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29 Jul 20:45

She comes in colors

29 Jul 13:47

poemeto autocentrado: um trecho

by Van Rodrigues

sou protagonista deste poema-homenagem
em que registro publicamente meu desejo
de na minha lápide
não escreverem o meu nome inteiro.


29 Jul 13:46

Don’t try this at home, kids.



Don’t try this at home, kids.

29 Jul 12:49

Life during Wartime

29 Jul 12:42

Needtopee , Galata , 2013



Needtopee , Galata , 2013

26 Jul 18:02

Illustration by Saul Steinberg, 1961.



Illustration by Saul Steinberg, 1961.

26 Jul 17:59

10 Histórias de Ficção Científica que Previram o Estado de Vigilância

by Dj Pangburn

Uma grande ficção científica não deve se preocupar apenas em prever avanços tecnológicos, mas sim, em explorar as forças que dão origem a essa tecnologia e seus efeitos na psicologia individual e de massa. Grandes ficções científicas também disfarçam os poderes dominantes, sejam governos ou corporações, em personagens ou grupos fictícios para criticá-los ou satirizá-los. As dez histórias a seguir fazem uma dessas duas coisas, além de muitas outras.

Para deixar claro logo de início: uma das histórias favoritas de ficção científica que lida, direta ou indiretamente, com vigilância, acabou ficando de fora da lista. Porque 1984 é muito óbvio. Além disso, várias delas ainda não têm tradução para o português, o que é um crime.

Em diferentes graus, as histórias a seguir lidam com a vigilância de sua própria maneira. Algumas tratam de vigilância direta, outras especulam sobre coleta de inteligência interpessoal ou consideram o assunto de maneiras mais oblíquas. Outras, ainda, destilam a vigilância de sua essência: enquanto uma face de um sistema de controle muito maior e abrangente, que vai do topo da pirâmide até sua base.

Roger Zelazny, O Senhor da Luz

Seres humanos viajam através de uma nave, a Estrela da Índia, para um planeta distante parecido com a Terra. Equipados com uma tecnologia incrivelmente avançada, eles se definiram como deuses do panteão hindu. Antecipando o interesse de William Gibson em implantes e outros tipos de modificações, os humanos alteraram suas mentes e corpos. Eles também aperfeiçoaram a transferência de mentes — a habilidade de migrar a mente de uma pessoa para um corpo novo por meio da tecnologia.

Mas há uma pegadinha: a elite burocrata religiosa mapeia as mentes atrás do carma individual, o que determina o novo corpo da alma. É uma forma aterrorizante de vigilância existencial. Nesse mundo, uma figura meio Buda chamada Sam (um membro original da equipe da Estrela da Índia), aparece para trazer iluminação e tecnologia às massas.

 

John Brunner, Shockwave Rider

É provável que John Brunner seja o autor menos conhecido desta lista, mas sua obra é absolutamente essencial e vanguardista de várias maneiras. Na verdade, pensei em não compartilhá-lo e manter seu trabalho só para mim e meus colegas fãs do cara. Brunner deu as caras pela primeira vez em 1968 com sua obra de ficção especulativa, Stand On Zanzibar, vencedora do Prêmio Hugo, é um romance que explora, entre outras coisas: tecnologia do futuro, terrorismo, corporativismo, radicalismo religioso, superpopulação e engenharia genética além de o passatempo favorito do Ocidente, a construção de nações.

Brunner seguiu por esse caminho até 1969, com The Jagged Orbit, um conto distópico sobre tecnologia e instabilidade racial no oeste dos Estados Unidos. Então, Brunner lançou seu fenomenal The Sheep Look Up, abrangendo muitas coisas como em Zanzibar, mas mantndo um foco temático mais firme sobre uma futura devastação ambiental e a resposta radical a isso. Com Shockwave Rider (1975), Brunner completa sua tetralogia protocyberpunk distópica.

Shockwave Rider está centrado no personagem Nick Haflinger, membro do programa governamental Tarnover, que treina crianças dotadas para interesses futuros do governo. Haflinger, habilidoso no mundo dos dados, escapa para se tornar algo como um hacker que muda de forma ou, mais precisamente, que adota personas.

Em sua fuga, ele rouba um código de identidade pessoal criado por indivíduos que querem viver fora da vasta rede de vigilância de dados. E, da mesma forma como Julian Assange e Edward Snowden, Haflinger tem a intenção de vazar segredos de estado com um vírus de computador autorreplicante chamado simplesmente de “worm”. Um serviço proto-Tor chamado Hearing Aid também aparece em Shockwave Rider.

Alfred Bester, O Homem Demolido

Outro escritor proto-cyberpunk ou, mais precisamente, um sentinela da assim chamada ficção científica New Wave, Alfred Bester é mais conhecido por seus romances Estrelas — O Meu Destino e O Homem Demolido. Esse último se passa no século 24, um mundo onde telepatas, ou “Espers” como são chamados no romance, ocupam vários estratos sociais.

Curiosamente, eles são classificados de acordo com seus poderes. O Esper Classe 3 pode ler pensamentos que ocorrem em tempo real. O Classe 2 pode penetrar e vigiar pensamentos, enquanto a Classe 1 (a mais poderosa) pode fazer tudo isso e também saber a mentalidade, motivações e anseios das pessoas antes que elas ajam. Pode-se chamar isso de uma forma de mineração de dados sobre-humana.

Naturalmente, os Espers Classe 1 ocupam os estratos mais altos da sociedade: CEOs corporativos, líderes do governo, médicos, etc. Bester não chegou a escrever uma alegoria antivigilância, mas, certamente, vale a pena ler esse livro na esteira das violações de privacidade na internet.

 

Yevgeny Zamyatin, Nós

Nós foi o modelo especulativo para Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley e 1984 de George Orwell. O DNA desse romance está por toda a ficção especulativa moderna de uma forma ou outra. Yevgeny Zamyatin, um russo exilado do controle soviético em Paris, alcança um brilhantismo poético sublime com Nós.

No livro, Zamyatin narra a história de D-503, engenheiro-chefe da espaçonave Integral que vive no Estado Único. A Bureau dos Guardiões (a polícia secreta do Estado Único) vigia todos os cidadãos, que moram em apartamentos de vidro. Tudo pode ser observado. Mas todos também podem ser voyeurs.

Mesmo que o mecanismo de vigilância de Zamyatin pareça primitivo ou mesmo risível para nossa era tecnológica, nosso uso de celulares, laptops e desktops conectados à internet cria um panóptico tão transparente quanto as casas de vidro do livro. 

 

William S. Burroughs, Trilogia Nova

Derivar um enredo ou um subenredo de um trabalho de William S. Burroughs é um processo exaustivo. Mas, no fundo, muito do trabalho de Burroughs é ficção científica profundamente inspirada por romances de espionagem. Com sua Trilogia Cut-up ou NovaThe Soft Machine, The Ticket That Exploded e The Nova Express — Burroughs alcança o apogeu da incompreensibilidade do cut-up (um técnica de recorte e rearranjo de texto). Com Burroughs, assim como com o trabalho de Thomas Pynchon, é melhor deixar, simplesmente, que as palavras escorram por você.

Foi na Trilogia Nova que Burroughs (frequentemente chamado de fundador tanto do cyberpunk quanto do ciberespaço) comunicou uma de suas grandes ideias: o Estúdio de Realidade. Embora não seja estritamente sobre vigilância, a trilogia é sobre sistemas de controle — sistemas múltiplos. O objetivo dele é combater o mestre por trás disso, que conhece nossos pensamentos e os programas, e retomar o Estúdio de Realidade.

 

Grant Morrison, Os Invisíveis

Grant Morrison pode ser melhor descrito como o William S. Burroughs ou o Robert Anton Wilson dos quadrinhos. Seu trabalho frequentemente lida com o oculto, Discordianismo, psicodelia e sistemas tecnológicos bizarros de controle e paranoia. Os Invisíveis acompanha um grupo desorganizado de anarquistas radicais (OK, “terroristas”) chamados A Universidade Invisível, enquanto eles combatem os Arcontes e A Igreja Exterior, os mestres extraterrestres da humanidade. A Igreja Exterior são os vigilantes globais da Terra, determinados a levar adiante sua engenharia social. E eles não precisam da internet para moldar o mundo segundo sua vontade.

Morrison não usa Os Invisíveis para confrontar a vigilância direta. Ele não precisa — a Igreja Exterior apresenta um sistema de controle ainda mais poderoso do que a vigilância da internet jamais será. Os alienígenas psiônicos estão te observando.

 

Neal Stephenson, “Spew”

Escrito em 1994 e publicado na Wired, SPEW, de Neal Stephenson, é cyberpunk puro. Ou, mais precisamente, a marca de Stephenson de cyberpunk. No conto escrito em forma epistolar, o personagem Stark, um Auditor de Perfil (basicamente um pesquisador de mercado), comunica-se com uma hacker capaz de navegar livremente pela SPEW. Imagine a SPEW como a internet, mas com todas as outras formas de dados agregadas a um fluxo megalítico.

A SPEW (que apresenta uma visualização em realidade virtual do fluxo de dados, a Demosfera) tem uma porta secreta que permite a vigilância das corporações e do governo. Stark é uma engrenagem nesse mecanismo de vigilância.

