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03 Nov 20:12

JRPG Valkyria Chronicles ganha data de lançamento para o PC

by Bruno Izidro

Já havíamos falado aqui que Valkyria Chronicles iria sair dos domínios exclusivos do PS3 após seis anos e ganhar uma versão para PC em breve. A Sega não tinha dado mais detalhes da versão, mas agora sabemos exatamente a data de lançamento: 11 de novembro.

A data foi divulgada junto com a pré-venda do jogo no Steam, que dá um desconto de 10% para quem comprar agora.

A versão de PC de Valkyria Chronicles não parece receber nenhum tipo de melhoria gráfica em relação à original de PS3, mas na página do Steam é informado que ele virá com alguns extras.

São eles: duas expansões para história (Enter the Edy Detachment e Behind Her Blue Flame), desafios adicionais no Challenge of the Edy Detachment  e ainda um nível de dificuldades maior para aqueles que achavam o jogo fácil.

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Lançado originalmente para PS3 em 2008, Valkyria Chronicles fez sucesso entre os amantes de JRPG, principalmente pelo seu forte elemento tático e o visual que se assemelha a pinturas.

O jogo ainda chegou a ganhar duas continuações, mas ambas foram lançadas só para PSP. Quem sabe se o original fizer sucesso, eles também não podem aparecer para PC em breve.

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30 Oct 12:56

Direita e esquerda ainda fazem sentido? o sinistrismo inexorável da política | WTF #48

by Eduardo Pinheiro
Silvano.pereira

Muito bom esse texto!!!

As palavras “esquerda” e “direita” surgiram no discurso político com a Revolução Francesa. Quem apoiava o antigo regime, a monarquia, era de direita — os revolucionários, de esquerda.

Já aí podemos ficar com um pé atrás com qualquer um dos lados, já que a revolução, como tantas outras, com tão boas intenções, causou muitas mortes terríveis (o começo do uso do termo “terror”) — e por outro lado os abusos do sistema monárquico eram evidentes. Nenhum dos lados sai incólume ao escrutínio.

Parlamento Francês em 1789, pintura de Auguste Couder

Parlamento Francês em 1789, pintura de Auguste Couder

Embora se possa dizer que até hoje as palavras preservam algo dessa dicotomia primária — a direita representando a manutenção do status quo, e a esquerda a mudança radical –, elas, com o passar do tempo, ganharam outras dimensões. Modo geral, as pessoas não são de esquerda ou direita: elas tendem à esquerda ou à direita por terem mais crenças e motivações políticas voltadas para um ou outro lado — um esquerdista ou direitista absolutos não existem na realidade.

É preciso entender que há também certa fluidez espaço-temporal na terminologia.

A direita nos EUA, por várias décadas, defendeu valores de família e religião — mas ela não começou assim, e o seu futuro também parece seguir na direção natural de não enfatizar tanto estes temas, ainda que permaneçam muito fortes por lá hoje.

Aqui no Brasil entendemos “liberal” (neoliberal, no caso) como alguém que privatiza, é fiscalmente conservador, deseja menos intervenção do estado, etc. E, portanto, a esquerda aqui reconhece isso como direita. Porém, o termo “liberal” é mais usado hoje na língua inglesa para indicar a esquerda, os valores do multiculturalismo, e outros assemelhados, tais como legalização de drogas e direitos de minorias como homossexuais e  imigrantes. A palavra tem um vasto histórico no espectro político, e geralmente está mais à esquerda.

É preciso também frisar que, no discurso coloquial, tanto direita quanto esquerda são muito usadas como simples xingamento. No entanto, qualquer pessoa que entenda o que é política sabe que esta só funciona bem num jogo de tensões, que por sua vez requer duas condições: a existência de diversidade de visões e a disposição para algum grau de diálogo onde se abre mão de certas coisas para obter outras mais importantes ou urgentes.

O problema atual, particularmente nos EUA — mas como a sociedade é culturalmente cada vez mais global isso também se estende até nós –, é que a direita perdeu a capacidade racional, não tem mais carisma ou fator cool, e não possui qualquer lastro moral. Isso se deve à decadência econômica provocada pela desregulação ao longo de 30 anos e a falência moral de várias guerras caras e mal justificadas.

O fracasso da doutrina do trickle-down (a ideia de que se a economia como um todo enriquece, todo mundo se beneficia, o dinheiro “transborda” dos mais ricos e “escorre” automaticamente para as camadas mais pobres) é mais que evidente, embora essa seja uma entre tantas “ideias zumbi” (a gente acha que já enterrou, com evidências, mas que segue no discurso desavisado).

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O fato é que a desigualdade aumentou mais nos países de economia mais desregulada, por ação da direita, que portanto se tornou profunda e totalmente desacreditada.

Aqui no Brasil qualquer “direita” que tenha se apresentado nas últimas eleições só consegue relevância com dois poréns: prometer manter os programas sociais extremamente efetivos e mundialmente elogiados (mas que violam a ânsia meritocrata de certa parcela da classe média frita por imersão), e atacar moralmente as extremamente carismáticas figuras da esquerda. Isto é, se a direita se assume direita e concorre só com o prospecto médio da direita, não tem nem chance.

Antes se dizia que nossa direita tendia ao centro: nem isso, ela efetivamente é uma esquerda mais moderada, com o único apelo de tentar retirar do poder a posição, odiada fortemente por grande parcela da sociedade, muitas vezes sem muito entendimento do espectro político ou vontade de se designar isso ou aquilo. Chamamos de “direita” porque está um pouco mais a direita da posição, que sem dúvida não é tão esquerda quanto poderia ser.

Isso não quer dizer, porém, que a direita, mundialmente falando, não tenha poder residual, e não fascine uma minoria da população. Ela ainda tem eleitores localizados, e a força econômica do petróleo e armamentos. Mas culturalmente os valores religiosos tradicionais da direita se tornaram coisas de gente que aos poucos simplesmente morre de velho, e a educação e disponibilização de informação cada vez torna mais difícil aquele eleitor sem dinheiro ou poder que compra o sonho vendido pelo 1%.

Aqui no Brasil, a bancada religiosa assusta porque o Facebook a “elege” forte inimiga, chama atenção sobre ela, e nesse processo angaria atenção e votos dos “do contra” e ressentidos para ela. Mas é só uma questão de tempo: as coisas já estão melhores e tendem a melhorar, se falamos em termos de valores liberais e seculares.

Em termos econômicos, então, não tem nem graça.

Ou seja, até faz sentido que um bilionário ou CEO de uma Fortune 500 acredite e promova doutrinas que beneficiam a si ou a sua empresa — mas o tipo trabalhador, pai de família, sem educação universitária que promove a meritocracia e o conservadorismo fiscal (governo menos inchado), esse existe apenas por um lapso momentâneo da razão, e pela “manufatura de consenso”.

Esse tipo de contradição viva está fadado ao desaparecimento — embora, claro, o Brasil ainda tenha uma vasta fatia deles, porque justamente a nossa velha classe média, por mais arroxada e verdadeiramente surrada que esteja (o que não é uma boa coisa, preciso frisar, ainda que a classe média emergente seja), ainda guarda valores do antigo regime (o Francês mesmo, da revolução de 1789), com empregados domésticos e senso de superioridade perante a ralé.

E tanto aqui quanto nos EUA haja interesse de parcela velha (e muitas vezes educacionalmente falando, ignorante) da população por coisas como Fox News e Veja. Mas, seguindo e provando meu argumento, TV e revista são mídias do século passado, cada vez mais irrelevantes por sua própria natureza.

Cid Moreira e Hilton Gomes na primeira edição do Jornal Nacional, em 1969

Cid Moreira e Hilton Gomes na primeira edição do Jornal Nacional, em 1969

A direita, para se manter relevante, precisa também lidar com o fato de que seus valores morais familiares já foram pro saco, uma vez que a guerra cultural foi vencida (é só estudar e traçar demográficos e seguir as curva ascendentes nos próximos 20 ou 40 anos). Os valores de tolerância e multiculturalidade da esquerda já venceram. Óbvio: isso não quer dizer que aqui e ali a intolerância não venha a se tornar poderosa — mas se tivéssemos feito uma pesquisa longitudinal desde a renascença, veríamos tais valores naturalmente progredindo em todas as culturas, e dando verdadeiros saltos com a comunidade global a partir dos anos 60.

O que a direita vende e que ainda cola para algumas pessoas é a força da liberdade individual, e a meritocracia. Mas qualquer discussão sobre meritocracia e liberdade que não se depare com evidências científicas e dificuldades filosóficas é simplesmente pobre. Ora, todo mundo concorda que trabalho duro e poder de escolha são bons valores. O que todo mundo também vê é que apenas trabalho duro não é suficiente, e que é um dever humanitário promover maior igualdade; todo mundo também vê que a liberdade é fácil de vender como ideal, mas que poder escolher entre várias marcas de pasta de dente não é exatamente o que se espera da glória do espírito humano.

Há outras liberdades além do consumo, e ser tratado como e manter uma auto-imagem de consumidor não é exatamente liberdade.

Ironicamente, com a conversão das sociedades totalitárias de esquerda ao capitalismo (mas, em muitos casos, sem a superação do totalitarismo!), se chegou a pensar numa derrota da esquerda, enquanto que o oposto parece ter acontecido. Aqui no Brasil ainda há proponentes da doutrina do “fim da história”, que nenhum acadêmico no mundo leva a sério desde os anos 90, onde ela surgiu e onde, no âmbito esclarecido, ficou.

Com o fim de certo estereótipo comunista, fomentado tanto pelo extremo particular do esquerdismo que se fundou na revolução de 1917 quanto pela propaganda contra esse extremo, a esquerda justamente começou a fazer a justa oposição aos problemas do capitalismo. Aquele que ataca a esquerda prefere o espantalho do totalitarismo soviético — mas a maior parte da esquerda de todos os tempos reconhece o capitalismo como uma realidade, quase que como uma realidade da natureza humana.

A divisão só ocorre entre o extremo de tentar superá-lo completamente e encontrar uma alternativa (e as tentativas desajeitadas do passado são, justamente, apenas isto, tentativas desajeitadas), ou controlá-lo de alguma forma. Ambos os projetos são esquerda: conviver com o capitalismo ou buscar uma alternativa; e mesmo o marxismo previa uma transição gradual, isto é, mesmo a esquerda um pouco mais utópica, que deseja o fim do capitalismo, entende que será necessário lidar com o capitalismo por algum tempo.

Ora, foi justamente essa a discussão em torno de transformar um país feudal num reino socialista que deixava os esquerdistas mais técnicos de cabelo em pé: mesmo nos planos mais mirabolantes e oitocentistas de Marx o capitalismo bem azeitado era considerado uma etapa essencial – ele precisava funcionar direito, ser estabelecido, para revelar suas contradições.

Um bando de camponeses analfabetos que em quarenta anos passou a construir submarinos e reatores nucleares, e dez anos depois botou gente no espaço? Até que, sob certo aspecto, a URSS “funcionou” — mas muito surpreendentemente (e claro, à custa de muito sofrimento por parte da população), porque se tratava de um país montado em peças de lego sujas e meio quebradas, por um bando de crianças abusadas e ressentidas, e onde uma classe de burocratas simplesmente tomou o lugar da aristocracia.

Aliás, a Rússia ainda é assim: pré-revolução francesa, com um governo que opera como a máfia — haja capitalismo, ou não haja.

Vladimir Putin

Vladimir Putin

Porém, se essa gente do esquerdismo técnico nos mil e oitocentos se deparasse com a informação de que o capitalismo poderia rapinar e destruir completamente a terra nesse processo, tornando qualquer futuro absolutamente difícil, talvez as loucas teorias de previsão histórica, e de planejamento utópico, da esquerda fossem outras. Mas o fato é que Marx pode até iluminar certas críticas ao capitalismo, mas a esquerda já está muito à frente de Marx e das utopias teratogênicas que ele inadvertidamente produziu.

A esquerda, hoje, é representada por gente como Russell Brand: jovem, altamente articulada e cool, por mais que um tanto improvisada e, em certos sentidos, superficial. E essa gente sabe que a ênfase do marxismo na visão econômica está datada: para Brand, o problema político é um problema espiritual. O que isso quer dizer? Que falta na política pasteurizada da representação uma visão integral, em que ética e praticidade podem coexistir.

E a política ganha outras ações além do voto e da revolução violenta.

Além disso, a própria direita nem sempre foi contra o controle de certos aspectos do capitalismo. A direita que visa a total liberdade da economia (o anarcocapitalismo, ou certas formas de libertarianismo) é só um estilo da direita que começa a ficar em voga, talvez tão extremo quanto o comunismo soviético foi para a esquerda.

Mas ele será mesmo “direita”?

Quando os valores religiosos e de família são extirpados, o poder do estado é diminuído ao mínimo, o que resta não é esquerda ou direita — não chega a ser um plano político, mas sim um gozo psicopático com algum tipo de futuro pós-apocalíptico ao estilo de Mad Max, cada um por si e fodam-se os outros. O que é claramente, ainda que infelizmente, uma das alternativas possíveis para o futuro, mesmo sem a intervenção das forças organizadoras da direita e da esquerda, ou de visões mais moderadas de quaisquer tipos.

Ora, Adam Smith era um moralista. Ele acreditava que se todo mundo tivesse agulhas baratas fabricadas em linhas de montagem da revolução industrial, isso beneficiaria a todos. Os maiores pensadores do capitalismo, até o século XX, se preocupavam com o bem estar público e com a desigualdade. Foi só no século XX que a visão abertamente psicopata da ganância se tornou aceitável — na mesma época em que se reagia contra os monstros da esquerda.

Ainda assim, considerando as questões sociais, ambientais e econômicas, globalmente, em termos de vontade popular, estamos hoje naturalmente tendendo para a esquerda. Cada vez mais e progressivamente, uma tendência que já foi chamada de “sinistrismo”. Excluindo-se os extremos da direita religiosa ignorante, e da não-direita/não-esquerda do anarcocapitalismo extremista, a direita parece ter pouco a dizer, e nenhuma representatividade efetiva, nem naqueles modos extremos.

Ela só está no congresso estadunidense pela terrível distorção que o sistema eleitoral distrital deles promove, bem como pela força do lobby armamentista e do petróleo — mas nem mesmo as populações sulistas, se houvesse uma reorganização distrital, efetivamente elegeriam republicanos.

Quem ainda se acha de direita, deve se perguntar qual é a função do estado. Se a função do estado não for o bem estar social, tudo bem, você é algum tipo de psicopata, mas pelo menos é coerente. Se considera a função do estado como sendo o bem estar social, e você ainda acredita no trickle-down, leia mais. Se você não acredita, você é de esquerda.

Você e o Russel Brand

Você e o Russel Brand

É claro, se falamos do compasso político, temos dois eixos, que podemos chamar de liberal e conservador, e social e econômico. Se você coloca a economia como um valor maior do que o bem estar social — basta a prioridade ser essa, independente de suas teorias sobre qual vem primeiro para resolver a outra — você é de direita. Caso contrário, você é de esquerda.

No outro eixo, se você acredita que os direitos individuais são mais importantes do que os valores coletivos (promovidos pela tradição, pelo governo, pela família), você é liberal. Caso contrário, você é conservador, ou autoritário.

Então podemos ser liberais de esquerda ou direita, e conservadores (autoritários) de direita ou esquerda. Modo geral, é muito raro uma pessoa se encontrar no extremo de qualquer desses eixos.

O discurso estereotipado, no entanto, é o que você vai encontrar nas caixas de comentários dos sites da vida. Aqui nos comentários do PapodeHomem eu já fui xingado de “esquerdista” — ora, é óbvio que eu sou de esquerda, e na verdade acho que quem não é de esquerda tá perdido no tempo, é louco ou estúpido. A função do estado é defender os fracos, ajustar a meritocracia para que ela se torne eficiente e justa. No entanto, eu não xingo ninguém de “direita”, nem faria sentido isso: se a pessoa tem ideias de direita, por mais estúpido que isso seja, é prerrogativa dela.

E eu consigo entender o valor do mérito, do esforço individual e dos problemas inerentes ao estado com burocracia e corrupção. Em outras palavras, é porque eu entendo a direita e não a acho suficientemente cogente, que a posso criticar.

O máximo que eu posso fazer quando encontro alguém de direita é dizer que a pessoa está errada. Agora, me xingar de esquerdista não é como eu dizer que acho que alguém que segue certas ideias de direita é lunático (o que já é meio impolido, mas aceitável), é dizer que “esquerda”, como um valor em si, é xingamento suficiente! Isso é se recusar a entender a esquerda como articulação racional.

Isso não é pensamento político, é torcida de futebol.


por Eduardo Pinheiro








30 Oct 12:37

Medo de povo

by Paulo Roberto Silva
"Ódio à democracia", de Jacques Rancière. (Boitempo Editorial, 2014, 125 páginas)

“Ódio à democracia”, de Jacques Rancière. (Boitempo Editorial, 2014, 125 páginas)

Brasília, 26 de outubro de 2014, 20h. Assim que o TSE divulgou o resultado parcial da apuração, o chorume tomou conta das redes sociais. Foi um chorume anti-Dilma, mas poderia ter sido um chorume anti-Aécio. Afinal, em 5 de outubro já havia rolado um chorume deste tipo contra a reeleição de Alckmin no primeiro turno e a eleição de uma bancada parlamentar mais conservadora que a atual (eu participei desse chorume, confesso).

Por isso, não podia ser menos oportuna a leitura de Ódio à democracia de Jacques Rancière. Escrito há 9 anos, o texto reflete sobre um momento particular da história europeia recente que se assemelha um pouco à situação brasileira atual. Em 2005 os políticos franceses, gaullistas e socialistas, foram derrotados em um plebiscito sobre a chamada “Constituição Europeia”. Chamado a referendar um acordo já assinado, o eleitorado francês achou por bem ter um papel ativo nesse processo e disse não, criando uma crise para o processo de integração continental.

Rancière não reflete sobre o plebiscito, mas à reação a ele. Em seu livro, o filósofo francês analisa um tipo de crítica à democracia que não questiona as instituições, mas “o povo e seus costumes”. Para eles, o problema é que a democracia é “real demais”. Ou seja, o poder emana do povo, mas espera-se que esse povo se comporte conforme certos padrões desejados pela elite política.

Assim parece ser conosco. Como na França, quando o eleitor comprou o discurso da extrema direita e extrema esquerda contra a União Europeia, aqui também uma escolha inesperada do eleitor/cidadão – junho de 2013, rolezinho, eleições – coloca a classe política e a claque que os segue em estado de estupefação. Basta ver o curto-circuito mental que afeta essa gente esclarecida diante desses fatos que fogem ao senso comum.

Onde está o problema? Para Rancière, a política se faz na contraposição entre a democracia e o governo oligárquico. A partir de uma reflexão que remonta a Platão e passa por Hobbes e Rousseau, o filósofo apresenta a democracia como o governo dos desqualificados para o governo, em oposição às escolhas com base em competências – o mais forte, o mais rico, o mais sábio. No exercício democrático, esses critérios sistematicamente apresentados pelos partidos para qualificar o melhor governo – o mais competente, o mais alinhado ideologicamente – são expostos à desconstrução pela ideia revolucionária de que qualquer um pode governar. A este equilíbrio instável entre democracia – governo de qualquer um – e oligarquia – governo dos melhores – Rancière chama de política.

E o que leva a Boitempo a publicar a tradução deste texto justo agora? A orelha escrita por Renato Janine Ribeiro, que incorporou a leitura de Hobbes por Rancière em seus trabalhos e já coordenou a edição de outro texto do autor, entrega:

um número expressivo de membros da classe média os desqualifica, alegando diversos pretextos. Para eles, o Brasil era bom quando pertencia a poucos. Assim, quando os polloi – a multidão – ocupa os espaços antes reservados às pessoas de ‘boa aparência’, uma gritaria se alastra em sinal de protesto

Renato Janine mira no que viu e acerta o que não viu. Sim, de fato a ascensão da chamada classe C incomoda uma certa classe média tradicional. Mas, sinto informar, esse incômodo é maior e afeta inclusive aqueles que posam como “defensores dos pobres”. Porque, como Rancière acaba demonstrando, também esses esperam da massa um certo “bom comportamento” – e quando essa massa elege o coronel Telhada, também essa elite de esquerda fica incomodada e acha que existe “democracia demais”.

-- leia mais de Paulo Roberto Silva --


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27 Oct 11:39

LG está fabricando processador de oito núcleos para seus próximos smartphones

by Chris Mills

Um fator que certamente ajudou a Samsung a quase dominar o mercado Android nos últimos anos foi fabricar componentes próprios e usá-los em sua vasta gama de aparelhos. Talvez por isso, a LG agora está fabricando seus próprios processadores.

O primeiro chip móvel da LG se chama NUCLUN e usa a arquitetura big.LITTLE da ARM. São quatro núcleos Cortex A15 de 1,5 GHz para o trabalho pesado, e quatro núcleos A12 de 1,2GHz que ajudam a economizar bateria.

Vimos essa configuração octa-core há muito tempo, implementada inicialmente pela Samsung no chip Exynos 5 Octa, presente no Galaxy S4. Mas é a primeira vez que a LG faz alo semelhante; antes, ela usava apenas SoCs de outras fabricantes, como a Qualcomm.

É uma estratégia interessante, à medida que a LG cresce no mercado de smartphones. A empresa ainda não divulgou o resultado do terceiro trimestre mas, entre abril e junho, as vendas de smartphones aumentaram 19,8% em relação ao mesmo período do ano passado, graças especialmente ao LG G3.

