de una matriz opaca de opinión. El impacto más dañino y, al mismo tiempo, más exitoso de esta intensa actividad es el contundente ocultamiento. De esta forma, consiguen no sólo invisibilizar la coyuntura del conflicto, como actualmente se viene haciendo en Europa y Norteamérica en general, sino también logran desaparecer totalmente al adversario mismo y, con él, a todo el posible contexto problemático, en términos estructurales. Es decir, no sólo se oculta la guerra. También se intenta esconder todo un pueblo que lucha, “deshumanizarlo”, privarlo de su propia identidad, intentando pasar a la RASD a la “zona del no ser” (Fanon, 1983).

El reino de Marruecos recurre permanentemente a la estrategia de la negación, a través de la cual intenta suprimir totalmente una parte de la realidad que le resulta incómoda o adversa a sus intereses nacionales. Esta estratagema, desde hace algunas décadas y a pesar de los esfuerzos del pueblo saharaui y sus instituciones, viene presentando significativos resultados positivos para el régimen alauí. Sólo hace falta constatar cómo, incluso en algunos países donde el Frente Polisario tiene reconocimiento oficial y un importante apoyo ideológico desde las propias instancias gubernamentales (tal es el caso de la República Bolivariana de Venezuela o Nicaragua, por ejemplo), la RASD junto con su historia antigua y reciente es casi una total desconocida entre la mayor parte de su población (Berkani, 2019).

La posibilidad de llevar a cabo un desbloqueo mediático efectivo va mucho más allá de los alcances del sistema educativo saharaui. Pero sin duda, en dicho sistema se encuentran algunas de las principales claves para hacerlo viable. La primera está relacionada con el conocimiento y reconocimiento del entorno considerados como condiciones básicas para la liberación. A través del sistema educativo saharaui, desde los primeros niveles de instrucción, todo el conjunto de conocimientos presentados pasa necesariamente por un análisis crítico del contexto, generando importantes niveles de consciencia sobre la compleja dinámica participativa de diversos actores involucrados en el conflicto, en especial de sus características principales, fortalezas, debilidades, intereses, niveles de legitimidad y de poder. Sólo a partir de esta “pedagogía del conocer” in situ es posible plantear alternativas de intervención con altas probabilidades de impacto (Freire, 1996).

El componente de denuncia sociopolítica que incorpora el sistema educativo saharaui es otro de los más importantes rasgos heredados de las pedagogías liberadoras pues posee la capacidad de dinamizar todos los conocimientos y actitudes forjados a través de la formación protagónica, para ponerlos en valor, activos, impactantes, a través de una expresión explicita de rebeldía, de oposición al statu quo, como aporte a la construcción de nuevas realidades, de otros mundos posibles. Desde esta perspectiva, cambiar el mundo se convierte así, como lo expresaría Freire, en una dinámica dialéctica entre la denuncia de la situación deshumanizante y el anuncio de su vencer. “No hay práctica social más política que la práctica educativa … en efecto, la educación puede ocultar la realidad de la dominación y la alienación o puede, por el contrario, denunciarlas, anunciar otros caminos, convirtiéndose así en una herramienta emancipadora” (Freire, 2003). La propia existencia de un sistema pedagógico propio, autónomo, resiliente, en plena resistencia y en el exilio, constituye un contundente acto de soberanía nacional, de descolonización cultural.

La supervivencia de este sistema depende, entre otras cosas, de la formación de nuevos cuadros para el magisterio, con una educación liberadora y los instrumentos pedagógicos necesarios para poder enseñar-aprendiendo. Con este propósito, la Universidad de Tifariti priorizó esta opción profesional dentro de su oferta académica a través del Instituto Nacional de Formación pedagógica, el mismo que ofrece las carreras de Educación Infantil y Primaria.


3.3 Maestros y maestras a seguir

La lucha por la liberación nacional saharaui se inició contra el colonialismo español, situación opresiva que hasta hoy mantiene sus efectos nocivos en el país al encontrarnos todavía inmersos en un proceso inconcluso de descolonización. No debemos perder de vista este importante condicionamiento pues el actual conflicto armado con Marruecos podría soterrar la situación primigenia de colonialismo hispano aún vigente en la RASD y con ello confundir en torno a las verdaderas causas del conflicto y sus correspondientes alternativas de solución. El reino de España sigue ostentando legalmente la condición de potencia administradora del territorio pendiente de descolonización y dicha designación oficial incluye responsabilidades específicas, como por ejemplo la actual gestión del espacio aéreo saharaui, por delegación expresa de la ONU. Por esta razón, tiene una responsabilidad histórica ineludible que debe asumir. Este es un prerrequisito clave para la construcción de la solución definitiva. Sin embargo, ante evasión de tal responsabilidad, nos encontramos frente a una situación de “eslabonamiento colonial” donde dos países, España y Marruecos, mantienen sometido a un pueblo que desde hace 46 años lucha por su liberación.

En medio de esa lucha, uno de los elementos que mejor efecto pedagógico tiene, especialmente en las nuevas generaciones saharauis, es la presencia y visibilidad de personajes prototípicos, héroes y mártires nacionales que se pueden convertir en referentes cercanos específicos asociados a valores colectivos y/o conductas loables, personas concretas con los cuáles establecer una conexión directa e identificarse más fácilmente. En tal sentido, un “padre” o “madre” de la patria posibilita conocer de primera mano una historia de vida ejemplar, una trayectoria, un contexto, un conjunto de cualidades características y, especialmente, diferentes decisiones que posibilitaron el ascenso a tal categoría (Awah, 2016). Es decir, el recuerdo vivo de héroes, heroínas y mártires de la patria saharaui brinda a su juventud un eficaz motor movilizador (Correale, 2015).

Aunque la resistencia al colonialismo español surgió desde los primeros momentos de la invasión, en 1884[9], presentándose frecuentes enfrentamientos entre las tropas hispanas y los saharauis asentados temporalmente en las costas de su territorio, el primer movimiento de liberación nacional saharaui fue creado recién en 1968 por el periodista Mohamed Sidi Brahim Basir, más conocido como Basiri, recibiendo el nombre de Organización Avanzada para la Liberación de Saguia el Hamra y Río de Oro (Harakat Tahrir). Basiri había fundado dos años antes un periódico nacionalista llamado Al Shihab (La Antorcha), desde el cual presentaba permanentemente un análisis del contexto y propuestas de acción y resistencia. Como consecuencia de la movilización política generada desde este medio de comunicación, el 17 de junio de 1970 fue desaparecido durante una manifestación realizada en el barrio de Zemla (El Aaiún) (Ruiz, 1995; Barona, 2015).

La experiencia de insurrección saharaui estuvo fuertemente influenciada por los movimientos de liberación que se formaron en África en la década de los años cincuenta y sesenta. En especial, el Frente de Liberación Nacional y su rol protagónico en la Guerra de Liberación de Argelia (1954 – 1962) junto con la Revolución del 1ro de Septiembre (1969) y el rol del coronel Muamar Al Gadafi. Es por esta razón que el pensamiento de Franz Fanon, trascendental en la experiencia argelina, también forma parte de uno de los pilares ideológicos de la RASD.

Gracias al ejemplo de Basiri, se ha desarrollado entre el pueblo saharaui un característico respeto hacia el periodismo, además de un arraigado ejercicio crítico de dicha profesión (Reporteros Sin Fronteras, 2019). Y es por este ejemplo y el de sus posteriores colegas de la RASD, especialmente aquellos que actualmente ejercen la profesión en los territorios ocupados, que a los y las estudiantes saharauis residentes en dichos territorios el Majzén les impide la posibilidad de estudiar periodismo en las universidades marroquíes. Esta también es la razón por la cual el gobierno saharaui considera esta profesión como estratégica para la causa y también ha sido una de las priorizadas en la oferta pedagógica de la Universidad de Tifariti.

El ejercicio profesional del periodismo en la RASD, particularmente en los territorios ocupados, exige en el proceso de generación del discurso, una dinámica creadora y recreadora, fruto de una praxis coherente con la opción política revolucionaria del periodista, que es difusor educador y educando al mismo tiempo, aprendiendo crítica y permanentemente de su realidad (Freire, 2011). Los contenidos generados, especialmente los testimonios vivenciales, se convierten, de manera muy especial, en recursos pedagógicos que posibilitan mostrar al mundo exterior la realidad de la población saharaui en ocupación, denunciar la violación permanente de los derechos humanos que ocurre allí y movilizar apoyos internacionales en favor del derecho de autodeterminación de su pueblo (Reporteros Sin Fronteras, 2019).

La causa nacional saharaui se difunde desde los diferentes medios de comunicación estatal existentes (RASD TV, Radio Nacional de la RASD, Sahara Press Service, entre otros), haciendo frente a los esfuerzos de ocultamiento impulsados por el régimen alauí. A esta resistencia contribuye de manera significativa la mayor parte de los medios alternativos de comunicación masiva de países y organizaciones amigas del pueblo saharaui, especialmente presentes en África, Europa y América latina.

Junto con Basiri, primer mártir (shahid) y desaparecido de la lucha de liberación nacional, existe otra gran figura referente, El Uali Mustafa Sayed, fundador del Frente Polisario (10 de mayo de 1973) y primer presidente de la RASD. Originario de la tribu Erguibat, estudiante de derecho en Marruecos, abandona los estudios universitarios y se integra plenamente a la lucha armada anticolonial contra España. Participará en varias acciones bélicas contra España inicialmente, para luego enfrentar a Marruecos y Mauritania hasta su muerte en combate el 9 de junio de 1976, en la wilaya mauritana de Inchiri, durante la Primera Guerra del Sahara Occidental, a la edad de 28 años (Briones, Alí y Salek, 1997).

A través de su actividad revolucionaria y su legado histórico, El Uali no sólo nos plantea lecciones de liberación y coherencia, sino que, al mismo tiempo, constituye un importante baluarte identitario de obligatoria presencia en el sistema pedagógico saharaui. Su testimonio sustenta aquellas palabras pronunciadas por Amílcar Cabral, líder revolucionario de Guinea Bissau y Cabo Verde, “nuestra resistencia armada es también una expresión de nuestra resistencia cultural” (Freire, 2011).

El sistema educativo saharaui toma como ilustres referencias a estos dos padres de la patria. Sus vidas y acciones son analizadas como parte de los cursos de historia nacional. En el calendario escolar se conmemoran los grandes acontecimientos históricos. Y junto con Basiri y El Uali, también se estudia la vida de otros personajes ilustres de la nación saharaui tales como Mohamed Abdelaziz, Bujari Ahmed o Aminetu Haidar. Testimonios de vida que ejemplifican el principio de coherencia entre teoría y praxis, entre principios y valores educativos con acción pedagógica y, al mismo tiempo, el axioma fundamental de acción – enseñanza. Porque a través de estos referentes educativos, el alumnado se involucra en una dinámica de aprendizaje donde el contenido central es la coherencia de vida y la metodología es la presentación de testimonios de lucha revolucionaria como recursos didácticos de “educación para la liberación”.

Además del relato oficial de la lucha por la liberación nacional, también forman parte de los contenidos pedagógicos del sistema todos aquellos relacionados con el resto de aristas de la identidad nacional. De manera muy especial, aquellas proporcionadas desde las artes: la literatura, la poesía y la música saharaui construyen un importante escenario en el cual es posible identificar héroes y heroínas a imitar. El caso del canto combativo de Mariem Hassan y Aziza Brahim, el verso liberado de Mohamed Moulud Uld Budi Uld Hach (Beibuh), Mohamed El Mustafa Uld Mohamed Salem Uld Abdelahi (Badi), Hamdi Uld Alal Uld Daf (Zaim) y Jadiyetu Mint Aleyat Uld Sueilem, junto con la melodiosa prosa rebelde de Bahia Mahmud Awah o Zahra el Hasnaui, por sólo citar algunos ilustres ejemplos, se convierten en auténticas fuentes de conocimiento de la patria y su entorno, de los principios políticos fundantes y, conscientemente de la praxis liberadora (Awah, 2016).

Pero el impacto pedagógico del testimonio no queda sólo en la asimilación de valores y referentes de lucha. Se dice que las guerras muestran lo mejor y al mismo tiempo lo peor de nosotros mismos, de nuestra humanidad. Desde esta perspectiva, es irremediable reconocer que los conflictos armados forjan héroes y heroínas tanto como auténticas aberraciones. Y tal como ocurrió durante la Primera Guerra del Sahara Occidental, la Segunda Guerra, iniciada el 13 de noviembre de 2020, no constituye una excepción de esta paradójica premisa. Al declararse la ruptura del alto al fuego con Marruecos y el correspondiente reinicio de las hostilidades, cientos de jóvenes generosos, siguiendo el ejemplo de Basiri y El Uali, abarrotaron los centros de instrucción militar en los campamentos de Tindouf para ofrecerse como combatientes voluntarios en la defensa de su territorio.

La decisión de estos jóvenes ha impresionado a muchas personas. Nadie esperaba una respuesta tan masiva ni un nivel de involucramiento tan alto. En este sentido, la declaratoria de guerra funcionó como una providencial catapulta que reorientó los anhelos y esperanzas de una juventud aletargada, desmotivada y profundamente frustrada debido a la falta de alternativas de desarrollo personal y comunitario en los campamentos de Tindouf (Vilches y Esparza, 2017).

Con el radical cambio de situación, estos jóvenes pueden vislumbrar una esperanza real de recuperación del territorio saharaui y de construcción de un Estado independiente. Desde la perspectiva de Freire, su concientización en torno a la situación presente y la necesidad de su respectivo protagonismo le ha impulsado a una inserción crítica en los procesos históricos nacionales (Freire, 1987).

Finalmente, los componentes de resistencia, resiliencia y utopía desarrollados en la metodología y los contenidos pedagógicos saharauis, en todos y cada uno de sus niveles de enseñanza, aluden permanentemente a los fundamentos de la pedagogía de la esperanza. La rebeldía como praxis política pedagógica de existencia y reinvención de la vida y de la historia (Freire, 1993).



4. Conclusiones

A diferencia de la mayor parte de sistemas educativos convencionales, el saharaui es un sistema eminentemente militante, forjado en un contexto de resistencia y basado en un pensamiento crítico generador directo de acción política emancipadora. Y en ese sentido, capaz de movilizar interna y externamente una cantidad significativa de recursos, no sólo humanos y materiales sino también el llamado capital inmaterial, el mismo que generalmente no suele ser valorado ni bien utilizado en la labor pedagógica.