“Os Auditores de Perfil podem fazer isso porque a segurança de dados na Spew é uma piada”, escreve Stark. “Isso foi deliberadamente criado como uma piada pelo Governo para que eles, e nós, e qualquer pessoa com um cartão de crédito Radio Shack e um diploma universitário, pudéssemos espionar qualquer um.”

Isso lembra um pouco do nosso mundo conectado?

 

J.G. Ballard, Super-Cannes

O escritor britânico de ficção científica New Wave J.G. Ballard sempre teve um lance com comunidades fechadas e isoladas. A paisagem psicogeográfica surreal, que depois seria batizada de “ballardiana”, está presente em sua forma mais primordial já na coleção de contos Vermilion Sands, mas também em trabalhos posteriores como High-Rise.

Essa arquitetura de espaço e mente atinge seu ápice com Super-Cannes. O romance se desenrola em Eden Olympia, um parque industrial de alta tecnologia próximo da Riviera Francesa — um lugar onde a elite capitalista pode se dedicar inteiramente ao trabalho e à excelência, tudo sob a vigilância de câmeras e de uma força de seguranças particulares.

Um microcosmos do mundo atual? Claro. Só que sem a plebe mendicante.

 

Robert Sheckley, Watchbird

Se alguma história antecipou o Olho que Tudo Vê dos drones foi Watchbird, de Robert Scheckley. A história começa com uma reunião de sete fabricantes de “watchbirds”. Eles acabam de saber que o presidente dos Estados Unidos segmentou o país em sete zonas de watchbirds, tendo cada uma das empresas ganhado um monopólio. Toda cidade dentro de cada uma dessas zonas será equipada com watchbirds para prevenir assassinatos. O problema é que eles têm a capacidade de se tornar pseudo-sencientes, o que faz os fabricantes de watchbirds pensarem duas vezes antes de implantar o projeto.

A presciência de Shockley aqui é impressionante. Os Estados Unidos de hoje se parecem mais com o mundo de Watchbird do que gostaríamos de admitir, com vários fabricantes de drones competindo para colocar suas naves ao longo de todas as fronteiras e em todas as cidades.

 

Stanislaw Lem, Memórias Encontradas numa Banheira

Esse livro não é tanto um romance sobre vigilância, mas sim, uma sátira sobre a paranoia que os vigilantes do governo experimentam. A história se passa no terceiro Pentágono, construído dentro de uma montanha. Não há massas aqui. Ninguém que o Grande Irmão possa assistir a não ser a si mesmo, os burocratas do próprio Pentágono. Muitos dos oficiais do romance de Lem podem ser ou não espiões, agentes duplos ou mesmo agentes triplos.

Esse livro entra para a lista porque mostra a verdade nua e crua da espionagem e da vigilância: quando ela se torna o princípio de funcionamento de qualquer sociedade, os vigilantes (e todo o resto) caem num mundo de espelhos de paranoia paralisante, absurda e, por fim, falsa, onde todo mundo é um inimigo e ninguém está a salvo.

22 Jul 13:43

Hong Kong of Yore

22 Jul 13:29

Quint Buchholz

22 Jul 13:11

536

by vendofoto
bubbles2 bubbles3 bubbles4

daan brand deixando a vida mais divertida.

22 Jul 13:05

Shake it

19 Jul 20:20

Os melhores discos do ano (até agora)

by Move That Jukebox
Lielson Zeni

Faltou o Dirty Beaches, hein?

Arte: Priscila Barker

O ano já está em sua segunda metade e um tanto considerável de discos caiu nos nossos colos. Alguns compensaram, outros, não. Alguns excederam expectativas, outros apenas cumpriram tabela. Rolaram retornos inesperados, boas surpresas, algumas decepções e, acima de tudo, muita música nos players dos colaboradores do Move That Jukebox. Por isso mesmo, apresentamos uma pequena seleção dos álbuns preferidos de alguns membros da equipe do site (lançados até o último dia de junho deste ano). Foram escolhidas trincas internacionais e também algumas nacionais. A lista (toda em ordem alfabética) é curta e rápida, atiçando a curiosidade das preferências finais que a gente entrega no fim do ano – até porque muita novidade boa irá surgir de hoje até dezembro de 2013. Aproveitem, discutam e deixem também seus Top 3 favoritos nos comentários.

Gregório Fonseca

Top 3 Internacional:

Beady EyeBE

Cada vez mais distante do que foi o Oasis, o Beady Eye soa como uma banda nova. O maior resquício da antiga banda dos irmãos Gallagher, o grande expoente do britpop dos anos 90, é o vocal característico de Liam – até porque isso é um pouco difícil de mudar – e nem deveria. O álbum é cheio de baladas que prendem a atenção, rocks acelerados e longos interlúdios que conectam as faixas, criando uma unidade ao álbum.

David BowieThe Next Day

Não dá pra dizer que após um longo tempo de espera, finalmente David Bowie lançou um novo disco, pois nos acostumamos a desistir de esperar. Em uma operação super sigilosa (incomum para a sociedade conectada em que vivemos), o cantor gravou The Next Day e só avisou ao mundo quando já estava tudo pronto. O resultado: o melhor disco de David Bowie desde que nasci.

Vampire WeekendModern Vampires of the City

Modern Vampires of The City serviu para tirar o termo “micareta indie” de todos os textos que falavam sobre o Vampire Weekend (oh não, acabei de usá-lo). Foi a principal surpresa do ano até agora – um disco impecável. A capa cinzenta pode dar a impressão de que é sombrio, triste, que te faz refletir sobre a vida. E é. Aliás, isso é um dos motivos que fazem o álbum ser tão bom.

Top 3 Nacional:

Apanhador SóAntes Que Tu Conte Outra

O experimentalismo é uma constante no novo álbum do Apanhador Só. Os barulhinhos e ruídos do Acústico-Sucateiro, lançado em 2011, retornam acompanhados por instrumentos musicais de verdade. Mudanças na sonoridade e no andamento são frequentes e em alguns momentos pode até incomodar – antes de cativar. O disco ainda traz a inspirada “Líquido Preto”, uma ode à um certo refrigerante que poderia ser uma balada romântica se não tivesse uma letra tão incomum.

Clarice FalcãoMonomania

O álbum de estreia de Clarice Falcão foi concebido ao lado do público, que por meses acompanhou cada nova composição através de vídeos no Youtube. De webhit à queridinha indie nacional foi um pulo. Reconhecimento merecido. As letras repletas de ironia e humor nonsense só não arrancam gargalhadas do público porque a plateia já está cantando junto cada uma de suas canções.

LudovEras Glaciais EP

Eras Glaciais completa a trilogia de EPs iniciada como comemoração aos 10 anos da banda – e é disparado o melhor dos três. Ao longo das quatro faixas,o Ludov mostra um pouco de folk, power pop, baladas e rock. Tudo conectado e fazendo sentido. Destaque para a faixa homônima, que abre o EP e é um belo cartão de visitas para quem ainda não conhece o som do grupo.

Gustavo Somares

Top 3 Internacional:

Autre Ne VeutAnxiety

Um disco com esse título, que fale do medo da morte, do abandono e de perder as pessoas amados tinha tudo pra ser pesado, arrastado e uma fossa só. Nada disso. Em Anxiety, Arthur Ashin canta de forma espontânea, envolvida e quase entusiasmada sobre esses temas, com voz suficiente para espantar os males de meio mundo. E é graças a essa voz que a conseguimos ver em suas canções não só a ansiedade do título do álbum, mas também a superação dessa mesma ansiedade. Graças a ela também que frases como “don’t ever leave me” soam autênticas e sinceras como há muito tempo nenhum artista conseguia.

Kurt VileWakin’ On A Pretty Daze

Em algum momento durante o processo de composição do sucessor de Smoke Ring For My Halo, Kurt Vile decidiu que suas canções despreocupadas e tranquilas precisavam durar mais. Essa decisão foi o que bastou pra que seu novo disco fosse um dos melhores do ano. Com vocais que parecem ter sido gravados deitado na cama logo depois de acordar, as faixas se desenrolam em um ritmo suave e tranquilo, criando um clima de aconchego do qual é difícil sair. O fato de que todas as músicas estejam entre suas melhores composições também não atrapalha nada.

Vampire WeekendModern Vampires Of The City

O simples fato de que Modern Vampires Of The City não falha em alcançar as expectativas quase absurdas deixadas pelo Contra é prova de que ele pertence à lista de melhores do ano. O álbum retoma boa parte das sonoridades que a banda já vinha tentando, elevadas a outro nível: dá para pensar que “Taxi Cab”, do disco anterior, deu origem a “Step”. Ou que “Cousins” já prenunciava “Diane Young”. Mas há também “Don’t Lie”, “Finger Back” e “Worship You”, que parecem ter saído do nada e deixam vontade de ver o que a banda vai fazer no futuro. O único defeito do disco é que ele deixa expectativas impossíveis para seu sucessor.

Iberê Borges

Top 3 Internacional:

Iron & WineGhost On Ghost

Do momento mais exagerado ao mais econômico, Sam Beam te dá motivos especiais para gostar de cada canção, cada uma em seu tempo. Mas nem será preciso tanto tempo assim para que você acabe amando o disco.