O processador NUCLUN fará sua estreia esta semana na Coreia do Sul com o LG G3 Screen, um phablet de 5,9 polegadas com tela IPS 1080p, 2 GB de RAM e Android 4.4 KitKat. A empresa ainda não revela quando veremos os novos chips em produtos ao redor do mundo. [LG]

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27 Oct 11:38

iPhone 6 deve romper barreira dos R$ 3.000 no modelo mais básico

by Felipe Ventura

O preço de alguns smartphones high-end no Brasil está chegando a patamares aterrorizantes. Fabricantes como Apple e Samsung começaram a lançar produtos a R$ 2.399, depois a R$ 2.799, e agora podem romper a barreira dos R$ 3.000.

O MacMagazine recebeu os possíveis preços do iPhone 6 e 6 Plus no Brasil, vindos “de uma fonte que já se mostrou confiável no passado”. A data de lançamento ainda é uma incógnita – provavelmente será em dezembro – mas os preços devem ser esses:

  • iPhone 6 (16 GB): R$ 3.199
  • iPhone 6 (64 GB): R$ 3.599
  • iPhone 6 (128 GB): R$ 3.999
  • iPhone 6 Plus (16 GB): R$ 3.599
  • iPhone 6 Plus (64 GB): R$ 3.999
  • iPhone 6 Plus (128 GB): R$ 4.399

Isso representa um aumento de R$ 400 se comparado aos preços do iPhone 5S no lançamento. (Eles baixaram um pouco desde então.) Nos EUA, os preços continuam os mesmos do ano passado.

No Brasil, esse possível aumento fica entre 11% e 14%, superior à valorização do dólar, que chega a até 9%. (Próximo ao lançamento do iPhone 5S, o dólar flutuava entre R$ 2,30 e R$ 2,35; agora, ele chega a R$ 2,50.)

No ano passado, quando Apple e Samsung testaram novos patamares de preço, a história era semelhante. Ou o dólar havia valorizado menos que o aumento do preço, ou havia desvalorizado. Novos smartphones, invariavelmente, chegavam ao Brasil cada vez mais caros.

Algumas fabricantes, infelizmente, seguiram esse exemplo: a Sony vai lançar o Xperia Z3 por R$ 2.699, mais caro que o preço do Z2 há cinco meses.

Mas o jogo está virando. A LG lançou o G3 por R$ 2.299, e é possível encontrá-lo por muito menos. A Microsoft lançou o Lumia 930, top de linha, por menos de R$ 2.000. E, claro, a Motorola aposta em preços bem competitivos: o novo Moto X custa até R$ 1.499.

Resta ver qual caminho a Samsung vai seguir: o Galaxy Note 4 chegará este mês ao Brasil, ainda sem preço definido.

Fonte confiável, mas valor oficial pode ser diferente

O MacMagazine acerta bastante ao antecipar preços de iDevices. Uma semana antes do lançamento oficial dos iPhone 5c e 5S no Brasil, eles vazaram os preços corretos. O mesmo se repetiu com o lançamento do iPad Air por aqui. Ou seja, eles têm um bom histórico.

Mas vale notar uma coisa: esses preços podem mudar, para mais ou para menos, até que o iPhone 6 e 6 Plus cheguem ao Brasil.

Por exemplo: no ano passado, o MacMagazine divulgou uma lista de possíveis preços do iPhone 5s, dizendo que ele custaria até R$ 3.099. Uma semana depois, o site disse que “quase todos os valores foram atualizados — para mais, é claro — nos sistemas internos de redes varejistas”, e o iPhone custaria até R$ 3.599. Isso se confirmou. [MacMagazine via Olhar Digital]

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27 Oct 10:04

O fascinante caminho que nos levou até os efeitos especiais gerados por computador

by Ron Miller

As raízes do CGI – imagens geradas por computador – estão nas primeiras ferramentas mecânicas criadas para desenhar e pintar. Elas foram desenvolvidas para resolver um problema que todo artista descobriu ser complicado: a perspectiva.

Antes da perspectiva geométrica, a representação realista da natureza não era um dos propósitos da arte. Em vez disso, os artistas escolhiam o tamanho e a posição de um objeto baseados em sua importância relativa na imagem. Um castelo distante podia parecer maior do que outro no primeiro plano, simplesmente por ser considerado mais importante.

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O artista italiano Filippo Brunelleschi (1377—1446) criou as regras da perspectiva no começo do século XV. Suas descobertas levaram os artistas a representar o mundo como ele realmente era visto pelo olho humano. Alguns artistas, como o alemão Albrecht Dürer (1471—1528), chegaram a produzir ferramentas especiais que os ajudavam a criar desenhos com perspectiva matematicamente perfeita. Talvez esses tenham sido os primeiros equipamentos mecânicos criados para criar arte.

historia cgi (1)A maior parte dos artistas rapidamente adaptou essas novas tecnologias para usar em suas obras. Nos séculos seguintes, eles usaram todo tipo de máquina para facilitar a produção de arte. Por exemplo, o pantógrafo (imagem abaixo) é um equipamento mecânico simples que cria uma versão ampliada ou reduzida de um desenho. Pantógrafos não só continuam sendo usados por artistas atuais, como também possuem várias aplicações na indústria moderna.

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Artistas também usam a câmera escura. As primeiras delas eram salas de verdade, à prova de luz, com um pequeno buraco em uma das paredes que davam para o lado de fora. Os visitantes podiam ver uma imagem do ambiente externo projetada na parede oposta.

Camera_Lucida_in_use_drawing_small_figurineA câmera lúcida é inspirada nesse conceito. Ela consiste em uma pequena caixa com um orifício minúsculo apontado para um objeto. Assim, a luz passa pelo orifício e projeta a imagem do objeto na superfície onde o artista está desenhando ou pintando. Dessa forma, ele consegue facilmente traçar a imagem.

A câmera lúcida ainda é uma ferramenta valiosa, usada por muitos artistas hoje em dia; mas ela acabou evoluindo para o que conhecemos hoje apenas como…

A câmera

Às vezes, uma inovação não é recebida com entusiasmo geral. Depois da invenção da fotografia, no começo do século XIX, o pintor Paul Delaroche disse que a fotografia “satisfaz completamente todas as necessidades da arte”. Com isso, ele queria dizer que uma fotografia poderia substituir um artista, então os pintores se tornariam inúteis. Delaroche exprimiu os sentimentos de muitos pintores acadêmicos, que se sustentavam fazendo pinturas altamente realistas: retratos, paisagens, cenas históricas e por aí vai, para agradar seus patronos ricos. A câmera poderia capturar cenas com uma precisão que o melhor dos pintores não poderia alcançar. A fotografia também era barata e poderia ser feita por qualquer um.

Muitos artistas, no entanto, rapidamente perceberam as possibilidades da fotografia, olhando para ela não como uma rival, mas como uma aliada. Por exemplo, Eugène Delacroix (1798—1863) estudava o corpo humano utilizando fotografias de pessoas nuas. Ele também fazia pinturas e desenhos baseados em fotos.

historia cgi (3)Diversos outros artistas começaram a fazer isso também, pois era mais fácil trabalhar com fotos do que com modelos, que podiam se mover e também cobravam pelo seu tempo. (Eadweard Muybridge fez disso uma ciência e, no processo, formou as bases para o cinema… mas isso é outra história).

Enquanto isso, outros artistas descobriram que era vantajoso deixar para a fotografia a entediante representação da realidade. Isso os deixou livres para explorar outros aspectos da cor, da luz e da composição. O impressionismo e outras escolas da arte que nasceram no final do século XIX poderiam ter sido adiadas por décadas, senão mais, não fosse a libertadora influência da fotografia.

historia cgi (4)O aerógrafo foi outra inovação mecânica transformadora. Inventado em 1879 por Abner Peeler, ele usa ar comprimido para criar um jato de partículas bem finas de tinta. Ajustando a pressão do ar e a quantidade de tinta, os artistas podem criar linhas e formas tênues, e misturar cores de forma suave. O aerógrafo também cria efeitos de luz incríveis. Ainda que seja uma ferramenta muito valiosa, ele às vezes era usado de forma exagerada; pintores tradicionais costumam considerá-lo uma forma de trapaça.

Muitos artistas profissionais não gostam de ver pessoas facilmente criando belos efeitos usando o aerógrafo. É que, infelizmente, o efeito pode até ser bonito, mas a arte sai ruim. O aerógrafo logo foi associado, talvez injustamente, a obras baratas, de mau gosto, amadoras. Mesmo que ele tenha se tornado rapidamente um dos instrumentos mais importantes para artistas modernos que trabalham com publicidade e ilustração, muitos outros artistas desdenham dele.

Arte e matemática

Cientistas vêm, há muito tempo, explorando a conexão entre o numérico e o visual. Há mais de um século, eles usam máquinas e outros equipamentos para transformar dados numéricos em formas visuais.

historia cgi (6)Por exemplo, em 1787 o físico alemão Ernst Chladni descobriu que, quando ele passava um arco de violino pela borda de uma placa de metal coberta de areia fina, formavam-se padrões complexos na areia. Dependendo de onde a placa fosse roçada pelo arco, ele poderia criar diferentes padrões. A descoberta de Chladni foi usada de forma prática no design de instrumentos musicais. Porém, os padrões em si são bonitos e são, talvez, um dos primeiros exemplos de arte gerada mecanicamente.

historia cgi (7)O osciloscópio, que detecta pulsos elétricos e os traduz para ondas em uma tela, é provavelmente a primeira máquina eletrônica produzida para transformar dados numéricos em formas visuais. O cientista alemão Karl Ferdinand Braun desenvolveu o primeiro osciloscópio em 1897. A tecnologia básica da invenção de Braun incluía um tubo de raios catódicos, que um dia se tornaria a TV de tubo.

Claro, algumas mentes criativas viram potencial para a arte nas ondas perfeitas do osciloscópio. Era possível criar formas especiais de onda no equipamento modificando os dados inseridos nele; dessa forma, artistas talentosos podiam produzir ondas espetaculares com linhas complexas. Mas a única forma de salvar a imagem de um osciloscópio era tirando uma fotografia de sua tela.

historia cgi (8)Dois equipamentos criam padrões semelhantes aos dos osciloscópios, mas através de meios puramente mecânicos. O harmonógrafo foi um popular item caseiro no final do século XIX. Ele usava o princípio do pêndulo para criar padrões complexos de linhas espiraladas. O harmonógrafo mais simples usa um pêndulo oscilando sobre uma área de areia macia. Conforme o pêndulo oscila, um ponto traça padrões na areia. Matemáticos chamam esses padrões de curvas de Lissajous.

Em outras versões, a ponta do pêndulo consiste de um cone largo (como um copo de papel) cheio de areia fina. A areia é drenada por um pequeno buraco na ponta. Surgem padrões muito complexos ao se combinar vários pêndulos; por exemplo, quando um pêndulo oscila pendurado de outro. Um harmonógrafo que crie padrões realmente complexos pode ser bem grande, ainda que fácil de se construir.

historia cgi (9)Em 1966, a fábrica de brinquedos Kenner apresentou o espirógrafo pela primeira vez. O brinquedo, bem simples, tem várias engrenagens redondas e anéis dentados de plástico, capazes de criar belas curvas. O brinquedo é baseado em um tipo de curva matemática chamada de trocoide.

historia cgi (10)

Se você pega uma circunferência e a faz girar ao longo de uma linha reta, a trocoide é a trajetória de um ponto dessa circunferência:

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Imagine um refletor preso a uma roda de bicicleta. Quando a roda gira, o refletor faz um círculo, conforme gira em torno do centro. Mas, quando a bicicleta se move, o refletor segue uma curva que lembra uma série de arcos.

Se o ciclista andasse com sua bicicleta em uma superfície curva, o refletor traçaria uma curva ainda mais complexa, chamada de epitrocloide. Se mais círculos forem adicionados, as curvas ficam ainda mais complexas.

O computador

Os primeiros computadores, do final dos anos 40 e dos anos 50, forneciam dados por meio de equipamentos semelhantes a máquinas de escrever. Em geral, esses dados eram dispostos em colunas de números e letras. Artistas perceberam que essas letras e números podiam ser vistos como áreas de luz e sombra. Por exemplo, um “m” ou um “x” parecia mais escuro na página do que um “o”, um “i” ou um ponto final. Assim, seria possível criar imagens inserindo os comandos certos no computador – esta é a base para a arte em ASCII.

Usando combinações de diferentes caracteres, os usuários criavam imagens complexas e surpreendentemente realistas. O processo é muito similar à forma em que fotos preto e branco são reproduzidas em jornais, revistas e livros. A foto é decomposta em pequenos pontos; o tamanho do ponto determina se ele é mais escuro ou mais claro.

Uma impressora plotter é outro equipamento que cria imagens com o computador. Trata-se de uma caneta que o computador move sobre uma folha de papel, em duas direções: para cima e para baixo, para trás e para frente. Combinando esses dois movimentos, os usuários podiam fazer o computador desenhar curvas complexas. Os plotters podem criar trabalhos muito detalhados e, também, trabalhar em grandes dimensões. As pessoas logo perceberam que os computadores poderiam ser usados para criar curvas e gráficos visualmente atraentes. Portanto, o computador poderia ser uma ferramenta para se criar arte.

A primeira arte computadorizada

As primeiras ferramentas usadas para a produção de arte eletrônica, uma predecessora da arte digital, foram originalmente projetadas para testarem equipamentos de som. A empresa que se tornaria a Hewlett-Packard desenvolveu o primeiro desses produtos, um oscilador de áudio. Esse instrumento cria um tom ou uma frequência pura de cada vez. As ondas produzidas por esse tom podem ser exibidas na tela de um osciloscópio. Os padrões na tela do osciloscópio fornecem informações sobre a onda e sobre sua fonte a cientistas e engenheiros.

historia cgi (11)Ben Laposky, um artista e matemático americano, percebeu que, ao mudar os dados de entrada, ele podia criar seus próprios padrões. Em 1950, ele produziu as primeiras imagens gráficas feitas por uma máquina eletrônica. Laposky capturou suas imagens feitas com o osciloscópio eletrônico fotografando-as com um filme de alta velocidade. Ele as chamou de oscilons e abstrações eletrônicas.

Enquanto isso, o artista vienense Herbert W. Franke também criava imagens eletrônicas. Elas eram similares às de Laposky, mas refletiam suas próprias sensibilidades e metas artísticas. Franke escreveu o primeiro livro sobre arte digital: Computer Graphics-Computer Art (1971).

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John Whitney Sr., que estudou música e fotografia, seguiu de perto os trabalhos de Laposky e Franke. Nos anos 1940, Whitney e seu irmão James criaram um filme experimental que ganhou o primeiro lugar em um festival de cinema da Bélgica. Seu trabalho em 1955, como diretor de animação no famoso estúdio de animação UPA, o levou a uma parceria com o designer gráfico Saul Bass. Juntos, eles criaram a sequência de abertura do filme Um corpo que cai (1958), de Alfred Hitchcock, além de arte gráfica para programas de televisão.

Em 1960, Whitney fundou a Motion Graphics Incorporated. A empresa usava um computador para produzir cenas e comerciais para cinema e televisão. O próprio Whitney construiu o computador, a partir de eletrônicos excedentes da guerra, que evoluiu gradualmente até se tornar uma máquina enorme com 3,5 m de altura. Whitney continuou aperfeiçoando seu computador e os efeitos que ele criava.

Em 1961, Whitney produziu um filme colorido de sete minutos chamado Catalog. Nesse filme, ele mostrou todos os efeitos que tinha aperfeiçoado com seu computador caseiro. Ele alcançou reconhecimento mundial por seu trabalho com o computador analógico. Em 1966, a IBM concedeu a ele o status de primeiro artista residente, permitindo que ele explorasse livremente o potencial da computação gráfica.

Os primeiros artistas digitais

Em meados dos anos 1960, alguns artistas começaram a explorar combinações entre a tecnologia dos computadores e a arte. Até então, os experimentos artísticos com computadores estavam mais ou menos limitados aos engenheiros – só eles tinham a perícia técnica para usar computadores.

Não existiam os softwares interativos que estão disponíveis tão facilmente hoje em dia: programas tinham que ser criados do zero, feitos sob medida para cada computador. Além disso, até os anos 1970, computadores eram enormes e muito caros.

historia cgi (12)O Sketchpad foi o primeiro programa projetado especialmente para criar desenhos. Ivan Sutherland desenvolveu o programa no MIT, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts, em 1963, usando um dos computadores mais avançados da época. A máquina em si ocupava um espaço de 93 m². Ela tinha 320 KB de memória, guardada em um núcleo com cerca de 0,8 m³. Usuários alimentavam os programas do computador com uma fita de papel perfurado, enquanto os desenhos apareciam em um monitor preto e branco de sete polegadas.

Muitos artistas e cientistas se tornaram parceiros de sucesso na criação da primeira obra de arte auxiliada por computador, mas essa colaboração demorou a chegar. Cientistas realizaram as primeiras exposições de arte feita com computadores em 1965, mas exibiram apenas trabalhos criados por cientistas. Dois anos depois, no entanto, os artistas Billy Kluver e Robert Rauschenberg fundaram um organização chamada Experiments in Art and Technology (EAT). A organização, financiada em parte pelos Laboratórios Bell (mais tarde conhecidos como Luminent), tentava fazer a ponte entre artistas e cientistas. Alguns importantes artistas avant-garde contribuíram com seus trabalhos, incluindo Robert Rauschenberg, Andy Warhol, Jasper Johns e o compositor John Cage.

O trabalho desses artistas famosos pode ser encontrado em grandes museus e galerias ao redor do mundo. Não é surpresa que esses artistas em particular tenham adotado a nova tecnologia. A maioria deles já vinha usando novas tecnologias na criação de suas obras, então passar para a arte digital provavelmente era fácil e natural. Rauschenberg, por exemplo, criava montagens elaboradas com o auxílio de técnicas fotográficas. Warhol utilizava os processos de meios-tons empregados ​​na criação de fotos em jornais e revistas. E John Cage há muito se interessava por música eletrônica. O interesse desses respeitados artistas pela arte digital formou um tipo de selo de aprovação oficial. As pessoas que antes desdenhavam do computador na arte passaram a se interessar por ele.

Em 1968, Jasia Reichardt criou uma exposição de dois meses, chamada Cybernetic Serendipity, no Instituto de Artes Contemporâneas em Londres. Ela incluiu obras de 325 artistas e cientistas de todo o mundo, incluindo obras importantes de John Cage, John Whitney Sr., Charles Csuri, Michael Noll e muitos outros. A exposição depois seguiu para Washington, D.C. e San Francisco. Ainda que não tenha sido a primeira exposição do tipo, ela foi uma das maiores, e levou ao mundo da arte e ao público em geral a arte eletrônica e computadorizada.

Em 1968, a artista húngara Vera Molnár começou a usar o computador para transformar formas geométricas básicas, como quadrados, círculos e triângulos. Ela os girava, deformava, apagava partes ou combinava formas diferentes até encontrar formas novas. Ela então imprimia os resultados finais com uma impressora plotter.

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“Partindo de pequenos passos”, ela diz, “o pintor está em condições de, delicadamente, mostrar como são as imagens de sonhos. Sem a ajuda de um computador, não seria possível materializar de forma tão fiel a imagem que existia previamente apenas na mente do artista. Isso pode soar paradoxal, mas a máquina, que se pensa ser fria e desumana, pode auxiliar a percepção do que há de mais subjetivo, inatingível e profundo em um ser humano.”

Em 1969, o artista alemão Manfred Mohr passou da pintura tradicional para o computador. Ele trabalhou em variações do cubo, o qual ele distorcia e transformava incansavelmente. Mohr trabalhava apenas em preto e branco, usando um plotter para imprimir suas obras. Em 1971, o Museu de Arte Moderna de Paris deu a ele uma mostra individual; essa foi a primeira honra do tipo dada por qualquer museu a um artista que utilizava computadores.

historia cgi (2)Larry Cuba é um pioneiro da animação computadorizada, conhecido por trabalhar no primeiro filme de Guerra nas Estrelas (1977). Ele criou seu primeiro filme, First Fig, em 1974. Naquela época, computadores capazes de produzir arte digital não eram fáceis de se conseguir. Então, Cuba se juntou a cientistas computacionais da NASA no Jet Propulsion Laboratory.

Em 1975, John Whitney Sr. convidou Cuba para trabalhar com ele no filme Arabesque. Curta-metragens como 3/78 (Objects and Transformations) (1978), Two Space (1979) e Calculated Movements (1985) foram exibidos em todo o mundo.

historia cgi (14)Lillian Schwartz foi pioneira no uso de computadores em gráficos, filmes, vídeos, animação, efeitos especiais, realidade virtual e multimídia. Seu trabalho foi o primeiro em arte computadorizada a ser exibido no Museu de Arte Moderna de Nova York. O museu usou sua escultura, Proxima Centauri, na Machine Exhibition de 1968.