Desde su praxis revolucionaria, el sistema educativo saharaui ha sido capaz de desarrollar a profundidad una auténtica “pedagogía refugiada saharaui”, fruto de la influencia de grandes autores como Paulo Freire y Franz Fanon. La estructura misma del sistema, sus contenidos, dinámicas internas y potencialidades orientan a todos los participantes involucrados hacia una visión crítica del entorno, un análisis evaluativo y una consecuente promoción de la acción liberadora.

Esta toma de consciencia de las características básicas y el potencial transformador que tiene este sistema se ve reforzada cuando lo analizamos desde la perspectiva “freireana”. A través de estas categorías, nos encontramos frente a una propuesta pedagógica institucionalizada que educa para la liberación de la condición de opresión, con un profundo carácter descolonizador, dirigida a facilitar la recuperación y fortalecimiento de la esencia e identidad nacional. La condición de opresión del pueblo saharaui está dada no sólo por la invasión marroquí de su territorio y la flagrante violación de los derechos humanos contra la población sometida como consecuencia directa de dicha invasión, sino también por la indiferente posición adoptada por los gobiernos de la llamada comunidad internacional, especialmente en el caso de España, país que se niega permanentemente a asumir sus responsabilidades jurídicas e históricas.

Dentro de las grandes limitaciones materiales del sistema, se ha estado brindando una adecuada respuesta a la mayor parte de necesidades educativas de la niñez y adolescencia saharaui, especialmente la asentada en los campamentos de Tindouf. Sin embargo, el nudo crítico del sistema se encuentra en la atención a la juventud. Desde hace algunos años, los y las jóvenes saharauis se habían convertido en una importante e influyente instancia crítica frente a la situación del conflicto, especialmente ante las infructuosas negociaciones realizadas con el régimen alauí, y a la aparente complicidad de la ONU con la pasada coyuntura caracterizada por un insalvable estancamiento. Sin mayores expectativas de futuro en el exilio, su posición era absolutamente escéptica y desalentadora. Por la situación de precariedad material y falta de suficientes recursos económicos, el sistema educativo saharaui no pudo ofrecer una adecuada respuesta de formación y liberación a los y las jóvenes de la RASD. Y aunque la guerra ha cambiado momentáneamente tal posición, bajo cualquier futura circunstancia es imprescindible dotar al sistema de una mayor capacidad de gestión focalizada en este sector poblacional, lo que implica principalmente una asignación mucho mayor de recursos de todo tipo. Ese es el gran reto pendiente del sistema pedagógico saharaui.


Referencias

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Awah, Bahia M. (2011). La maestra que me enseñó en una tabla de madera. Editorial Sepha.

Awah, Bahia M. (2016). Las rutas literarias. Málaga. Editorial Ultima Línea.

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Fanon, Franz (1983). Los Condenados de la Tierra. México D.F. Fondo de Cultura Económica.

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Freire, Paulo (1987). Conscientizing as a Way of Liberating. Washington D.C. LADOC II.

Freire, Paulo (1993). Pedagogía de la esperanza. México: Siglo XXI.

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Freire, Paulo (2004). Pedagogy of Indignation. Boulder, Colorado.

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Vilches Plaza, Carlos y Natxo Esparza Fernández (2017). La juventud refugiada en los campamentos saharauis. Atrapados en la incertidumbre del limbo. Álava. Asociación de Amigos y Amigas de la RASD de Álava.

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References

1 Antropólogo social. Doctor en Sociología. Director general del Centro de Estudios Estratégicos Magrebíes (España).

2 Mark Richmond, Clinton Robinson y Margarete Sachs-Israël (2008). “El Desafío de la alfabetización en el mundo: perfil de alfabetización de jóvenes y adultos a mitad del Decenio de las Naciones Unidas de la Alfabetización 2003-2012”. UNESCO, París.

3 El Frente Polisario, como movimiento de liberación nacional del Sahara Occidental, continúa su lucha contra la ocupación marroquí de sus territorios y en defensa del derecho de autodeterminación del pueblo saharaui. Siguiendo la voluntad de dicho pueblo, el 27 de febrero de 1976 se proclama la RASD desde Bir Lehlu, eligiendo a su primer presidente, El Uali Mustafa Sayed (García, 2001 y 2010; Barreñada y Ojeda, 2016; Bárbulo, 2017; Awad, 2018).

4 PNUD (2016). “Informe sobre Desarrollo Humano 2016. Desarrollo Humano para todas las personas”. PNUD, New York.

5 Dialecto árabe, conocido como Kalām Hassān (habla de Hassan) y hablado en toda la región suroeste del Magreb, entre el sur de Marruecos, el suroeste de Argelia, Sahara Occidental y Mauritania, así como también en algunas zonas del noroeste de Malí.

6 Se denomina “cubaraui” a los y las jóvenes saharauis que recibieron educación en Cuba, sea ésta primaria, secundaria y/o universitaria, adoptando en la mayor parte de los casos alguno de los usos y costumbres de la Isla (acento, ideas políticas, habilidad para el baile, etc.).

7 Son aquellos territorios soberanos de la RASD, es decir, bajo el control del Frente Polisario, que se encuentran al este del Muro de la Vergüenza, barrera de 2200 kilómetros aproximadamente puesta por Marruecos durante la Primera Guerra del Sahara Occidental para impedir el avance de las tropas saharauis. Este muro divide el territorio saharaui en dos, capturando aproximadamente dos tercios del mismo hacia el lado invadido.

8 Invasión masiva e ilegal de población civil y fuerzas armadas marroquíes al territorio del Sahara Occidental, promovida por el monarca alauí y apoyada por Francia y USA. Se inició el 6 de noviembre de 1975, aprovechando el vacío de poder que se presentó en la potencia colonizadora, España, ante la agonía y posterior muerte de Francisco Franco. Fue inmediatamente condenada por el Consejo de Seguridad de la Organización de Naciones Unidas (ONU) a través de la Resolución 380.

9 Las primeras incursiones españolas en esa parte del continente africano datan del siglo XV, estableciéndose el primer asentamiento en 1476, bajo el nombre de Santa Cruz de la Mar Pequeña. Sin embargo, fue durante la Conferencia de Berlín, en 1884, cuando España reclama oficialmente los territorios saharauis en el reparto que las potencias europeas hicieron de África.


26 Jul 18:06

Aeroporto no Brasil vai cobrar taxa de quem for buscar e deixar passageiros

by Daniel Gadelha
Novo modelo está em fase de testes
05 Jul 13:39

“A saída para o Brasil é o etanol,” diz CEO da Stellantis

by Geraldo Samor e Pedro Arbex

BETIM, Minas Gerais – A discussão sobre a necessidade de eletrificação da frota global de veículos costuma ser rasa: ‘tem que eletrificar tudo e ponto.’ 

Mas para o CEO para a América do Sul da Stellantis – que fabrica um de cada três carros vendidos no Brasil com marcas como Fiat, Peugeot, Citroën e Jeep – as coisas não são simples assim.

“O Brasil é diferente da Europa,” disse Antonio Filosa. “A Europa não tem outra chance. Para respeitar os limites de emissões de CO2, a indústria automotiva precisa eletrificar mesmo. Já o Brasil tem uma chance, que é o etanol.”

Segundo ele, o carro movido a etanol tem quase a mesma pegada de carbono que o carro elétrico quando se considera todo seu ciclo de vida, da manufatura ao uso no dia a dia. 

No cargo há quase cinco anos, Filosa nasceu em Nápoles e entrou no Grupo Fiat em 1999. Desde então, já trabalhou tanto do lado operacional quanto na gestão da Stellantis, na Inglaterra, Espanha, EUA, Argentina e Brasil. 

Com a icônica fábrica da Fiat aqui ao lado momentaneamente parada por falta de chips, Filosa conversou com o Brazil Journal na segunda-feira sobre carros elétricos, os problemas conjunturais do setor e a importância de levar a indústria para fora do Sudeste. 

A Stellantis está no meio de mais uma parada da fábrica. Você espera algum alívio no supply chain global? Se sim, quando?

Desde o final da pandemia, tudo que é supply chain no mundo está sendo desafiado, e tem uma série de fatores por trás disso. 

Primeiro, a pandemia gerou uma assimetria nos volumes de demanda. Tinha uma série de fornecedores acostumados a receber uma demanda X de um setor e o resto de outro. Na pandemia, aconteceu que alguns setores como o nosso zeraram a produção – por basicamente dois meses – e outros setores tiveram um crescimento exponencial, por exemplo o de tablets e smartphones.

Essa mudança na demanda gerou também uma assimetria de oferta. O que estava sendo oferecido de microchips e semicondutores para o setor automotivo passou a ser oferecido para setores tecnológicos. E quando o setor automotivo voltou, essa capacidade alocada para os smartphones, por exemplo, foi difícil de realocar – e ainda é.

Em paralelo a isso tiveram grandes disrupções como a Guerra da Ucrânia, que além de ser uma tragédia humanitária gera ainda maiores complicações no supply chain global. O lockdown severo na China também parou durante semanas o Porto de Shanghai, que é o ‘porto do mundo’, porque praticamente tudo passa por lá, direta ou indiretamente.

Durante a pandemia, achava-se que o comércio global ia encolher quando ela acabasse. E quando ele voltou, voltou até maior do que antes. Por exemplo, a construção de novos navios quase zerou. E na volta da pandemia, precisava de mais navios, o que gerou um gargalo estrutural.

Tudo isso gera duas coisas: dificuldade grande de abastecimento e uma enorme inflação. 

Qual foi exatamente o aumento de custo para a indústria automotiva?

É até difícil estimar, porque todo dia isso muda. Mas vou dar um exemplo. O nosso carro é feito 70% de aço. Nos últimos três anos, o aço automotivo encareceu, na média, na ordem de 60% ano sobre ano. Um dos drivers dos fluxos logísticos é o preço do diesel, que nem precisa falar… Estamos falando de inflação extraordinária, mas quando você me pergunta quanto é até difícil estimar porque todo dia muda de uma forma expressiva e não planejada.

O cobre é outro exemplo. Todos os chicotes dos carros são encapsulados dentro de cobre. E o cobre quintuplicou de preço em dez anos. E nos últimos dois, mais que dobrou. A inflação das matérias primas não tem precedente histórico. 

Isso tudo um dia vai se regularizar, mas não vai voltar ao que era antes. Nós saímos de um patamar de custos para outro muito maior. É provável que tenha uma suavização, mas ninguém pode esperar que volte tudo.

Mas em relação às cadeias de fornecimento, quando você estima que haverá uma normalização?

Eu acho que na segunda metade do ano que vem. Mas nós gerenciamos isso bem até, crescemos em market share, o que mostra que a gente gerenciou uma série de assuntos de uma forma eficaz.

Que número de market share você está olhando?

No final de 2018, na América Latina toda e somando FCA e PSA – ou seja, uma Stellantis pro forma – já tínhamos 17% de market share. Em 2019, crescemos para 19%. Em 2020, para 20%. Em 2021, para 22,9%. E este ano até agora estamos com 23,4%. Então estamos crescendo nosso share desde que começou o covid. 

De toda essa alta de custos, quanto vocês estão conseguindo passar para o consumidor?

A pergunta é o quanto estamos evitando passar – porque não repassar é a eficiência que estamos gerando. Como falei, nosso aço aumentou 60% ano contra ano. Se custava R$ 100 em 2019, custou R$ 160 em 2020. E em 2021 custou 60% mais que R$ 160, e assim por diante. 

Se você olhar os preços dos automóveis, não estamos repassando isso. Teríamos que triplicar os preços em relação a 2019 para repassar tudo isso. Mas não podemos vender com prejuízo, óbvio. Então nosso esforço é recuperar tudo que é possível com ineficiências industriais, e o resto infelizmente é repassado ao consumo final.

Mas já que você não pode falar em números, pelo menos conceitualmente a margem da Stellantis no Brasil caiu ou não nos últimos anos?

Ela não se deteriorou, ela ficou mais ou menos no mesmo nível, tanto globalmente quanto na América Latina.

Então dado esse aumento brutal de custos, para você não ter perdido a margem, o que você tinha de ineficiência que você descobriu e endereçou foi algo muito grande?

Sim, foi bem grande. Mas não era ineficiência nossa. Eram ineficiências causadas pela inflação geral. Por exemplo, se o aço aumenta tanto assim, será que eu não posso importar? Será que eu não posso renegociar formatos de contrato diferentes?

E se o aço é tão forte assim e tenho muitos dos meus fornecedores que compram aço, será que os produtos que eu compro desses fornecedores eu não posso fazer insourcing, parcialmente, negociando com eles? 

Tem formas de endereçar ineficiências em ambientes de inflação extraordinária como esse que podem nos ajudar muito. 

Outra alavanca que temos atuado de forma muito eficiente é nas economias de escala. Na medida que tem uma inflação tão grande, para você ganhar eficiência nos contratos com fornecedores você precisa vender mais. Então o crescimento de mercado também é uma forma de endereçar forças inflacionárias tão fortes. E nossos volumes de vendas tem crescido muito.

Outro ponto são as sinergias com a PSA. A fusão gerou várias sinergias – algumas fáceis de entender, outras, mais complexas. Um exemplo: nós dois compramos plástico. Fomos ver os contratos de um e de outro com o mesmo fornecedor, nas mesmas condições, e um custa R$ 5 e o outro R$ 6. “Por quê?” Então a partir de agora tudo é R$ 5. 

A Stellantis acredita na descentralização da indústria. E a iniciativa que vocês têm para mostrar é a fábrica de Goiana, em Pernambuco. Por que isso é importante? E os custos lá ainda são maiores?

Hoje o Brasil tem a maioria do mercado consumidor de automóveis e serviços automotivos no Sul e Sudeste, que respondem por 65% do mercado. 

Mas as pessoas no Norte e Nordeste gostam de carro assim como os brasileiros do Sul, e às vezes até precisam mais de carro porque o transporte público é pior. O problema é na distribuição de renda. 

Agora, quando a indústria descentraliza, levamos para lá a fábrica, que gerou 7.000 empregos e começou com 17 fornecedores, que empregam outras 7.000 pessoas. Então empregamos dignamente 14.000 pessoas lá. E estamos continuando a levar fornecedores para lá. Já estamos em 30, e nosso plano é chegar a 100 no total.