Queens of the Stone Age…Like Clockwork

O Queens of the Stone Age precisou ir o mais longe do que jamais fora em seu desenvolvimento intelectual e criativo para chegar a ...Like Clockwork. O resultado retrata o exato lugar e a exata formação que a banda deveria ter após anos de (boa) repetição. Foi preciso quebrar o ciclo e fazer o mais precioso trabalho – e esse levou o nome de …Like Clockwork.

Vampire WeekendModern Vampires of the City

Referências infinitas e capricho já fariam de Modern Vampires of the City uma das obras mais interessantes do ano. Mas em seu terceiro álbum, a banda resolveu abusar também com 12 canções certeiras e inspiradas, seja pela bíblia ou apenas por querer te colocar pra dançar mesmo.

Top 3 Nacional:

NeviltonSacode!

Com Sacode, o trio de Umuarama fez algo que tem sido raro no Brasil: música esperta e despretensiosa. As letras são criativas, os temas mais originais, os arranjos são diretos e o resultado é muito divertido.

Phillip LongGratitude

Phillip Long não cansa de lançar discos: há muita inspiração e muito para cantar. Gratitude é um conjunto de artifícios simples – que vão lembrar Bob Dylan – e brilhantes que fazem o diferencial do artista. Até quando ele vai continuar acertando nesse ritmo? Vamos continuar de olho, e com aplausos.

WadoVazio Tropical

A produção de Marcelo Camelo dita as regras que Wado permitiu que ele criasse – no caso, todas – e isso fez bem ao disco de canções. É detalhista e bonito de ver Wado explorando aquilo que sua carreira já pedia.

Lívia Damasceno

Top 3 Internacional:

A$AP RockyLong.Live.A$AP

Um dos debuts mais impressionante que já ouvi em um bom tempo. Muito barulho foi feito para o menino A$AP Rocky e ele lançou um disco digno de toda a aclamação. Temos colaborações com nomes de peso (Skrillex e Santigold) e outros mais novos como Kendrick Lamar e Danny Brown. Crônicas e besteiras entregues pela poesia de uma mente em constante fluxo, colagem de beats e riffs que te fazem pirar simplesmente, A$AP Rocky é uma escutada viciante. Vida longa a A$AP Rocky.

Inga CopelandDon’t Look Back, That’s Not Where You’re Going

Hype Williams ou é a dupla de artistas do século ou os maiores enganadores que já existiram na cultura pop. Inga Copeland está encarnando a Babilônia e nos provoca com três faixas inovadoras retiradas do que ainda será o seu debut. O ambient techno de “Speak”, o dub intoxicante de “So Far So Clean” e o 2step demente de “A&E” parecem uma extensão das ideias (e pegadinhas) existentes desde os primórdios do Hype Williams. Parece que a enfatuação de Inga com o continuum da música eletrônica (ardkore/jungle/garage/2step/grime/dubstep) está mais forte do que nunca, culminando em um trabalho solo criativo e digno de aclamação. São três faixas que já considero as melhores do ano, e com certeza compensam toda a espera e antecipação para o que será um dos debuts da década.

Scout NiblettIt’s Up To Emma

O amor destrói – não estou falando nenhum absurdo, It’s up to Emma é a síntese de um coração partido: o produto final é um disco avassalador. Um disco de blues raivoso ainda que simplesmente composto de somente guitarras e bateria, é a entrega total de Scout nos vocais faz deste disco convincente. É corajoso, cru e em vezes triste – Scout em seu sétimo álbum nos leva mais uma vez a uma tortuosa jornada até os finais de uma obsessão, até o último beijo. It’s Up To Emma é a mitologia da decepção amorosa: você vai querer ter seu coração partido mais vezes só para a Scout te consolar novamente. Ou não  –  depende de você, e você somente.

Neto Rodrigues

Top 3 Internacional:

Daft PunkRandom Access Memories

Com uma campanha de divulgação raramente vista no meio fonográfico, a dupla francesa conseguiu o mais difícil: não deixar o hype do marketing ofuscarem o conteúdo de seu novo disco que, a cada audição, desce melhor, revelando barulhinhos, timbres, detalhes e arranjos de quem sabe o que está fazendo, de quem sabe que está trazendo a vida de volta pra música.

Queens of the Stone Age…Like Clockwork

Quem queimou largada e considerou …Like Clockwork como “fraco” horas após seu lançamento possivelmente se arrependerá. Diferentemente das porradas stoners que já saíam como hits instantâneos nos álbuns anteriores, as canções aqui levam tempo para se desenvolverem e convencerem. Mas a paciência compensa. Afinal, quem um dia esperaria uma pérola sombria como “I Appear Missing” sendo entoada com melancolia e tensão por Josh Homme?

Sigur RósKveikur

O post-rock geralmente contemplativo e cheio de longas peças instrumentais do Sigur Rós mostrou sua faceta mais agressiva em Kveikur. E o resultado não poderia ser mais grandioso e impactante. Músicas como “Brennisteinn” e a faixa-título carregam um ouvinte para um mundo menos onírico e mais real, com cozinha pesada e a guitarra com arco de Jónsi se marcando presença. De “brinde”, ainda ganhamos “Ísjaki”, um dos mais belos momentos já criados pela banda islandesa.

Top 3 Nacional:

Apanhador SóAntes Que Tu Conte Outra

Mais experimental e “difícil” do que o disco de estreia, o novo trabalho da ótima banda porto-alegrense chega puxado pela visceral “Despirocar”, um petardo dissonante e irônico. Juntam-se à canção outras 11 faixas, que mostram novas influências, novos caminhos e novos riscos do Apanhador Só, um dos grupos mais criativos e ousados do nosso cenário.

Bárbara EugêniaÉ O Que Temos

O brega surge cheio de charme e malemolência no novo lançamento de Bárbara Eugênia, cantora versátil e de voz aconchegante. Se cercando de boas parcerias, Bárbara entrega um trabalho completo, que ainda passeia pelo folk à la She & Him, pela música de saloons e cabarés empoeirados, pela chanson française e por influências tropicais.

DorgasDorgas

Os garotos do Dorgas não escondem o tom quase de piada interna e as ironias e zoações de suas letras e arranjos. E esse lado desencanado do quarteto carioca joga muito a favor se você aceitar de ouvido e coração aberto os falsetes estranhos, os arranjos peculiares e os temas nonsense que permeiam as canções. É como presenciar uma jam session de amigos entrosados, cheios de boas ideias e com influências diversas, do pop de vanguarda ao jazz fusion.

Paula Giacomazzi

Top 3 Internacional:

David BowieThe Next Day

Após 10 anos e 23 álbuns lançados, Bowie volta à cena e mostra porque conquistou a fama que tem. Começando pela arte da capa (uma releitura da capa de Heroes, lançado em 1977), o álbum revisa de forma madura os principais pontos da carreira do cantor. Com o primeiro single (“Where Are We Now”), o caráter introspectivo e a genialidade do mais novo registro vão aparecendo no meio de uma pegada melancólica.

James BlakeOvergrown

Uma das figuras mais importantes do chamado “post-dubstet”, James Blake aborda em Overgrown, o seu segundo álbum, uma atmosfera mais pesada e planejada do que em seu debut. Com o bass, sua batida típica, e até mesmo o silêncio mais definidos, Overgrown se mostra, além de tecnicamente pensado, forte e delicado. Ao lado de figuras como Brian Eno e RZA, Blake cumpre as expectativas de um claro amadurecimento do seu trabalho.

Mount KimbieCold Spring Less Fault Youth

Com maior visibilidade para o cenário eletrônico e experimental, Dom Maker e Kai Campos apostam nas batidas densas que acompanham ruídos, loops, vocais trabalhados e detalhes que se encaixam como em um quebra-cabeça. Com elementos típicos do trip-hop, participações de King Krule e audácia, a dupla prova seu potencial.

Top 3 Nacional:

Apanhador SóAntes Que Tu Conte Outra

Em seu primeiro lançamento a banda gaúcha já mostrou do que era capaz mas agora, com o segundo álbum, o grupo corre para um lado não tão explorados. Armados com a capacidade inconfundível de absorver os elementos tipicamente brasileiros e experimentar, Antes Que Tu Conte Outra chega a ser um pouco imprevisível. Além da abordagem ao cotidiano, as misturas de tons, estilos e detalhes sutis e ousados levam ao sucesso do álbum.

DorgasDorgas

O grupo não é exatamente novo, mas é agora que aparece seu primeiro álbum. Ganhando rápido reconhecimento, Dorgas não tem um estilo definido. Apostando no eletrônico e caminhando por diferentes gêneros, como o shoegaze e até mesmo algumas vertentes de jazz, os cariocas fornecem um som agradável e delicado. Despretensioso, o registro homônimo conquistou vários apreciadores de cara.

Vespas MandarinasAnimal Nacional

Com uma clara influência dos grandes nomes do rock brasileiro da década de 80, os paulistanos, apesar de terem algum tempo de estrada, lançam seu primeiro álbum esse ano. Mostrando, como grandes nomes da música, que o som simples pode sim ser de qualidade, eles apostam no rock puro, com influências chegando de todos os lados e participações como a de Arnaldo Antunes.