Depois, Schwartz desenvolveu – tanto de forma independente, como em parceria com cientistas dos Laboratórios Bell – meios de usar computadores em filmes e animações. Seus curtas premiados, como Mirage (1974), foram exibidos em todo o mundo.

historia cgi (2)Yoichiro Kawaguchi, um dos principais artistas da computação internacionais, começou fazendo parcerias com cientistas da computação. Dessa forma, ele desenvolveu arte usando metaballs – uma tecnologia criada por Jim Blinn para gerar formas suaves, fluidas e orgânicas. Antes disso, os computadores limitavam artistas a criar formas geométricas com arestas muito nítidas. Kawaguchi se inspirava nos padrões que encontrava em formas naturais, como conchas e plantas. Ele recebeu muitas homenagens e prêmios internacionais por sua arte e animação.

historia cgi (15)Ed Emshwiller é mais conhecido como ilustrador de ficção científica. Ele também era um artista de vídeo altamente respeitado e reitor da Escola de Cinema/Vídeo, no Instituto de Artes da Califórnia. Ele ajudou a influenciar o movimento do cinema experimental na década de 1960. Muitos de seus curta-metragens, incluindo Thanatopsis (1962), Totem (1963), Relativity (1966) e Three Dancers (1970), receberam prêmios e exibições em festivais de cinema em cidades do mundo todo. Ele foi rápido em adotar a tecnologia digital na criação de curtas como Sunstone (1979).

Em 1987, Emshwiller criou Hungers, uma vídeo-ópera eletrônica, para o Festival de Artes de Los Angeles. Hungers combinava apresentação ao vivo e dispositivos interativos que mudavam o som da música de acordo com o ambiente. Não havia duas apresentações exatamente iguais.

Fractais

Outro grande avanço na arte digital ocorreu quando os matemáticos descobriram os fractais. Eles envolvem matemática complexa, mas o conceito básico é simples. Comece com um triângulo equilátero. Divida um lado do triângulo em três partes iguais e remova a parte do meio. Substitua-a por duas linhas do mesmo tamanho da seção que você acabou de remover. Faça isso em todos os três lados do triângulo.

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O resultado será uma estrela de seis pontas. Faça isso novamente com os doze novos lados que você criou. E faça de novo e de novo… O resultado é uma figura chamada de floco de neve de Koch, em homenagem ao matemático sueco Helge von Koch, que a descobriu em 1904.

historia cgi (16)Fractais são especiais porque têm a mesma aparência em qualquer escala: qualquer detalhe de um fractal parece exatamente igual a uma seção maior. E fractais podem ser encontrados natureza afora. Um galho de árvore, por exemplo, se parece com a árvore inteira. Uma pedra se parece com a montanha onde foi encontrada. As reentrâncias de um litoral, vistas do espaço, se parecem com as reentrâncias do contorno da costa visto a alguns metros de distância.

Por mais de meio século, matemáticos que trabalhavam com fractais complexos raramente sabiam como era o formato deles. Eles só podiam fazer esboços grosseiros à mão, então não era possível ver a sua verdadeira complexidade. Quando matemáticos traçaram fractais usando computadores pela primeira vez, no final dos anos 1960, eles finalmente descobriram sua beleza assombrosa, e artistas rapidamente perceberam seu potencial.

historia cgi (17)Em meados dos anos 70, Benoît Mandelbrot apresentou pela primeira vez a geometria fractal. Com a ajuda de gráficos computadorizados, Mandelbrot mostrou como suas fórmulas matemáticas poderiam descrever formas naturais irregulares e complexas. Por exemplo, a formação de nuvens, a distribuição de folhas e galhos em uma árvore, o formato de um litoral ou as espirais em uma concha do mar. Para fazer isso, ele teve que desenvolver novos conceitos matemáticos e criar alguns dos primeiros programas de computador capazes de imprimir formas gráficas.

Por volta dessa época, muitos artistas perceberam o potencial do computador como uma ferramenta. Mas o uso e o desenvolvimento generalizado da arte digital teve que esperar até que os técnicos criassem softwares que funcionassem em qualquer computador. Além disso, computadores menores e mais baratos tiveram que se tornar amplamente disponíveis. Isso não aconteceu em larga escala até os anos 1980. E todos nós sabemos o que aconteceu depois disso.


Créditos das ilustrações:

Digital Art, Ron Miller (21st Century Books, 2008)

Yoichiro Kawaguchi: http://www.cs.otago.ac.nz/graphite/guests.html

Lillian Schwartz: http://thesoundofeye.blogspot.com/2010/04/directors-lillian-f.html

Manfred Mohr: http://digitalartmuseum.org

Vera Molnar: http://digitalartmuseum.org

Herbert Franke: http://dam.org/artists/phase-one/herbert-w-franke

Câmera lúcida e trocoide: Wikipédia

Imagem inicial por L.E. Spry/Flickr

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23 Oct 14:48

As eleições e a organização sistemática do ódio

by Victor Lisboa

Orville Faubus, governador do Arkansas de 1955 a 1967, estava muito mal nas pesquisas eleitorais para sua reeleição, pois seu governo desagradou a todos. Só um milagre o salvaria.

Foi quando a Suprema Corte americana decidiu que as escolas públicas de todo o país deveriam aceitar nas mesmas salas tanto alunos negros como brancos. Nisso, Faubus viu uma possibilidade. Primeiro, ele ligou para Washington perguntando se mandariam forças federais para conter a violência que eclodiria nas escolas no próximo período letivo, o que deixou o governo federal em alerta. A verdade é que não havia indícios de violência, era tudo invenção. Mas Fabus providenciaria o circo sangrento.

A seguir, o governador pediu ao comissário de polícia e amigo pessoal Jimmy Karam que organizasse secretamente uma quadrilha de brutamontes. Quando as aulas começaram, a quadrilha agrediu um grupo de estudantes negros que pertenciam a um time de basquete, e esses revidaram com igual violência. Porém, a versão da polícia foi a de que os alunos é que agrediram os brancos.

Faubus falando a uma multidão que protestava contra a integração das escolas em Little Rock

Faubus falando a uma multidão que protestava contra a integração das escolas em Little Rock

As rádios locais divulgaram a versão oficial, e organizações racistas se reuniram para defender a honra de “seus irmãos brancos”. Quando as forças federais chegaram, um clima de terror e de ódio racial havia se alastrado. Fabus, então, adotou na campanha o discurso de que o governo federal estava conspirando para destruir a autonomia dos estados federados ao dar liberdade para a população negra criar o caos. Os brancos deveriam, portanto, se unir contra o inimigo em comum.

Foi um milagre eleitoral. Faubus, que os analistas acreditavam já estar derrotado, recebeu 80% dos votos.

“Política, na prática, seja qual for a ideologia, sempre consistiu na organização sistemática do ódio”, resumiu Henry Adams. E todos os políticos e marqueteiros eleitorais de hoje em dia sabem disso. Afinal, a história ensina essa lição. Na Guerra Fria, os americanos odiavam os comunistas, e os soviéticos odiavam os burgueses. Na Revolução Francesa, Jacobinos e Girondinos odiavam-se reciprocamente, e ambos odiavam a monarquia. No Brasil Imperial, os conservadores saquaremas e os liberais luzias detestavam-se com igual força — mas Holanda Cavalcanti dizia que nada era mais parecido com um saquarema do que um luzia no poder.

E isso é o que temos neste 2º Turno das eleições presidenciais de 2014. Ódio organizado e direcionado para converter-se em votos. Nas redes sociais, o que é mais compartilhado não são as propostas de Dilma e Aécio, mas memes, slogans e notícias tendenciosas sobre o candidato adversário. Fatos são distorcidos, gráficos exageram ou falseiam os dados, caricaturas grosseiras fazem rir os soldados de um dos exércitos.

E o alvo dessas ofensas não é apenas o candidato odiado, mas também seus eleitores.

O curioso é que, salvo algumas questões pontuais, na prática o programa e a ideologia de ambos os candidatos e dos partidos que eles representam são muito semelhantes. Ambos são sociais-democratas e nos principais aspectos a política econômica do governo de Lula (e de Dilma) foi o prosseguimento da política econômica de Fernando Henrique Cardoso.

Em seu livro Sobre Formigas e Cigarras, inclusive, Antônio Palocci afirma que recebeu das mãos de Armínio Fraga (declaradamente futuro Ministro da Fazenda se Aécio sair vitorioso), durante a equipe de transição FHC/Lula, um documento então chamado “Agenda Perdida”, em que o economista Ricardo Paes de Barros apresentava o projeto do Bolsa-Família, formulado durante o governo do PSDB.

Mas os marqueteiros de Dilma e de Aécio sabem muito bem que é importante organizar sistematicamente o ódio. Para isso, cada um pinta o rival com as cores do que o seu eleitorado imagina serem as do próprio demônio. Isso jamais é declarado, mas fica subjacente em toda a campanha eleitoral.

Forja-se, então, uma polarização entre direita e esquerda, muito mais retórica do que prática.

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Para a campanha de Aécio, Dilma é a representante de um partido “esquerdista” que um dia transformará o Brasil numa grande Venezuela com o objetivo de cercear as nossas liberdades individuais e corromper a administração pública ainda mais. Para a campanha de Dilma, Aécio é um “coxinha da direita conservadora”, um segundo Collor que leiloará o Brasil ao capital internacional até regredirmos ao Período Colonial com o objetivo, bem, de cercear nossas liberdades individuais e corromper a administração pública ainda mais.

Os programas de governo ficam para segundo plano (até porque não são muito diferentes nos aspectos essenciais) e o palco é ocupado por denúncias e acusações que chegam a atingir a vida privada dos candidatos. A estratégia de ambos é destilar o medo e fazer com que o voto do eleitor não seja tanto a favor de um candidato, mas contra o outro, afinal, há uma distinção muito importante apresentada por ambas as campanhas: se Dilma se reeleger, o caos será instaurado; se Aécio for eleito, o caos será instaurado.

As redes sociais não permanecem livres dessa batalha campal. Ao contrário, elas são o principal front em que dois exércitos do ódio e do asco por um candidato se reúnem para combater. E quem não participa dessa guerra adota qualquer tática para salvar seu couro e escapar das balas perdidas.

Essa organização sistemática do ódio consiste em definir os outros, os inimigos, como menos-que-humanos. Petralhas e coxinhas são rótulos que substituem certas características da individualidade humana por generalizações grosseiras que possibilitam tornar o outro, durante o 2º Turno, mero receptáculo de nosso deboche e indignação.

Pois eu digo que eu tenho um sonho. E no meu sonho delirante, ambos os candidatos, no último debate a ser televisionado no dia 24, decidem fazer perguntas baseadas nas regras do diálogo não-violento de Arthur Martine. Durante o debate civilizado e voltado para a análise dos programas de governo, ouviríamos numa réplica um dos candidatos falar algo mais ou menos assim ao seu adversário:

“Obrigado, candidato. Embora discordemos, você conseguiu expressar minha posição nesse tema de forma tão precisa que eu gostaria de ter colocado dessa maneira. E veja que nossos programas de governo concordam no ponto X e no ponto Y, correto? Além disso, confesso que minha futura gestão utilizará algumas das melhores iniciativas da gestão do seu partido quando estava na Presidência, pois meu partido aprendeu com o seu em relação ao ponto Z e W. Porém, deixe-me fazer as seguintes críticas objetivas a sua proposta…”

Mas, como disse, isso é um quase delírio. Na situação em que estamos, parece até uma piada. O próprio tempo que os candidatos dispõem durante um debate para responder e fazer réplicas e tréplicas é reduzido demais para que ocorra um diálogo saudável.

Parece até que as emissoras brasileiras querem estimular as simplificações e a estratégia do ataque e do ódio. Afinal, diálogo civilizado não dá ibope — e muito menos voto.


por Victor Lisboa








23 Oct 14:40

Trailer oficial em HD de Os Vingadores: A Era de Ultron

by Mau Faccio
Silvano.pereira

PQP muito FODA =D

Captura de Tela 2014-10-23 às 00.01.59

“Maldição, Hydra!” as palavras proferidas pela conta oficial da Marvel no Twitter, logo após o trailer vazar essa noite, como noticiamos aqui no JNN o trailer deveria estrear apenas na semana que vem, durante a série Agents of SHIELD.

Felizmente a Marvel resolveu não tapar o sol com a peneira e lançou o teaser trailer oficialmente em maravilhoso HD, confira no fim do post. O teaser tem Hulk Buster, tem Ultron, tem Vingadores, tem Mercúrio, tem Feiticeira Escarlate, tem tudo. E se isso é só um teaser, imagina o trailer completo… imagina O FILME!

Sem mais delongas, fique o com o melhor trailer que você vai ver este ano!

Ah, tem o pôster oficial também…

as_vingadores

Via Marvel


Mau Mau não vai conseguir dormir agora…

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Ei nerd! Siga o Jovem Nerd no Twitter, Facebook, YouTube e Instagram, foi o Azaghal que mandou!

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21 Oct 17:20

No Brasil, moeda virtual Bitcoin serve até na hora de comprar uma casa

by Felipe Ventura

O Bitcoin é provavelmente a moeda virtual mais conhecida do mundo. No início, ele ganhou força entre grupos de tendências anarquistas ou libertárias: seria uma forma se se livrar da influência dos bancos e dos governos. Mas aos poucos, ele vem assumindo um papel mais mainstream, sendo aceita por cada vez mais empresas – inclusive no Brasil.

Esta semana, a construtora Tecnisa anunciou que passará a receber bitcoins como parte do pagamento de seus imóveis, e promete que “futuramente, qualquer pagamento à Tecnisa poderá ser feito usando bitcoins”.

Por enquanto, a Tecnisa só aceita bitcoins no pagamento da primeira parcela da entrada, limitado ao valor de R$ 100.000. Também é preciso avisar ao seu corretor que você quer pagar com moeda virtual; a transação é feita através da parceira Bitinvest. Promocionalmente, a taxa de corretagem será paga pela construtora, e ela dará 5% de bônus no valor pago em moeda virtual.

bitcoin dinheiro

Bitcoin no mundo real

No Brasil, já existem cerca de 100 estabelecimentos que aceitam bitcoins: em São Paulo, por exemplo, a moeda virtual é aceita em alguns bares, academias, em uma galeria de arte e até em uma clínica veterinária. Você pode conferir a lista completa no coinmap.org.

A moeda vem sendo adotada ainda mais amplamente no exterior. Em julho, a Dell passou a aceitar bitcoins em sua loja online de computadores nos EUA. E em setembro, o PayPal começou a permitir transações em bitcoin entre empresas e clientes na América do Norte.

Alguns serviços também vêm simplificando o uso da criptomoeda. O Coinbase e o Circle oferecem interfaces intuitivas para você conectar sua conta bancária à uma carteira bitcoin e comprar moedas. Realizar transações também é fácil: basta usar seu endereço bitcoin, uma sequência única de caracteres. Infelizmente, eles ainda não permitem que brasileiros comprem e vendam bitcoins.

Comprando e usando bitcoin

Se você quiser comprar bitcoins, há diversas opções no Brasil: por exemplo, temos a Mercado Bitcoin, a BitcoinToYou e a já citada Bitinvest. Cada uma cobra diferentes comissões para cada transação (compra/venda/retirada em reais).

Na hora de se cadastrar, também é preciso enviar uma foto do seu RG e CPF (ou carteira de motorista), mais um comprovante de endereço. Há também uma série de casas de câmbio no exterior que vendem bitcoins para brasileiros – confira neste link.

Uma das vantagens do Bitcoin é transferir valores para onde você quiser, ou até mesmo fazer uma compra no exterior, sem pagar impostos por isso. No entanto, a Receita Federal já avisou que quem possui R$ 1.000 ou mais em Bitcoins precisa declará-los no imposto de renda.

bitcoin preco outubro 2014

E um dos problemas de armazenar valor no bitcoin é que ele é uma montanha-russa: após ultrapassar a marca dos US$ 1.000 no ano passado, ele caiu constantemente até atingir os atuais US$ 344. Um exemplo pessoal: em agosto deste ano, eu recebi US$ 10 em bitcoins; hoje, eles valem apenas US$ 6,60.

Ainda há o risco de perder dinheiro, se a casa de câmbio sofrer ataques. Este ano, a enorme casa de câmbio Mt. Gox desapareceu com o dinheiro dos usuários. Nos últimos três anos – basicamente a época na qual o Bitcoin se tornou relevante – foram cerca de US$ 623 milhões em moedas virtuais perdidas em ataques hacker.

“Ele vai revolucionar os bancos”

À medida que vem sendo adotado por empresas convencionais, o Bitcoin vai perdendo a imagem de moeda usada para negócios ilegais. Ele esteve sob os holofotes no ano passado depois que o FBI apreendeu o Silk Road, então o maior site anônimo de venda de drogas.

Mas, aos poucos, o Bitcoin vai sendo regulamentado e usado para fins legítimos. Chris Skinner, do Financial Services Club, diz ao Financial Times:

Não se pode ter dinheiro sem governo: o dinheiro foi criado pelo governo para controlar as pessoas. Por isso, você precisa ter governos controlando o fluxo de valor, e é isso o que eles farão com o Bitcoin ou com qualquer outra troca de valor no futuro.

O Bitcoin é difícil de derrubar, e mesmo que acabasse, não seria o fim para as moedas virtuais. Afinal, não faltam concorrentes: Litecoin, Dogecoin, Zerocoin, Darkcoin, entre muitas outras.

Além disso, as criptomoedas preenchem um espaço em um mundo onde as transações são cada vez mais virtuais. John Authers, do FT, diz:

O Bitcoin não vai derrubar governos, não vai substituir o ouro, mas nos bastidores, de formas que muitos de nós jamais verão, há uma grande chance de que ele vai revolucionar os bancos.

Saiba mais sobre o bitcoin neste link. [Tecnisa via Twitter]

Fotos por antanaZach Copley/Flickr

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21 Oct 15:53

Adeus, Nokia: novos smartphones usarão marca “Microsoft Lumia”

by Paulo Higa

Adeus, Nokia — e obrigado pelos peixes! Um ano após o anúncio da aquisição da fabricante finlandesa de celulares, a Microsoft confirmou oficialmente nesta terça-feira (21) que deixará de usar a marca Nokia Lumia nos smartphones para adotar a nova combinação Microsoft Lumia. A escolha, que parece óbvia, até agora não havia sido confirmada pela empresa.

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A informação foi publicada inicialmente pelo The Verge, que acrescenta ainda que a França é o primeiro país a fazer a transição para a nova marca. A nomenclatura será usada inicialmente nas contas do Facebook, Twitter e outras redes sociais da empresa. A Microsoft confirma ao Tecnoblog que o Brasil passará pela mesma mudança. Eis o posicionamento oficial da empresa:

“Como parte do processo de transição, a Microsoft está renomeando aos poucos seus canais nas redes sociais. O perfil Nokia Brasil no Facebook se tornará Microsoft Lumia Brasil em breve. O nosso comprometimento com os seguidores, usuários e fãs da Nokia permanece o mesmo.”

O anúncio significa que os futuros smartphones da Microsoft poderão ter nomes como “Microsoft Lumia 940”, mas ainda não sabemos o que a empresa fará no design — provavelmente veremos carcaças com a marca “Microsoft”, “Lumia” ou “Microsoft Lumia” no lugar onde antes havia “Nokia”. Imagens vazadas do Lumia 830 mostravam a marca “Nokia by Microsoft”, mas o produto que chegou às lojas não usou o nome.

Lumia_830

A parte da Nokia que não foi comprada pela Microsoft continuará operando normalmente, incluindo a divisão de mapas, que está trazendo o ótimo aplicativo HERE Maps para o Android e iOS, antes exclusivo do Windows Phone. O fato é que, aos poucos, a marca que esteve no primeiro celular de muita gente irá sumir das prateleiras das lojas.

Atualizado às 17h29 com a resposta oficial da Microsoft Devices.

Adeus, Nokia: novos smartphones usarão marca “Microsoft Lumia”








21 Oct 14:37

Os melhores apps da semana para Android

by Giovanni Santa Rosa
Silvano.pereira

Achei interessante o keeptrack

A grande novidade da semana para quem tem um Android foi o anúncio oficial do Lollipop, a versão 5.0 do sistema operacional. Enquanto ele não chega no seu aparelho, seguimos com novidades de aplicativos, como o mensageiro de vídeos Skype Qik, e outras dicas. Veja nossa seleção:

Skype Qik


O Skype Qik é o mais novo aplicativo do Skype para iOS, Android e Windows Phone. A ideia é conversar com seus amigos e demais contatos através de vídeos curtos. Sim, isso lembra o Snapchat, mas os vídeos aqui só são apagados automaticamente depois de duas semanas ou caso o remetente os delete antes. Entre os diferenciais, há os Qik Fliks, que são vídeos curtos com para você deixar gravados com respostas rápidas e comuns, e os grupos, para separar seus amigos da faculdade dos colegas do trabalho, por exemplo.

Download: Skype Qik – grátis


South Park Pinball

South-Park-Pinball-Top

Saudades das mesas de Pinball? Agora você pode jogar com Kenny, Cartman, Stan, Kyle e toda a turma do South Park, direto no seu celular! A Zen Studios lançou a mesa temática para seu Zen Pinball, como in-app purchase, por US$1,99, e como um app separado, por US$3,99. Boa diversão!

Download: South Park Pinball – US$3,99

Download: Zen Pinball – grátis


Potential Beta

potential

O Potential é um app para você ver como anda a bateria de todos os seus dispositivos Android em um único lugar. O aplicativo ainda está em beta, então você não vai encontrar tantas opções, mas ele funciona de maneira satisfatória, e ainda tem notificações de bateria baixa em outros aparelhos.

Download: Potential Beta – grátis


Botanicula

Botanicula é um jogo de aventura de apontar e clicar. Ele tem mais de 150 fases com quebra-cabeças para você desvendar. Os gráficos e a trilha sonora são impressionantes.