Isso tem um efeito imediato! Primeiro, o mercado de carros lá aumenta, porque a renda das pessoas aumenta. Outro benefício é na melhoria das condições de educação e sociais. 

Hoje o custo de produção lá é quanto acima do Sudeste?

Essa é uma estimativa difícil de fazer. Porque aqui fazemos Fiat, e lá fazemos Jeep Renegade e Compass. Mas o cálculo que foi feito por uma empresa terceira na época de instalar a fábrica era que o custo era 12% acima. À medida que levamos os fornecedores, esses 12% caíram um pouco, mas não muito, porque ainda tem muito a fazer. 

Como a eletrificação vai chegar ao Brasil? Ela vai seguir a mesma dinâmica que nos outros mercados?

Nos mercados que têm matrizes energéticas fundamentalmente fósseis, trabalhar com eletrificação é fundamental, porque um carro elétrico emite zero no uso. 

Mas o Brasil é diferente. O Brasil tem a grande vantagem de ter uma matriz energética essencialmente limpa. Além disso, o carro a etanol é quase tão neutro quanto o carro elétrico quando você olha todo o ciclo de vida. 

O carro elétrico no uso é zero, mas em toda a cadeia que vem antes dele, ele polui, emite CO2. No etanol, tem emissões contidas no uso, mas toda a cadeia tem muitos benefícios porque o etanol vem da cana de açúcar, que retira CO2 da atmosfera. 

Além disso, a grande fortaleza do etanol é que ele está presente em todos os postos de gasolina e é muito acessível. O carro a etanol ou flex tem um preço muito competitivo. E todas as virtudes do etanol são potenciadas com a combinação com a eletrificação, nos modelos híbridos. É um investimento a baixo custo. 

Você acha que tem alguma ação de política pública que deveria ser tomada?

Agora estamos trabalhando na revisão do marco regulatório, o Rota 2030. 

Nossa visão, que deve ser articulada pela Anfavea, é de continuar a premiar o etanol, que não vai ser a única solução. É claro que vamos para a eletrificação também, talvez nos segmentos com maior poder aquisitivo, para alguns tipos de carros mais premium. Mas a transição baseada no etanol e na eletrificação tem que ser acompanhada pela regulamentação que está saindo. E acho que o Governo tem total conhecimento e informação para que isso aconteça.

A meta de vocês é chegar a 100% de carros elétricos na Europa em 2030, 50% nos EUA e só 20% no Brasil…

A Europa não tem outra chance. Para respeitar os limites de emissões de CO2, a única chance é a eletrificação. O Brasil tem uma chance que é o etanol. O Brasil tem condições estruturais fundamentais para a energia limpa. E para o setor de transporte, tem o etanol para fazer a transição, porque o etanol agride o meio ambiente da mesma forma que o carro elétrico, ou seja, agride pouco.

Se a gente não quer deteriorar o mercado, essa é a saída. Se a gente decidir pela eletrificação no Brasil, teríamos que pedir ao Governo incentivos que claramente não são possíveis no contexto atual. Então, todo mundo sabe que esse não é o caminho a seguir, porque não agrega mais que o etanol combinado a pequenas eletrificações. Ao contrário: deterioraria o mercado e machucaria o PIB. 

O resumo é simples: se você quiser fazer como a Europa, você deve estar preparado para um carro cujo preço aumente 50% ou mais, o que significa um mercado que vai cair muito, sobretudo para as faixas com menor poder aquisitivo. Isso vai fazer as fábricas e os fornecedores encolherem, diminuindo os empregos. 

E tudo isso para obter o quê? Praticamente o mesmo valor de emissões de CO2 que o etanol. Acho que ninguém vai fazer essa loucura!

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17 May 12:20

RN ultrapassa a marca de 30 dias sem mortes por covid

by Bruno Barreto

O Rio Grande do Norte ultrapassou neste final de semana a marca de 30 dias sem óbito por Covid-19. O quadro se dá principalmente por conta do avanço da vacinação em todas as faixas etárias, esforço feito em parceria entre Governo do Estado e municípios potiguares. Como exemplo, no grupo acima dos 60 anos a cobertura vacinal atingiu toda a população estimada com as duas doses e está em 90% para a dose de reforço até agora.

Ao longo da pandemia, o Governo, em conjunto com as gestões municipais, chegou a abrir 840 leitos de UTI e clínicos nos momentos mais críticos. Hoje, a plataforma RegulaRN aponta que: são 67 leitos de UTI reservados para pacientes acometidos pela Covid-19, sendo onze ocupados. E estão disponíveis 88 leitos clínicos, com apenas cinco pacientes internados.

“Com o avanço da vacinação conseguimos uma melhora gradativa, tanto na transmissão como nos casos de internação, sendo a maioria dos internados ainda sem seu esquema vacinal completo. Reforçamos a importância da vacina em todos os públicos para continuarmos num cenário confortável e esperançoso”, afirma o secretário de Estado da Saúde Pública, Cipriano Maia.

Atualmente o RN conta com 2.959.606 pessoas vacinadas com a primeira dose, o que representa 93% da população. Com a segunda dose são 2.669.722, totalizando 84%. Com a terceira dose são 1.535.563, 48% da população. Ao todo, 7.253.122 doses foram aplicadas em todos os municípios

Confira a parcial de hoje (14.05.2021)

Prezados, Bom Dia! Encaminhamos resumo dos dados relacionados à Covid-19 no Rio Grande do Norte:

Dados parciais – 14 de Maio de 2022.

COVID-19:

Casos Notificados e Confirmados nas últimas 24 horas: 71

00 Óbitos confirmados ocorridos nas últimas 24 horas:

Casos Confirmados: 504.270

Casos Suspeitos: 396

Casos Descartados: 951.321

Casos Recuperados: 495.472

Casos em acompanhamento: 602

ÓBITOS:

Óbitos Confirmados para Covid-19: 8.196

Óbitos Suspeitos: 1.406

Óbitos descartados para COVID-19: 1.305

Acesso aos Boletins: https://portalcovid19.saude.rn.gov.br/

Secretaria de Estado da Saúde Pública – Informações importantes para a população em geral e profissionais de saúde sobre o novo – COVID-19 (Coronavírus)

Informações importantes para a população em geral e profissionais de saúde sobre o novo coronavírus

portalcovid19.saude.rn.gov.br

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25 Apr 12:30

Fábio Dantas: nem bolsonaristas, nem esquerdistas arrependidos

by William Robson Cordeiro

Por William Robson

O ex-vice-governador de Robinson Faria, Fábio Dantas, levantou uma bandeira no evento em que se lançou pré-candidato da oposição à governadora Fátima Bezerra, na terça-feira (19). ” Se você não quer ser governado pelo PT, a gente tem muita coisa em comum”, disse, em seu discurso.  Ele puxou a corda na tentativa de reviver a polaridade política exacerbada de 2018 e em busca dos apoios daqueles bolsonaristas-raiz e até de pessoas de esquerda, supostamente, insatisfeitos.

Fábio Dantas discursa no evento em que lançou sua pré-candidatura, em Natal

Foi em vão. Nem um agrupamento, nem outro esteve representados no lançamento de sua pré-candidatura. Importantes ausências foram notadas. No mesmo dia em que seu partido, o Solidariedade, declarou apoio à chapa Lula-Alckmin a nível nacional, Fábio Dantas se abraçou com o ex-ministro Rogério Marinho e, nem assim, conseguiu a simpatia dos adoradores do presidente. Queria ser o nome de consenso da oposição no Estado, porém, até agora vem colecionando fracassos (começando no evento de terça) em termos de aglutinação de apoios.

Apesar de ter participando do Governo Robinson ativamente, Fábio Dantas é pouco conhecido do potiguar. Tem raízes na esquerda, depois virou a chave. E isso não foi suficiente para convencer o grupo pelo qual flerta: a direita dos bolsonaristas e os esquerdistas arrependidos. Fábio quer parecer como nome de uma ávida necessidade da população por uma ampla frente anti-petista e, que como sabemos, não existe.

Claro que a tática, desta forma, nasceu capenga. A governadora Fátima Bezerra conseguiu emplacar jogada de xadrez que neutralizou a oposição. Os nomes mais fortes para enfrentá-la seriam o do ex-prefeito Carlos Eduardo, cotado para ser o candidato a Senador com o apoio da governadora, e do atual prefeito de Natal, Álvaro Dias, que desistiu da disputa. Restou para Fábio Dantas esta incumbência.

As ausências no evento da sua pré-candidatura falam por si. Faltaram os prefeitos de Natal e Mossoró respectivamente Álvaro Dias (PSDB) e Allyson Bezerra (SD) e os principais líderes do chamado bolsonarismo-raiz, o deputado federal General Girão (PL) e Coronel Azevedo (PL).

Segundo o jornalista Bruno Barreto, acresce ainda a falta dos deputados federais do União Brasil (Carla Dickson e Benes Loecádio) e do presidente estadual do partido, o ex-senador José Agripino Maia. Coloque ainda o presidente da Assembleia Legislativa Ezequiel Ferreira (PSDB). Assim, não parece ser nome que vem a congregar gregos e troianos.

Para reforçar a incapacidade de Fábio Dantas em unir a oposição, o presidente do diretório estadual do Patriota, Marcel Vital, disse: “Sinceramente, não sei como acreditaram que os bolsonaristas iriam aceitar um nome tão associado ao comunismo como representante do bolsonarismo no Rio Grande do Norte. Fábio Dantas foi nome forte do PCdoB, depois teve passagem pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) e, há pouco tempo, foi para o Solidariedade (SDD) de Paulinho da Força Sindical, que declarou publicamente apoio à candidatura de Lula”.

Pois é. até o General Girão preferiu participar de festa comemorativa ao Dia do Exército, em Brasília, desprestigiando o evento que também marcaria a composição da chapa de Fábio, com Rogério Marinho (PL), tão bolsonarista quanto ele.

O ex-governador Robinson Faria esteve presente no evento

Fala-se que Fábio não será o nome que os bolsonaristas vão apostar. Ele não demonstra o nível bolsonarista capaz de ganhar a aprovação dos seguidores do Bolsonaro.

No entanto, uma presença foi sentida: a do ex-governador Robinson Faria, com dividiu a governança do Estado, e pelos quais o rombo de quatro folhas em atraso e dívidas de R$ 2 bilhões praticamente inviabilizaram o Rio Grande do Norte. Pelo menos este está com cara que vai seguir ao seu lado incondicionalmente.

 

19 Apr 17:53

A guerra dos viagras: duas diferenças fundamentais e a “imparcialidade” que desinforma

by Bruno Barreto

Explicar que duas histórias parecidas possuem contextos diferentes não é “passar pano”, mas entregar ao leitor a informação correta. Entendo que na cultura brasileira a neutralidade é tida como uma virtude ainda que esta acabe, em alguns casos, distorcendo uma notícia e promovendo desinformação.

A imparcialidade não existe no jornalismo, mas sempre é evocada quando interessa.

Veja o caso da guerra dos viagras em um curso no debate público do Rio Grande do Norte desde que a 98 FM de Natal revelou que o Governo do Estado comprou viagra. A média das manchetes foi no sentido de nivelar a história com o escândalo envolvendo as Forças Armadas que respingou no presidente Jair Bolsonaro.

A síntese foi: “Fátima também comprou viagra”.

A militância bolsonarista foi ao êxtase, os bolsonaristas enrustidos invocaram o discurso acima do bem e do mal e os ivermectiners tentaram cavar de forma patética alguma redenção alegando politização do remédio.

Mas é preciso por a bola no chão, encarar a complexidade das coisas e ter coragem para encarar os haters da Internet para explicar que são duas histórias totalmente diferentes.

A começar que a compra de 900 comprimidos pelo Governo do RN foi forçada por uma decisão judicial enquanto os 35 mil do Governo Federal para as Forças Armadas foi espontânea.

A segunda grande diferença é que o Governo do Estado comprou comprimidos de Sildenafila 20mg que é a dosagem usada para tratar hipertensão pulmonar. Já o Governo Federal comprou a medicação de 25 mg e 50 mg, que é a dosagem recomendada para disfunção erétil.

Some-se a isso é que o Governo Federal comprou R$ 3,5 milhões em próteses penianas e licitou R$ 37 mil em gel lubrificante. São informações que escancaram uma diferença abissal nas duas histórias e o uso de dinheiro público para melhorar a vida sexual dos militares.

Ninguém negou que se tome viagra para hipertensão pulmonar. O problema é que o Governo Bolsonaro não provou que os medicamentos são usados para essa doença.

Os fatos saltam aos olhos e o bom jornalismo passa por encarar o desafio de enfrentar a gritaria das redes sociais para evitar que a desinformação propague.

São duas compras de viagras, mas com motivações totalmente diferentes.

Chamar esse jornalista de petista, comunista e ou dizer que esse texto passou pano só vai expor a incapacidade de provar que é tudo a mesma coisa.

Fontes consultadas:

https://www.istoedinheiro.com.br/tag/viagra-para-militares/

https://agorarn.com.br/ultimas/em-nota-governo-do-rn-afirma-que-compra-de-viagra-na-pandemia-ocorreu-por-forca-de-medida-judicial/

https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2022/04/12/doenca-usada-como-justificativa-para-compra-de-35-mil-comprimidos-de-viagra-para-as-forcas-armadas-e-rara-e-atinge-mais-mulheres-do-que-homens.ghtml

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28 Mar 14:03

Jota Camelo e a 'democracia' made in USA

by Antonio Mello

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18 Mar 12:46

Erika Marena perde terceira ação contra o Blog

by Marcelo Auler
 Marcelo Auler Após seis anos, a perseguição que a delegada federal Erika Mialiki Marena, então coordenadora da Força Tarefa da Lava Jato na Polícia Federal do […]
28 Jan 13:37

Nenhuma criança morre de COVID em Cuba, desde que foram vacinadas todas, a partir dos 2 anos

by Antonio Mello

Sob bloqueio dos Estados Unidos e aliados, Cuba enfrentou a COVID com sua própria ciência e atendimento de saúde. Desenvolveu suas próprias vacinas e, além dos adultos, imunizou todas as crianças, a partir dos dois anos de idade. Nenhuma criança veio a morrer de COVID desde então. A informação é da Agencia Cubana de Noticias
 
Foram aplicadas 3,6 milhões de doses em 1,6 milhão de crianças e jovens.
O Centro de Controle Estatal de Medicamentos, Equipamentos e Dispositivos Médicos (CECMED) autorizou no ano passado o uso emergencial da vacina Cuban Sovereign 02, na população pediátrica entre dois e 18 anos.