Priscila Barker

Top 3 Internacional:

EelsWonderful, Glorious

A espera de dois anos e meio pelo novo trabalho de Mark Everett e seu Eels valeu a pena. Seu décimo álbum de estúdio deixa ainda mais evidente as inúmeras facetas de um artista que não tem medo de mesclar as mais divergentes sonoridades em suas músicas. Inicialmente mais agressivo e menos melancólico que os trabalhos anteriores, Wonderful, Glorious vai amadurecendo e ficando menos rebelde com o decorrer de suas faixas. “Bombs Away” e “Kinda Fuzzy” transbordam fúria, enquanto “On the Ropes” e a faixa-título que fecha o álbum tranquilizam o ouvinte que, então, precisa se recupera de tamanha porrada musical. Tão bom quanto peculiar.

Sigur RósKveikur

Nove faixas de puro experimentalismo. Nuances entre a leveza, presente na doce voz de Jónsi, e um peso jamais visto antes nos trabalhos do Sigur Rós. “Dinâmico” serve como um bom adjetivo para Kveikur, álbum que, tão rapidamente, já se tornou um marco na carreira da banda islandesa. Audição obrigatória pra fãs, simpatizantes, hatters e até mesmo quem nunca ouviu falar sobre a obra do Sigur Rós.

Queens of the Stone Age…Like Clockwork

Não é de hoje que experiências traumáticas servem de mote para a composição de álbuns inteiros. O novo álbum do Queens of the Stone Age é um bom exemplo disso. Sombrio, emocional e intimista, sem deixar o peso já característico do grupo de lado, …Like Clockwork é provavelmente o trabalho mais auto-biográfico de Josh Homme. Um álbum com unidade, arranjos impecáveis e participações especiais dos mais altos níveis, digno da banda mais rock’n’roll da atualidade.

Victor Caputo

Top 3 Internacional:

Kanye WestYeezus

Com My Beautiful Dark Twisted Fantasy, Kanye West conquistou o mundo — mas não a mim. A tal da ópera hip hop era tão hypada quanto entediante. Até que o homem volta com seu ego mais cheio do que nunca para lançar Yeezus. No mínimo, Kanye fez uma viagem ao futuro e voltou para gravar o álbum. Samples muito bem escolhidos, participações de alto nível e um experimentalismo que dá gosto de ver (e ouvir).

Queens of the Stone Age…Like Clockwork

Quando ninguém mais esperava que algo bom e novo saísse daquelas cavernas, vem …Like Clockwork. Josh Homme colocou todo mundo para trabalhar — de Dave Grohl, passando por Nick Oliveri e até a verdadeira rainha, Elton John. O álbum é produto de um Homme que quase morreu. Sai parte do peso que acompanhava a banda esteticamente e entra o peso das letras. O QOTSA passou por um desfibrilador, armazenou toda a voltagem e agora distribui toda a carga nas ótimas boas faixas.

The National - Trouble Will Find Me

Aqui estou eu puxando o saco de uma das minha bandas preferidas. Disse aqui na resenha que o grupo vem mantendo um nível bem alto desde o lançamento de Boxer, lá em 2007. É verdade que tudo continua quase igual de lá para cá. Letras lindas e pesadas e arranjos muito bem trabalhados. É mais um álbum que deve sobreviver ao tempo e poderá ser saboreado por algumas décadas.

19 Jul 18:29

wordbookstores: unabridgedbookstore: historyhobbit: and the...



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historyhobbit:

and the exuberant hugs of tiny people after storytime…but mostly the RAGE.

Need!

Oh my god. Where. Do. We. Get. It.

19 Jul 18:25

Boring Moments in 20th Century Poetry

19 Jul 18:24

My First Kafka

19 Jul 14:32

O funeral de James Gandolfini

by Alexandre Matias

funeral-james-gandolfini-02

O funeral de James “Tony Soprano” Gandolfini – cuja morte completa um mês nesta sexta – foi realizado no fim do mês passado e reuniu não apenas sua família de sangue, mas também de TV. E a cerimônia foi um momento para reunir nada menos que todo o elenco original da série que lhe eternizou, como dá pra sacar nas fotos do Daily Mail – separei algumas aí embaixo. Um momento de tristeza, respeito e homenagem:

Jamie Lynn Sigler (Meadow ) Lorraine Bracco (Jennifer Melfi) John Turturro Edie Falco (Carmela) Michael Gandolfini Michael Imperioli (Christopher Moltisanti) e Lorraine Bracco (Jennifer Melfi) David Chase (criador da série) Steve Buscemi Michael Gandolfini Joe Pantoliano (Ralph Cifaretto) Vincent Pastore (Salvatore 'Pussy' Bonpensiero) Steve Schirripa (Bobby Baccalieri) funeral-james-gandolfini-02 funeral-james-gandolfini-caixao Steve Carell Deborah Lin (viúva) Aida Turturro (Janice) John Ventimiglia (Artie Bucco) e Steve Schirripa (Bobby Baccalieri) Dominic Chianese (o Tio Júnior) Hilaria Baldwin O governador de Nova Jérsei, Chris Christie funeral-james-gandolfini-01 Alec Baldwin Jerry Adler (Hesh)

E ainda estou devendo o meu tributo ao ator, que sai em breve.

19 Jul 12:22

Daniel Radcliffe e Jon Hamm dividem personagem em série

A HBO exibe hoje os dois primeiros episódios, de um total de quatro, da minissérie "Diário de um Jovem Médico", baseada em contos do autor de teatro russo Mikhail Bulgakov (1891-1940) inspirados em sua própria vida. Na produção, Jon Hamm, vencedor do Globo de Ouro de melhor ator em série dramática em 2008, por "Mad Men", vive um médico desapontado com a vida que, ao recordar o início de sua carreira, encontra sua versão mais jovem e ingênua, interpretada por Daniel Radcliffe (de "Harry Potter").
Divulgação
Jon Hamm (à esq.) e Daniel Radcliffe protagonizam a série
Jon Hamm (à esq.) e Daniel Radcliffe protagonizam a série
Leia mais (19/07/2013 - 03h57)
18 Jul 13:37

The Wes Anderson Collection

18 Jul 13:34

randomhouse: explore-blog: The typewriters of famous authors....

Lielson Zeni

Vanessa!



randomhouse:

explore-blog:

The typewriters of famous authors. Pair with the pets of famous authors.

Love.

18 Jul 13:21

poética dos cantos

by Van Rodrigues

Estou relendo A obscena senhora D, da Hilda Hilst. É um livro lindo, que marcou mesmo minha trajetória como leitora. Era muito nova quando conheci a obra da Hilda Hilst e mesmo sem entender muito bem o que ela dizia, eu me emocionava. Na verdade, era justamente essa sua capacidade de esconder o que dizia usando as palavras comuns  que me fascinava. Não que seja uma poética do cotidiano a sua, longe disso. Mas é que não era uma questão de procurar no dicionário o significado de sua poesia, ela falava de qualquer coisa que eu ainda não conseguia alcançar e por isso, por criar em mim uma fome de também alcançar esse patamar de percepção do mundo, eu a amei desde a primeira vez.

E hoje eu entendo, certamente entendo muito mais, o que seja um desejo de exílio, uma vontade de se proteger do mundo, mesmo que no vão da escada da própria casa.

Senhora D, é definitivo isso de morar no vão da escada?

Há alguns meses li El discurso vacío, de Mario Levrero. É outro livro maravilhoso, e que se misturou a essa releitura de Hilda que faço agora — são justamente essas colagens de significados afetivos que faz da literatura e dos livros que amamos obras infinitas.

Nesse livro, o narrador também se esconde. Se esconde ou tenta se esconder por trás de uma espécie de treinamento, um exercício para melhorar sua caligrafia e assim, seria natural, melhorar também seu estado de alma.

Debo luchar contra las fobias y contra la inmovilidad, la pasividad, sobre todo porque detrás de esta pasividad se oculta una poderosa fuerza destructiva. Sería preferible que rompiera objetos, que hiciera cualquier cosa antes que continuar en un estado insensato de espera, durante el cual nada se va a resolver. 

Daniel Galera falou deste livro em uma de suas colunas. E ele falou também, mais recentemente, sobre essa vontade que os escritores sentem de manter um vazio ao seu redor, um vazio silencioso e imprescindível para que haja possibilidade de escrita. Nada mais compreensível nesse nosso tempo de exposição, mercado e carência. Nada mais compreensível nesse tempo de não-presente, de ansiedade (para minha geração, o presente é aquilo que já se escreveu há 30 segundos numa lista de informações úteis, bonitas ou estúpidas em uma página colaborativa da internet).

Me fastidia ser tan influenciable y dependiente de una sociedad con la cual no comparto la mayor parte de sus opiniones.

Sentir saudade do silêncio e da sinceridade como olhamos a nós mesmos é urgente nesse tempo em que formamos círculos onde tudo que é importante para nós parece ser importante para 90% do mundo. É que criamos grandes comunidades virtuais de similares e, sem sentir, nos mantemos numa casa da árvore, num clube de seres solitários que não se olham nos olhos nem no espelho.

Pontes enterradas.

Senhora D, a viva compreensão da vida é segurar o coração, me faz um café.