Download: Botanicula – US$4,99


NotifWidget

notifwidget

Se você quer ter acesso fácil as suas notificações, o NotifWidget pode resolver isso. Ele cria um widget que espelha a área de notificações. Você pode usá-lo na tela de bloqueio, na tela inicial e no daydream.

Download: NotifWidget – US$1,26


KeepTrack

O KeepTrack é um aplicativo que cria formulários para você anotar dados sobre qualquer coisa, como evolução do seu peso, número de páginas lidas, horas de sono, gols marcados no futebol de fim de semana. Sério, qualquer coisa. Você cria o formulário com os campos desejados e preenche com os dados e ele cria as tabelas e gráficos.

O app é gratuito, mas tem uma versão Pro que custa US$1,99, que tem lembretes e campos com múltiplos valores.

Download: KeepTrack – grátis

Download: KeepTrack Pro – US$1,99

Tem alguma sugestão? Deixe sua dica nos comentários!

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20 Oct 17:54

As dores de cabeça do Netflix: crescimento fraco e serviço concorrente da HBO

by Felipe Ventura

O Netflix está sofrendo com uma confluência de notícias negativas. A base de assinantes cresceu menos que o esperado, e a HBO anunciou que lançará um serviço concorrente no ano que vem.

A empresa anunciou seus resultados financeiros, e mostrou que continua firme: receita e lucro cresceram no último ano, assim como sua base de assinantes, que aumentou em 3 milhões. E ela deve ficar ainda maior, já que o Netflix estreou em setembro na Alemanha, Áustria, Bélgica, França, Luxemburgo e Suíça.

Infelizmente, esse número está abaixo das expectativas do mercado e do próprio Netflix, que projetava um crescimento de 3,7 milhões. Resultado: as ações agora caem mais de 23%.

Por que esse crescimento abaixo do esperado? Isso provavelmente é resultado do aumento na assinatura ao redor do mundo – no Brasil, ela subiu de R$ 16,90 para R$ 19,90 mensais. O novo preço começou a valer em maio, mas Reed Hastings escreve em sua carta aos acionistas que o efeito só se manifestou agora: “a causa principal são os preços ligeiramente mais elevados que temos agora em comparação a um ano atrás”.

Hastings também comentou os planos da HBO. O canal anunciou que vai lançar, nos EUA, um serviço de streaming em 2015 sem exigir assinatura de TV a cabo (ao contrário do HBO Go). É possível, no entanto, que isto seja oferecido como um pacote adicional para planos de internet, em vez de algo separado como o Netflix.

O que o Netflix acha disso?

Desde 2011, dissemos que a HBO seria o nosso principal concorrente de longo prazo, particularmente em conteúdo. A concorrência irá conduzir ambos a sermos melhores. Era inevitável e sensato que eles oferecessem seus serviços como algo independente. Muitas pessoas vão assinar tanto o Netflix como a HBO, já que temos uma programação diferente, então acreditamos que provavelmente ambos prosperarão, à medida que consumidores migram para a TV na internet.

É quase um “bem-vindo, HBO”. Faz sentido que o Netflix tente tranquilizar seus investidores, mas resta ver como será o novo serviço da HBO. À medida que forem revelados mais detalhes, ele pode não ser tão bem-vindo assim.

De um jeito ou de outro, o Netflix continua em sua jornada de se tornar uma HBO, apostando em conteúdo original: eles farão seu primeiro filme original, uma continuação de O Tigre e o Dragão, mais quatro filmes exclusivos com Adam Sandler. [Netflix via GigaOM]

Imagem via Netflix Brasil Blog

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20 Oct 17:49

Vivo, TIM, Oi e Claro querem cortar sua internet no celular quando a franquia acabar

by Felipe Ventura

Quando sua franquia de dados acaba, a operadora geralmente mantém seu plano funcionando a uma velocidade reduzida, como 32 Kbps ou 64 Kbps, sem cobrar nada a mais. É pífio, mas ainda permite receber mensagens e manter você conectado. Infelizmente, isso está prestes a mudar.

A Vivo confirmou que, a partir de novembro, vai cortar o acesso à internet quando sua franquia de dados acabar. Para restabelecer a conexão, você terá que pagar por um pacote adicional. Fontes dizem ao jornal O Globo que Oi, TIM e Claro vão fazer o mesmo. Isso valerá para clientes pré e pós.

Vivo

Na Vivo, a mudança começa entre os clientes pré-pagos: se você consumir toda a franquia de dados, terá que pagar mais para continuar conectado.

Por exemplo, o plano Vivo Tudo oferece 75 MB por semana. Se você consumir tudo e quiser mais, precisa pagar R$ 2,99 para ter mais 50 MB, com validade de até sete dias – é possível ativar o pacote via SMS.

O mesmo vale para quem compra o plano Internet Pré de 200 MB. Segundo o Tecnoblog, a Vivo explicava nesta página (misteriosamente removida):

A partir do dia 06/11, ao atingir a franquia do pacote, o acesso à internet será interrompido. Para voltar a navegar você pode esperar a renovação do pacote, ou contratar o Vivo Internet Adicional 50 MB por R$ 2,99 com validade de até 7 dias.

A Vivo diz que vai avisar todos os seus clientes desta mudança “com a antecedência necessária”. Por lei, isso deve ser notificado com 30 dias de antecedência.

Ela também diz ao Globo que “o mesmo ajuste deverá ser implementado futuramente para os clientes de planos pós-pagos”. Na verdade, já existe um pacote adicional da Vivo para clientes pós: você pode pagar R$ 9,90 para obter 300 MB adicionais quando a franquia acabar. No entanto, ainda é possível navegar com velocidade reduzida sem pagar nada a mais… por enquanto.

vivo navegar mais

Os motivos

Esta não é uma mudança bem-vinda, e a própria Vivo explica (sem querer) o porquê:

Se durante os 30 dias o saldo de seu Vivo Controle se esgotar, você ainda assim continua acessando a internet. Afinal, ninguém sabe que dia vai receber aquele email que tanto esperava, ou a que horas vai ter um novo recado no Facebook ou Twitter.

Então por que tirar isso de nós?! Especialistas dizem ao Globo que as operadoras veem aí um espaço para ganhar mais dinheiro com internet móvel, e vão fazer exatamente isso.

Além disso, pacotes de dados adicionais são uma tendência em diversos países da Europa e nos EUA. Há alguns anos, operadoras americanas até tentaram oferecer a “velocidade reduzida”, mas os clientes não gostaram, reclamando da baixa qualidade na conexão.

Essa é a mesma justificativa que Roberto Guenzburger, diretor de produtos da Oi, oferece ao Globo: a velocidade reduzida afeta a percepção de imagem das operadoras, porque “o cliente não consegue navegar da forma que gosta”. A solução, pelo visto, é cortar o acesso ao 3G quando a franquia acabar.

A TIM também deve cobrar pelo consumo além da franquia. Roger Solé, diretor de marketing da operadora, diz que “hoje as pessoas consomem muito além de seu pacote de dados”. Antigamente, quando o consumo de dados era baixo, faria mais sentido oferecer a velocidade reduzida.

A Claro não comentou sobre a tendência, mas fontes dizem ao jornal que ela também vai lançar um pacote semelhante em breve.

Ou seja, se você usa bastante o 3G (ou 4G, ou EDGE) no celular, prepare-se para pagar mais. É questão de tempo até que a velocidade reduzida, essa “camaradagem” das operadoras, desapareça de vez. [O Globo via Olhar Digital]

Foto inicial por Ed Yourdon/Flickr

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20 Oct 12:26

Foi o governo Fernando Henrique neoliberal?

by Elton Flaubert
Silvano.pereira

Super forçado em vários momentos (queda do muro de berlim seguiu as reformas de Thatcher, oi?) e esqueceu de falar q durante a crise do welfare state a Europa estava em Guerra (lembrou da guerra só depois =p) e bem tendencioso.
Mas historicamente interessante mesmo assim. PSDB p/ mim é o "mais esquerda" dos partidos de direita no Brasil (q são bem poucos, principalmente se comparados a países como EUA, q ele cita constantemente), mas ainda assim tem tendência a dar menos privilégio a políticas e conquistas sociais (a parte as advindas de crescimento econômico, que podem ser bem pequenas). @Gal, queria ver uma crítica sua a esse artigo =p

FHCCLINTON-E-BLAIR

Em termos gerais, depois da crise de 1929, ascendeu outra perspectiva a respeito das relações entre sociedade e estado, colocando este como organizador da economia, destacando o seu papel na formação de uma malha de proteção social. Formou-se o “Estado de bem-estar social” (welfare state), onde, em parceria com sindicatos e empresas privadas, o estado passava a garantir um conjunto de bens e serviços, além de regulamentar alguns aspectos da vida privada. Alguns destas políticas sociais inspiravam-se não só na social-democracia vinda da Segunda Internacional, como também do socialismo fabiano. Com o tempo, o estado foi inchando e adquirindo mais controle sobre a vida antes particular dos cidadãos.

A social-democracia nasce a partir da crença de que se poderia chegar ao socialismo através da democracia liberal, com reformas graduais da sociedade e do sistema capitalista, sem revolução armada. Eduard Bernstein, um dos seus principais teóricos, defendia reformas de inclusão social que pudessem melhorar gradualmente a vida do operariado, até que ele pudesse obter os meios de produção. O socialismo deveria ser implementado gradualmente, através de disputas eleitorais.

No decorrer do século XX, a social-democracia passa a ser definida pela Internacional Socialista na ênfase dada à construção do Estado de bem-estar social, na ampliação do conceito de liberdade individual (definido também no sentido de não submissão das “minorias”), na justiça social, e na igualdade não só legal, aproximando-se também do keynesianismo (que defendia a intervenção estatal a fim de manter níveis adequados de emprego).

Por sua vez, quase paralelo a esta ideia de socialismo vinda do marxismo, e embrincando-se com ela, temos o socialismo fabiano. Em 4 de janeiro e 1884, fundou-se em Londres, a Sociedade Fabiana, tendo como objetivo a transformação gradual das instituições já existentes, em direção ao socialismo. Opondo-se à luta de classes, os fabianos acreditavam que com o progressivo crescimento da intervenção estatal a partir de avanços legais, haveria mais bem-estar social e a ascensão da classe operária ao poder. Os fabianos eram a favor de mais regulação na economia, de um sistema público de saúde, e a implementação de um salário mínimo. O socialismo fabiano foi uma das bases de fundação do Partido Trabalhista na Inglaterra em 1900. Foram alguns fabianos famosos: H. G. Wells, Bertrand Russell, George Bernard Shaw. Estas são as ideias predominantes na esquerda eleitoral no início do século XX, e estão, junto com o keynesianismo, na base da formação do welfare state.

Quase na porta de saída da Segunda Guerra Mundial, em 1944, os países desenvolvidos reuniram-se em Bretton Woods, nos Estados Unidos, e estabeleceram acordos, criando um sistema de gerenciamento econômico internacional. O sistema Bretton Woods criou uma ordem monetária para mediar as relações entre estados, criando também o BIRD (depois Banco Mundial) e o FMI. A reconstrução dos países no pós-guerra seria feita através do intervencionismo estatal, como propulsor da economia. Logo, a administração pública da economia passa a ser uma das principais atividades do governo, preocupado com taxa de desemprego, estabilidade, crescimento, taxa de juros. O estado passa a ter objetivos de planejamento econômico, buscando o pleno emprego, as regulamentações, e políticas sociais. Há também uma flexibilização da ideia de soberania nacional, com o crescimento das relações entre estados e os fluxos de capitais e mercadorias.

A partir dos anos 1970, o welfare state começa a dar sinais de crise. Nos países mais ricos, ocorre uma crise fiscal por causa do excesso de gastos públicos. A economia extremamente regulamentada também cria dificuldades ao empreendedorismo. Diante destas circunstâncias, o welfare state torna-se insustentável, por suas formas de regulação, organização e controle da reprodução social. A crise mina a capacidade financeira dos governos, causando um desequilíbrio estrutural nas contas públicas e dificuldades incontornáveis para a volta do crescimento.

É neste contexto de crise do Estado de bem-estar social, que ideias liberais voltam à tona, com o rótulo de “neoliberalismo”, apoiado principalmente nas ideias da Escola Austríaca (Mises e outros) e na Escola de Chicago (Milton Friedman e outros). Este termo foi cunhado por Alexander Rustow em 1938, como tentativa de redefinição do liberalismo clássico frente ao contexto mundial do estado regulador. Há muitas discussões em torno da utilização do termo “neoliberal”, principalmente entre os que se identificam como liberais. O termo é utilizado mais por críticos do liberalismo do que propriamente pelos defensores desta doutrina. Mas utilizamos aqui o termo para identificar este movimento político, social e econômico que emerge a partir da crise do Estado de bem-estar social.

Os neoliberais criticavam o desajuste fiscal, a alta carga tributária, e demonstravam que o excesso de regulamentação estatal dificultava a ação da iniciativa privada e a criação de emprego e renda, gerando alta inflacionária pelo aumento da oferta de moeda pelos bancos centrais. Os estados gastavam demais, colocavam moedas sem lastro em circulação, taxavam excessivamente os cidadãos. Assim, houve uma queda da produção e um surto inflacionário. A solução proposta pelos neoliberais para a crise era a redução gradativa do poder econômico do estado, a diminuição da carga tributária, a privatização de empresas públicas (no setor privado, gerariam mais empregos e renda), o livre-comércio, a desregulamentação, a redução dos gastos do governo, o fim da indexação de preços. A intervenção estatal na economia deveria ocorrer num grau mínimo. A sociedade deveria voltar a ser importante de novo.

O governo mais emblemático e que levou a hegemonia das ideias neoliberais foi o de Margaret Thatcher, primeira-ministra da Grã-Bretanha entre 1979 e 1990. Quando assumiu o poder, o Reino Unido passava por uma grave crise econômica. No pós-guerra, entre 45 e 51, as companhias de bens e serviços tinham sido estatizadas, e com o tempo apresentavam graves defasagens tecnológicas. Os serviços oferecidos pelo Estado eram lentos e ineficientes, devido à falta de competitividade, o monopólio e a burocracia. A ineficiência estatal era encobrida com o aumento dos gastos públicos e da carga tributária, mas levava a alta inflacionária. Para combater a alta inflacionária, Thatcher elevou os juros e cortou gastos do governo. Nos anos seguintes, comprou brigas com interesses sindicais e corporativos, flexibilizando leis trabalhistas. Antes de Thatcher, o governo pagava altos subsídios à exploração do carvão, devido à pressão sindical para garantir o monopólio estatal do setor. Ela enfrentou greves com “mão de ferro” e convicções. Em curto prazo, a atividade econômica esfriou e o desemprego aumentou. Mas depois, com os sindicatos enfraquecidos, com o controle da inflação, e ajuste fiscal, a Inglaterra conseguiu atrair investimentos estrangeiros parar tirar sua economia da recessão. O investimento externo triplicou. Sem Thatcher, a Inglaterra teria afundado na crise.

Uma das grandes contribuições de Thatcher foi dissociar o interesse do governo do interesse do povo. O estado é uma enorme burocracia com interesses próprios e, em muitos casos, opostos aos do cidadão comum. Enfrentar estes interesses nocivos da burocracia foi um dos seus motes, uma contribuição indelével contra o estatismo e os males da coincidência entre poder político e econômico.

O período Thatcher não foi só acompanhado de transformações no Reino Unido, mas influenciou todo o mundo, num momento de reparação do estatismo. Nos anos 80 e 90, tivemos o governo de Ronald Reagan nos Estados Unidos, a queda do Muro de Berlim, a decadência do sistema estatal soviético, a abertura comercial da China comunista, a vitória de vários governos de direita na Alemanha, Austrália, Nova Zelândia, França, entre outros países. O neoliberalismo predominou no período de globalização da década de 90, dando mais racionalidade à administração pública, menos intervencionismo, mais liberdade econômica. Em termos gerais, a ascensão do neoliberalismo se caracteriza pela redução da intervenção do estado na economia, pela exaltação do livre-mercado, por uma política econômica monetarista, pela defesa das privatizações e modernização institucional, pela redução da carga tributária, pela desregulamentação da economia, pelo combate aos interesses corporativos e sindicalistas e, em alguns casos, pela eliminação do salário mínimo. Em todo o mundo, o neoliberalismo uniu admiradores e críticos. Estes, afirmam que nem sempre o índice de pobreza acompanhou o crescimento da economia, ou ainda que os gastos sociais foram substituídos pelo incremento dos gastos militares. Há discussão sobre a culpa das políticas neoliberais no surgimento do subprime e dos derivativos, que maquiaram a bolha especulativa. Por outro lado, os liberais afirmam que as reformas chamadas de “neoliberais” foram insuficientes e que os governos fracassaram em áreas fundamentais.

Seja como for, o neoliberalismo inaugurou um novo período econômico incontornável (como também o keynesianismo), de preocupação com endividamento crescente dos estados, com ajuste fiscal, com política monetarista, com a consciência de que a iniciativa privada é mais eficiente, com a importância do desenvolvimento tecnológico, pela quebra dos interesses corporativos da burocracia. De tal forma que os partidos de esquerda da Europa tiveram que se adaptar a estre triunfo, a partir da queda de políticas econômicas estatistas e da derrocada da União Soviética. Em 1995, quando o Partido Trabalhista inglês volta ao poder, o primeiro-ministro Tony Blair precisou alterar o programa histórico do seu partido, inaugurando o novo trabalhismo.

Tendo que lidar com este novo contexto, há o surgimento da “terceira via” no seio da social-democracia. O sociólogo britânico Anthony Giddens em seu livro A terceira via: A renovação da social-democracia, afirma que a terceira via é a social-democracia modernizada. Em termos gerais, ele defende a aplicação do liberalismo econômico com conceitos social-democratas. Uma espécie de liberalismo social.

Nesse sentido, o conceito de terceira via, passou a ser utilizado para identificar uma centro-esquerda moderna, que tem consciência da racionalidade econômica a que a administração pública deve estar servindo, com controle dos gastos públicos, privatizações necessárias e política monetarista, embora, ao mesmo tempo, continue com agências regulatórias, e aplicando políticas sociais de distribuição de renda, além de políticas culturais socialistas ou progressistas.

Esta é a esquerda que chega ao poder nos anos 1990, num contexto de supremacia do neoliberalismo. O thatcherismo obriga a uma mudança econômica nos partidos de esquerda, mas não em todo o resto do seu ideário. Neste cenário, a esquerda sobe ao poder com Bill Clinton nos Estados Unidos, Tony Blair no Reino Unido, Felipe González na Espanha, e Fernando Henrique no Brasil.

As políticas tradicionais da social-democracia tinham levado a uma elevada carga tributária, ao excesso de regulamentação das relações trabalhistas e no crescimento do déficit público. O capitalismo pós-industrial e o aceleramento da globalização elevaram estes cultos, dificultou o desenvolvimento tecnológico em países que adotavam políticas muito estatizantes, sendo dominados por interesses corporativos e sindicais. No entanto, a esquerda criticava o custo social trazido pelas políticas neoliberais. Era preciso adequar a social-democracia aos novos desafios do capitalismo. O caminho encontrado pela terceira via era unir uma política econômica austera e responsável com uma política social e cultural progressista.

Em 1998, o então primeiro-ministro britânico Tony Blair e o presidente americano Bill Clinton convocaram uma reunião internacional para discutir novos caminhos para a social-democracia no século XXI. Estiveram presentes vários líderes de esquerda: Lionel Jospin, Gerhard Schröder, Massimo D’Alema, Antonio Guterres, Ricardo Lagos e Fernando Henrique. A ideia era adequar a esquerda ao mundo globalizado e ao que ficou de hegemônico no neoliberalismo. Este caminho foi especialmente adotado no Brasil durante o governo de Fernando Henrique Cardoso e na consolidação do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Em 1995, FHC assume a presidência do país, não sem antes cuidar da economia no governo Itamar Franco.

No Brasil, foi o estado que formou a nação. A literatura sociológica é vasta no estudo deste aspecto. Nossa cultura autoritária sempre andou de mãos dadas, na democracia ou na ditadura, com o estatismo. Os surtos de desenvolvimento sempre vieram da mão propulsora do estado, de Vargas à ditadura de 64, passando por Kubitschek. Para direita e para esquerda, o estado deveria ser o motor do desenvolvimento. Nosso estado de bem-estar sempre ocorreu em termos relativos, sendo mais assistencialista e patrimonialista do que efetivamente de políticas públicas, com entrada e saída. Durante todo século XX, houve um processo de inchaço na máquina estatal, com tensão nas contas públicas. Nossa crise fiscal remonta aos anos 1950, e a ditadura militar (mais estatizante do que liberal) apenas reprimiu um processo inflacionário em marcha.

Nada de muito diferente ocorreu no governo Sarney, onde os planos econômicos se sucediam sem atingir a causa do problema, tentando indexar preços, controlar o câmbio, entre outras receitas improdutivas. Tratava-se a inflação com mais crise fiscal. O congelamento de preços, com posterior represália e fiscalização, só levava a um consumo acelerado, sem que a produção a acompanhasse, gerando desabastecimento e a volta da inflação. Em resposta a isto, tentou-se resolver o problema da falta de carne, por exemplo, com o confisco de bois, como se o problema da inflação fosse falta de autoridade e regulação do estado. No final do seu governo, a inflação encontrava-se em 80% ao mês. No governo Collor, o confisco generalizado de ativos monetários apenas aprofundou o problema. Há décadas o país vivia num círculo inflacionário, mesmo sem guerras ou catástrofes naturais. Acumulamos em quinze anos mais de vinte trilhões de inflação, ocasionando uma tragédia distributiva, aumentando perversamente a concentração de renda e a pobreza.