Com isso, Cuba se tornou o primeiro país do mundo a desenvolver uma Campanha Nacional da Criança contra o COVID-19.

Segundo fontes oficiais, até dezembro de 2021, mais de 1.631.000 crianças com mais de dois anos de idade receberam o calendário completo de vacinação contra a doença.
Enquanto isso, no Brasil, Bolsonaro e Queiroga fizeram e fazem de tudo para sabotar a vacinação das crianças — talvez a mais abjeta de todas as abjeções deste governo infame.



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24 Jan 19:15

Alvarez & Marsal diz que “não existe” conflito de interesse na atuação de Moro

by Victor Dias
Foto de Sérgio Moro usando terno e com a mão direita levantada atrás da cabeça. Ele tem olhar preocupado.
Moro. Foto. Sérgio Lima / Poder 360

A Alvarez & Marsal divulgou comunicado, nesta segunda-feira (24), dizendo que o ex-juiz Sergio Moro não atuou em processos ligados à Lava Jato durante sua passagem pela empresa.

A consultoria afirma que o contrato do ex-juiz possui uma cláusula de confidencialidade ainda em vigor. Também que ilações sobre a relação de Moro na escolha dos casos “revelam profundo desrespeito com as pessoas envolvidas e absoluto desconhecimento dos processos judiciais”.

A relação de Moro com a Alvarez & Marsal entrou na mira do TCU por suposto conflito de interesses do ex-juiz. Ao deixar o governo Bolsonaro, Moro foi contratado em dezembro de 2020 pela consultoria, que atua em processos de recuperação fiscal de empreiteiras atingidas pela Lava Jato.

A consultoria diz que a tese de suposto conflito de interesse nas nomeações de administração judicial “não existe”, uma vez que a Alvarez & Marsal foi designada para atuar nos casos pelos juízes responsáveis pelos processos dos alvos da Lava Jato. Confira a nota na íntegra abaixo.

Leia também: 

1; Nando Reis defende artistas; “Baboseira caluniosa que vivemos na mamata da Rouanet”

2; Agente da contraespionagem denuncia abusos do Pegasus e de apps espiões

3; Bolsonaro sofre ameaça do Centrão após pressão de ala ideológica

Posicionamento Alvarez & Marsal sobre processo TCU em relação ao contrato com Sergio Moro

A Alvarez & Marsal é uma consultoria de gestão empresarial que atua em 29 países sob rígidas normas internacionais de Governança Corporativa e de Compliance. No Brasil, desde 2004, conta com sete empresas para atuação em diferentes áreas como reestruturação, transformação corporativa, administração judicial, disputas e investigações, estrutura tributária, entre outras. É reconhecidamente a líder global no segmento de reestruturação
empresarial.

A consultoria esclarece abaixo os pontos abordados pela imprensa nos últimos dias a respeito do processo em curso no TCU relativo ao contrato com o exjuiz Sergio Moro.

Sobre contrato de Sergio Moro

A contratação do ex-juiz Sergio Moro foi efetuada pela empresa de disputas e investigações em dezembro de 2020 para que o consultor atuasse de forma global junto a um time de consultores externos, a área conta com profissionais de várias partes do mundo como ex-agentes do FBI e de forças de segurança, ex-promotores e ex funcionários públicos de departamentos de justiça, por exemplo.

Seu contrato foi expresso em impedi-lo de atuar direta ou indiretamente no atendimento a clientes que tivessem qualquer envolvimento com a operação Lava Jato ou empresas investigadas por ele ao longo de sua carreira como juiz ou ministro, estando totalmente delimitado a atuar dentro do seu escopo de trabalho em disputas e investigações. O contrato possui ainda uma cláusula de confidencialidade, que não permite sua divulgação sem o consentimento da outra parte.

Sobre suposto conflito de interesses e funções de Administrador Judicial

A questão a respeito de um suposto conflito de interesse nas nomeações de administração judicial não existe. Para entender bem essa questão é essencial que se compreenda o papel do Administrador Judicial; como se dá a definição de sua escolha e da sua remuneração bem como a linha do tempo dos fatos.

Conforme determina a Lei 11.101, uma empresa é nomeada para a função de Administrador Judicial através de decisão do juiz responsável pelo processo de recuperação judicial ou falência. O Administrador Judicial não presta serviços para a empresa em recuperação judicial. Mas para o juiz do processo e todos os credores. Portanto, a nomeação da Alvarez & Marsal como administradora judicial dos processos da Odebrecht, Galvão Engenharia, Enseada, OAS, Atvos e todas as demais empresas em que atua não foi uma escolha das empresas devedoras, mas dos respectivos juízes.

Cabe ao Administrador Judicial: o dever de fiscalizar as empresas em recuperação judicial ou falência; se manifestar e apresentar parecer sobre todos os assuntos do processo; prestar contas do uso dos recursos de uma
massa falida; analisar todos os créditos listados pelas empresas em dificuldade; organizar e presidir as assembleias gerais de credores; acompanhar a execução do plano de recuperação judicial, apontando
eventuais descumprimentos; apresentar mensalmente relatórios sobre o andamento das atividades das empresas em recuperação judicial; entre outras atribuições.

Sobre os honorários do Administrador Judicial

Também, conforme determina a Lei 11.101, os honorários do Administrador Judicial são pagos pela empresa em recuperação judicial. Sendo estabelecidos através de decisão judicial; e estando sujeitos a análise dos credores, do Ministério Público e de todas as demais partes envolvidas. Soma-se a isso o fato de que todas as informações relativas a qualquer processo de recuperação judicial ou falência, incluindo honorários e relatórios dos administradores judiciais, são necessariamente públicas.

Sobre esclarecimentos ao TCU

A Alvarez & Marsal prestou todos os esclarecimentos solicitados pelo TCU de forma tempestiva e colaborativa, sendo que o parecer técnico do Tribunal demonstrou não haver nenhum tipo de conflito. Tal atitude somente demonstra a postura clara e transparente da Alvarez & Marsal, que dentro dos limites da lei, sempre respondeu a tudo.

A Alvarez & Marsal segue cumprindo com seus deveres, pautada por suas responsabilidades legais em cumprimento estrito de suas funções.

Para mais detalhes sobre os principais pontos noticiados recentemente

75% do que fatura a Alvarez & Marsal vem de empresas quebradas pela operação Lava Jato:

A unidade de Administração Judicial é apenas um tipo de serviço praticado pela Alvarez & Marsal dentro do segmento de reestruturação que ainda inclui assessoria a devedores e credores, sem contar com as demais unidades de negócio da empresa. A prática de Administração Judicial teve início no começo de 2014 sendo sua primeira nomeação em agosto de 2014 para a fiscalização do processo de recuperação judicial da empresa Kowarick Distribuidora de Tecidos e Prestadora de Serviços Ltda, e sua última nomeação foi em outubro de 2019 para o processo da empresa Enseada. Logo, bem antes da entrada de Sergio Moro na empresa.

A Alvarez & Marsal (A&M) não informou quanto pagara a Moro depois que ele deixou o governo de Jair Bolsonaro (PL) e passou a prestar serviços para a empresa:

Como já informado no processo, a empresa Alvarez & Marsal Administração Judicial Ltda. não tem nenhuma relação contratual, comercial ou operacional com o Sergio Moro. O contrato possui ainda uma cláusula de
confidencialidade, que não permite sua divulgação sem o consentimento da outra parte.

Após as condenações na Lava Jato, que envolveram cifras volumosas, empresas como Odebrecht, Galvão Engenharia e OAS buscaram a administradora judicial Alvarez & Marsal:

O Administrador Judicial é nomeado pelo juiz do processo de recuperação judicial, não é escolhido pelas empresas em recuperação judicial. As empresas em dificuldade vão ou poder judiciário pedir proteção nos termos da Lei 11.101. E conforme o sistema dos tribunais é sorteado um juiz responsável. Necessário observar que não há nenhum tipo de escolha ou ingerência por parte das empresas em dificuldades ou das partes envolvidas,
seja o juiz, os credores ou os Administradores Judiciais.

A filial brasileira da consultoria tinha pouca ou nenhuma experiência no setor de construção pesada e infraestrutura até antes de 2014. Até a Lava Jato, por exemplo, a Alvarez & Marsal só tinha clientes do setor financeiro….

A Alvarez & Marsal iniciou a prestação de serviços como Administrador Judicial no Brasil no começo de 2014, ampliando os serviços de reestruturação que já incluíam assessoria financeira a devedores e credores. As funções, requisitos e atribuições de um Administrador Judicial estão descritas na seção III da Lei 11.101/05. A Administração Judicial prescinde de qualquer conhecimento específico a respeito de áreas de atuação de empresas em dificuldades financeiras; visto que sua função é assessorar o juiz e os credores na condução do processo. Tanto é assim que diversos escritórios de advocacia atuam como administradores judiciais, lembrando que a Alvarez & Marsal não é um escritório de advocacia, mas sim um consultoria financeira.

A Alvarez & Marsal foi nomeada nos processos de recuperação judicial por influência do Sergio Moro:

Como qualquer processo judicial, a recuperação judicial está sujeita à distribuição por sorteio online e, nos casos de atuação da Alvarez & Marsal, nove juízes a nomearam em diferentes processos. A ilação acerca de qualquer interferência de Sérgio Moro nas nomeações; para além de destituída de qualquer indício, revela profundo desrespeito com as pessoas envolvidas e absoluto desconhecimento dos processos judiciais. Nesse sentido, vale reiterar a relação de processos sob responsabilidade da Alvarez & Marsal enquanto Administradora Judicial e o período de início dos trabalhos.

De um total de 26 processos, apenas seis processos referem-se a empresas ligadas a Operação Lava Jato. A demonstrar a forma desvirtuada com que os números e valores apresentados ao TCU de boa-fé estão sendo usados. O número de empresas ligadas à Operação Lava Jato que recorreram a recuperação judicial é muito maior do que as seis que competem à Administração Judicial da Alvarez & Marsal e para todos os outros casos foram nomeados outros Administradores Judiciais, o que só demonstra a total falta de ingerência nos trâmites desse tipo de processo judicial.

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20 Jan 17:30

Sputnik V é mais eficaz contra a Ômicron que a Pfizer

by Natália Araújo

─ Sputnik News ─ Essa é a principal conclusão da recente análise conduzida pelo Instituto Nacional para Doenças Infecciosas Lazzaro Spallanzani, na Itália, pelo Centro Nacional de Pesquisa de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya e pela Universidade Estatal de Medicina Sechenov, em Moscou.

Dados anteriores já sugeriam maior eficácia da vacina russa Sputnik V contra a variante Ômicron, com estudos também apontando ao declínio menor e mais lento dos níveis de anticorpos para a vacina russa, em comparação com outros imunizantes.

Os pesquisadores compararam a vacina Sputnik V com o imunizante mRNA da Pfizer-BioNTech em pesquisa comparativa de pré-impressão publicada no portal MedRxiv. O objetivo era estudar a eficácia de ambas as vacinas contra a recém-detectada cepa Ômicron.

A análise foi feita por 12 cientistas italianos de um laboratório em Roma com utilização de amostras de soro sanguíneo de pessoas vacinadas com os respectivos imunizantes e que tinham níveis semelhantes de anticorpos tipo IgG, bem como a mesma atividade neutralizante contra a variante original do coronavírus detectada primeiramente em Wuhan.

Foi revelado que, em comparação com a vacina da Pfizer, a Sputnik V tem 2,1 vezes mais anticorpos neutralizantes contra a Ômicron em geral e 2,6 vezes mais anticorpos três meses após a vacinação.

Em sua análise detalhada dos mecanismos de proteção, os autores do estudo notaram que a Sputnik V neutraliza a variante Ômicron porque ela fornece uma resposta imune mais forte devido à alta taxa de anticorpos.

Revisando o nível básico dos anticorpos IgG específicos ao RBD (domínio de ligação ao receptor), os pesquisadores afirmam que, nos 25% superiores das amostras com teores mais elevados de IgG, 100% dos indivíduos imunizados com a Sputnik V possuem esses anticorpos, em comparação com 83,3% no grupo com a Pfizer.

No total, 74,2% das amostras de soro sanguíneo com a Sputnik V neutralizaram a Ômicron com sucesso, em comparação com 56,9% para a Pfizer.

“Hoje a necessidade da terceira vacinação, com dose de reforço, é óbvia. E a abordagem mais eficaz, já demonstrada em diversos estudos, é o uso da vacinação de reforço heteróloga, com a Sputnik V sendo pioneira nisso entre vacinas anti-COVID-19.”

A pesquisa conjunta russo-italiana também confirma os resultados recentes do Instituto Gamaleya, publicados pelo MedRxiv em dezembro de 2021. De acordo com o documento, a Sputnik V tem alta atividade neutralizante do vírus contra a variante Ômicron.

Dose de reforço universal

A disseminação preocupante da variante Delta seguida pelo surto da Ômicron levou a comunidade científica global às buscas da perfeita vacina de reforço. O Fundo Russo de Investimentos Diretos (RFPI, na sigla em russo) ofereceu como resposta a vacina Sputnik Light.A Sputnik Light é uma vacina de uma única dose baseada no adenovírus recombinante humano do sorotipo 26 (Ad26), também usado como primeiro componente da Sputnik V.

Dados de estudos clínicos na Argentina e outros países demonstraram a alta segurança e imunogenicidade da Sputnik Light como dose de reforço também para vacinas de outros fabricantes. Sua eficácia como reforço contra a variante Delta aproxima-se da eficácia contra ela para as duas doses da Sputnik V: mais de 83% contra a infecção e 94% contra a hospitalização, segundo relatório do RFPI.

O diretor-geral do fundo, Kirill Dmitriev, ressaltou a importância de aplicação da Sputnik Light como reforço:

“A plataforma de vetor adenoviral já mostrou alta eficácia no combate às mutações do coronavírus no passado. O reforço misto com uso da Sputnik Light poderia aumentar a eficácia de outras vacinas e a parceria entre várias plataformas de vacinas desempenha um papel-chave ante os desafios criados pela presença simultânea das variantes Delta e Ômicron”.