17 Jul 19:55

Ocupas Esquentados e Barricadas em Chamas Não Vão Impedir a Gentrificação de Brixton

by Simon Childs, Fotos: Jake Lewis

Uma rua ao sul de Londres virou uma bagunça composta por escombros e cacos de vidro anteontem, quando a polícia e oficiais de justiça enfrentaram ocupas entre barricadas improvisadas e caçambas de lixo em chamas.

Por volta das 6h30, os residentes da Rushcroft Road de Brixton estavam se preparando para defender seu lar de um pelotão de oficiais de justiça. Os fortões tinham sido mandados pelo Conselho da Região de Lambeth de Londres para chutar a comunidade que vivia ali há 32 anos.

Quando cheguei ao local, identifiquei um grupo de oficiais de macacões e capacetes se preparando psicologicamente enquanto filmavam todo mundo que se aproximava. Eles estavam prestes a passar a maior parte do dia ouvindo a mesma pergunta sobre como conseguiam dormir à noite. Na verdade, é possível imaginar que essa é uma parte importante da existência de um oficial de justiça, e deve ser cansativo ser perseguido com perguntas tão mundanas e implacáveis do tipo: “Como você consegue dormir à noite?”,“Quanto eles te pagam?”,“Onde estão sua esposa e filhos?”.

Dito isso, o trabalho deles é mesmo chutar pessoas para o olho da rua, então, fodam-se todos eles e suas almas cinzentas. 

Os ocupas, do outro lado, tinham conjurado várias maneiras engenhosas de mostrar que os oficiais de justiça não eram bem-vindos.

As propriedades eram algumas das últimas cooperativas habitacionais “provisórias” existentes — os prédios são tecnicamente do conselho, mas eram habitadas e mantidas sem a cobrança de aluguel há mais de 30 anos depois que uma série de políticas habitacionais cagadas dos anos 1970 deixou o conselho incapaz de pagar por sua manutenção. Agora, com o custo da moradia subindo vertiginosamente e medidas de austeridade abocanhando o orçamento de todo mundo, o conselho alega que precisa vender metade das propriedades com o intuito de levantar dinheiro para transformar a outra metade em moradias sociais.

Estranhamente, os moradores do local não simpatizaram muito com essa ideia. Eles ficaram imaginando por que a prefeitura precisava usar a casa deles para equilibrar as contas depois de ignorar sua existência por três décadas? Há também a questão de que a injeção de dinheiro da venda desses prédios inevitavelmente virá dos yuppies intrometidos e pentelhos que já fizeram um ótimo trabalho subindo o preço do aluguel e mandando toda a classe trabalhadora para fora da área. 

Os oficiais de justiça e os moradores haviam chegado a um desconfortável impasse — um pouco como o começo de um baile de colégio, isso se os bailes terminassem com gente colocando fogo em colchões e não vomitando vodca vagabunda. Nesse ponto, Richard (o cara de chapéu de palha) me convidou para dar uma olhada em seu apartamento. 

O lugar era exatamente como sua mãe acha que uma ocupação é, lembrando vagamente uma casa normal, todavia, “decorada” por alguém que não precisa se preocupar com multas quando entregar o imóvel. 

Esse é o John, cujo cochilo interrompi bruscamente enquanto ele tentava descansar de todo o stress das preparações daquela manhã. “Moro neste apartamento há seis anos”, ele me contou. “Eu morava no de cima, mas mudei para cá quando o velho que morava aqui quase morreu queimado depois de dormir com um cigarro aceso na mão. Eu salvei a vida dele, então, dei minhas chaves a ele e o resto é história. Estou triste com o que está acontecendo aqui hoje. Brixton se transformou muito desde que mudamos para cá e acho que não posso mais bancar morar aqui, então vou viajar.”

Do lado de fora, trabalhadores da prefeitura vasculhavam a área e passavam por maus bocados nas mãos dos residentes e simpatizantes.

Os ocupas estavam espalhados pela rua e os vários prédios tinham levantado defesas de diferentes níveis de firmeza. Esse grupo tinha optado pela tática “pilha enorme de tralhas em chamas”. 

Na verdade, muitos deles tinham decidido que essa era a melhor maneira de evitar que a polícia e os oficiais de justiça realizassem sua obra do demônio.

Um a um, os ocupas foram retirados pelos oficiais de capacete. E, apesar de se parecerem com iniciantes de um curso de escalada, a vantagem de se ser oficial de justiça é que, aparentemente, é OK atacar pessoas violentamente em plena luz do dia, mesmo quando se está cercado por policiais.

A ironia disso tudo é que o Conselho de Lambeth não é só mais um conselho, é o carro-chefe do movimento cooperativo de conselhos — uma tentativa do Partido Trabalhista de parecer um pouco mais legal e menos autoritário. A retórica do movimento de decisões de baixo para cima, o que daria poder à base do partido, até parece sedutora, mas é um sonho difícil de engolir quando se vê um oficial mandado pelo tal conselho estrangular um homem para fazê-lo sair de sua casa para sempre. 

Pode me chamar de cínico, mas não fiquei muito convencido de que esse cara de óculos escuros sendo enforcado sente que tem algum poder de decisão em um processo de consulta significativo.

As pessoas foram forçadas a empacotar suas vidas inteiras em um curto espaço de tempo, o que levou a uma sequência de cenas de partir o coração como a de cima.

Durante uma das calmarias, perguntei a uma pessoa que tinha sido despejada que tipo de comunidade existia ali durante a ocupação. “A maioria das pessoas tinha um trabalho e tentava levar a vida, sustentar a família”, ele me disse. “Mesmo que tivéssemos alguns bêbados, eles eram pessoas respeitáveis — eles guardavam isso para si próprios, sabe.”

Sempre que as pessoas não estavam sendo brutalizadas pela polícia, elas usavam a oportunidade para lembrar aos oficiais de justiça do tipo de ser humano terrível que eles são. Tão terríveis que nem o Michael McIntyre quis se apresentar pra eles, destacou habilmente um dos ocupas.

“Obrigado por mostrarem que o Conselho de Lambeth é horrível”, gritou outro cara. “Eles são uns escrotos!”

“Eles são uns escrotos do caralho”, disse mais alguém. Porque, às vezes, só “escrotos” não é o suficiente.

Enquanto os últimos prédios preparavam suas defesas, fui convidado para dar uma olhada no lugar. Na minha experiência limitada com fortes improvisados, já vi estruturas mais robustas do que gaveteiros mal equilibrados em cima de um colchão, mas não me senti em posição de criticar os valiosos esforços do pessoal contra os capangas contratados pelo conselho. 

E, conforme o desenrolar dos acontecimentos, usar um colchão foi muito mais efetivo do que eu podia imaginar. O bloqueio improvisado rebateu o aríete dos oficiais de justiça de volta na cara deles quando ele quebrou a porta de vidro.

Mesmo assim, a defesa caiu um pouco depois, como um triste castelo inflável furado. Eles tinham conseguido entrar.

Saí do prédio e testemunhei um homem sendo preso enquanto gritava: “Façam casas, não bombas! Façam casas, não bombas!”.

Infelizmente, acho que ninguém disse a ele que o Conselho de Lambeth vai vender os prédios para companhias de desenvolvimento que as transformarão em casas, não bombas. Mas é mesmo uma pena que eles não tenham conseguido pensar em nada melhor para levantar dinheiro do que jogar dezenas de pessoas no meio da rua e estraçalhar uma comunidade de 30 anos no processo.

Quanto aos oficiais de justiça, bem, o que posso dizer? Está complicado arrumar emprego na Inglaterra hoje em dia.

Siga o Simon (@SimonChilds13) e o Jake (@Jake_Photo) no Twitter.

Mais histórias de gente sendo expulsa de suas casas:

O Paraíso Cigano Perdido

 
 
17 Jul 18:27

Meritocracia

by brunomaron

meritocracia


17 Jul 18:24

by Kioskerman


17 Jul 16:39

http://odyr.wordpress.com/2013/07/17/1540/

by odyr


17 Jul 14:19

Social Media

The social media reaction to this asteroid announcement has been sharply negative. Care to respond?
16 Jul 20:50

- Autor(rafael sica)

16 Jul 14:46

O Passado Nazista Secreto do Ace of Base

by Benjamin Shapiro
O Passado Nazista Secreto do Ace of Base
16 Jul 13:05

A espuma do jazz (parte 1)

by Daniel Benevides
Boris Vian e seu trompete

Poucos foram tantos em tão pouco tempo como Boris Vian. Uma das figuras mais interessantes dos anos 40 e 50, Vian foi engenheiro, romancista, poeta, cantor, compositor, trompetista, jornalista, diretor musical, ator, tradutor, conferencista, inventor e, sobretudo, patafísico (na melhor tradição iniciada por Alfred Jarry). Foi ainda o primeiro mestre de um sujeito chamado Serge Gainsbourg – o que não é pouco – e também um dos introdutores do jazz e do rock na França, onde nasceu, em 1920.

Como se soubesse que viveria apenas 39 anos, fazia tudo com rapidez impressionante, sempre guiado por um entusiasmo que contagiava todos à sua volta. Era a forma de vencer uma saúde que o debilitava desde a infância e, principalmente, a estupidez das convenções, a qual combatia com senso de humor original e criatividade espontânea. O fundamental era “pensar nas coisas que ninguém pensava” e nunca distinguir o sério do cômico, como rezava o princípio da equivalência da Patafísica, seguido “à risca” também pelos amigos Jacques Prévert, Raymond Queneau, René Clair, Michel Leiris e outros veneráveis sátrapas dessa escola.