Em 19 de maio de 1993, o social-democrata Fernando Henrique assume o Ministério da Fazenda do governo de Itamar Franco. Fernando Henrique reúne uma equipe de economistas mais ligados às tendências liberais, como Persio Arida, André Lara Resende, Pedro Malan, Edmar Bacha, Gustavo Franco, entre outros. E junto com integrantes do seu partido, como Ciro Gomes, Mário Covas, José Serra e Tarso Jereissati, costura um acordo político para dar sustentação ao plano, pois ele rompia com diversos interesses entranhados na máquina pública. A introdução do Plano Real significava uma ruptura histórica com a cultura de financiar investimentos com inflação e sem ajustes fiscais. Para o plano dar certo era preciso também seguir uma política monetarista, de enxugamento da máquina pública, de cortes orçamentários, de ajustes fiscais, além do fim da indexação. Controlava-se apenas o câmbio.

Mais do que um plano econômico, o Real foi um imenso projeto de reconstrução e modernização das instituições no país, rompendo com vícios políticos, corporativos e sindicais. Neste sentido, a aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal foi um grande avanço na modernização da gestão pública no país. Fernando Henrique conduziu um governo de reformas: administrativa, fiscal, tributária, previdenciária. Por vezes, estas reformas eram mais remendos: um pouco liberais, mas nem tanto assim. O presidente se mostrou um grande líder, pois foi caso único em nossa história republicana, onde as reformas estruturais foram feitos sem ditadura (como no Estado Novo ou na ditadura de 64). A costura política feita com um partido de centro-direita, como o PFL, mostrou-se um grande acerto.

A vitória do plano real e o controle da inflação foram sem dúvida demonstrações de vitória dos liberais, ou dos “neoliberais”, mas isto estava longe de tornar o governo Fernando Henrique neoliberal. Na verdade, seu governo foi semelhante aos da terceira via de sua época, como o de Blair no Reino Unido, Clinton nos Estados Unidos, Ricardo Lagos no Chile, e Felipe Gonzáles na Espanha. O liberal histórico Roberto Campos dizia que o ímpeto do governo FHC era correto, mas que suas mudanças eram lentas e distantes do ideário liberal, definindo-o dessa maneira numa entrevista a Roberto D’Ávila em 1997: “Ele é um pós-marxista, que respeita a economia de mercado, porém não a ama. Eu gostaria que ele merecesse a acusação de neoliberal. Ele ainda tem um tremendo sotaque dirigista”.

Fernando Henrique formou-se numa tradição heterodoxa, e assume um país num contexto em que era preciso fazer reformas e modernizações institucionais. Era preciso introduzir uma política monetarista, um tripé macroeconômico (autonomia do Banco Central para conseguir meta da inflação, câmbio flutuante, e responsabilidade fiscal), e abrir o país ao capital estrangeiro, pois traziam juntos poupança, tecnologia e acesso a mercados externos. Ele aceitou certo ideário econômico hegemônico, mas não faz um governo neoliberal. Em seu livro A arte da política, ele afirma que nunca se rendeu ao mercado (leia-se: neoliberalismo). Como se sabe, o câmbio flexível é uma característica dos governos neoliberais. E esta medida só foi tomada pelo governo Fernando Henrique em 1999 por força das circunstâncias (crise). A paridade cambial artificial com o dólar junto com os juros altos criou um processo de desindustrialização do país e perda de empregos. Jamais um governo neoliberal deixaria por tanto tempo o câmbio dessa maneira (o Real já havia sido implementado há cinco anos).

Quanto às privatizações, um governo que não seja neoliberal também pode recorrer a elas (foi assim nos Estados Unidos de Clinton, na Espanha de González, etc.), a menos que seja a favor do estado total. As privatizações foram feitas no Brasil seguindo uma lógica arrecadatória estatal, com a finalidade de pagar a dívida pública, que ia de encontro ao que foi realizado no Reino Unido e em outros lugares. A ideia era vender as estatais ao maior preço possível, garantindo tarifas reajustadas de acordo com a inflação, dando um retorno garantido e constante ao estado. Um governo neoliberal teria se preocupado menos com a arrecadação do estado, e mais com os ganhos de produtividade e competitividade, beneficiando o consumidor, gerando crescimento, emprego e renda. Num governo neoliberal, certamente ocorreria também a privatização da Petrobrás e de um dos bancos públicos, de preferência a Caixa Econômica, além das companhias geradoras de energia. A verdade é que o governo Fernando Henrique adotou fórmulas intermediárias no processo de privatização.

Os governos neoliberais também sempre foram marcados pela redução da carga tributária. No Brasil de Fernando Henrique, a carga tributária foi de 28,9% do PIB para 35,8% do PIB, aumentando consistentemente ano após ano. Além disso, houve a criação de várias políticas sociais da social-democracia, com viés de política pública e não assistencialista. Antes, as políticas sociais eram intermediadas pelo poder público local, com doações de cestas básicas, entrega de leite, distribuição de água na seca. Fernando Henrique introduziu uma rede de proteção social para combater a pobreza, com ações públicas coordenadas.

Os relatórios de desenvolvimento social da ONU mostram que o Plano Real foi por si só o maior plano de inclusão social da história do país. O nosso IDH voltou a evoluir a partir de 1994. Houve a regulamentação de fundos de financiamento para os programas sociais, como o FNAS (Fundo Nacional de Assistência Social), o FUNDEF e o FNS, que permitiu a criação do SUS, além do Fundo Nacional de Combate e Erradicação da Pobreza. No seu mandato, a participação dos gastos sociais no orçamento federal passou de 23% para 28,3%, ao contrário do que ocorre em governos neoliberais, que estão mais preocupados no incentivo a livre iniciativa das pessoas. Ele foi também o responsável pela criação do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), voltado à transferência de renda a famílias carentes, para eliminar a necessidade do trabalho infantil. Além de vários auxílios, como o Bolsa Escola (de 1997), o Bolsa Alimentação (de 2001), o Auxílio-Gás (de 2000), e pela unificação dos cadastros sociais. Além do Cartão Cidadão (em 2002), que permitia o saque direito na caixa, sem passar por intermediários.

O governo Fernando Henrique, como a terceira via de sua época, buscou unir alguns pontos das políticas econômicas liberais, com todo o resto do ideário social-democrata, incluindo nisto não só os programas sociais já citados, como a maior interferência do estado na vida privada. As próprias reformas econômicas foram guiadas pelo dirigismo estatal, buscando eficiência e mais arrecadação. Foram cometidos erros estratégicos, como a abertura econômica insuficiente, mas é bom lembrar-se das turbulências internacionais, como a crise no México, na Ásia, na Rússia e na Argentina. Contudo, é inegável o seu papel de reformador de nossas instituições.

São os tucanos de direita?

Depois de doze anos de PT no poder, o PSDB se tornou o principal guarda-chuva de quem se opõe ao petismo. E esta oposição é bastante variada. Hoje, dentro do PSDB há pessoas de direita e esquerda, há técnicos gerenciais, há políticos não definidos, e caciques fisiológicos como em qualquer outro partido. Mas a elite dirigente tucana é basicamente de centro-esquerda. Há poucas diferenças entre ela e a de partidos da centro-esquerda europeia, como PSOE (Espanha), SPD (Alemanha), ou Labour Party (Reino Unido). O seu principal dirigente, Fernando Henrique, continua ligados aos think tanks destes partidos, a novas reuniões sobre a terceira via, ao Council on Foreign Relations, ligado ao partido Democrata americano.

A candidatura de Aécio Neves, embora abrigue conservadores e liberais pelas circunstâncias históricas, é basicamente um retorno à terceira via. O seu discurso orbita em torno de um “estado necessário”, e de um retorno ao tripé econômico do governo Fernando Henrique, ao mesmo tempo em que avança em questões sociais, até mesmo com mais regulamentação a respeito da vida privada. Em economia, Aécio é um pouco mais liberal do que Fernando Henrique, mas é tão progressista quanto este noutras questões. O líder do grupo gay da Bahia, Luiz Mott, já declarou apoio ao tucano nesta eleição. A sua candidatura é mais uma coalizão entre conservadores, liberais e social-democratas contra o petismo — que, por sua vez, explicarei num próximo texto.

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14 Oct 16:54

Meu voto em Dilma no segundo turno

by Manoel Galdino

Não votei na Dilma no primeiro turno e tinha a intenção de votar nulo no segundo. Aqui explico porque acho que vale a pena votar na Dilma no segundo turno, contra Aécio Neves.

Meu sentimento subjetivo é que o governo Dilma foi um péssimo governo. Do mesmo modo que meu sentimento subjetivo com relação ao Lula é de não gostar nem um pouco do governo dele. E no entanto, mesmo com esse sentimento subjetivo, quando olho objetivamente para os números, para a história do Brasil e para a história do mundo, considero o governo Lula o melhor governo da história do Brasil. Não quero descartar aqui a questão subjetiva, emocional. Mas é preciso escolher se queremos votar com o fígado ou não.

Mas comecemos pelas negativas. Ou seja, argumentos que considero furados para votar na Dilma. Tem petista argumentando que a inflação do FHC foi maior que da Dilma, o que é verdade. Mas alguém duvida que com o PSDB a inflação será menor que com Dilma? Eu não duvido. E pelo simples fato de que o PSDB vai fazer um ajuste fiscal e monetário que aprofundará a recessão, aumentará o desemprego e reduzirá a inflação para o centro da meta. Quando os petistas fazem essa crítica ao PSDB, eles estão certos. Erram apenas ao não considerar a implicação da crítica: a inflação será menor. E não tenham dúvida, a inflação menor beneficia os pobres.

Mas o arrocho fiscal vai prejudicar os mais pobres. Temática que considero o problema número 1 do Brasil. Não é educação, não é saúde, não é segurança. É a pobreza e desigualdade do país. Para terem uma ideia de com o Brasil ainda é pobre, vejam o gráfico abaixo, que traz a renda familiar:

A maior parte dos brasileiros com quem convivo está nos 9% (verde claro) ou nos 4% (verde escuro).  Ou seja, eles ou fazem parte dos 15% mais ricos ou dos 5% mais ricos. É natural que eles tenham dificuldade de entender a pobreza do Brasil. Mas quase 50% das famílias ganham menos de R$ 1.500 reais por mês. É a renda familiar. Divida esse valor por quatro, e você terá a renda individual. É de chorar. Então, a gente tem que melhorar a vida das pessoas. E temos muito ainda pra fazer.

O Samuel Pessoa criticou a propaganda do PT recentemente, por comparar alhos com bugalhos. Mas comparando banana com banana, dá pra ver que a diferença entre PT e PSDB é sim assustadora. Eu achei uma série de slides que tem vários gráficos que mostram como foi a evolução dos indicadores sociais nos últimos 20 anos (FHC + Lula + Dilma). Esses números mostram o que foi o governo PT. Resumo aqui os principais gráficos.

No slide 20, vemos o percentual de famílias abaixo da linha da pobreza desde 1990 até 2009. Em 1993, 23% dos brasileiros estavam abaixo da pobreza extrema. Em 1995, com o plano real, esse número cai para 17%! Isso mostra o impacto do fim da hyperinflação. Deve ter algum ruído estatístico aí, mas o efeito é real. Porém, fica estagnada nos 7 anos seguintes do governo FHC, chegando em 2002 a 16,5%. Essa é a grande realidade. O FHC fez muitas reformas, privatizou, instituiu metas de inflação etc., e no final a pobreza ficou estagnada após os ganhos do plano real. Lula assume em 2003, após subir para 17,5%, chegou em 2009 para 8% da população. Repito, se em 7 anos de FHC passamos de 17% de brasileiros na extrema pobreza para 16,5%, no Lula saímos dos 16,5% para 8% nos mesmos 7 anos. São 8 p.p. de queda (tem uns arrendondamentos aí).

Tem um outro gráfico, nos slide 15, que acho mais impressionante ainda. Ele mostra a desigualdade de renda (medido pelo GINI) e a renda per capita, de 1960 até 2012. E o que a gente vê é uma correlação positiva entre a renda per capita e a desigualdade. A renda per capita cresce no período de 1960-1980, juntamente com a desigualdade. Ficam ambas estagnadas nos anos 80 e 90, incluindo aí o governo FHC. Há até uma queda brusca na desigualdade em 1995 (plano real), mas que é revertida já em 96. Ou seja, o governo FHC não conseguiu, de maneira consistente, reduzir a desigualdade do país. É só a partir de 2003 que vemos uma correlação negativa entre renda per capita e desigualdade. A renda per capita sobe nos últimos 12 anos, e a desigualdade diminui. Nunca antes na história do país conseguimos esse padrão de desenvolvimento. Mas, e isso é bastante relevante, o gráfico mostra que a desigualdade atual, mesmo com toda queda, é maior do que a aferida em 1960! Somos mais desigual hoje, mesmo com toda a queda, do que antes do golpe militar. Esse é o tamanho da tragédia do golpe de 64. E que temos revertido nos últimos 12 anos de governo PT.

Os tucanos argumentam que o modelo petista de redução de pobreza e desigualdade se esgotou. E esse é, em minha opinião, o maior debate que deveria ter sido feito nessa eleição. Mas a verdade é que o que o PSDB tem proposto é, basicamente, a volta ao modelo anterior de desenvolvimento do Brasil. Um modelo que significou pouca efetividade no combate à pobreza e em crescimento com aumento da desigualdade.

O PSDB não me convenceu de que o modelo de desenvolvimento deles é compatível com a redução da pobreza e desigualdade. O histórico do partido, como mostrei aqui, joga contra essa perspectiva. E, talvez mais importante, os aliados deles são justamente aqueles que mais se beneficiaram do modelo anterior de desenvolvimento. Por tudo isso, não dá para acreditar no contrário.

O PT tem como aliados a outra metade que se beneficiou do modelo de desenvolvimento anterior. Mas o PT comprovou de fato que, apesar dos aliados, conseguiu reduzir a pobreza e desigualdade. Eu creio que a explicação está no fato de que o PT tem grupos de pressão importantes no interior os partidos ligado aos movimentos sociais. Veja o gráfico abaixo, que creio ilustra como a vinculação com sindicatos reflete-se em indicadores econômicos e sociais.

E se o modelo do PT de governar se esgota, creio que tem a ver com o descolamento do PT dos movimentos sociais, como vimos em 2013. Mas o PSDB não é uma alternativa real nesse ponto, pois são mais descolados ainda do que o PT.

ps.: o meio-ambiente é o problema do futuro para o mundo e, portanto, para o Brasil. Infelizmente, nesse ponto, PT e PSDB são muito similares.

ps.2: Eu não gosto de gráficos com eixo y que não começam no zero. Isso cria uma ilusão de que a variação é maior do que de fato é. Mas não tenho tempo para fazer eu mesmo os gráficos. Deem os devidos descontos. Mas a conclusão não muda.

ps.3: Sobre corrupção, PT e PSDB são igualmente envolvidos em escândalos de corrupção e não vejo diferença entre eles nesse ponto. E ainda por cima acho que a corrupção não entra nem nos cinco maiores problemas do Brasil hoje (pobreza, violência, educação, saúde, direitos humanos e de minorias e meio-ambiente, não necessariamente nessa ordem). Talvez num sexto ou sétimo lugar.

ps.4: se você acha que o PT e o PSDB são iguaizinhos ideologicamente, veja o gráfico da pág. 7 desse artigo.


Arquivado em:Manoel Galdino, Política e Economia Tagged: 2014, Aécio, desigulade, Dilma, Eleições, esquerda, pobreza, PSDB, PT, segundo turno
10 Oct 17:22

Antes tarde do que mais tarde, Netflix ganha suporte oficial ao Linux

by Paulo Higa
Silvano.pereira

Se tivesse Diablo p/ linux eu mudava de OS acho =p

Usuários do Linux não precisam mais fazer nenhuma gambiarra para assistir aos filmes e séries da Netflix. Com a última atualização do Chrome, o serviço ganhou suporte oficial ao pinguim. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (10) pela Canonical, confirmando que a novidade está disponível para todos os usuários com Ubuntu 12.04 LTS e 14.04 LTS ou superiores.

Até agora, usuários do Linux conseguiam usar a Netflix com alguns truques que consistiam em trocar o user-agent, rodar uma máquina virtual ou executar algum navegador pelo Wine. Isso porque a Netflix se baseia principalmente no Silverlight para transmitir seu conteúdo. Além de suportar a tecnologia de streaming adaptativo da Microsoft, o Silverlight era o responsável por proteger o conteúdo com DRM.

netflix

A última atualização do Chrome no Linux, no entanto, adiciona o suporte a algumas extensões de vídeo de HTML5 — como as Encrypted Media Extensions (EME), que transmitem conteúdo protegido por direitos autorais; as Media Source Extensions, capazes de direcionar o usuário para um servidor específico; e o Web Cryptography API, responsável por verificar se o usuário, de fato, possui uma assinatura válida.

Como todos os requisitos foram cumpridos, a Netflix agora permite que todos os usuários com a última versão do Chrome no Linux acessem o conteúdo usando um player em HTML5. As extensões citadas acima são padrões abertos da W3C, então não deve demorar muito até que outros navegadores adotem o recurso — a Mozilla, que era relutante à ideia, anunciou que vai suportar DRM no Firefox.

Se você usa as últimas versões do Ubuntu e está com o sistema atualizado, já conseguirá assistir aos vídeos pelo Chrome. Caso use outra distribuição ou esteja com uma versão antiga do browser, faça o download do Chrome 38.

Antes tarde do que mais tarde, Netflix ganha suporte oficial ao Linux








10 Oct 11:52

O mapa da mina

by Elton Flaubert

primeiroturno

Finalizado o primeiro turno da eleição, é hora da readequação de alianças, com a busca por apoios de candidatos e partidos derrotados. Mas é também o momento de especulação sobre o comportamento do eleitorado que não optou inicialmente pelas duas candidaturas mais votadas.

Não só na eleição deste ano, mas também nas últimas, as pesquisas de intenções de voto veem cometendo erros grosseiros. Das dezenove pesquisas de boca de urna realizadas pelo Ibope neste ano, em dezesseis delas obteve-se um candidato fora da margem de erro. E em algumas situações, muito longe da margem. Um erro superior a 10% numa pesquisa de boca de urna é inaceitável.

No entanto, isto não significa que houve má intenção, até mesmo porque ninguém possui o interesse de expor seu instituto a tal ridículo, podendo causar descrédito. Há tempos que os institutos sérios (em especial o Ibope) precisam rever sua metodologia. Ao menos o instituto nos oferece uma pesquisa no dia da eleição para ficar mais claro se está havendo acurácia. Os outros institutos podem falar de movimentações intensas em menos de 24 horas.

Desta forma, talvez seja mais fácil compreender a partida do segundo turno através dos votos dados na urna do que pelas primeiras pesquisas. Vejamos o resultado oficial do primeiro turno:

DILMA ROUSSEFF (PT): 43.260.549 – 41,59 %
AÉCIO NEVES (PSDB): 34.894.077 – 33,55 %
MARINA SILVA (PSB): 22.174.860 – 21,32%
LUCIANA GENRO (PSOL): 1.612.150 – 1,55%
PASTOR EVERALDO (PSC): 780.415 – 0,75%
EDUARDO JORGE (PV): 630.083 – 0,61%
LEVY FIDÉLIX (PRTB): 446.850 – 0,43%
ZÉ MARIA (PSTU): 91.207 – 0,09%
EYMAEL (PSDC): 61.248 – 0,06 %
MAURO IASI (PCB): 47.841 – 0,05 %
RUI PIMENTA (PCO): 12.323 – 0,01 %

Sem dúvida, a migração de votos de Marina para Aécio e Dilma será decisiva no segundo turno. Pelas últimas pesquisas Datafolha, Marina transferiria em torno de 62% dos votos para Aécio, e 24% para Dilma. Enquanto Luciana Genro transferiria 41% para a petista e 32% para o tucano. Aécio ganha mais votos dos outros três “nanicos” mais votados: Eduardo Jorge (45% contra 38%), Pastor Everaldo (47% contra 38%), Levy Fidélix (57% contra 23%). Repartindo os votos obtidos pelos candidatos derrotados aos dois postulantes, somando a votação obtida no primeiro turno, temos então que a disputa do segundo turno parte disto:

AÉCIO NEVES: 50.063.414
DILMA ROUSSEFF: 49.906.875

Ou seja, terminada a votação e aplicada a proporção vista na última pesquisa do Datafolha, Aécio e Dilma partem das urnas praticamente empatados, resultado diferente dos seis pontos de diferença dados pelo Datafolha na véspera da eleição, e ainda mais longínquos dos oito pontos do Ibope. Num espaço tão curto de tempo, menos de 24 horas, é praticamente impossível que um candidato tenha tirado tanta diferença. É provável, portanto, que as pesquisas vinham captando as intenções de voto da petista acima do seu real teto, e inversamente, o tucano abaixo de sua realidade.