Primeira vacina contra COVID-19 registrada no mundo

Sputnik V é autorizada para uso em 71 países com população total de quatro bilhões de pessoas, com a Austrália virando a última nação que reconheceu a vacina russa. A Sputnik Light é aprovada em 30 países.Ambas as vacinas foram desenvolvidas na base da tecnologia de vetores adenovirais que tem uma história de 30 anos e que comprovou sua segurança e eficácia.

Ao contrário de outras tecnologias, a plataforma de vírus adenoviral não esteve relacionada com efeitos colaterais graves, tais como pericardite ou miocardite.

RFPI é o fundo soberano do país, estabelecido para realizar investimentos, principalmente na Rússia, ao lado de investidores internacionais.

O fundo é responsável pela produção e distribuição internacional das vacinas russas Sputnik V e Sputnik Light.A variante Ômicron do SARS-CoV-2 foi identificada em novembro de 2021 e rapidamente se tornou a cepa dominante em todo o mundo. Em 12 de janeiro de 2022, essa cepa foi registrada já em 150 países.

08 Jan 14:11

Heineken investe na “diversidade” e não em salários

by Stefania Robustelli

O Grupo Heineken começou 2022 anunciando um mergulho de cabeça na política identitária. A cervejaria, que no ano passado foi obrigada a desistir, após muitos protestos por parte da sociedade civil, de construir uma fábrica dentro de um importante sítio arqueológico em Minas Gerais , onde foi encontrado Luzia, o mais antigo fóssil humano das Américas, agora investe na sua própria distribuidora de cervejas.

Após assumir a distribuição própria de cervejas, a empresa precisou contratar quase 2,5 mil pessoas e aproveitou para investir na “diversidade de gênero”…. Segundo a Vice Presidente de Recursos Humanos da empresa, Raquel Zaggi, “Quando a gente foi abrir as vagas para motorista de empilhadeira e motorista de caminhão, a gente abriu para pessoas que não tinham carteira de motorista dessa categoria. Com isso conseguimos atrair mulheres. Você tem o perfil da Heineken e os valores da Heineken? Beleza. Dirigir caminhão a gente consegue te ensinar”, explica. E ainda  “Se a gente não usasse essas contratações para alavancar a agenda, e deixasse o negócio correr naturalmente, a gente iria aumentar o gap entre homens e mulheres”.

Trata se na verdade de mais uma  empresa a lançar mão dessa falsa solução para o problema das minorias, que é a política identitária, e se utiliza para lucrar ainda mais e parecer uma empresa amiga do trabalhador. 

QUEM NÃO TE CONHECE QUE TE COMPRE

A Heineken assim como acontece com muitas empresas multinacionais no Brasil, recentemente foi flagrada se utilizando de trabalho escravo, e contabiliza históricos de morte de trabalhadores dentro de suas dependências por falta de segurança.

Além disso, durante a pandemia de Covid -19, a empresa foi acionada pelo sindicato da categoria depois de anunciar a pretensão de demitir cerca de oito mil trabalhadores do seu quadro, segundo a empresa por conta da baixa de vendas de cervejas durante a pandemia, hipótese que foi desmentida pelo representante dos empregados que demonstrou ter o número das vendas durante a pandemia inclusive aumentado.

É a esse propósito nefasto que serve o feminismo liberal que prega a ascensão de algumas poucas mulheres no marco do capitalismo: fazer com que os inimigos dos trabalhadores consigam se utilizar de demagogia para mascarar sua política de ataques aos direitos trabalhistas.

07 Jan 12:21

Desmond Tutu

by Unknown

Morreu ontem o arcebispo anglicano sul-africano Desmond Tutu. Mandela ainda ficaria preso em Robben Island, por alguns anos mais, quando, em 1984, Tutu recebeu, no Rådhus de Oslo, o Prémio Nobel da Paz.

Os nórdicos têm uma “rightousness” que, às vezes, irrita por excesso de presunção. Porém, em matéria de sensibilidade face a situações de injustiça e desigualdade, estiveram frequentemente à frente de muito outro mundo. O Prémio Nobel da Paz, que o Comité Nobel norueguês atribui (os suecos atribuem os restantes), não obstante alguns erros de “casting”, teve o frequente mérito de ajudar a destacar alguns desses casos gritantes, contribuindo para dar eco a algumas lutas justas, ajudando mesmo, em certos casos, a resolvê-las a caminho da solução que a História veio a ter como certa. 

O regime do “apartheid” foi, com toda a certeza, uma das criações políticas mais detestáveis que essa mesma História alguma vez já acolheu (claro que houve o nazismo, eu sei). Por muitos anos, os negros sul-africanos foram considerados estrangeiros na terra onde nasceram, sujeitos a um processo de discriminação e repressão, por parte de quem se considerava superior e com o direito de definir onde e como eles podiam viver. Os “bantustões” iriam ser, nesse projeto insano, um dos produtos institucionais mais absurdos. 

A complacência com que, na Guerra Fria, o regime sul-africano foi sendo tratado por “este lado”, pelo “mundo livre”, só não raiou o cinismo porque o ultrapassou bastante em perversidade. Nunca devemos esquecer que foi uma denúncia da CIA que conduziu à detenção de Nelson Mandela - o início dos seus 27 anos de prisão. E é bom também lembrar que foi o governo de Thatcher que procurou atrasar as sanções europeias, bem como aquelas que a Comunidade dita Britânica tentou implementar, para isolar o “apartheid”, com a ajuda de uns não inocentes úteis, que nós conhecemos de ginjeira.

Desmond Tutu, de quem o ANC, que pilotava a luta contra o regime, muitas vezes divergiu, foi, por muito tempo, a figura moral que ajudou a modelar, um pouco pelo mundo, uma crescente reação, por decência básica, contra o “apartheid”. 

Com a libertação e a emergência de Mandela na vida democrática do seu país, Tutu recuou no palco político, mas nunca cedeu um milímetro na postura ética que iria manter até ao final da sua vida. Nesse importante caminho ficou a condução que fez da Comissão para a Verdade e Reconciliação, uma iniciativa que, não obstante algumas justificadas críticas às respetivas insuficiências, teve o mérito de entrar por um terreno precursor, à escala mundial.

A África do Sul que hoje existe está, seguramente, muito longe do sonho de Mandela e era, visivelmente, uma realidade com que Desmond Tutu não vivia bem. 

O arcebispo, aliás, nunca escondeu críticas a práticas locais que considerou atentatórias da democracia e do Estado de direito, da corrupção às desigualdades e aos atentados aos direitos sociais e humanos, bem como em relação à xenofobia que, para surpresa de muitos, emergiu na sociedade sul-africana. Tutu nunca se importou de ser impopular, a bela qualidade das pessoas realmentes superiores.

Devo confessar que sempre me fascinou o sorriso franco, quase galhofeiro, de Desmond Tutu. Sempre imaginei que, com isso, Tutu devesse irritar bastante os “boers” que estavam no poder que ele ajudou a derrubar. Era o sorriso de quem sabia que estava do lado certo da História.
07 Jan 12:18

Un viaje por el país Vasco Francés

by Silvia

Algunos de los pueblos más bonitos de Iparralde

Un fin de semana da para mucho cuando el viaje se organiza bien y en esta ocasión os traemos algunos de los pueblos más bonitos del País Vasco Francés, para disfrutar en unos pocos días. Un destino lleno de posibilidades, descubriendo algunos de sus pueblos, degustando su exquisita gastronomía, empapándonos de su cultura y recorriendo sus calles llenas de historia.

Y aunque es un destino de escapada perfecta, es tanto lo que puede ofrecernos que podemos alargar los días para descubrirlos más en profundidad o lo que es aún mejor, volver a viajar a ellos en diferentes épocas del año, porque si algo tienen para ofrecernos son planes diferentes para todos los gustos. 

En este viaje vamos a recorrer la costa del País Vasco Francés comenzando en Bayona, para ir descendiendo hacia Hendaya pasando por Anglet, Biarritz y San Juan de Luz. Y si quieres añadir pequeños enclaves, más en el interior, más adelante te hablaremos también de Ainhoa y la famosa Espelette. Te contaremos los lugares que no debes perderte, los restaurantes a los que volveremos y e incluso dónde dormir para poder recorrer todos ellos sin mucho desplazamiento. Empezamos!

Navidad en el país vasco francés
Navidad en el País Vasco Francés

Tabla de contenidos

Pueblos del país Vasco Francés

BAYONA y su pueblo de navidad

Empezamos nuestro viaje al país vasco francés en Bayona, también conocida como Baiona en euskera o Bayonne en Francés. En esta ocasión la visitamos coincidiendo con la época navideña así que además de poder disfrutar de Bayona, lo haremos también de su mercado de navidad. De la decoración, las casetas y las luces con las que la se engalana la ciudad con la gran noria a un lado del río Nive en esta época del año. Porque Bayona es una bonita ciudad dividida por dos ríos, el Nive y el Adur y en la antigüedad donde ahora vemos calles antes existían canales por donde eran barcos y no coches los que circulaban. 

Recorremos la ciudad de la mano de Isabel Dupont, nuestra guía para la ocasión, de la oficina de turismo de Baiona. Isabel nos explica, orgullosa de su ciudad, los pequeños detalles que nos pasarían desapercibidos sin esta visita guiada.

Comenzamos en El Barrio Espíritu Santo, escuchando a Isabel y descubriendo uno de esos murales que tanto nos gustan en este blog. Street Art, una forma de expresión artística a lo grande, donde las fachadas se engalanan para recibir a los llamados artistas callejeros. Cada vez son más las ciudades que se suman a este movimiento de color y en Bayona no sólo podemos disfrutar de decenas de obras sino que además todos los años se celebra un nuevo evento. Points de Vue.

No son muchas las ediciones (3 hasta el momento) pero ya hay más de 80 obras en la ciudad. Algunas muy pequeñas, en los buzones postales y otras enormes, en las principales fachadas lisas. Nos apuntamos el evento para una próxima visita (en el mes de Octubre) donde durante 5 días puedes ver cómo los artistas comienzan y finalizan su obra. En un próximo artículo te mostramos todos los murales de Bayona que ya hemos retratado hasta el momento.

Street Art en las calles de Bayona

Bayona es una ciudad para recorrer a pié y desde El Barrio Espíritu Santo nos vamos paseando por el puente Saint Esprit para descubrir el mercado de navidad (Noel a Bayonne). En muchos pueblos de Francia son típicos los mercados de Noel, pequeños puestos de madera donde comprar artesanía, relacionada o no con la navidad y otros de gastronomía donde poder tomar un vino caliente que temple el momento o que acompañe la comida callejera de estos días. En Bayona, para el disfrute de pequeños y mayores, hay pequeñas atracciones y una gran noria iluminada.

Navidad en el País Vasco Francés. Bayona y su mercado de Noel
Bayona engalana sus calles y su pueblo de Navidad

Seguimos adelante y nos adentramos en la Petit Bayonne y la Gran Bayonne. En estos dos enclaves podremos visitar la catedral de Santa María recorriendo las calles con edificios de entramados de madera donde se mezclan diferentes épocas y estilos que reflejan el avance de la ciudad sin perder la antigüedad que la ha hecho crecer.  

Petit Bayonne, imágenes del interior de Bayone, País Vasco Francés

Los sábados, para los amantes de los mercados gastronómicos, la visita coincidirá en la plaza Rue Bernardou, con los puestos de agricultores, artesanos y pasteleros, donde poder comprar las verduras más frescas hasta el pastel vasco que endulce el final de la comida.

Mercado de agricultores en Rue Bernadou

Es curioso cómo la llegada del chocolate a la ciudad, de la mano de los judíos expulsados de España se refleja hoy en las cuantiosas y diferentes chocolaterías que acompañan nuestro paseo. Visitar Bayona y cualquier pueblo del País Vasco Francés es rendirte a probar una y otra vez el placer del chocolate.No podemos finalizar la visita sin entrar en la chocolatería LÁtelier donde presenciamos cómo trabajan el chocolate y probamos una de sus especialidades, el chololate negro con pimiento de espelette, una delicia, aunque también nos llevamos para casa dos especialidades más, chocolate con café y también con naranja. 

Chocolateria L´Ateliér en Bayona, país Vasco Francés
Chocolatería Látelier en Bayona, País Vasco Francés

Comer en Bayona

Y aunque en cualquier rincón se come bien, en un lugar que cuida el producto, vamos a recomendaros un restaurante donde cada plato era casi igual o mejor que el anterior. Le Bayonnais,  en el 38 Quai des Corsaires, un restaurante asequible que no debéis perderos. Con un menú a elegir con dos opciones de primero, segundo y postre (nosotras elegimos las dos opciones para probarlo todo) no podemos quedarnos con ninguna pero sin duda el Crumble de manzana de postre es un imperdible.

  • Crujiente de queso de cabra caliente
  • Trucha de Baigorri marinada al eneldo
  • Merluza con puré de chirimías
  • Estofado de Pato
  • Crumble de manzana y piña
  • Pera asada

Dormir en Bayona

Al igual que cualquiera de los pequeños pueblos del País Vasco Francés Bayona dispone de múltiples opciones para pernoctar y casi todas ellas están bien situadas. En nuestro caso lo hicimos en el hotel Ibis Styles Bayonne, en El Barrio Espíritu Santo y apenas a cientos de metros del casco antiguo de la ciudad.

ANGLET, La ciudad del surf

La Petit Californie, como la conocen sus habitantes, es el destino ideal para los amantes del surf, los paseos, el deporte al aire libre y los kms infinitos de arenales y bosques para recorrer tranquilamente.

Este pequeño enclave tiene nada menos que 11 playas donde poder elegir el lugar para tostarse al sol, aprender a hacer surf o simplemente dejar pasar el tiempo.

Alrededor de sus playas, 4,5 kms de paseo marítimo desde donde llegar a la denominada avenida del surf, o paseo de la fama del surf. Donde desde 2018 grandes surfistas han dejado las huellas de sus pies para inmortalizar su paso por las olas de Anglet. Si eres aficionado al surf seguro que pasas un buen rato buscando las huellas de Kelly Slater, el mejor surfista del mundo, o de aquel al que vosotros admiréis, seguro que también está.