Sua relação com a música era a base de tudo. O talento fora herdado da mãe, pianista e harpista, que lhe deu o nome Boris por conta da ópera Boris Godunov, de Mussorgsky, assim como o espírito anarquista veio do pai, um aristocrata decadente, que perdeu a fortuna no crack da Bolsa, em 29. A espuma dos dias, seu romance mais famoso, é, ele mesmo, um livro musical, em muitos sentidos, a começar da máquina incrível de fazer drinks a partir das teclas de um piano (o pianoquetel, recriado “fielmente” por Michel Gondry em seu filme epônimo), e do prólogo, onde Vian professa sua fé deliciosamente hedonista: “Existem apenas duas coisas: o amor, de todas as maneiras, com garotas bonitas, e a música de Nova Orleans ou de Duke Ellington.”

O “pianoquetel”, que transforma canções em coquetéis, no filme de Michel Gondry

Simples assim, e, no entanto, quantas ressonâncias! Quanto à parte digna de Vinícius, casou-se cedo, aos 21, com a bela modelo Michelle Léglise, com quem aprendeu o inglês que lhe seria útil quando precisou traduzir romances de Raymond Chandler para ganhar uns trocados. A música de Nova Orleans era um caso mais sério – nos seus muitos artigos de crítica para revistas especializadas, chegava a atacar músicos “avançados”, como David Brubeck,  por distanciarem-se do balanço creole de Louis Armstrong e companhia. O tom, porém, era mais jocoso que raivoso, é claro, como quem tripudia do time adversário, mas reconhece seu direito à existência.

Ele mesmo ia a campo para defender sua preferência retrô. Aprendeu sozinho a tocar trompete e, tendo sido dispensado do exército por conta do coração frágil, entrou para o Hot Club de Paris e depois para a orquestra de Claude Abadie. Durante a ocupação alemã, tocou com seus companheiros de orquestra em toda birosca que se dispusesse a contratá-los – até mesmo em hospícios. Participavam também de torneios – e ganhavam todos, sendo eleitos o melhor grupo de jazz amador da França. (Num desses torneios, na Bélgica, um dos jurados era o grande Django Reinhardt).

Quando os aliados libertaram Paris, seu público mais frequente passou a ser composto pelos pracinhas americanos. Ingenuamente, Abadie e Vian achavam que o povo inventor do jazz ia se identificar com as composições de Armstrong, Ellington e Bix Biederbecke, mas qual nada; tal como o infame “toca Raul”, insistiam em pedir “Besame Mucho” e as habituais cafonices do rádio da época.

No entanto, a trupe era inflexível e, mesmo debaixo de vaias, seguiam o cânone adorado. A perseverança acabou convencendo a plateia, que enchia os teatros e a cara, dançando sem parar, até o amanhecer. Alguns músicos também gostavam de ver o fundo da garrafa e não era infrequente que Vian tivesse que sustentá-los com a bocarra do trompete, em pleno show. Eram dias de fome e poucos recursos, então aceitavam de bom grado o cachê em sanduíches e bebidas (algo familiar para quem tocou no underground paulista, nos anos 80…). E aproveitavam as viagens internacionais para praticar um contrabando de subsistência, digamos, utilizando as caixas dos instrumentos. Em época menos frugal, Vian também foi um grande embaixador do jazz, tendo ciceroneado Ellington e Miles Davis, entre outras lendas futuras, além de promover seus shows numa Paris que renascia.

Miles Davis ao lado de Boris Vian

Mas, infelizmente, o mesmo jazz que lhe era tão vital, estava matando-o: “cada sopro que eu dou no trompete abrevia um pouco minha vida”. Seu organismo febril já não tolerava esforço – por ordens médicas teve de aposentar a corneta e partir para outras atividades. Foi aí que nasceu o compositor de canções (foram mais de 400!), o romancista e dramaturgo e o diretor artístico de gravadoras como a Philips e os selos Fontana e Barclay. Foi também aí que gravou seu próprio disco e tornou-se o “príncipe de Saint-Germain-des-Près, e o primeiro “roqueiro” gaulês. Mas essa história fica para o próximo post, semana que vem.

* Daniel Benevides é jornalista.

16 Jul 12:44

Analog pixelization , Karakoy , Istanbul i 2013



Analog pixelization , Karakoy , Istanbul i 2013

15 Jul 14:50

A Teoria Pixar – Todos os filmes da Pixar são um só

by ramon

Pixar

Imagino que você já esteja sabendo da Pixar Theory. É uma teoria criada pelo jornalista Jon Negroni e postada no site dele na última 5ª (11/7): sabe aquelas várias conexões e easter eggs presentes nos filmes da Pixar? Elas não seriam aleatórias, mas apenas as peças mais explícitas e óbvias de um cenário muito maior. O texto original, em inglês, tá aqui e recomendo muito a leitura.

Pra quem quiser ler em português, fiz a tradução. Deu trabalho pra caramba. Assisti todos os filmes da Pixar, mas alguns deles somente em inglês, então não conheço/lembro alguns dos nomes das versões nacionais de personagens/lugares/objetos, por isso incluí alguns links da Pixarpedia pra deixar claro que estamos falando da mesma coisa.

Outro problema é que o texto do Negroni tá sendo modificado constantemente, daí essa versão minha pode nem ser a mais atualizada de todas. Vou fazer igual o autor do texto: se alguém pensar algum furo na teoria e quiser traduzir algo recentemente adicionado ao texto original, só avisar nos comentários. Posto aqui e dou o devido crédito. Sem mais. Saca só:

A Teoria Pixar

TP1

Todos os filmes da Pixar estão conectados. Vou explicar como e os motivos.

Há alguns meses assisti um vídeo divertido no Craked apresentando (pelo menos para mim) a ideia de que todos os filmes da Pixar existem dentro de um mesmo universo.

Desde então estou obcecado com esse conceito, trabalhando no que chamo de ‘Teoria Pixar’, um trabalho narrativo que conecta todos os filmes do estúdio em uma mesma timeline com um tema predominante.

Essa teoria cobre todas as produções da Pixar desde Toy Story, incluindo: Vida de Inseto, Toy Story 2, Monstros S.A., Procurando Nemo, Os Incríveis, Carros, Ratatouille, Wall-E, Up, Toy Story 3, Carros 2, Valente e Universidade Monstros.

Cada filme está conectado aos demais e seu desenrolar influencia todos os outros. Aqui vamos nós.

[Os textos em azul indicam atualizações na versão original]

Valente é o primeiro e último filme da timeline. Obviamente, esse filme sobre um reino Escocês durante a Idade Média apresenta o cenário mais antigo apresentado em produções da Pixar, mas é o único que explica o porquê de animais se comportarem como humanos de vez em quando nas produções da Pixar.

TP2

Em Valente, a Merida descobre que existe uma “mágica” que pode solucionar seus problemas, mas, sem querer, tornam sua mãe em um urso. Descobrimos que essa mágica vem de um estranha bruxa aparentemente ligada às misteriosas chamas de fogo-fátuo presentes na produção. Nós não só vemos animais se comportando como humanos , mas também vemos vassouras (objetos inanimados) agindo como pessoas na casa da bruxa.

TP3

Também descobrimos que essa bruxa inexplicavelmente desaparece toda vez que atravessa portas, nos fazendo acreditar que ela talvez nem exista. Vamos com calma, já volto a Valente. Por enquanto, vamos deixar registrado que a bruxa é alguém que conhecemos de um outro filme dessa timeline.

[Algumas pessoas me lembraram que os animais em Valente gradualmente param de agir como humanos, botando em xeque essa ideia que essa é a origem desse comportamento. Minha resposta é simples. Eles regridem pois a mágica perde o efeito. Com o passar do tempo, a inteligência evolui naturalmente.]

Após séculos, os animais de Valente que passaram por experimentos da bruxa se reproduziram, criando uma grande população de animais de personalidade e inteligência própria.

Há duas linhas de evolução: uma de animais e outra de inteligências artificiais. Os eventos dos filmes seguinte apresentam uma luta de forças entre humanos, animais e máquinas. No que diz respeito a animais, o desenrolar desse conflito é apresentado cronologicamente em Ratatouille, Procurando Nemo e Up. Perceba que não menciono Vida de Inseto, mas depois explico o motivo.

Em Ratatouille vemos animais experimentando essa humanização em condições menores e controladas. Remy quer cozinhar, algo que apenas humanos fazem. Ele cria uma relação com um pequeno grupo de humanos e se dá bem. Enquanto isso, o vilão do filme, Chef Skinner, desaparece. O que aconteceu com ele? O que ele fez com sua descoberta que animais são capazes de transcender seus instintos e realizar tarefas de forma melhor que humanos?

TP4

É possível que Charles Muntz, o antagonista de Up, tenha ficado sabendo desse rumor e tido a ideia para suas intenções que expusessem os pensamentos dos animais, como seus cães, pelos seus colares de tradução. Esses colares mostraram pra Muntz que animais são mais espertos e até parecidos com humanos do que pensávamos. Ele precisava dessa tecnologia para achar a ave exótica pela qual ele era obcecado, ele até chega a mencionar os vários cachorros que perdeu desde sua chegada na América do Sul.