Provavelmente pelo ânimo empregado e apoios dados, o tucano está um pouco à frente da petista. Obviamente que, por esses fatores, ele possui mais capacidade eleitoral para ampliar esse percentual através da transferência de votos. Assim como é importante lembrar que, pela diferença dada entre as pesquisas e as urnas, o tucano possivelmente esteja captando uma percentagem maior dos adversários. Mas tudo isto revela apenas um levíssimo favoritismo seu na partida, muito longe ainda de ser uma grande vantagem. Três semanas em política é uma eternidade. Tanto Aécio quanto Dilma precisam prestar atenção em pontos chaves para garantir a vitória. Vejamos o “mapa da mina” de cada um.

O mapa da mina de Aécio

Quando olhamos para o mapa regional de votação, duas coisas são claras: a)Aécio vencerá no Sul, Sudeste e Centro-Oeste; b)Dilma vencerá no Nordeste e Norte. O tucano venceu em São Paulo, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Os três estados onde ele perdeu serão essenciais: Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

No primeiro turno, Aécio venceu no Sudeste com 17,5 milhões de votos, contra 14,3 milhões da petista e 10,4 milhões de Marina Silva. O tucano venceu também no Sul com 7,6 milhões de votos, ante 5,8 milhões da petista e 2 milhões da socialista. Igualmente, no Centro-Oeste, Aécio recebeu 3,1 milhões de votos, Dilma conquistou 2,5 milhões e Marina, 1,8 milhão.

O Centro-Oeste é responsável por 7,6% do eleitorado nacional. Lá, Aécio venceu em todos os estados, e possivelmente poderá conseguir uma frente de um milhão e trezentos mil de votos, por captar mais de Marina do que Dilma. O Sudeste é responsável por 43,40% do eleitorado, e o Sul por 14,78%. Apenas São Paulo responde por 22,4% do eleitorado nacional. Aécio teve cinco milhões de votos de vantagem para Dilma no primeiro turno neste estado. No segundo, ele precisa conquistar mais votos de Marina e abrir uma vantagem superior a sete milhões de votos. Fazendo o cálculo proporcional por estados de transferência entre a ambientalista e o tucano, é possível que Aécio consiga uma frente de três milhões de votos sobre sua adversária em outros três estados: Paraná, Santa Catarina e Espírito Santo. Somando estes estados, São Paulo e o Centro-Oeste, Aécio pode conseguir uma frente de onze milhões e oitocentos mil votos.

Para vencer a eleição, Aécio precisa levar uma frente segura de doze milhões de votos para o Norte e Nordeste. Por isto é essencial a vitória em Minas Gerais (10,67% do eleitorado nacional) e no Rio Grande do Sul. É possível que Dilma tenha uma pequena vantagem no Rio de Janeiro (8,5% do eleitorado nacional), de modo que o tucano precisa de uma vitória em Minas, mesmo que por pouca margem, para neutralizar esta diferença. Com o forte apoio de Sartori, e por conseguir captar mais votos de Marina, é possível a vitória do mineiro no Rio Grande do Sul. Nos pampas, Aécio deve buscar 200 mil de diferença para conseguir esta frente de doze milhões de votos.

Em 2010, no Nordeste (atualmente 26,79% do eleitorado nacional), Dilma obteve 61,63% no primeiro turno. Neste ano, ela obteve 59,58% dos votos desta região. Comparando 2014 com 2010, a petista viu seu percentual crescer em cinco estados: Sergipe (+7%), Paraíba (+2%), Rio Grande do Norte (+9%), Ceará (+2%), e Piauí (+3%). Na Bahia, no Maranhão e em Alagoas, Dilma perdeu 1%. A grande diferença veio de Pernambuco, segundo maior colégio eleitoral da região (4,45% do eleitorado nacional), único estado em que ela foi derrotada, com a queda de 17%.

José Serra obteve um pouco mais de sete milhões e 600 mil votos, perdendo por uma diferença de quase onze milhões de votos para Dilma. Para resistir a esta avalanche, Aécio precisa conseguir oito milhões e meio de votos na região, tornando a diferença dela para Dilma girando na casa dos dez milhões.

Para conseguir isto, é fundamental o avanço do tucano em Pernambuco, estado onde ele contará com o apoio do governador eleito, Paulo Câmara, e da família Campos, que levaram Marina à vitória. Para alcançar sua meta, Aécio não precisa vencer em Pernambuco, mas necessita conseguir ao menos 40% dos votos válidos. É importante também que Aécio não permita um aumento considerável da vitória da petista na Bahia, maior colégio eleitoral do Nordeste (7,13%), devendo buscar ao menos um pouco mais de dois milhões de votos. Cumprindo esta tarefa, levará ao Norte uma margem de quase dois milhões de votos de diferença, e vencerá a eleição.

O que Aécio precisa fazer?

a) ter no mínimo 8 milhões e 500 mil votos no Nordeste;
b) confirmar amplo favoritismo em São Paulo, abrindo ao menos uma frente de 7 milhões e 500 mil de votos;
c) conseguir no Sul, Sudeste e Centro-Oeste uma frente de 12 milhões de votos, e para isto é preciso vencer em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul;
d) não perder por muito no Norte.

O mapa da mina de Dilma

Em 2010, Dilma venceu no Sudeste por um pouco mais de um milhão e meio de votos. Nesta eleição, é certo que perderá para Aécio no Sul, Sudeste e Centro-Oeste (em 2010, teve quase 300 mil votos a mais do que o tucano nestas três regiões). Para que o Nordeste absorva esta derrota, ela precisa amenizar as perdas.

Em São Paulo, Dilma precisa diminuir sua rejeição e impedir que Aécio lhe abra uma frente de mais de sete milhões de votos. O objetivo de Dilma deve ser impedir que o tucano abra uma vantagem maior do que onze milhões de votos no Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Conseguindo isto, as chances de vitória da petista aumentam. Para isto, ela precisará vencer no Rio de Janeiro e em Minas Gerais e, dependendo do resultado paulista, também no Rio Grande do Sul.

Fazendo isto, Dilma poderá reverter no Norte e no Nordeste a vantagem conquistada por Aécio. Para conseguir ampla margem na região nordeste, ela precisa recuperar Pernambuco. Para obter uma vantagem de ao menos dez milhões e meio de votos no Nordeste, Dilma precisará vencer em Pernambuco por mais de 62% dos votos válidos. Se não conseguir isto, será difícil ter vantagem tão ampla na região quanto o desejado, devendo ter uma frente em torno de 9,5 e 10 milhões, precisando vencer no Norte por um milhão e meio de votos. Em 2010, ela venceu Serra por exatos 1.044.810 votos. Naquele ano, obteve no primeiro turno 49,23%. Em 2014, Dilma conseguiu em tal região 50,52% dos votos, devendo ficar com uma margem próxima da que conquistou em 2010.

O que Dilma precisa fazer?

a) impedir esmagadora derrota em São Paulo, não perdendo por mais de sete milhões de votos;
b) vencer em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul;
c) ter no mínimo 62% dos votos válidos em Pernambuco;
d) ampliar vantagem no Nordeste, conseguindo uma frente de mais de dez milhões de votos para o adversário;
e) manter vantagem no Norte.

Portanto, estamos numa disputa que se apresenta, na partida do segundo turno, como bastante acirrada. Todos os estados são importantes, mas há cinco batalhas fundamentais: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Pernambuco.

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08 Oct 12:58

Readequação conservadora

by Raphael Tsavkko Garcia

katiaabreu

O Brasil acordou no dia seguinte às eleições mais conservador, ou ao menos tornou-se mais coerente consigo mesmo. Não é novidade que o Brasil é um país conservador e que pautas progressistas são comumente tratadas como “coisa de bandido” ou “coisa de drogado e maluco”. Aborto, direitos LGBT e indígenas, direitos humanos como um todo, descriminalização das drogas, dentre outras pautas, nunca prosperaram num país marcado pela hipocrisia, onde mulheres que abortaram são contra o aborto, onde muitos gays votam em homofóbicos e por aí vai. Somos um país de contradições inúmeras e as urnas refletem isso.

De um lado, PSOL e candidatos progressistas tiveram boa votação, como Freixo e Jean Willys; por outro, temos Bolsonaros reeleitos batendo recorde, Russomano, e Alckmin reeleito em primeiro turno.

As razões para esta suposta guinada conservadora, que eu chamaria apenas de readequação conservadora, são muitas. O problema de muitas análises feitas, porém, é encontrar culpados onde eles não estão e tirar a culpa de quem efetivamente a tem.

Explico.

Dia seguinte à eleição pipocaram as “análises” raivosas de que Junho seria culpado pelo conservadorismo, afinal as milhões de pessoas se manifestando por transporte público, serviços públicos de qualidade e afins deviam mesmo ser todas coxinhas reacionárias. Marina, por sua vez, seria outra grande culpada, com sua agenda francamente conservadora e que, agora, irá ainda apoiar o Aécio, uma figura ligada à pior direita do país. Sobrou, claro, espaço para atacar os estúpidos paulistas que elegeram Alckmin, Serra e uma bancada conservadora com Coronel Telhada e Feliciano capitaneando o barco.

Junho enquanto movimento difuso

Junho se iniciou como um movimento francamente de esquerda, atrelado ao MPL e ao direito ao passe livre e contra a privatização dos transportes e o aumento das tarifas. Uma revolta popular que foi tomando força e se espalhando pelo país. Tinha tudo para ser mais uma das séries de mobilizações sociais de esquerda que têm seu momento (ou momentum) e depois desaparecem, tendo conquistado algum avanço ou ao menos imposto uma pauta.

A violência política absolutamente inaceitável que se seguiu às manifestações acabou por amplificar as mobilizações que, uma vez vitimando pesadamente jornalistas, fez com que a maré virasse e mesmo a mídia ficasse ao lado dos que se manifestavam. A violência foi o divisor de águas e foi usada indistintamente por governos tucanos, petistas e por aliados de ambos.

Mudada a maré, os protestos, que já possuíam um caráter difuso, acabaram por ver suas pautas alargadas e mesmo apropriadas por diversos grupos que passaram a ir às ruas. A partir deste ponto não havia mais controle. Setores de direita passaram a participar das manifestações, culminando em episódios de violência, como em São Paulo, em que membros de partidos de esquerda foram agredidos pela turba.

Em resumo, Junho foi um momento único, difuso, de múltiplas pautas e, pese ter sido iniciado e mantido pela esquerda, foi também apropriado por outras tendências políticas. Mas não pode, de forma alguma, ser responsabilizado pelo resultado das urnas. Tenho insistido no caráter progressista, que foi hegemônico nas manifestações e que em muitos lugares acabou sobrevivendo por pelo menos um ano e desembocado nos protestos anti-Copa pelo país. Tivemos contradições, sem dúvida, mas o caráter progressista foi dominante.

Acrescento ainda que vejo muitos pontos em comum entre os protestos de Junho e o movimento dos Indignados, na Espanha. São muitas as semelhanças, a contar pelo caráter difuso e pela multiplicidade de atores e, agora, pelo crescimento enquanto reação dos conservadores nas eleições imediatamente posteriores às grandes mobilizações.

No Brasil como na Espanha, os conservadores reagiram às massas nas ruas e obtiveram significativas vitórias. O Brasil não está isolado. Na Espanha houve, posteriormente, o surgimento de uma nova força política, o Podemos. Resta saber se o Brasil seguirá com a formação de uma ou várias novas forças ou mesmo se seguirá o caminho do fortalecimento da esquerda já institucionalizada.

São Paulo e o conservadorismo

São Paulo observou um alto índice de abstenções e votos nulos/brancos ao mesmo tempo em que a presença de candidatos majoritários progressistas era pequena. Alckmin não ganhou apenas porque o eleitor paulista é conservador e ponto (apesar de sê-lo), mas também porque a esquerda não foi capaz de se organizar. Setores importantes dos protestos de junho e movimentos sociais apoiaram o voto nulo ou a abstenção (pese as votações de candidatos do PSOL como Ivan Valente e Giannazi terem sido altas) e o PT abusou da boa vontade ao tentar impor um desconhecido e conservador Padilha, que não foi sequer capaz de atrair os votos das áreas tradicionais do petismo na capital paulista.

Havia um sentimento de esgotamento entre muita gente frente a uma eleição em que os candidatos principais buscavam se mostrar todos cada vez mais conservadores, e isto se refletiu na votação para deputados. O eleitorado conservador se viu privilegiado e cresceu, ao passo que o progressista se viu sem opções.

O PT errou, o PSOL errou ao sacar Safatle por Maringoni, e a esquerda foi incapaz de mostrar sua força e reagir. Ambos os partidos, aliás, compreenderam muito mal o que foi Junho, preferindo repudiar ou se afastar dos movimentos e fatos ao invés de buscar entender as lições dadas.

Bruno Paes Manso também explicou porque Telhadas da vida conseguiram tamanha votação. O medo traz votos e a questão da segurança é um tema importantíssimo em um estado como São Paulo (ou em qualquer outro). Num país onde “bandido bom é bandido morto”, o crescimento da violência acaba privilegiando em um primeiro momento os mais radicais que pregam combater, não a violência em si, mas o suposto violento, eliminado-o.

Marina Silva “russomanou”

Uma das maiores surpresas da eleição foi, sem dúvida, a derrota de Marina. Seu primeiro e principal pecado foi lançar seu programa. Lançar e recuar menos de 24 horas depois em área crucial, como a dos direitos humanos, afastando já de início o eleitor progressista de sua candidatura, enquanto Dilma fingia se importar com este eleitor.

Marina acabou disputando muito mais o eleitor conservador de Aécio que o progressista que ainda apoiava Dilma ou que estava em dúvida (notem que não estou reduzindo os eleitores de ou ou outro lado ao conservadorismo ou progressismo, apenas traçando linhas gerais), e apostou numa “nova política” baseada em discursos retrógrados, em aliados retrógrados e conservadores e recuos fica difícil de sustentar.

Nos debates televisivos Marina se saiu muito mal. Fraca, pouco propositiva, repetitiva, sem brilho. Não soube se portar e por vezes ficou na defensiva, e quando atacou não soube fazê-lo, tendo em vista especialmente que parte do seu eleitorado era disputado mais por Aécio que por Dilma.

Mas Marina não fracassou apenas por seus esforços, ela foi também vítima de uma campanha suja e pesada por parte do PT e de petistas. Campanha baseada em mentiras, em desinformação e franca manipulação. Petistas a acusavam do crime de ter uma banqueira como apoiadora, a mesma que apoiou Haddad. E do mesmo banco que financiou pesadamente o PT em 2010.

Cada acusação do PT a Marina servia como um espalho, mas 2 minutos de propaganda na TV foram insuficientes para neutralizar tal campanha e a fraca presença de Marina nos debates.

Agora periga Marina apoiar Aécio, e muitos petistas que há 2 dias a xingavam e atacavam com os argumentos mais baixos se escandalizam. Não compreendem que nem todos são capazes de apoiar no dia seguinte quem, ontem, a acusava de ser a pior figura do mundo.

PT elegeu a direita?

Por fim, acho ainda importante analisar o papel do PT enquanto puxador de votos para a direita. E para isto repito o que disse em meu blog:

O PT quase desapareceu em alguns estados, como PE e DF e teve votação muito menor e menos eleitos que nas eleições passadas. Caiu de 88 para 70 deputados. Ao passo que o PSDB subiu (44-55) e houve uma explosão de partidos nanicos aparecendo. Vamos nos lembrar qual era o discurso dos petistas fanáticos pra justificar todo e cada recuo vergonhoso: Governabilidade. O PT não teria grande bancada, logo, está justificado e aceito todo recuo. Agora será pior. Com bancada ainda menor (por escolha do PT, aliás, que perdeu votos tanto do eleitor enojado quanto por ter aberto mão de vagas para apoiar bandidos como Collor ou Katia Abreu) os recuos serão maiores e as justificativas nojentas da “Militância” idem.
Mas porque o PT recuou tanto? São vários os fatores, mas imagino que os principais seriam:
– Guinada para a direita afastou eleitorado de esquerda, além da campanha suja petista que afastou outros tantos
– Protesto de junho e repressão durante a Copa (o número de votos nulo, branco e abstenções em estados como Rio e SP foi enorme, o que denota um cansaço do eleitorado)
– Apoio do PT a candidatos milicianos e bastante duvidosos (no Rio em especial, os Tatto em SP, etc)
– Apoio do PT a candidatos abertamente fascistas, como Katia Abreu ou Collor, ou ainda Lobão Filho, Helder Barbalho, etc o que, no fim, diminui a visibilidade do PT e também afasta o eleitorado de esquerda
– O PT lançou candidatos fracos em estados como São Paulo e Santa Catarina (dentre outros) o que diminuiu a visibilidade/atratividade dos demais candidatos a deputados
– Um esgotamento natural do lulismo/petismo
A maior parte dos fatores me parecem ter a mesma origem, que é o lulismo de coalizão empurrando o partido inexoravelmente para a direita e mesmo o apoio a fascistas e gente de extrema-direita. Curiosamente, candidatos de extrema-direita como Telhada ou Bolsonaro tiveram votações incríveis, e isso se explica pelo antipetismo que, em parte, cresce pelo ódio da cooptação feita pelo PT de elementos tradicionais da direita. É uma verdadeira salada.

O antipetismo é também filho do petismo

Analiso mais demoradamente dois aspectos que vejo fundamentais, o apoio do PT a candidatos de direita e o antipetismo reativo, e acrescento mais alguns apontamentos.

O PT não apenas se alia à direita como faz (ou fez) campanha para ela. Não pode mais se resumir a dizer que se alia com quem pode, com o que está aí, porque de fato desta vez o PT fez campanha ativa para “quem está aí”. Dilma fez vídeos para Katia Abreu, apoiou Collor, não apenas recebeu apoio e foi “usada”. O PT esteve ativo em campanhas conservadoras, como as do filho de Jader Barbalho no Pará (onde se aliou até com o DEM) ou com Lobão Filho, do clã Sarney (que perdeu de Flavio Dino, do PCdoB, que já disse que não fará campanha pra Dilma).

O PT não pode, hoje, se fazer de inocente. Contribuiu imensamente para o crescimento da bancada conservadora. Além disso, lançou candidatos no Rio e em São Paulo, por exemplo, absolutamente duvidosos, como André Sanches, mais um dos milhares de Tatto que se espalham por São Paulo como metástase, ou gente acusada de ligação com milícias no Rio. Me lembro até de amigos do DF com medo de votar na Erica Kokay (reeleita) porque uma grande votação dela poderia resultar na eleição de direitistas com ela coligados (e à revelia dela, diga-se de passagem).

Não apenas o PT fez campanha para conservadores, como os tinha mesmo em seu partido e também os ajudou a se eleger devido às coligações feitas. Não pode reclamar muito dos outros, certo?

O segundo fator é o antipetismo reativo. O antipetismo é algo que existe desde sempre, mesmo desde antes do PT chegar ao poder com Lula. É o medo que as elites tinham do discurso do partido e que, pese o partido hoje ser um legítimo representante das elites, continua sendo usado. Este discurso serve tanto para contentar o eleitorado conservador quanto para manter o PT sob rédeas curtas. Mas, após esta eleição, pode-se dizer que é um discurso também usado para roubar votos do PT e de seus aliados, é uma reação à apropriação por parte do PT do discurso conservador, mesmo que ele não seja do “clubinho”.

Quanto mais à direita vai o PT, mais a direita mais extremada busca se distanciar e atacar o partido. A extrema-direita, infelizmente, teve um poder maior para se agregar que a esquerda, daí votações como as da família Bolsonaro, Heinze (RS), dentre outros. O PT é encarado como esquerda – não importa o quanto caminhe para a direita – por estes setores e o antipetismo os fortalece.

A tudo isso podemos também somar o esgotamento do lulismo que, no fundo, promoveu de certa forma o conservadorismo ao apostar no consumismo como forma única de ascensão social sem garantir educação no meio (não posso considerar UniEsquinas como educação, muito menos educação emancipadora, a necessária).

O lulismo aliado à conservadores evangélicos, avesso à regulação da mídia e a frear discursos de ódio, acabou criando um campo propício para que o ódio e o conservadorismo se espalhasse. Dilma e seus discursos contrários à criminalização da homofobia e seus recuos em programas de direitos humanos para minorias ou seu recuo na regulamentação do aborto contribuíram para reforçar o discurso conservador. Não inibir tal discurso ao mesmo tempo em que incentiva apenas o consumo inconsequente e enquanto, ainda, obedece às ordens dos conservadores contribui para fortalecê-los (o que é óbvio, menos para o eleitor petista fanatizado e para o próprio PT).

Ao apoiar Katia Abreu, o PT não contribui para seu crescimento enquanto partido, mas afasta o eleitor de esquerda ao passo que garante mais um mandato a uma conservadora que se fortalece e impõe sua agenda ao partido. Ao passo que “coopta” (ao menos na mente de alguns) esta conservadora fazendo com que muitos busquem candidatos ainda mais conservadores e que não se “vendem” ao PT – apesar do vendido ser o PT.

Enfim, a certeza que fica é a de que teremos 4 anos difíceis, em que o PT cederá o quanto for “preciso” para se manter no poder e, caso vença Aécio, encontrará um cenário propício para sua agenda conservadora. Os direitos humanos foram os maiores derrotados e sofrerão amargamente por mais 4 anos.

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03 Oct 13:34

Cante com a gente no karaokê do novo trailer de Magicka 2

by Bruno Izidro
Silvano.pereira

hahahaha
must play!