Anglet, avenida del surf en el país vasco francés
Surf Avenue en Anglet

Pero no todo es playa en Anglet, si lo tuyo son los bosques, en Anglet nos encontraremos 3 bosques de coníferas Pignada, Lazaret y Chiberta, con vías verdes, itinerarios de arborismo y circuitos saludables para poder ser recorridos. 

2 veces al año Anglet nos ofrece una razón adicional para ser visitada, el mercado de artesanía Quartier Moderné, una pequeña reunión de los mejores artesanos locales que son seleccionados por su calidad y donde sus trabajos hechos a mano nos dejan con la boca abierta. 

Muestra de uno de los puestos de artesanía en Quartier Moderné en Iparralde

Comer en Anglet

Y por supuesto no podemos dejar Anglet sin descubrir un rincón de su gastronomía que nos ha conquistado. Si bien puedes disfrutar de cualquiera de las opciones que la playa y sus restaurantes te ofrecen, desde nuestro rincón queremos recomendaros un lugar diferente. El mercado de abastos de los 5 Cantons. Una oferta gastronómica donde poder hacer compras de cualquier producto de nuestra cocina o un lugar donde poder elegir aquello que vas a comer a continuación, hecho al momento y en mesas altas y compartidas en un ambiente joven, distendido, donde disfrutar la comida, la conversación y probar muchas y variadas opciones. En nuestro caso nos decantamos por Xipiron Street, una de las opciones de Halles des 5 Cantons, que pensamos repetir cuanto antes.

BIARRITZ, la desconexión

Seguimos por el camino de la costa y nuestro siguiente destino será Biarritz, un ya muy antiguo pueblo de pescadores que con el paso del tiempo se ha convertido en la joya de la corona. Biarritz es ahora un lugar donde la calidad, el aire romántico, la belle epoque de sus calles y comercios y sus paseos a lo largo del mar son un reclamo en sí mismo. 

Ciudad muy visitada pero no por ello abarrotada. Tiene un paseo precioso hasta la Virgen de las Rocas (Rocher de la Vierge), incluso en los días de temporal que también hemos disfrutado, aunque en esos días no será posible llegar hasta la propia virgen porque la precaución por el oleaje hará que cierren el paso.

Biarritz, la virgen de las rocas, en Iparralde
Disfrutando las vistas desde la Virgen de las Rocas

Pero aquí los acantilados, la erosión de las rocas por este fuerte mar y el color de las mismas al atardecer siempre merecerán la pena.

Faro de Biarritz desde la Virgen de las rocas

Biarritz es el destino donde verás las casas señoriales más espectaculares, el casino Art Decó, el hotel du Palais y sin olvidarnos de las espectaculares vidrieras de la iglesia de Santa Eugenia.

Si viajáis con niños y porqué no confesar, también si lo hacéis sin ellos, el acuario de Biarritz será otra de esas razones por las que desplazarnos hasta allí. Abierto todo el año, nos ofrece 7.000 metros cuadrados de espacios marítimos donde observar, aprender y disfrutar del mundo marino. Puedes consultar las tarifas y toda la información en el siguiente enlace Aquarium de Biarritz.

Haga frío o calor, pero sobre todo si hace mal tiempo, debemos dirigir nuestros pasos hacia el salón de té Puyodebat donde además de poder comprar chocolate artesano podemos degustar, en su pequeño e íntimo salón, un chocolate caliente en una taza diferente, la tasse à moustache, una creación especial que impedirá que la nata de tu chocolate te dibuje un bigote de lo más divertido.

Los salones de Té en Francia son espacios muy demandados y donde la tranquilidad se puede palpar en sus silenciosas conversaciones. Y aunque esto podría hacernos pensar que una visita con niños puede complicarse (ojo!, hay muchos niños con gran comportamiento y muchos adultos que ojalá fueran niños) tenemos que recomendaros una visita a este salón. El ritual del chocolate que pudimos degustar nos conquistó desde el primer momento. Ser nosotros los que hacemos la mezcla del chocolate en nuestra taza de leche caliente, los pasteles que acompañan este delicioso momento y la bonita y especial taza… es merecedora de una visita con y sin niños.

Chocolate con pasteles en chocolatería Puyodebat, Biarritz

SAN JUAN DE LUZ, la artesanía en sus calles

Situada apenas a 10 kms de la frontera con el país Vasco es muy sencillo trasladarse hasta aquí, ya sea por carretera o en ferrocarril,  ya que su estación de tren está prácticamente a 5 minutos del centro. 

Si vuestra visita es en verano y queréis disfrutar de la playa, San Juan de Luz tiene la playa más tranquila de toda la costa de Iparralde, la Grand Plage. Es una preciosa playa en forma de media luna sin apenas olas, no es esta la playa destinada al surf sino al relax y los baños en el agua salada. 

Pero en esta ocasión estamos en invierno y nuestra visita coincide con las navidades así que la playa será tan sólo un lugar por el que pasear cuando el viento y la lluvia nos lo permita y lo que haremos será observar los edificios que rodean el paseo marítimo, donde las influencias de los pescadores y balleneros que volvían a la zona se ven reflejadas en las fachadas de los edificios. Desde el paseo marítimo podemos, además, observar una nueva recomendación viajera. El pico Larrún, con su famoso tren de cremallera. Una excursión muy recomendable con y sin enanos pero siempre en un día que esté despejado. Lo ideal, para guardar fuerzas y disfrutar del lugar, es subir en el tren de cremallera para después descender andando por la montaña y disfrutar así de un paisaje precioso que nos llevará directos de nuevo, a San Juan de Luz.

Puerto de pescadores en San Juan de Luz, País Vasco Francés

San Juan de Luz es un centro histórico lleno de color, las ventanas rojas y verdes tan características sobre fachadas blancas te obligan a levantar la vista una y otra vez, a inmortalizar lo que tus ojos ven así que debéis, por un momento, olvidaros de ellas para entrar en la vida de san Juan de Luz, el comercio. Cada rincón de San Juan de Luz destila producto artesano, de calidad, donde lo hecho a mano y sostenible es su seña de identidad. 

Visitamos un taller de cuero, Atelier manofactoum,  y pudimos observar de la mano de una de sus creadoras todo el proceso totalmente manual de creación y elaboración de los bolsos, cinturones, billeteros… que allí mismo comercializan después.

Atelier Manofactoum

También La Boutique du Béret, otro producto local que ha traspasado fronteras y de donde no pudimos evitar llevarnos una bonita boina al estilo más francés. Boinas que la casa Laulhere elabora desde hace doscientos años y que hoy han sabido conservar su espíritu tradicional y aunarlo con la modernidad que pide el paso del tiempo.

Una bonita compra en San Juan de Luz, boina francesa de la boutique du Beret, País Vasco Francés
Preciosa boina en la boutique du Béret

San juan de Luz es un lugar para pasear, todas estas poblaciones del País Vasco Francés lo son, pero en especial San Juan de Luz, donde sus calles invitan al comercio. En navidad un gran árbol nos da la bienvenida en la plaza Luis XV con villancicos en francés y en euskera, engalanado de luces por la noche y rodeado de terrazas por el día desde donde descansar tomando algo viendo la vida pasar.

Árbol cantarín en San Juan de Luz

Otros sitios de interés en San Juan de Luz son la iglesia de San Juan Bautista, con sus balcones interiores de madera, dedicada a los pescadores (una gran maqueta de un barco de madera nos recibe suspendido en el aire). Y por supuesto, el centro de talasoterapia del Hotel Hélianthal, que aunque no disfrutamos sí pudimos observar desde las propias instalaciones. La talasoterapia está muy presente en todo el País Vasco Francés y es además muy demandada porque los lugares que la ofrecen lo hacen con mucha calidad.

Centro de talasoterapia del Hotel Hélianthal

Paseando por las calles de San Juan de Luz no pudimos evitar la visita a la chocolatería Maison Adam donde degustamos unos riquísimos macarons y donde nos llevamos además de estos, un bonito personaje de chocolate para nuestros enanos

chocolatería Maison Adam

Y como no todo puede ser comer dulce (o sí?) otra de nuestras paradas fue en Pierre Oteiza, el lugar perfecto para comprar y degustar el jamón de Euskalduna Txerri. Estos no son más que los pequeños cerdos de color negro que siguen criándose en Navarra y el país Vasco Francés. Comparar los sabores de este jamón con el típico de Bayona nos hizo darnos cuenta, una vez más, como el tratamiento del producto o su crianza hacen que un mismo manjar sepa completamente diferente.

Tienda Pierre Oteiza en San Juan de Luz, Iparralde
Pierre Oteiza en San Juan de Luz

Comer en San Juan de Luz

Os recomendamos la visita al restaurante Chistera. Es este restaurante disponemos de menús, pero también de tapas, platos, un sitio perfecto para una cena en pareja, en familia o en grupo de amigos. Comida de calidad, trato agradable y perfectamente situado en el centro de San Juan de Luz.

Restaurante Xistera en San Juan de Luz

Dormir en San Juan de Luz

Y para descansar después de recorrer San Juan de Luz o para recorrer los lugares de cercanía, nos alojamos en el Hotel Madison, un hotel muy céntrico donde el descanso está asegurado y donde además puedes disfrutar del Spa de sus instalaciones.

HENDAYA, y el castillo más sorprendente

Casi en la frontera entre el país vasco y Francia podemos disfrutar de Hendaya. Tan cerca que sólo le separa de Irún y Hondarribi el estuario del río Bidasoa. De nuevo nos encontramos con un destino surfero donde disfrutar de las olas, de su larga y tranquila playa y su variada y rica gastronomía.

Además Hendaya supo comunicarse de forma muy inteligente en el año 1864 con una de las estaciones de tren más usadas por aquellos que eligen visitar París en el tren de alta velocidad. El TGV une Hendaya con París en poco menos de 4h y media , una razón más para acercare a esta localidad y poder destinarle algunos días de descanso y disfrute. Estos son los atractivos principales por los que muchos viajeros se desplazan hasta Hendaya y si para nosotras eran motivos suficientes ahora tenemos una nueva razón más que desconocíamos y que venimos a enseñarte.

Y esta no es otra que la visita a “el Castillo de la Abadia” o Castillo de Abbadie. Situado a las afueras de la ciudad, pero muy cerca, y rodeado de acantilados tiene una de las mejores vistas que podemos observar. Construido entre los años 1860 y1870 por orden de Antoine d’Abbadie, viajero, astrónomo, científico… miembro de la academia de las ciencias, de la que incluso llegó a ser presidente, construyo un castillo lleno de referencias a los viajes, a la naturaleza, a la astronomía, y la visita al mismo es imprescindible si visitamos Hendaya.

Castillo de Abaddia

A su fallecimeinto legó el castillo a la propia academia de las ciencias pero hoy en día la gestión del mismo es responsabilidad de turismo de Hendaya. Fruto de esta cesión podemos hacer visitas al castillo, celebrar eventos (bodas incluso) en su interior y en verano los peques de la casa tienen una oferta irresistible, cursos científicos que son llevados a cabo en francés y también en euskera. Además de sesiones de cuentacuentos que completan las diferentes opciones. 

Sólo un paseo por su exterior ya merece la pena, para amantes de Harry Potter y el universo mágico diremos que su entrada y fachada principal… recuerda mucho a un famoso castillo de esta saga.

Entrada principal del castillo de la Abadía

Comer en Hendaya

Para reponer fuerzas en Hendaya nos dirigimos a L`APOSTrophe, un nuevo y pequeño restaurante donde encontrar la cocina de dos enamorados de la gastronomía francesa y que nos ofrecen con un menú de 34€ una degustación al paladar.

Restaurante L`APOSTrophe en Hendaya

Y aunque no pudimos destinar mucho tiempo a Hendaya en nuestro viaje sí que recogimos información sobre los eventos que realizan en navidad y en otras épocas del año, pues su cercanía lo hace un destino perfecto de día o de fin de semana.

El segundo fin de semana de Diciembre, Hendaya celebra su particular mercado de navidad, con atracciones, puestos de navidad y atracciones para grandes y pequeños. Para los amantes de los mercados Hendaya nos presenta multitud de ellos;

A lo largo de todo el año :

  • Los miércoles a la mañana, desde las 8:30 hasta las 12:30, en la plaza de la Republica (ayuntamiento), en el centro.
  • Los sabados a la mañana, desde las 8:30 hasta las 12:30, en la plaza Sokoburu (en frente del puerto deportivo), en la zona de la playa
  • Todos los lunes de julio y agosto, desde las 19:30 hasta las 23:30, en el boulevard de la Mer – mercado artesanal.
  • Todos los martes de julio y agosto, desde las 9:00 hasta las 19:30, en la rotonda de la Palmera (boulevard Leclerc) : ferias gastronomicas.
  • Todos los jueves de julio y agosto, desde las 20:00 hasta las 24:00, en la plaza Sokoburu (en frente del al puerto deportivo) : mercado nocturno. 
  • Todos los domingos, desde el 7 de julio hasta el 25 de agosto, desde las 9:00 hasta la 14:00, en la plaza de la Republica : mercadillo gastronomico y artesanal.

 

Un pequeño resumen para acabar

Esperamos que esta ruta por algunos de los pueblos del País Vasco Francés te anime a viajar a ellos. Son lugares con encanto, pequeños, nada masificados a lo largo del año aunque más visitados en verano gracias a sus kilómetros de playas y su calidad de vida y gastronomía. Lugares donde la tradición sigue presente, donde su gente es acogedora y donde enseñarte lo que saben y compartir sus lugares favoritos es uno de sus placeres. Te invitamos además a escuchar este viaje en el podcast de Iñaki Makazaga, autor de Piedra de Toque, un rincón viajero para comprender mejor el mundo en el que vivimos, y con el que pudimos compartir este precioso viaje por el País Vasco Francés

Si tienes cualquier duda o necesitas más información, puedes dirigirte a cualquiera de sus oficinas de turismo y páginas oficiales (te las dejamos a continuación) y por supuesto te animamos a dejarnos cualquier pregunta o comentario. Gracias por acompañarnos en un viaje más que ojalá hagas tuyo.