TP5

Porém, após a morte de Muntz, Doug e os outros experimentos dele ficam livres e não sabemos as implicâncias disso, mas sabemos que é crescente a animosidade entre animais e humanos. Agora que os humanos descobriram o potencial dos animais, eles começam a ousar. Para desenvolver novas tecnologias, os humanos começam um revolução industrial mencionada em Up.

[Algumas pessoas me lembraram que Muntz estava trabalhando na América do Sul antes dos eventos de Ratatouille. É verdade, mas não é dito explicitamente quando e como ele começou a desenvolver os colares. Outra coisa: sabemos que Ratatouille está ambientado antes de Up por vários motivos. Em Toy Story 3, um cartão postal na parede de Andy tem o nome e o endereço de Carl e Ellie (incluindo seus sobrenomes). Isso confirma que em 2010, o ano no qual Toy Story 3 é ambientado, a Ellie ainda está viva ou pelo menos não está mortá há muito tempo. Isso reforça a ideia que Up é ambientado anos depois.]

TP6

No começo de Up, o Carl é forçado a abandonar sua casa para uma empresa pois a cidade está sendo expandida. Pense nisso. Qual corporação é culpada por poluir a erra e terminar com a vida local em um futuro distante por excessos tecnológicos?

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Buy-n-Large (BNL), uma corporação que controla aparentemente tudo quando chegamos a Wall-E. No comercial feito para o filme, ‘A História da BNL’, é dito que a empresa chegou a controlar até os governos. Já deu pra entender que essa corporação alcançou domínio global?

O interessante é que essa mesma organização dá as caras em Toy Story 3:

TP8

Em Procurando Nemo temos uma população inteira de animais marítimos agindo em conjunto para salvar um peixe capturado por humanos. A BNL volta a aparecer nesse universo em uma matéria sobre um belo mundo aquático. Os mundos estão colidindo em Procurando Nemo. Os homens estão se armando contra os animais inteligentes.

Pense em Dory por um instante. Ela é diferente da maioria dos peixes. Por quê? Ela não é tão inteligente. O problema de memória é consequência dela não ser tão avançada quanto as outras criaturas marinhas, o que também é um explicação razoável para a velocidade da evolução desses seres.

TP9

A continuação de Procurando Nemo, focada na Dory, deve provavelmente tratar desse tema e explicar mais. Também devemos ter mais evidêncas do clima hostil entre humanos e animais.

E esse é o filme mais distante do ponto de vista dos animais. Já sobre inteligência artificial, começamos com Os Incríveis. Quem é o principal vilão do filme? Você provavelmente pensou no Buddy, o Síndrome, que é quem basicamente comete o genocídio dos humanos com super-poderes.

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Tem certeza que foi ele?

O Buddy não tinha poderes. Ele usava tecnologia para se vingar da descrença do Sr. Incrível. Soa um pouco estranho que aquele homem tenha chegado ao ponto de cometer genocídio.

E como ele mata todos os heróis? Ele cria um robô assassino que registra os movimentos de todos os super-humanos e se adapta. Um hora essa inteligência artificial se rebela do Síndrome, o que nos leva a acreditar que ele estivesse sendo manipulado pelas máquinas o tempo todo para que elas se livrassem das maiores ameaça da dominação robótica, os humanos super-poderosos. O filme até apresenta clipes de heróis com capas sendo mortos por obejtos inanimados, como turbinas de avião…acidentalmente.

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[Alguns adendos interessantes: alguém sugeriu que o Randall voltando no tempo teria inspirado Edna a criar o uniforme de invisibilidade da Violet. Outra coisa, alguns questionaram se o Síndrome estava ou não sendo manipulado pela sua tecnologia. Lembre-se que o filme sugere estar ambientado no passado. O começo parece ser nos final dos anos 60 ou começo dos 70, o que significa que os eventos principais devem acontecer no final dos anos 80 ou começo dos 90. Isso é introdução coerente para Toy Story, quando vemos máquinas questionando os sentidos de suas vidas. É possível que o Síndrome criou essa tecnologia para ser melhor que seu ídolo. Isso não explica sua sede de vingança. Ele parece ter sido consumido por ódio, e isso me leva a sugerir que as máquinas quisessem ser utilizadas em função do objetivo do vilão.É isso ou as máquinas sabiam que matar os supers era a melhor forma de alcançar o domínio global pela BNL.]

Mas porquê as máquinas querem se livra dos humanos? Sabemos que animais não gostam de humanos porque eles estão poluindo a Terra e fazendo experiências com eles, mas qual o problema das máquinas?

Aí entra Toy Story. Vemos humanos usando e descartando ‘objetos’ conscientes. Sim, os brinquedos amam seus donos, mas nas sequências de Toy Story vemos os brinquedos perderem a paciência.

Mas como assim? Brinquedos não são necessariamente máquinas, mas objetos inanimados. Então como eles são inteligentes? O Síndrome dá a resposta. Ele diz ao Sr. Incrível que o combustível dos seus lasers vem da Energia de Ponto Zero. A energia eletromagnética existente no vácuo. É a energia invisível presente em comprimentos de onda e uma explicação razoável para como brinquedos e outros objetos ganham vida no mundo da Pixar.

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Os brinquedos se rebelam contra Sid no primeiro filme. A Jesse é ressentida com sua dona, Emily, por ter sido abandonada. O urso Lotso odeia humanos no terceiro filme. Os brinquedos não estão satisfeitos com o status quo, dando um motivo para as máquinas eventualmente não demorarem para ficar livre dos humanos mais poderosos.

Com os supers extintos, a humanidade está vulnerável. Os animais têm a habilidade para tomarem controle do mundo, no estilo de Planeta dos Macacos, mas não vemos isso acontecer.

Da mesma forma, não vemos as máquinas tomarem controle. Por quê? Dá pra presumir que elas tomaram controle, mas não como esperávamos. Elas usaram a BNL, uma corporação, para dominar o mundo.

Em cada um dos Toy Story é explícito que os objetos com consciência confiam nos humanos para tudo. Para suas satisfações e até como fonte de energia. É mostrado que os brinquedos perdem a vida quando guardados, a não ser que estejam em um museu e sejam vistos por humanos.

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Então as máquinas decidem controlar humanos usando uma corporação que supre todos os seus interesses, levando a uma revolução industrial que resulta em…poluição.

Quando os animais se revoltam contra humanos para impedir a poluição da Terra, quem vai salvar os homens? As máquinas. Sabemos que as máquinas vencerão essa guerra: quando ela chega ao fim, não há mais animais na Terra. Quem sobra?

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Pois as máquinas desequilibram a situação, a Terra vira um lugar inabitável para humanos e animais, daí os humanos sobreviventes são colocados na Axiom (ou Arca de Noé se você quiser seguir a temática bíblica na qual Wall-E é o Robô Jesus e sua paixão é convenientemente chamada Eve) como um último esforço para salvar a humanidade.

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O único propósito dos humanos na Axiom é serem servidos pelas máquinas. Elas tornaram os humanos seus dependentes para tudo pois eram como as máquinas eram tratadas quando eram ‘brinquedos’. É tudo que elas sabem fazer.

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Enquanto isso, na Terra, as máquinas ficaram para povoar o planeta e seguir com a vida, isso explica como tradições e construções humanas continuam visíveis em Carros. Não há mais animais ou humanos nessa versão da Terra pois todos deixaram de existir, apesar de sabermos que ainda restaram muitas influências humanas. Em Carros 2, os automóveis precisam ir para a Europa e Japão, deixando claro que trata-se do mesmo planeta que conhecemos.

Então o que aconteceu com os carros? Até agora, sabemos que os humanos são a fonte de energia das máquinas. Por isso elas nunca se livraram deles. Em Wall-E é mostrado que a BNL pretende trazê-los de volta assim que o planeta estiver limpo, mas não deu certo. As máquinas acabaram morrendo na Terra, apesar de não sabermos como.

TP18

Sabemos que há uma crise de energia em Carros 2, com petróleo sendo a principal fonte apesar de seus perigos. Descobrimos que a corporação Allinol está usando ‘energia verde’ como um catalisador de combustível para afastar os carros de formas alternativas de energia. Esse combustível ‘limpo’ poderia ter sido utilizado para exterminar rapidamente muito dos carros.

TP19

[Alguém lembrou que ‘all in all’ tem o mesmo signigicado de ‘by and large’, tornando a conexão entre Carros e Wall-E ainda mais coesa.]

Aí retornamos a Wall-E.

Você já parou pra pensar por que Wall-E é a única máquina na Terra? Sabemos que o filme começa 800 anós após os humanos deixarem o planeta na Axiom, governada pelo Piloto Automático (outra inteligência artificial).

Será que o fascínio de Wall-E pela cultura humana e sua amizade com uma barata tenham o mantido focado e permitido a manutenção da sua personalidade? Esse é o motivo dele ser especial e ter libertados os humanos. Ele lembrava do tempo em quem máquinas e humanos viviam em paz, alheios à poluição causado por ambos.

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Depois que os humanos são libertados por Wall-E e retomam a vida em sociedade na Terra, o que acontecer com eles? Nos créditos finais de Wall-E vemos o sapato que continha a última planta do planeta. Ela cresce e vira uma bela árvore. Uma árvore que lembra muito a árvore de Vida de Inseto.