Primeiro clique no vídeo e assista ao novo trailer de Magicka 2:

Já viu? Agora siga o ritmo da música e cante com a gente:

Para divulgar a sequência de Magicka
Bolaram um trailer com uma música massa
Mais uma vez os magos saem num rolê
Soltando feitiços e no karaokê

Magicka dois, Magicka dois
Sai pra PC e PS4 depois
Magicka dois, Magicka dois
Em 2015 o jogo chega, ora pois

Se o co-op já era bem divertido
Combine mais mágicas e derrote inimigos
Algumas mudanças em relação ao primeiro
Fazem sucesso e acertam em cheio

Magicka dois, Magicka dois
Sai pra PC e PS4 depois
Magicka dois, Magicka dois
Em 2015 o jogo chega, ora pois

Se gostou da notícia musicada
Então baixe a canção do trailer de graça
Todo mundo gosta de karaokê
Junte os amigos pra jogar, porque

Magicka Two, Magicka Two
Killing friends is better in Magicka 2!
Magicka Two, Magicka Two

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02 Oct 17:57

11 coisas úteis que aprendi jogando

by Rafa Monteiro

Eu gastei uma boa parte do meu tempo nesse mundo jogando joguinhos diversos e praticando esportes de fim de semana. Joguei muita coisa pra videogame e PC, principalmente, mas dediquei um tempo razoável a jogos de tabuleiro e cartas.

Há quem diga que é perda de tempo, e é verdade: não é exatamente um tipo de atividade produtiva, principalmente na conotação mais capitalista do termo. Poderia ter usado esse tempo para estudar alguma coisa ou fazer algo de útil por mim ou pelos outros.Por outro lado, é uma das coisas que trouxe uma felicidade enorme pra mim e para os meus parceiros de jogo, por algum motivo que eu até hoje não consegui entender direito.

Para não dizer que tudo foi tudo passatempo e distração barata, aprendi algumas coisinhas com todas essas horas de atividades lúdicas.

Eis os meus dois cents sobre o assunto:

1. Noções de estatística

Quando eu era moleque no colégio, tinha dificuldade de fazer os exercícios de genética e de análise combinatória, porque não entendia muito bem essa coisa abstrata e astrológica que é a probabilidade de eventos acontecerem ou não. Vivia errando as contas pra saber a probabilidade de uma prole ter genes recessivos e outros exercícios na mesma vibe. Eu me virava razoavelmente bem com álgebra e um pouco menos com geometria, mas a estatística era sempre o meu ponto fraco.

Isso durou até o dia em que meus amigos me apresentaram ao Magic. Aquele jogo de cartas no qual você precisava construir seu próprio baralho? lembram? Pois é.

magic2

Magic deixa as pessoas só um pouquinho empolgadas

Eu pirei com o jogo. Só que os meus primeiros jogos eram verdadeiros desastres, e eu sempre perdia. Insatisfeito, fui tentar descobrir qual era a mágica (sem trocadilhos, por favor) dos meus amigos, que viviam ganhando o jogo

Todo mundo me falava para copiar baralhos prontos dos campeões de torneio. Funcionava, mas era um caminho que eu achava bem besta. Eu queria montar minhas próprias estratégias do meu jeito.

Não faltava matéria em jornal e revista de grande circulação falando do Magic na época, pois era modinha (note: não havia internet). Num desses textos eu li algumas coisas sobre a matemática por trás do jogo: quantas cartas de cada tipo precisava ter, qual o custo de cada uma delas e, o mais importante, como criar um baralho que te ajudasse mesmo quando você não sabia qual era a próxima carta a ser comprada.

Basicamente, o apelo do Magic era ser uma mistura de xadrez e poker, que era um jogo que eu só tinha ouvido falar por alto até então.

Foi aí que estatística e probabilidade começaram a fazer sentido pra mim, e foi quando eu comecei a jogar melhor.

Só depois de velho que eu fui apresentado ao poker, mas eu já entendia algumas estratégias básicas envolvendo trocas de cartas na base da estatística. Comecei a entender quando e como que os jogadores compravam cartas e como montavam a estratégia de sessões inteiras de jogo, dessas que viram a noite.

Já manjava um pouco de blefe, mas isso é assunto para outro ponto.

2. DPS

Uma vez eu estava conversando com um amigo sobre esses jogos nos quais se monta personagem. Sabe esses jogos no qual você escolhe a raça do personagem, a classe, a profissão, a especialização e onde vai cada atributo? Pois é.

Novamente eu estava tendo problemas para montar um personagem que não morresse o tempo todo. Ele me falou uma grande verdade, que roubou um pouco da magia do jogo. Suas palavras foram:

“DPS é tudo que importa.”

DPS, pra quem não sabe, é a sigla de Damage per Second (dano por segundo), e denota o quanto que o seu personagem consegue bater em um dado intervalo de tempo. Quanto maior esse valor, mais a barrinha do chefe diminui a cada porrada.

Ele me explicou que DPS alto se traduz em lutas mais rápidas. Lutas rápidas significa que você dá menos tempo para os inimigos retaliarem e menos tempo para você ficar exposto.

Com o tempo eu fui entender essa verdade. Em qualquer jogo competitivo, tudo gira em torno desse output, seja criando maneiras de fazer mais e melhor que os rivais ou dar um jeito de solapar o output alheio.

Pode chamar de dano, de gol, de cesta ou de lucro líquido. DPS é o santo graal dos generais e executivos. É disso que se trata uma estratégia eficiente.

É por isso que quem não faz, leva, e o ataque é a melhor defesa.

3. Ritmo de jogo

Lá pelos dez anos de idade, tive curiosidade em aprender xadrez, e pedi pro meu avô me ensinar a jogar. Ele não sabia, mas me deu de presente um livro sobre xadrez.

Logo no primeiro capítulo, aprendi que as peças brancas é que começam com a iniciativa, e as pretas precisam jogar de acordo, tentando se aproveitar das oportunidades criadas pelas brancas para virar o jogo.

Num jogo, sempre tem aquele que está conduzindo o jogo, agindo de forma assertiva e impondo suas condições, e aqueles que estão sendo conduzidos, agindo de forma reativa e jogando dentro do que é proposto ou imposto. É quase uma espécie de dança.

Entender isso profundamente é uma das marcas dos grandes jogadores, que sabem reconhecer quando eles tem a iniciativa da jogada e quando é a vez deles de jogar de acordo.

Confundir as duas situações costuma ser um caminho rápido para a derrota, e virar o jogo ao seu favor requer uma compreensão muito clara da própria situação.

4. Metajogo

Eu fui ouvir dessa expressão pela primeira vez na época do Magic, lendo sobre algum torneio. Basicamente, metajogo denota o conhecimento de jogo que está para além do jogo, ou o conhecimento prévio das estratégias de jogo dos oponentes.

Durante um torneio, cada jogador ou equipe precisará enfrentar um determinado número de oponentes diferentes e vencer todos eles para se tornar campeão. Isso implica em se expor a estratégias completamente diferentes e saber se adaptar a cada uma delas. Novamente, a analogia com a dança é válida.

Conhecimento prévio não é garantia de nada, mas é impensável jogar no escuro quando se trata de alguma competição mais séria e de alta performance – bota aí a final da Copa do Mundo, a final do The Voice, o concurso da Receita Federal e o vestibular.

Saber quem serão seus oponentes e quais os termos da disputa muda o jogo. Em parte, foi isso que Sun Tzu quis dizer quando falou sobre o general conhecer a si mesmo e aos seus oponentes.

5. Treino, expertise e experiência

Se o metajogo é o que ajuda fora dos jogos, é o treino que ajuda quando a partida começa.

Não adianta de nada ter conhecimento prévio se ele não vem de forma natural e intuitiva quando solicitado. E o expertise só vem depois de ficar imerso dinâmicas daquela bolha, praticando e entendendo o que se passa durante um bom tempo.

Luke-training

Quando surge uma situação nova, é preciso agir. Você precisa saber agir de acordo, da forma mais rápida e eficiente possível. Não dá é para ficar travado e nem catando milho, tentando lembrar os conselhos dos técnico ou do guia de estratégia.

O fato é que horas de prática diligente fazem diferença. É só nos filmes que o ator, em uma sequência de cenas de cinco minutos, vai de ser humano comum a finalista de torneio de boxe.

6. Estratégia

Uma vez iniciado o jogo, é preciso ter uma ideia muito clara do que se deve fazer e do que não se deve fazer em hipótese alguma. Dos limites dessa visão estratégica, nascem as táticas e jogadas.

Reitero a palavra limites, porque toda estratégia as tem: nenhuma delas é absolutamente perfeita ou infalível. Para cada visão de jogo, existem umas duas ou três feitas exatamente como contramedida.

Sabe o pedra, papel e tesoura? É tipo isso.

Dominar a estratégia implica em saber seus limites, suas idiossincrasias e seus potenciais. E saber que, ainda que ela tenha limites, agir dentro dela é melhor do que agir sem saber o que se quer fazer. É a diferença entre jogar aberto, mantendo a mente de principiante, e ficar patinando no jogo, sem qualquer ideia do que fazer.

Resumindo, há de se escolher um caminho e agir de forma coerente nele.

7. O imponderável e a escassez de informações

Essa eu aprendi jogando buraco e sueca na faculdade.

O motivo é simples: jogos como o xadrez, em teoria, tem o jogo aberto para qualquer um ver. Jogos de carta, entretanto, esfregam na nossa cara que não temos todas as informações sobre nossos oponentes, visto que não podemos ver as cartas em sua mão.

Não é fácil lidar com isso.

moneyball-still03

Em Moneyball, Brad Pitt é Billy Beane, o cara que tentou ponderar o imponderável no Baseball

Especular sobre a mente alheia é um processo complicado e insano. Precisamos de várias pistas para ter uma noção vaga do que o outro pensa, sem qualquer certeza ou garantia de nada. Às vezes é a expressão no rosto do jogador. Outras vezes são suas jogadas. Em outras, conhecemos bem nossos rivais e especulamos que eles vão se comportar de forma habitual. Freqüentemente, apostamos mal e damos um tiro no próprio pé.

Repare que isso vale não só para oponentes, mas para companheiros de equipe. O sujeito está lá na frente esperando um cruzamento e você, lá atrás, esperando alguém para fazer um passe, cada um esperando que o outro se comporte de maneira diferente.

Ainda assim, não temos escolha. Jogar sozinho, voltado para si mesmo e ignorando o que os outros podem fazer (ou já estão fazendo) pode colocar o jogo em risco.

Nesse aspecto, comunicação e sensibilidade são essenciais.

8. Línguas

Faço parte de uma geração que cresceu imersa em jogos de videogame, RPGs, CCGs e jogos de computador. Diferente das gerações anteriores, que passavam mais tempo engajadas em uma cultura pop feita de televisão, cinema, bandas de rock e quadrinhos (para fazer um resumo bem grosseiro), a galera dos vinte e tantos e trinta e poucos passou boa parte dos seus anos de formação engajada nesses joguinhos.

Ora, somente há pouquíssimo tempo que estes mercados começaram a ser disputados por empresas e produtos brasileiros – o mercado de games brasileiros não existia até bem pouco tempo atrás, e os únicos jogos de mesa tínhamos eram os clássicos de sempre: War (o nosso Risk), Banco Imobiliário (o nosso Monopoly), Detetive, (o nosso Clue), etc.

Destes produzidos no Brasil, era ainda mais raro encontrar algo traduzido. Resultado: quem quisesse jogar alguma coisa, tinha que aprender o idioma do jogo (que quase sempre era o inglês).

Eu lembro de algumas épocas em que eu jogava com o dicionário de inglês-português do lado do computador ou do videogame. Assim, se o jogo fosse mais complicadinho ou tivesse muita história para contar, eu não ficava rendido quando recebia alguma missão com palavras mais cabeludas.

Eu aprendia duas vezes na verdade, porque depois tinha que explicar tudo para os meus amigos. Mais tarde, com a internet, foi a vez de trocar ideia com os outros jogadores via chat de jogo ou pelos fóruns – e bem mais tarde foi a vez de fazer tudo isso falando ao vivo e em tempo real, por VoiP.

O que nos leva ao ponto seguinte.

9. Fair play

Essa eu aprendi com as redes de jogos online, cheias de jogadores tóxicos.

Não lembro quando foi a primeira vez que eu vi alguém (incluindo eu) se irritar durante ou após um jogo por qualquer motivo besta e resolver descontar nos outros. Só sei que tão cedo não verei a última, já que essa situação é muito comum: jogadores sendo aberta e intencionalmente escrotos com os outros, a ponto de tornar a partida inviável e estragar a experiência de jogo alheia.

Podem ser coisas pequenas como jogadas ou estratégias concebidas exclusivamente para estragar a diversão dos outros a coisas mais sérias como bullying, discursos de ódio, ameaças e agressões.

E aí o jogo perde o seu sentido de ser vira uma disputa de quem fica na situação mais miserável primeiro.

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Isso acontece inclusive dentro das próprias equipes de jogo, quase sempre com o objetivo de tentar melhorar o nível da galera. O resultado é, quase sempre o solapamento do moral do time. É difícil cooperar com quem quer te foder. Quando essa situação se instala e se alastra, as chances de fazer um jogo decente (nem me refiro à vitória) são nulas. E uma derrota só contribui para aumentar a animosidade e começar um novo ciclo de escrotidão.

Essa lição eu vivo revendo e reaprendendo, porque esse tipo de comportamento tóxico tem conseqüências fora do jogo: o preço para quem faz é a deterioração das relações com as outras pessoas, e o prejuízo de quem sofre é ter que tratar de feridas corporais, emocionais.

Em certos casos, há o comprometimento da própria relação com o lúdico, que acontece quando o sujeito nunca mais quer brincar daquilo.

Ninguém gosta de perder, mas é difícil ser feliz em qualquer jogo se a única fonte de felicidade é a vitória. E, a menos que a gente só jogue paciência, precisamos dos outros pra continuar a brincadeira

10. Ludicidade

A lição mais difícil de sacar (e que tem cara de óbvia depois de aprendida) diz respeito ao limite dos jogos: afinal de contas, o que sobra depois que a partida acaba? Sobra algo pra gente levar (ou deixar) depois do jogo?

Em 99% dos casos, não há qualquer ganho de natureza financeira, social, política ou do que quer que seja. Não fiquei mais rico, nem mais bonito, nem ganhei um título pomposo de campeão (que, dependendo, pode valer pouco mais do que não ter título algum). Na melhor das hipóteses, ganhei algum prêmio simbólico por ter participado de um ou outro torneio e só.

Ok, existem os jogadores e atletas profissionais, que ganham rios de dinheiro. Ainda assim, eles pagam um preço bem alto: tem seus corpos castigados e se aposentam cedo, sem qualquer chance de poder trabalhar exatamente da mesma forma na velhice. Nesse caso, seria correto dizer que estão pagando os salários, glórias e prêmios com a sua saúde e sua vida, não necessariamente suas vitórias.

Ainda assim, milhões de jogadores de tudo que é modalidade não podem sonhar com uma vida assim. Porque jogamos então? Porque gastamos nosso precioso tempo de vida e nosso dinheiro nesse tipo de atividade?

Gosto de pensar que o jogo nos possibilita sair dos nossos mundinhos habituais. Num paralelo com o teatro, colocamos outras máscaras e encarnamos outras pessoas. Evocamos nossas habilidades e interagimos com tantas outras. E por meio dessa interação, podemos conhecer melhor os outros: sua maneira de pensar, seus maneirismos, seu temperamento, etc.

É uma forma eficiente de construir relações e de destruí-las também, se não tomarmos cuidado.

No meu caso, também foi uma porta de entrada para uma forma sutil de entender aspectos sutis da realidade, expressos na matemática das probabilidades e manifestos no jogo. Entender o quanto que um percentual de erro e acerto é perigoso, dependendo do contexto. Números não costumam ter cor ou sabor, e sempre parecem abstratos demais, até você meter a mão neles por intermédio do jogo.

Também é uma forma sutil de entender a mente e os ânimos da pessoas – não só os nossos como dos companheiros de jogo. Imagine quantas vitórias já não foram conquistadas porque um jogador soube, sabiamente, apertar os botões certos dos nervos do rival, ou porque descobriu um um novo jeito de apertar os botões dos próprios nervos e se reinventar no meio do jogo.

Eles são as saídas mais acessíveis para nossos potenciais criativos e lúdicos, justamente porque nos transportam de uma esfera de realidade pra outra instantaneamente.

11. Mente de principiante

De tudo que eu já joguei na vida, o futebol é o meu calcanhar de aquiles: sempre fui terrivelmente ruim de bola e até algum tempo atrás, não conseguia criar conexão alguma com as partidas. Para mim, que não tenho saco de assistir replay de jogo de poucos minutos no Twitch, era absolutamente inviável ficar sentado por uma hora e meia assistindo um jogo de outras pessoas.

E sempre me espantou a capacidade do brasileiro de absorver conhecimento futebolístico e refletir sobre o assunto com grande eloqüência e desenvoltura. Até quem não sabe fazer um passe direito é capaz de entender razoavelmente o que se passa em campo e imaginar situações possíveis para uma determinada jogada ou uma situação específica do jogo.

O torcedor, em especial, nunca fica preso a nenhuma situação de jogo, por melhor ou pior que ela seja. Tirando o apito final, nada ali é definitivo.

Eu acho essa capacidade de visão e imaginação a coisa mais linda do mundo. Sério, é um dos maiores testemunhos da nossa genialidade. Tal habilidade não só tem o poder de virar o jogo como ainda tem a chance de reinventar a própria maneira de jogar.

Dizem que não se deve mexer em time que está ganhando, mas não custa nada ter um plano B ou C para as emergências. Talvez seja por isso que nossos técnicos, após ganhar uma certa quantidade de competições, estabeleçam um estilo de jogo mais rígido, com o qual estão mais acostumados a vencer… até o dia em que perdem (seus cargos, inclusive).

Sonhar, imaginar, ter visão, pensar fora da caixinha: chame do que quiser, mas é possivelmente a habilidade mais valiosa de se levar para fora dos jogo.


por Rafa Monteiro








02 Oct 17:45

A explicação mais sensata para a Microsoft não chamar seu próximo OS de “Windows 9″

by Felipe Ventura
Silvano.pereira

hauehaueh
Muito bom!!!

Esta semana, o Windows 10 pegou todo mundo de surpresa: por que ele tem esse nome? Cadê o Windows 9? Terry Myerson, chefe do Windows, apenas disse misteriosamente que “quando você vir o produto em sua plenitude, eu acho que você vai concordar conosco que [Windows 10] é um nome mais apropriado”.

No entanto, há uma explicação não-oficial muito convincente para a Microsoft deixar o Windows 9 de lado: esse nome faria diversos programas pararem de funcionar.

O usuário cranbourne do Reddit diz:

Sou desenvolvedor Microsoft. Rumores internos dizem que os primeiros testes revelaram que muitos produtos de terceiros tinham código na forma

if (version.StartsWith (“Windows 9″))
{/ * 95 e 98 * /
} Else {

e que esta foi a solução pragmática para evitar isso.

Explicamos. Para verificar qual versão do Windows o usuário está rodando, uma maneira fácil – e ruim – é ler o nome do sistema operacional. O código acima lê “Windows 9″ e entende que o sistema operacional deve ser o Windows 95 ou o Windows 98.

A não ser, claro, que exista um Windows 9.

Parece que muitos programadores não acharam que existiria outra versão “Windows 9x”, ou não se importaram de preparar seu software para o futuro. Infelizmente, isso é muito comum, especialmente em código Java:

Reprodução

Quem tem alguma experiência em programação sabe que há um jeito melhor de fazer isso: detectando a versão do kernel. O Vista é 6.0; o Windows 7 é 6.1; o Windows 8 é 6.2; o Windows 8.1 é 6.3; e o Windows 10 é 6.4 – isso sem contar as versões para servidor. (Você pode checar a versão digitando “winver” no menu Iniciar e teclando Enter.)

Ou seja, se seu programa é compatível com Windows 7 ou superior, basta permitir que ele rode em kernel de versão 6.1 ou superior. No entanto, até isso causa problemas.

Em 2011, Uday Shivaswamy disse na conferência Build que a Microsoft testou seis mil programas para identificar o efeito de mudar a versão do kernel de 6.1 (Windows 7) para 6.2 (Windows 8). Dos programas testados, 400 deles (7%) “falhavam instantaneamente”, seja na hora de instalar, seja na hora de rodar. E a Microsoft não podia fazer nada: cada programa precisava de uma solução diferente.

Chamar o próximo sistema operacional de Windows 9, então, traria dois problemas: uma versão diferente do kernel, e um nome que poderia ser confundido com Windows 95/98 por causa de um código preguiçoso.

Esta teoria é bastante sólida, mas provavelmente nunca saberemos se ela é real. A Microsoft apenas diz em comunicado que o Windows 10 “não é uma mudança incremental, e sim um novo Windows que irá capacitar o próximo bilhão de usuários”.

O Windows 7 também causou uma polêmica por causa do nome. Como a Microsoft contou até sete? A empresa explicou na época que o “Windows 4″ são as versões 95/NT 4.0/98/Me. O “Windows 5″ é o Windows 2000/XP/Server 2003/Home Server. E o “Windows 6″ é o Vista e Server 2008. [Reddit via Extremetech]

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02 Oct 13:45

O Mar de Aral secou ao longo dos anos e agora praticamente não existe mais

by Daniel Junqueira
Silvano.pereira

A versão master extreme da nossa cantareira hehe

O Mar de Aral, na Ásia Central, secou. O que foi um dia o quarto maior lago do nosso planeta agora não é quase nada – e a culpa é de projetos desastrosos de irrigação.