Un viaje por el país Vasco Francés

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04 Jan 12:03

O projeto nacional de desenvolvimento de Israel (start-up nation)

by Paulo Gala

*Escrito por Felipe Augusto sobre a fascinante transformação de Israel em referência mundial high-tech. Nada de “cultura empreendedora ou livre-mercado. Estudos recentes mostram que, na verdade, foi resultado de um projeto político. O órgão chave para a transformação do país foi o Office of the Chief Scientist (OCS), Agência ligada ao Ministério da Indústria e […]

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21 Dec 12:53

O ataque ao Iphan e os ecos contra o patrimônio das cidades brasileiras

by Wagner de Alcântara Aragão

Pinhais, região metropolitana de Curitiba, tarde de domingo, 19 de dezembro de 2021. Manifestantes protestam contra a destruição do autódromo da cidade, de categoria internacional, que costuma receber grandes eventos esportivos. Já tinham pedido à Prefeitura que declare o equipamento como patrimônio público. O desmonte, em curso, é para implementação de empreendimento imobiliário privado.

Salvador, agosto de 2021. No dia 10, o prefeito Bruno Reis decreta o tombamento do casarão da Residência Universitária 1, do Corredor da Vitória, da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Três dias depois, o mesmo prefeito decreta o “destombamento”, para espanto da comunidade e de uma série de instituições envolvidas no processo.

Santos, noite de 20 de outubro de 2021. A Câmara Municipal realiza audiência pública para discutir o tombamento das instalações do Clube Atlético Santista, para o qual há parecer favorável do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos (Condepasa). O terreno, a uma quadra de uma futura estação de VLT, é cobiçado pelo mercado imobiliário. A audiência é marcada por discursos de vereadores contrários ao tombamento com argumentos que afrontam princípios elementares da Constituição.

São Paulo, 15 de dezembro de 2021. Em jantar na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o presidente da República revela com orgulho ter demitido, em 2019, gestores do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Motivo: estavam realizando seu trabalho, de defender o patrimônio, diante de vestígios encontrados em uma obra realizada pela loja de departamentos Havan, no Rio Grande do Sul. Ainda no encontro diz, sem nenhum constrangimento, que desconhecia o que é o Iphan.

São alguns episódios, entre tantos, que têm marcado o “passar a boiada” também quando o assunto é a preservação do patrimônio histórico, arquitetônico, artístico e cultural do Brasil. A ostentação da ignorância que ecoa a partir de certas autoridades da República é replicada em instâncias locais. Nesses e em todos outros casos, os interesses do poder econômico estão por trás (e à frente, e ao lado) dos movimentos contrários à conservação da nossa memória.

Camuflam-se no discurso da “geração de empregos”, do “progresso”, quando na verdade querem por tudo abaixo, passar por cima de tudo, para saciar a sede por lucro imediato. Expressam o egoísmo das elites brasileiras, adoradoras das construções milenares do outro lado do Atlântico mas que, aqui dentro, não querem nem saber das nossas raízes, da nossa identidade, da história que construímos.

O “passar a boiada” sobre o patrimônio é mais um dos retrocessos que enfrentamos. O fogo na floresta, a retirada de direitos trabalhistas, os cortes na ciência, as decisões antivacinas e contra medidas fitossanitárias, o arrocho fiscal, tudo isso atenta contra a vida. A demolição de sítios que expressam nossa trajetória destrói nossa essência também.

Mesmo sob uma perspectiva unicamente econômica, é uma postura devastadora. A preservação do passado, no presente, agrega valor, para o futuro. Estimula o turismo e a ampla cadeia produtiva da economia criativa. Impulsiona, pois, o mundo do trabalho e renda, localmente.

Sem falar na qualidade de vida. Quando monumentos, construções e espaços são preservados, os cidadãos se identificam com o lugar onde moram; reconhecem-se; reencontram-se cotidianamente com sua trajetória. Desperta-se o sentimento de pertencimento. E estar bem onde se vive é fundamental.

Crédito da foto da página inicial: Divulgação UFBA.

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29 Nov 13:18

‘Psicologia Financeira’ mostra como o dinheiro pode comprar paz de espírito

by Giuliano Guandalini

A certa altura de “A Fogueira das Vaidades”, de Tom Wolfe, Sherman McCoy, executivo de uma firma de investimentos, especula qual seria seu destino se viesse a público a informação de que ele esteve envolvido no atropelamento de um jovem negro no Brox. McCoy imagina o abalo em sua reputação e as dificuldades que teria para sustentar seu padrão de vida. “Eu já estou quebrado ganhando US$ 1 milhão ao ano!”

O livro é de 1987, e aquele US$ 1 milhão, ajustado pela inflação, vale US$ 2,5 milhões nos dias de hoje. Era muito dinheiro naquela época, mas mesmo assim McCoy tinha dificuldades para pagar todas as suas despesas.

Ele faz as contas. Havia faturado US$ 980 mil no ano anterior. Só para honrar as parcelas do financiamento do apartamento na Park Avenue, eram US$ 252 mil por ano, sem falar nas tarifas e manutenção. Sua casa em Southampton consumia outros US$ 116 mil. Entretenimento e restaurantes? Mais US$ 37 mil. Escola do filho, roupas, salários dos empregados, a mensalidade do clube... Sem falar nos impostos... Feita a soma, ele havia gasto mais de US$ 980 mil naquele ano.

O personagem de Tom Wolfe não é citado em nenhum momento no livro “A Psicologia Financeira” (Harper Collins, 304 páginas), do americano Morgan Housel, mas bem que poderia. O trader Sherman McCoy exemplifica perfeitamente alguns dos maiores vícios listados pelo consultor.

O livro de Housel virou um grande best-seller internacional, com mais de 1 milhão de exemplares vendidos. Sua premissa básica é  que o sucesso financeiro de uma pessoa tem muito mais a ver com o seu comportamento do que com a sua inteligência.

“E a forma como alguém se comporta é uma coisa difícil de ensinar, mesmo para pessoas bastante inteligentes,” diz ele, que é um dos fundadores da empresa de investimentos Collaborative Fund e foi colunista do Wall Street Journal e da consultoria The Motley Fool.

Uma história real, narrada no livro, ilustra esse ponto. Ronald James Read deixou, após a sua morte, uma pequena fortuna de US$ 8 milhões. Detalhe: Read passou boa parte da vida trabalhando como mecânico num posto de gasolina, e outro tanto como faxineiro da JC Penney. Tinha apenas o ensino médio e levou uma vida modesta. Seu segredo foi investir o pouco que conseguia poupar em ações blue chips. Faleceu em 2014, aos 92 anos. O hábito de poupança e o efeito de capitalização, ao longo dos anos, foram suficientes para transformá-lo em um milionário.

São poucas as pessoas pobres, mesmo nos EUA, que conseguem realizar tal façanha. Mas não são poucos os milionários que chegam arruinados ao final da vida. A lição aí é o tipo de comportamento em relação ao dinheiro. E nisso o velho faxineiro não foi muito diferente de Warren Buffett.

Até os seus 65 anos, Buffet tinha “apenas” US$ 3 bilhões. A maior parte de sua fortuna foi constituída na terceira idade — e o tempo teve uma contribuição essencial para isso. Buffett tem um histórico fantástico como investidor, com rentabilidade anual média de 22%. Mas qual teria sido o efeito se ele tivesse decidido parar de investir e se aposentar aos 60 anos? Sua fortuna, hoje, seria de meros US$ 12 milhões.

“Existem mais de 2 mil livros que falam sobre como Warren Buffett construiu sua fortuna. Muitos são maravilhosos”, escreve Housel. “Contudo, poucos prestam atenção à coisa mais simples de todas: a fortuna de Buffett não se deve apenas ao fato de ele ser um bom investidor, mas sim ao fato de ele ser um bom investidor desde que era, literalmente, criança.”

Segundo o autor, os livros sobre investimentos costumam focar em questões técnicas e deixam de lado aquilo que, ao fim do dia — ou da vida — pode ser muito mais importante: a maneira com a qual as pessoas se relacionam com o dinheiro. “Há um milhão de formas de ficar rico e um monte de livros sobre como fazer isso. Mas só existe uma forma de continuar rico: um misto de frugalidade e paranoia,” resume Housel.

O consultor divide o livro em 20 breves lições. Sua ênfase está na necessidade de usar o dinheiro para comprar tranquilidade, mesmo que isso signifique perder oportunidades tentadoras de aplicações da moda ou que isso exija abrir mão de casas e carros luxuosos.

A dura realidade é que existe uma indústria enorme de fundos e consultorias financeiras, mas a grande maioria, diz Housel, não oferece um histórico de rentabilidade superior a seus respectivos benchmarks. Não é fácil bater o mercado. Os poupadores precisam ser menos ansiosos e ter paciência, porque a economia e as finanças estão sujeitas a ciclos.

Mais do que obter grandes retornos, para Housel o fundamental é ser à prova de falências. O objetivo deve ser “ficar no jogo” para que o “compounding” (juro sobre juros) faça sua mágica. 

Há períodos em que o mercado entra em correção ou anda de lado; no longo prazo, porém, os resultados são expressivos. O S&P 500 aumentou em mais de 120 vezes nos últimos 50 anos. O Dow Jones mantém uma média histórica de rentabilidade de 11% ao ano. “Basta sentar e deixar o dinheiro render,” diz o consultor.

No último capítulo, ele conta como administra seu próprio dinheiro — uma maneira absurdamente simples. Procura manter uma vida confortável, mas sem luxo, e poupa uma parcela substancial de seus ganhos. As suas aplicações são todas em fundos de índice de baixo custo, numa combinação de ações americanas e estrangeiras.  Acha arriscado demais e contraproducente escolher ações específicas. Mantém uma parcela de sua poupança em dinheiro para cobrir eventuais emergências e não mexer nos investimentos de longo prazo. Como já disse Charlie Munger: “A primeira regra do compounding é jamais interrompê-lo desnecessariamente.”

O consultor reconhece que sua fórmula não serve para todo mundo, mas ele prefere viver sem se sujeitar a pressões sociais ou a competições com vizinhos, colegas e familiares. E elogia uma definição feita por Nassim Taleb: “O verdadeiro sucesso é abandonar a disputa desenfreada e passar a modular nossas atividades visando obter paz de espírito.”

No Brasil, é preciso fazer a ressalva de que, historicamente, o CDI tem batido a Bolsa. De qualquer maneira, as recomendações de Housel são extremamente válidas, e podem ajudar muito os investidores que estão chegando agora no mercado.

12 Nov 17:44

A Professora

by Fernando Nogueira da Costa

Coincidentemente, ontem, dei uma entrevista para a Carta Capital sobre A Professora. Preparando-me, resolvi juntar em um livro digital meus escritos sobre ela, além de acrescentar uma entrevista traduzida, realizada em 2019 e recém publicada.

Download do livro:

Fernando Nogueira da Costa – A Professora 28.10.2021

Hoje foi publicada a reportagem abaixo. É sensacional! A Professora está empolgando jovens conscientes!

Economista Maria da Conceição Tavares vira ‘diva pop’ e ‘intelectual invejável’ para jovens na internet

Pelo menos dois grandes perfis no Twitter se dedicam exclusivamente a postar trechos de vídeos da economista

William Barros (FSP, 29/10/21) noticiou: gestos firmes, forte sotaque português e uma voz rouca que grita para dar ênfase às palavras. “Se você não se preocupa com justiça social, com quem paga a conta, você não é um economista sério. Você é um tecnocrata”. É assim a cena que deu à economista Maria da Conceição Tavares, de 91 anos, o status de “diva pop” dos jovens de esquerda na internet.

O vídeo, que viralizou primeiro no TikTok, é um trecho da entrevista dela ao Roda Viva, da TV Cultura, em 1995. Disponibilizado no YouTube em 2020, o material introduziu Tavares à geração que mal sonhava nascer quando ela já era “guru de uma legião de economistas de esquerda”, como foi apresentada no programa.https://www.youtube.com/embed/cUyJ7xExngY?enablejsapi=1

Hoje aposentada, Conceição vive em Nova Friburgo, na região serrana do Rio de Janeiro. Um dos filhos, Bruno Tavares, diz que ela está bem de saúde e afirma que sua última aparição pública foi em 2018, no lançamento do documentário biográfico “Livre Pensar”, de José Mariani. Ao #Hashtag, Bruno disse: ela soube pelos filhos do sucesso entre a nova geração — e tem se divertido com o momento de visualização.

Na entrevista que viralizou, Conceição dá puxões de orelha nos seus discípulos ligados ao Plano Real e tem discussões acaloradas com convidados do programa. Quando ocupou o centro do Roda Viva, a então deputada petista estava rodeada por oito homens. Falou mais alto do que todos eles e dominou os embates que surgiram. 

Em um dos trechos mais populares do programa, Tavares perde a paciência com Carlos Alberto Sardenberg, repórter especial da Folha à época. “Sardenberg, não vai discutir comigo a balança de pagamento, vai? Se olha”, diz, deixando o jornalista desconcertado. Em seguida, ela gira a cadeira e “segue o baile”, à procura da próxima pergunta.

Cortes de entrevistas, aulas e palestras de Conceição são compartilhados diariamente em pelo menos dois grandes perfis no Twitter dedicados exclusivamente a ela. O maior deles (@acervo_tavares) já passa de 29 mil seguidores em menos de um mês de criação. Quem está por trás do “acervo”, como é chamado esse tipo de conta, é um rapaz de apenas 19 anos. 

Adriano Zanata Morey vive em Porto Velho, capital de Rondônia, e se diz encantado com o estilo enérgico adotado por Tavares nas aulas publicadas pelo Instituto de Economia (IE) da Unicamp. “Tem algo de especial numa portuguesa gritando em sala de aula. Gosto de professor que tem esse jeito de falar alto e despertar o interesse nos alunos”, diz o jovem.

No ano passado, Adriano não alcançou a nota de corte necessária para cursar direito e decidiu continuar se preparando para o Enem. Enquanto estudava, ouvia as aulas de Conceição ao fundo, como se fosse um podcast. Fez as provas e marcou mais pontos do que precisava. Mas de tanto escutar Tavares berrar contra os “tecnocratas”, mudou de ideia e decidiu cursar ciências econômicas.