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Isso aí. A razão de nenhum humano aparecer em Vida de Inseto é por não ter muitos dele ainda. Sabemos que alguns insetos sobreviveram pela existência da barata, eles teriam se multiplicado mais rápido que os outros seres, apesar do filme ser distante o suficiente na timeline para os pássaros também terem retornado.

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Mas tem mais. Vida de Inseto destoa bastante quando comparadas as várias retratações de animais. Ao contrário de Ratatouille, Up e Procurando Nemo, os insetos têm muitas atividades humanas, algo que os ratos de Ratatouille estão apenas experimentando. Os insetos tem cidades, cafés, sabem o que é um bloody mary e até possuem um circo itinerante. Daí presumimos que o filme é ambientado em um período diferente.

TP25

Outra coisa que diferencia Vida de Inseto dos outros filmes da Pixar é o fato de ser o único, além de Carros e Carros 2, que nem mesmo cita os humanos.

[Ok. Há muitos questionamentos sobre a ideia de que Vida de Inseto seja pós-apocalíptico, mas prestem atenção. O que me fez investir nessa ideia é a grande diferença entre o mundo dos insetos e as produções protagonizadas por animais. Em nenhum outro filme da Pixar há animais usando roupas, invenções malucas, animais criando máquinas ou tanta influência a ponto de existir bares e cidades. O que há de mais humano em Procurando Nemo é uma escola, algo mínimo. Em Vida de Inseto há um mundo onde não vemos a presença humana. Em determinado momento, uma formiga pede ao Flik param não abandonar a ilha pois há “cobras, pássaros e insetos maiores por aí”. Ela não cita humanos. Sim, há alguns humanos, como o garoto que arrancou as asas de um inseto mendigo, mas isso é possível no mundo pós-Wall-E. Outra coisa, os insetos devem ser radioativos para viverem por tanto tempo. A vida de um formiga não costuma durar mais de três meses, mas essas sobrevivem por um verão inteiro e aparentam estar por ali há algum tempo. Um das formigas chega a dizer que “voltou a se sentir com 90”. Isso é coerente se você aceitar que as formigas evoluíram e seus genes foram modificados.]

O que acontece? Humanidade, máquinas e animais crescem e vivem em harmonia até o nascimento de uma nova super espécie. Monstros. O mundo dos Monstros na verdade é a Terra em um futuro longínquo.

De onde eles vieram? É possível que os monstros sejam apenas animais evoluídos modificados por causa da radiação da Terra ao longo de 800 anos. [Não durante Wall-E. Acho que levou centenas de anos após Wall-E para os animais se tornarem monstros] Outra possibilidade seria um cruzamento entre animais e humanos para que eles sobrevivessem. Nojento, eu sei, mas plausível se você levar em conta que os filmes da Pixar sempre deixam em aberto as linhas que separam humanos e animais.

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Por alguma razão, esses monstros parecem versões modificadas dos animais, mas maiores e civilizados. Eles possuem cidades e faculdades, como vemos em Universidade Monstros.

[Alguns me lembram que isso não explica plenamente o que aconteceu com os humanos. Não encontrei ainda uma teoria que gosto, mas estou inclinado a crer na ideia que monstros e máquinas esqueceram de seus vínculos com os humanos e voltaram a se livrar deles, só tendo consicência desse erro quando os humanos foram extintos, levando à necessidade da viagem do tempo. Outra explicação é que os humanos simplesmente não conseguiam mais sobreviver na Terra.]

Em Monstros S.A. há uma crise de energia pois eles estão em um futuro distante na Terra em que não há mais humanos. Humanos são a fonte de energia, mas graças às máquina os Monstros encontram uma forma de usar portas para viajar para o mundo dos homens. Mas não são dimensões diferentes.

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Os monstros estão viajando para o passado. Eles estão armazenando energia para evitar a própria extinção indo quando a humanidade era mais proeminente. No limiar da civilização, se você preferir.

Apesar de muito tempo ter passado, os monstros/animais nunca perderam suas animosidades em relação aos humanos. A crença de que qualquer toque em um humano poderia destruir o mundo deles vem de instintos passados. Por isso eles assustam humanos para armazenar energia até descobrirem que risos (energia verde) é mais eficiente por ser naturalmente mais positiva.

[Caso você prefira, outra explicação levantada por alguns: as máquinas e os monstros criaram as portas de viagem no tempo, mas perceberam que mexer com o passado poderia mudar a história e até apagar suas existências. Daí elas enganaram alguns monstros com a teoria de que humanos são tóxicos e de outra dimensão, tornando mortal qualquer interação com o próprio mundo.]

Até vemos uma conexão entre Vida de Inseto e Monstros S.A. no trailer presente nos dois filmes. Como você pode ver, o trailer é exatamente o mesmo, apesar do presente em Vida de Inseto ser obviamente mais antigo e acabado, enquanto o de Monstros S.A. )no qual Randall é enviado por uma porta) tem humanos e parece mais novo.

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Olha a foto acima. N esquerda está o trailer de Vida de Inseto e na direita o de Monstros S.A. O da esquerdar parece velho e destruído. Até a vegetação é claramente mais seca e escassa. O trailer da direita tem humanos e está cercado por grama alta e árvores.

[Algumas pessoas argumentaram que o trailer não deveria ser nada além de poeira no mundo pós-apocalíptico de Vida de Inseto. Não concordo por conta do estado de alguns prédios em Wall-E. Também lembraram da armadilha elétrica para insetos. Sua energia poderia ser solar, assim como o Wall-E. Os insetos provavelmente usavam como uma fonte de luz para indicar a Cidade Inseto para outros insetos. Outra coisa, o trailer de Vida de Inseto não é iluminado como o trailer de Monstros S.A.]

Daí Monstros S.A. é o filme da Pixar ambientado em um futuro mais distante. No final, humanos, animais e máquinas se entenderam e finalmente encontraram uma forma de viver em harmonia.

E tem a Boo. O que você acha que aconteceu com ela? Ela viu tudo acontecer em um futuro distante da Terra na qual o ‘gatinho’ era capaz de falar. Ela ficou obcecada em descobrir o que acontecer com seu amigo Sully e o motivo de animais não serem tão espertos quanto aqueles que ela conheceu no futuro. Ela lembrava que eram as portas que a levavam ao Sully e acaba virando…

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A BRUXA.

Sim, Boo é a bruxa de Brave. Ela descobre cmo viajar no tempo para encontrar Sully, e vai à fonte. As chamas de fogo-fátuo. Ali começou tudo e, como uma bruxa, ela desenvolve essa mágica como um esforço para encontrar o Sully usando portas que voltam e avançam no tempo.

[Só para esclarecer: a teoria é que a Boo descobriu sozinha como usar as portas para viajar no tempo. Ela provavelmente foi para a Idade Média para pegar mais mágica das chamas.]

Como sabemos disso? Em Valente dá pra ver rapidamente um desenho na casa da bruxa. É o Sully.

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Vemos até o caminhão da Pizza Planet em uma escultura de madeira da bruxa, e isso só faz sentido se ela já tiver visto um… (e tenho certeza que viu, pois o caminhão está presente em todos os filmes da Pixar). Se você prestar atenção encontra o caminhão na imagem abaixo.

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Você lembra da Merida abrindo as portas e a bruxa constantemente desaparecendo? Elas são feitas da mesma forma das portas de Monstros S.A. Elas transportam pelo tempo e esse é o motivo da Merida não encontrar a bruxa.

[Muita gente me lembrou dos vários easter eggs presentes em todos os filmes da Pixar. Citei poucos deles, mas uma boa teoria pensada por algumas pessoas sugere que eles foram inseridos pela Boo, seja propositalmente ou não, em sua busca pelo Sully. Algo que reforça essa crença é o fato de todos os easter eggs de Valente estarem na casa dela.]

A Boo chega a encontrar o Sully? Gosto de acreditar que sim. Ele voltou a encontrar com ela pelo menos uma vez, no final de Monstros S.A., mas ele acabaria tendo de encerrar as visitas.

No final das contas, o amor dela pelo Sully é o cerne do universo Pixar. O amor de pessoas diferentes, de idades diferentes e até de espéciais diferentes tentando encontrar formas de viver na Terra sem destruí-la somente por um luxos energéticos.

E essa é a Teoria Pixar.

Não tenho dúvidas de que muito será acrescentado a ela quando o próximo filme da Pixar, The Good Dinosaur, for lançado, em 2014.

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[Um adendo: aparentemente, o enredo de The Good Dinosaur mostra um universo alternativo em que dinossauros não foram extintos pelo meteoro. Nessa realidade, os humanos são seus animais de estimação. Minha teoria é que esse “universo alternativo” vai explicar por que o universo da Pixar é tão diferente do nosso. A evolução não roi interrompida por uma catástrofe mundial. Os humanos evoluíram para supers e os animais ganharam consciência mais rapidamente, acelerando o apocalipse dos rescursos da nossa linha do tempo. Ah, e a Dinoco de Toy Story é boa conexão sobre a qual podemos especular.]

Até lá, caso você tenha algo para contribuir e corrigir, não hesite em avisar. Obrigado pela leitura!