Aprovado em terceiro lugar, iniciará as aulas na Universidade Federal de Rondônia (UNIR) em novembro. Enquanto isso, dedica-se ao acervo da professora que o inspira. “Conceição representa a vontade de lutar pelo país, estudar para entender como ele funciona e como poderia ser melhor. Espero que eu também consiga construir algo melhor para a comunidade como um todo.”1 11

  Maria da Conceição Tavares, uma ‘diva pop’ aos 91 anos

Aos 91 anos, Maria da Conceição Tavares virou 'diva pop' dos jovens de esquerda na internet, por causa dos vídeos de suas aulas e entrevistas

Aos 91 anos, Maria da Conceição Tavares virou ‘diva pop’ dos jovens de esquerda na internet, por causa dos vídeos de suas aulas e entrevistas Reprodução/IE-Unicamp e TV CulturaLeia Mais

A fala de Adriano tem relação com o papel de Tavares na economia nacional. A portuguesa chegou ao Rio de Janeiro em 1954, fugindo da ditadura salazarista. Formou-se no curso de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e depois tornou-se professora lá e na Unicamp.

Dali em diante, entre seus orientandos, estão uma lista diversa que vai da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) ao senador licenciado José Serra (PSDB-SP), incluindo presidentes de bancos, secretários e Ministros da Economia, além de outros acadêmicos renomados.

Sua contribuição junto à economia política brasileira começa na década de 1950, no Plano de Metas do governo Juscelino Kubitschek. Depois, passa pelas Diretas Já, no início dos anos de 1980, e chega ao seu auge na elaboração do Plano Cruzado, em 1986. Foi nesta fase em que Conceição virou rosto conhecido do público.

A então assessora do Governo Sarney bateu ponto em diversos programas de TV para explicar como o projeto pretendia combater a hiperinflação sem prejudicar os mais pobres. Tavares ficou marcada pela cena em que chorou ao falar da importância do plano durante entrevista à Globo –o projeto não salvou a economia brasileira, que só foi se estabilizar após o Plano Real, de 1994. https://www.youtube.com/embed/7p9Xt9z5PSs?enablejsapi=1

Talvez aquele tenha sido seu primeiro meme. Num tempo em que TikTok era apenas o som do relógio, a comediante Nádia Maria interpretava uma personagem inspirada em Conceição na “Escolinha do Professor Raimundo”. Dona Maria da Recessão Colares era questionada sobre assuntos econômicos, tinha sotaque português, fumava em sala, esbravejava e terminava suas participações sempre aos prantos.https://www.youtube.com/embed/L22_50C4fH8?enablejsapi=1

Memes à parte, a trajetória da “guru esquerdista” fascinou Biana, de 25 anos, cantora e estudante de ciências sociais na USP. Ela é criadora de outro acervo (@acervotavares) dedicado à economista, esse com mais de 27 mil seguidores. Lá, a universitária diz, quer fugir da representação de Tavares apenas como uma pessoa caricata. “Tento mostrar que ela é também uma intelectual invejável.”

Primeiro, Biana leu “Maria da Conceição Tavares – vida, ideias, teorias e políticas” (Expressão Popular, 2019), livro em que Hildete Pereira de Melo reúne textos originais da professora. Depois, assistiu ao tal episódio do Roda Viva. Não deu outra: ficou obcecada por Conceição. “Tudo nela é extremamente cativante. Seus trejeitos, o cigarrinho na mão, o senso de humor impecável. Essas características fazem com que seja impossível que ela passe despercebida.”

André Pinheiro, de 19 anos, estudante de direito na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), destaca os trejeitos de Conceição em uma “fancam”, estilo de vídeo que compila imagens de uma pessoa famosa ao som de canções performáticas. Para ele, Conceição é uma “diva do Twitter”. “Sempre surgem personagens assim, mas que desaparecem depois de um tempo, ‘saturam’, como dizem. Não sei se vai ser o caso da Maria”.

Já são mais de 108 mil visualizações na edição de André, que “hitou”, isto é, fez sucesso nas redes sociais. “Tenho muito apreço e respeito pela Conceição. Por mais que a ‘fancam’ pareça boba, creio que muita gente a conheceu por meio desse vídeo e pelo material dos acervos.”

Os vídeos da portuguesa são os mais assistidos do perfil do Instituto de Economia da Unicamp no YouTube. O primeiro tem mais de 125 mil visualizações. As 12 aulas são de uma disciplina sobre economia política ministrada em 1992. Atraído pelo meme da professora que fuma em sala, o espectador poderá passar 18 horas assistindo à docente compartilhar seu vasto conhecimento sobre as práticas econômicas nas mais diversas épocas e lugares.

“É uma aula ‘raiz’”, sintetiza o professor André Biancarelli, atual diretor do IE. Ele não foi aluno de Conceição, mas participou de eventos com ela, os quais considera “inesquecíveis”. “Não é uma aula simples. Ela diz muitas coisas ao mesmo tempo. Tem um estilo de retórica e escrita um pouco caóticos. Em meio a esse estilo, ela deu contribuições não só para entender o passado, mas para identificar mudanças importantes na economia internacional”, afirma.

Na “aula raiz” de Conceição, “tecnocratas são diabólicos”, “direito menor é a vó do Kant”, “Paris é uma ‘pinoia’ que não ia para lugar nenhum”, “a direita é ‘parva’” e “os atrasados, sentem-se”. Pausa para acender um cigarro. Segue com “a Inglaterra nasceu, foi parida e morrerá com o mercado mundial”, e termina com “se alguém tem dúvida, tire agora, porque quando eu sair no corredor, quero ir rapidinho para casa”.

Para Biancarelli, Maria da Conceição contrasta com a imagem do burocrata frio. “Ela se envolveu sempre com muita paixão e emoção pelas coisas. Nos seminários, ela era a primeira da fila e rapidamente se levantava para discutir com quem estava expondo, caso discordasse, ou para elogiar muito. Esse envolvimento é um exemplo para todo mundo.”

Os vídeos da professora fazem tanto sucesso, a ponto de o canal do IE, com 23 mil inscritos, passar a ser visado por hackers. O perfil foi atacado na última terça-feira (26), comovendo os fãs de Conceição.

Os acervos rapidamente divulgaram o pedido para que o YouTube avaliasse a situação com urgência. Caso a conta não fosse recuperada, o que se sabe é que os vídeos de Tavares estavam salvos e espalhados pela web.

Outros canais com a mesma temática também foram invadidos e utilizados para transmitir lives sobre criptomoedas. “Os invasores viram que um canal sobre economia estava em ascensão e tinha muitas visualizações. Devem ter trabalhado para hackear a conta e conseguiram, por causa de uma vulnerabilidade na autenticação de dois fatores do Google”, afirma Davi Carvalho, assessor de comunicação do instituto.

Para alegria dos “tavarers”, como são chamados os fãs de Conceição, o professor Biancarelli anunciou no Twitter o canal haver sido recuperado na quarta-feira (27). Ele agradeceu à solidariedade dos tuiteiros. “Convido a que continuem acompanhando, tudo que tem por lá, de ontem, hoje e do futuro”, escreveu.

Assim como nas aulas do IE, Conceição deu sua opinião em momentos importantes da história recente do Brasil. Manifestou-se contra a aprovação da PEC do Teto dos Gastos Públicos (cuja discussão sobre o furo de Guedes e Bolsonaro está em voga) e se opôs ao impeachment de Dilma em 2016. Mais tarde, em 2018, endossou o coro “Lula Livre” e depois declarou voto em Manuela D’Ávila (PCdoB), antes que a pré-candidata optasse por ser vice de Fernando Haddad (PT).

Mesmo longe das salas da UFRJ e da Unicamp, Maria da Conceição Tavares continua dando aula a cada pedaço de vídeo compartilhado na internet. Num deles, gravado em 2011, durante a entrega do prêmio Almirante Álvaro Alberto para Ciência e Tecnologia, fala do orgulho pela nacionalidade brasileira.

“Espero morrer feliz por ser brasileira e infeliz por ser europeia. Lamento muito, mas acho que não vou conseguir passar a crise europeia. É uma crise muito longa. Mas ser brasileira ajuda. E tenho meus filhos e meus netos que continuarão a luta por mim e por esse país. Muito obrigada.”

12 Nov 12:47

Apesar do cerco policial marroquino, a ISACOM conseguiu organizar uma caravana de solidariedade com Sultana Jaya

by noreply@blogger.com (AAPSO)

Mina Baali, da ISACOM


El Aaiun ocupado (ECS) 11-11-2021 - A defensora dos direitos humanos saharaui, Mina Baali, confirmou que a medida tomada pela Instância Saharaui Contra a Ocupação Marroquina (ISACOM) ao organizar uma caravana de solidariedade com Sultana Jaya foi uma mensagem clara apesar da repressão marroquina e do cerco policial imposto a todos os membros da organização. "Estamos prontos a organizar outro evento semelhante para consolidar a nossa luta contra a repressão marroquina", disse a activista saharaui à ECSAHARAUI.

A ativista acrescentou que a política de cerco para impor um facto consumado colonial só pode ser descrita como um "passo cobarde", como é também o caso do sequestro à ativista saharaui Sultana Jaya (Khaya) e da sua família na cidade ocupada de Bojador.

Sobre a organização desta caravana de solidariedade, Mina Baali afirmou: "Trata-se de um passo que visa principalmente demonstrar solidariedade para com a nossa camarada Sultana Jaya, e quebrar o bloqueio imposto pelas autoridades marroquinas.

Baali revelou que a Instância Saharaui contra a Ocupação Marroquina (ISACOM) tomará novas medidas neste contexto à luz da continuação da batalha liderada por Sultana Jaya na sua casa em Bojador.

Quanto aos detalhes do bloqueio imposto pelas autoridades de ocupação marroquinas à caravana de solidariedade, Mina Baali revelou que a polícia marroquina à paisana foi enviada para o chamado posto de controlo à saída sul da capital saharaui, a fim de bloquear a estrada para impedir a continuação da caravana no seu caminho para a cidade ocupada de Bojador.

A Instantância Saharaui Contra a Ocupação Marroquina organizou ontem uma caravana de solidariedade com o objetivo de ir à cidade de Bojador para quebrar o bloqueio marroquino imposto à casa da militante saharaui Sultana Jaya. O comboio era composto por seis veículos com 26 ativistas da ISACOM a bordo.



A ativista saharaui Sultana Jaya denunciou na manhã de 8 de novembro que as forças de ocupação marroquinas, que a têm sitiado e detido há 365 dias, entraram em sua casa de manhã cedo pela força e injetando-lhe uma substância desconhecida.

Por seu lado, a Frente Polisario, legítima representante do povo saharaui, solicitou em carta à presidência do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que garanta a segurança da ativista saharaui Sultana Jaya, que se encontra numa situação vulnerável na sua casa, nos territórios ocupados do Sahara Ocidental. "Escrevo-vos com grande urgência e preocupação para chamar a atenção do Conselho de Segurança para a gravíssima situação da ativista dos direitos humanos, Sultana Sid Brahim Jaya, e da sua família na cidade de Bojador, nos territórios do Sahara Ocidental sob ocupação ilegal pelo regime marroquino", escreve o representante da Frente Polisario na ONU, Dr Sidi Mohamed Omar, em carta enviada ao Presidente do Conselho de Segurança Juan Ramon de la Fuente, Embaixador do México junto das Nações Unidas.


17 Sep 13:25

O Sahara Ocidental, onde o povo saharaui contin...

by noreply@blogger.com (AAPSO)


O Sahara Ocidental, onde o povo saharaui continua a lutar pelo seu direito à autodeterminação e independência, é a última colónia de África, e está tão perto de nós, geograficamente falando. Mas continua longe do nosso pensamento, porque a nossa ignorância é imensa. No entanto, a resolução da guerra que opõe os e as saharauis ao Reino de Marrocos, que ilegalmente ocupa o território desde 1975, contra todos os preceitos do Direito Internacional, tem um grande impacto na estabilidade e possiblidade de desenvolvimento da região do Sahel e do Norte de África.

Do ponto de vista da História e do Direito Internacional, a questão do Sahara Ocidental é praticamente igual à de Timor-Leste, que a sociedade portuguesa acompanhou de perto, sobretudo nos últimos anos da ocupação indonésia. Continuam em causa, desde há 45 anos, os direitos humanos, em toda a sua extensão, do povo saharaui. Em Marrocos, o regime tem vindo a endurecer as suas políticas repressivas, quer internamente, quer no território saharaui, criando ao mesmo tempo conflitos com os países vizinhos e ultimamente com alguns países europeus, fundamentalmente por causa do Sahara Ocidental e das suas riquezas.

Estamos agora num momento importante, porque um cessar-fogo entre a Frente POLISARIO, que dirige a luta saharaui, e o Reino de Marrocos, assinado há 30 anos, foi quebrado no final do ano passado e a guerra não parou desde então. Quase em simultâneo, o ex-presidente Trump resolveu reconhecer a soberania marroquina sobre o Sahara Ocidental (sendo até agora o único país no mundo a fazê-lo), a troco do reatamento formal de relações diplomáticas entre Marrocos e Israel, mas a Administração Biden não deu continuidade a esta decisão, embora não a tenha negado explicitamente. A Argélia acaba de romper oficialmente relações com Marrocos. Todas as atenções se viram para o papel insubstituível das Nações Unidas, do seu Conselho de Segurança e do seu Secretário-geral, que não conseguem desbloquear o processo negocial entre as partes, parado desde 2019. E aguarda-se com expectativa um novo acórdão do Tribunal de Justiça da União Europeia sobre a legalidade dos Acordos comerciais celebrados entre a União Europeia e Marrocos. Um fogo que parecia adormecido corre o risco de incendiar o Mediterrâneo e contaminar toda a África. 

Luísa Teotónio Pereira é licenciada em História pela Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa (1981).
Co-fundadora do CIDAC - Centro de Intervenção para o Desenvolvimento Amílcar Cabral (1974), Organização Não-Governamental para o Desenvolvimento portuguesa, e membro da sua Direcção e da equipa até 2017. Membro da Direcção da Plataforma Portuguesa das ONG de Desenvolvimento (1998-2003). Coordenadora da CDPM - Comissão para os Direitos do Povo Maubere (1983-2002), co-fundadora e membro do grupo ecuménico ""A Paz é Possível em Timor-Leste"" (1983-1985) e co-fundadora e membro da Direcção do CCT - Centro para a Cidadania Timorense (1996-2002). Directora do GENE – Global Education Network Europe (2017-2019), a rede europeia de Ministérios e Agências dos Negócios Estrangeiros e da Educação com responsabilidades nas políticas públicas de Educação Global. Reformada desde janeiro de 2020, continua membro activo da AAPSO - Associação de Amizade Portugal-Sahara Ocidental.