Nos anos 1960, a União Soviética preparou um imenso projeto de desvio de águas do Mar de Aral para as planícies áridas do Cazaquistão, Uzbequistão e Turcomenistão. Por um lado, o projeto foi bem sucedido, e fez o deserto florescer. Mas seu efeito colateral supera qualquer benefício, e o mar praticamente não existe mais.

As imagens que abrem o post foram capturadas pelo satélite Terra da NASA e mostram o mar em 2000 (à esquerda) e em 2014 (à direita). Eis a explicação da NASA:

Em 2001, a conexão ao sul tinha sido cortada, e a parte oriental rasa recuou rapidamente nos anos seguintes. Recuos especialmente grandes na parte oriental do Mar do Sul parecem ter ocorrido entre 2005 e 2009, quando a seca limitou e então cortou o fluxo do Amu Darya. Níveis de água oscilaram anualmente entre 2009 e 2014 em anos alternadamente secos e com muita água. As condições secas de 2014 fizeram a parte leste do Mar do Sul secar completamente pela primeira vez em tempos modernos.

As consequências diretas disso são claras: comunidades da região não terão água, mas tem muito mais coisa além disso. A areia salgada do fundo do antigo lago voou para campos próximos e degradou o solo, e plantações na região precisaram receber água do rio. A ausência da água do antigo lago tornará os invernos mais gelados e os verões mais quentes e secos. [NASA via io9]

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02 Oct 13:39

Whatsapp e o pornô

by Manoel Galdino
Silvano.pereira

Eu concordo completamente!
Acho muito baixo esse tipo de coisa...

Suponho que todo mundo que tem whatsapp saiba que ele é, provavelmente, a maior rede de troca de arquivos pornô do Brasil. Em tempos de internet, o que não falta é conteúdo pornô à disposição. Tá certo que às vezes dá pra ter medo de pegar vírus. E o sucesso do whatsapp nessa seara pode ser um pouco por causa disso. Mas eu suspeito que o sucesso pornográfico do whatsapp reside em outro aspecto.

Quase todo dia eu recebo pornô no whatsapp seguido de fotos do facebook ou diálogos do whatsapp identificando a mulher das fotos, contando a história dela. Invariavelmente com o propósito de deixar bem claro a humilhação que ela está sofrendo. Ou seja, não se trata de compartilhar pornô anônimo. Esse nós encontramos na internet. O que querem é o pornô identificado, de preferência com doses sádicas de humilhação alheia.

Eu confesso que não entendo muito bem a psiquê desses compartilhamentos. E esse post é um pouco para compartilhar – eita verbo – minha incredulidade e estupefação diante desses fatos. Tudo se passa como se quiséssemos apontar os dedos coletivamente. Como se o gozo não se desse pelo pornô, mas pelo pornô seguido do apontar o dedo. Não é uma anônima, mas a Maria amiga do João.

A coisa funciona mais ou menos assim. Alguém manda umas fotos ou vídeos de mulheres fazendo sexo ou em poses sexuais, nuas. E, aqui é o registro mais curioso, muitas vezes acompanham fotos do facebook da menina, com nome, amigos, dados do perfil, de forma a poder identificar a história da menina e a própria menina na rede social. Não basta que as fotos sejam de anônimas. É preciso identificar o objeto da pornografa e permitir o linchamento virtual da pessoal. Em suma, queremos dar nomes aos bois.

Pensando sobre o assunto, lembrei que o post mais visitado do saudoso blog do Hermenauta foi, por muito tempo, sobre Leila Lopes e o pornô. Nele, o Hermenauta, analisando o processo de normalização do pornô no Brasil, diz a certa altura:

No fundo a história da Leila é algo cômica e algo triste, o que me faz pensar que a tal da “normalização” do pornô ainda vai demorar um pouquinho enquanto tiver que depender de ruínas humanas (grifos meus).

Ele estava falando de outra coisa, mas penso que ele acertou onde não viu. Esse pornô de humilhação e apontamento de dedos do whatsapp é um pornô que depende da ruína alheia. Eu não sei o que isso significa. O que eu acho que sei é que não diz coisa boa sobre quem compartilha esse tipo de coisa.

ps.: eu nunca sei como reagir quando recebo essas coisas. Eu tenho ficado em silêncio, mas é um silêncio que tem me incomodado bastante. Esse post, de certa forma, é uma maneira de dizer, sem nomear as pessoas, que seria bacana se elas parassem com isso. Mas duvido que chegue ao conhecimento delas esse meu incômodo. Só se, como n’O Hermenauta, esse meu post se tornar o mais acessado do Blog. Pra quem tem um post sobre maconha e outro sobre casamento muito procurado por evangélicos como posts mais visitados, não seria algo tão absurdo.


Arquivado em:Manoel Galdino Tagged: Hermenauta, Leila Lopes, porn, pornô, pornografia, whatsapp
01 Oct 18:46

iOS Keyboard

More actual results: 'Hello. My name is Inigo Montoya. You [are the best. The best thing ever]', 'Revenge is a dish best served [by a group of people in my room]', and 'They may take our lives, but they'll never take our [money].'
26 Sep 19:00

Você provavelmente não é classe média

by Eduardo Amuri

O colégio onde eu estudei, a meu ver, era um colégio classe média. A turma aqui do PapodeHomem, pra mim, era uma turma de classe média.

Quando criança, ninguém passou fome. A gente não podia comprar bolacha Amandita e Calipso porque era caro, mas, sejamos justos, a gente comia Trackinas recheada. Recheada. Na minha casa não tinha bolacha de água e sal. Eu alugava fitas para meu Super Nintendo, mas só uma por semana. Meus pais economizaram por mais de ano para comprar um computador.

Todo mundo comprava roupa parcelada e se vestia bonitinho. As famílias se endividavam no final do ano, mas era normal. Poucos tiveram um flerte casual com o Serasa, a maioria do pessoal tinha o nome limpo. Alguns visitaram o Mickey, pagando o pacotão da CVC em 18x sem juros no cartão.

A gente não ia pra Salvador no carnaval. Mas a gente ia pro interior de São Paulo, passar 5 dias comendo miojo e salsicha, se apertando numa casa com 29 pessoas no interior de São Paulo. Atrasava um boletinho ou dois, ouvíamos nossos pais dizendo “Jesus, a situação tá difícil! É a crise!”, mas a gente acostumou. Quando criança, eu ia na Playland do shopping e gastava 10 reais: 5 brincando na maquininha de dar soco e 5 na maquininha de basquete.

Se isso não é ser classe média, meu Deus, é ser o quê?

Em época de eleição, com todos os candidatos soltando estatísticas sem parar, fui dar uma olhada nos parâmetros que o governo utiliza para considerar quem é classe média e quem não é. Acabei chegando no relatório do SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos):

faixasCM2012

Para ver maior, basta clicar na imagem

Classe média não é quem tem uma vidinha média. A classe média ganha de R$ 291 a R$ 1091 por mês, por pessoa. A classe média não vai na Playland. A classe média, como o próprio nome diz, é a classe na qual se enquadra a maior parte da população brasileira.

Óbvio que o custo de vida entra aqui. Existem lugares em que se vive, de maneira bem confortável, com muito menos do que o mínimo necessário para se sobreviver em uma das nossas grandes capitais, mas isso não torna tudo menos assustador. A maior parte da classe média ganha menos de um salário mínimo; 80% da população vive com menos de R$ 1000,00 por mês.

A verdade é que a bolha de privilégios na qual eu vivo não me deixa enxergar a realidade.

E você?

Onde você se enquadraria se lhe perguntassem a qual classe você pertence?

Porém, de acordo com a pesquisa do governo, onde você está?

O papo segue nos comentários.


por Eduardo Amuri








26 Sep 13:59

As contradições estão aí para todos

by Moysés Pinto Neto

dilma-marina

Infelizmente as eleições privilegiam o enfoque maniqueísta da política. A identificação inibe o debate, as bandeiras sobrepujam o pensamento e o fanatismo transforma-se em autoritarismo das certezas prontas, dos dogmas intocáveis, sem falar na agressividade das intervenções contra quem tem uma visão distinta da sua. Tenho observado excelentes teóricos que hoje em dia percebo somente como isso: excelentes teóricos, sem capacidade de se posicionar com a mínima racionalidade a fim de traduzir as lutas políticas e disputa de projetos em uma pauta a ser tensionada na esfera pública. Ao contrário, agem como torcedores de futebol, dispostos a defender seu time a qualquer custo e colocar a culpa no árbitro se a equipe falhar. As eleições estão sendo para mim um espetáculo de idiotização para muitos, incapazes de ouvir e levar a sério outras vozes que não seu próprio eco.

Uma das alegações mais recorrentes usadas contra Marina Silva, por exemplo, é de que teria contradições. Ora, a menos que um partido possa ter o direito ao monopólio das contradições, elas estão aí para todos. Diz-se que Marina tem ajuda dos bancos e que seria a candidata “tucana disfarçada” por causa disso. Lembro que uma das acusações mais costumeiras contra Lula era a de ser um neoliberal disfarçado, e que a relação do PT hoje em dia com empreiteiras, agronegócio e mesmo com os bancos está longe de ser transparente. No âmbito da política majoritária e em um país conservador como o Brasil, não há como escapar de contradições. As candidaturas que se orgulham de pureza mal conseguem atingir 1% dos votos, o que considero ser um problema grave para uma perspectiva que pretende justamente representar a população que é maioria, ou seja, os pobres. A pureza pode ser também o apaixonar-se pelas próprias ideias, como disse certa vez Rodrigo Nunes em outros termos e outro contexto, sem capacidade de ligar-se a demandas práticas e reduzindo-se a um nicho específico que só dialoga consigo mesmo.

É claro que há limites para as contradições. Cada um tem os seus. Eu, por exemplo, não voto em candidata que apoia Kátia Abreu nem Geraldo Alckmin. Purismo? Talvez. Mas a política reduzida à pura estratégia também me parece ruim. Pretender, no entanto, ser totalmente alheio às maiorias não me parece interessante. Precisamos superar essa concepção dialética da contradição que pensa a realidade como plana, unidimensional. A coerência plena também tem um quê de totalização, o que em nada combina com a multiplicidade que aprendemos a cultivar no pensamento depois do ocaso das totalidades. Por isso, proponho uma compreensão estratificada da política: significaria pensar que a política tem camadas de sentido, que também são camadas de força, a partir das quais se delimitam as relações de conflito e consenso. As propostas em nível de movimentos sociais, por exemplo, podem e devem ser muito mais radicais que no campo da política majoritária. Essas camadas não são estáticas. Ao contrário, são porosas, permeáveis e movediças. Um anarquista como eu, por exemplo, sonha com a pressão constante das camadas da sociedade libertária contra o Estado até o ponto em que este seria reduzido à indiferença, numa tendência talvez inversa ao estadocentrismo que vivenciamos. Mas reconheço que são níveis de discurso distintos, são campos de sentido que não são fechados, mas diferentes.

Se o nível da contradição não nos permite ir muito adiante em julgar, por exemplo, as duas candidaturas que atualmente estão na liderança, proponho uma comparação diferente. Em vez dessa concepção dialética destrutiva, sugiro uma compreensão perspectivista. Qual é o projeto positivo de cada uma das candidaturas e como avaliar?

O projeto de Dilma Rousseff é o crescimento econômico e social brasileiro. Ela é formada na matriz do pensamento econômico-social tradicional brasileiro, nos projetos que foram implementados em parte pelo nacional-desenvolvimentismo sem a contraparte da distribuição de renda. Dilma pretende aprofundar as políticas sociais que deram certo – ProUni, Bolsa-Família, Minha Casa Minha Vida (concesso non dato), Vale Cultura e outras – e a melhoria da renda da classe trabalhadora. Sua aposta é que o Brasil precisa aumentar seu ritmo de produção industrial, gerando emprego, renda e possibilitando a inclusão de todos na roda do desenvolvimento. Dilma vê no Pré-Sal a chance de promover a redistribuição dos recursos da educação e da saúde, planejando a extração dos recursos naturais brasileiros a fim de financiar as iniciativas. Tem planos de aceleração do crescimento com a construção de estradas e extensão da matriz energética com hidrelétricas. Percebe o agronegócio como oportunidade para melhorar os índices de produtividade e a balança comercial brasileira. Quer desburocratizar as relações econômicas a fim de que possa promover essa aceleração. Flexibiliza padrões da ortodoxia neoliberal a fim de que possa manter o crescimento, ou pelo menos evitar sua interrupção, aumentando os empréstimos de capital via bancos públicos mesmo que isso seja direcionado a grandes empreiteiras, já que elas ajudam a aquecer o mercado interno. Coloca as querelas políticas em segundo plano em relação a essas metas, porque considera que a melhoria inclusiva na vida dos trabalhadores está acima de pautas radicais, preservando por isso a aliança com o PMDB como garantia da governabilidade nos seus termos. Na política externa, Dilma representa a possibilidade – com o PT – de uma aliança Sul-Sul que fortaleça economicamente esse lado do hemisfério contra o todo-poderoso Norte. Não necessariamente isso significa vantagem direta para o Brasil, salvo a de constituir um eixo político. Trata-se de um projeto, portanto, desenvolvimentista e aceleracionista, visando ao crescimento econômico e social brasileiro e a construção de um país mais socialmente justo.

Marina vem de outra matriz. Suas ideias estão forjadas no pensamento ecológico e no pluralismo social. Ela é mais “pós-moderna” que Dilma (pessoal vai adorar bater nessa, mas está valendo). Marina é mais Edgar Morin que Celso Furtado, mais Caetano que Schwarz, mais tropicália que Cebrap. Sua visão é da complexidade, da necessidade de construção de uma nova matriz político-econômica que dê conta de problemas novos surgidos no século XXI. Ela expressa isso pela ideia de sustentabilidade. E diz que essa noção é multidimensional: ecológica, ética, estética, social, econômica e política. É mais ortodoxa na economia porque não vê no crescimento ou industrialismo o ponto central para o Brasil. Prefere a estabilidade conquistada por FHC que as apostas desenvolvimentistas de Dilma. Nas políticas sociais, como ela já reconheceu tantas vezes, percebe o PT como expert e por isso inclusive já sugeriu que o partido poderia se manter nesse setor no seu governo. Pretende, no entanto, mexer em pontos nevrálgicos do desenvolvimentismo que são a relação com a biodiversidade e a utilização desenfreada de combustíveis fósseis (que geram o aquecimento global). Também tem um visão diferente do desenvolvimento urbano, entendendo a cidade como ecossistema que precisa respirar de outra forma, desafogando-se dos automóveis e articular de outra forma a paisagem que não apenas pela relação emprego-renda. Dá um lugar mais importante para a cultura que o tradicional, valorizando a multiplicidade cultural e até natural. Por isso, os índios, que não por acaso não mencionei quando falei de Dilma, aparecem como protagonistas. No mapa de Dilma, eles existem como entrave. No de Marina, como sujeitos. Enquanto para Dilma o trabalhador é uma figura universal, Marina, meio “pós-modernamente”, meio pela sua ligação com sua origem, percebe o colorido da população brasileira e que nem todos precisam ser “incluídos” para termos um país melhor. Alguns precisam apenas ser protegidos. Marina também valoriza a política e tem uma noção meio utópica de que poderá fazer uma aliança transpartidária para renovar a república, usando a transição (governo só de 4 anos) como argumento. Pode ficar sem governabilidade e sem projeto com isso. Na política externa, Marina pode ser mais conservadora na aliança Sul-Sul que o PT vem construindo, mas é também a possibilidade de uma liderança para colocar a agenda ambiental em destaque no mundo. Lembro que parte da boa imagem de Lula foi construída de fora para dentro. Com Marina, pode ocorrer o mesmo. O projeto de Marina, portanto, é um projeto de sustentabilidade, com os limites que a palavra carrega para quem sabe as aporias do tema.

São dois projetos distintos e que merecem ser discutidos com seriedade. O jogo raivoso que vem sendo construído não colabora em nada para que a discussão seja introduzida no Brasil. Chamar Marina de tucana é a mesma coisa que chamar Dilma de peemedebista, ou seja, sabemos que apenas parte da verdade. Vale a pena deslocarmos um pouco a discussão do totalitarismo da ideia de contradição para os projetos positivos, a fim de decidir o voto de modo menos apaixonado e no limite idiotizado.

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25 Sep 20:59

União, Estado ou Munícipio? Aprenda o que é federalismo e saiba com quem reclamar do quê

by Thiago Trung

Qual é, exatamente, o problema com a educação do país? Quem é o responsável?

Falar que a educação é de péssima qualidade já virou tão clichê que ninguém aguenta mais (e, apenas para dar uma alfinetada para nos tirar da letargia, ficar repetindo isso à exaustão não nos faz uma pessoa crítica, só demagógica).

Porém, é importante conhecer a competência de cada ente federativo para realmente qualificar o debate político e não sair falando bobeira por aí, posando de engajado.

Estamos progredindo e chegamos ao terceiro texto da série “Para entender política”. Depois de termos apresentado a Constituição Federal e os direitos políticos dos cidadãos, passemos a um assunto que certamente irá melhorar sua argumentação em debates políticos: o federalismo.

O artigo 1º da Constituição Federal de cara diz que “A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal (…)”, e dá a dica de que federalismo tem a ver com a união de esferas políticas distintas. Dando uma mão para a Constituição Federal, pode-se entender que federação seria a união de unidades públicas com autonomia política e constitucional.

As unidades políticas não são hierárquicas

Não há hierarquia entre elas

Veja que interessante, um Município não está abaixo do Estado em que se insere, que, por sua vez, não está abaixo da União. Eles são, na verdade, complementares, o que não significa que o Presidente da República tenha algum poder hierárquico sobre os Governadores e Prefeitos.

A autonomia dos entes federativos é garantida de duas formas:

A primeira é estabelecendo fontes de custeio de suas atividades, seja pela instituição de tributos diretos a serem cobrados diretamente pelas unidades federativas, seja pela obrigatoriedade de repasses de receitas entre os entes federativos.

Existem, portanto, tributos federais, estaduais e municipais, e se você está indignado com a alíquota de algum deles, direcione sua crítica ao correspondente fisco: se está revoltado com o Imposto de Renda, buzine na união; se o problema é com o Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação, grite com o Estado; se é com o valor do Imposto de Transmissão de Imóveis Inter-Vivos, reclame com o Município, e assim para cada um dos tributos existentes atualmente.

A segunda forma de assegurar autonomia é distribuir competências entre as unidades políticas. Jurista entende competência como autoridade ou poder para decidir sobre algum fato, e não exatamente como capacidade de realização satisfatória de algo.

Assim, dizer que Município é incompetente para legislar sobre direitos trabalhistas não é uma ofensa, mas apenas uma constatação de que não possui poder para tratar dessa matéria.

A ideia de distribuir competências é de permitir que a unidade política mais adequada trate dos temas que lhe afetam mais diretamente. Assim, assuntos considerados de interesse nacional, como segurança militar, direitos trabalhistas e normas de imigração, por exemplo, são de competência da União; assuntos de interesse local, como organização do plano diretor da cidade, são de competência municipal.

Os Estados, com algumas poucas exceções, ficaram com o que se conhece por competência remanescente, ou seja, o que não for da competência nem da União, nem dos Municípios, é dos Estados.

A divisão de interesses, como se pode imaginar, não é lá muito estanque. Justamente por essa sobreposição de interesses entre as unidades federativas é que inventaram as competências concorrentes, em contraposição às competências privativas.

Nas competências concorrentes, em que mais de um ente federativo tem interesse, a regra geral é que a União deve estabelecer regras gerais, enquanto que Estados e Municípios estabelecem regras específicas. Este assunto não é lá tão simples e dei uma boa simplificada, mas fiquemos com essa noção de que competências podem ser individuais ou compartilhadas.

Retomando o caso da educação e os papéis específicos da União, Estado e Município

Quem cuida da escola dela: município, estado ou união?

Quem cuida da escola dela: município, estado ou união?

Um belo exemplo de competência concorrente é a educação, e aqui peço licença para me desviar da Constituição Federal e dar uma olhadela na legislação infraconstitucional para explicar melhor o conceito de competência concorrente, e também para discorrer um pouco sobre esse assunto que virou carne de vaca em qualquer discussão política.

O artigo 23, V, da Constituição Federal diz que é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à ciência.

A União, cumprindo seu dever de estabelecer regras gerais (previsto no artigo 22, XXIV, da Constituição Federal), aprovou a Lei n.º 9.394, com as Diretrizes e Bases da Educação. Se você tiver um tempinho, dá uma lida nela, só para se inteirar um pouco sobre o assunto.

Escolhendo apenas algumas competências mais interessantes, vemos que cabe à União:

(i) estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, diretrizes para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a garantir uma formação básica comum aos brasileiros;

(ii) assegurar um processo nacional de avaliação do rendimento escolar no ensino fundamental, médio e superior, em colaboração com os sistemas de ensino, objetivando a definição de prioridades e a melhoria da qualidade do ensino.

Perceba que se julgou importante para a nação assegurar uma formação básica comum a todos seus nacionais e avaliar o resultado de tal educação. Já ouviu falar do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio)?

Então, é por isso que é o Ministério da Educação quem cuida do ENEM, e não outro órgão, pois se pretende verificar se essa base educacional comum atinge todos os cidadãos do país, e não somente de determinados Estados ou Municípios.

A União pode, também, organizar instituições de ensino por si, mas sem a obrigatoriedade de assegurar nenhum tipo de formação. Por isso vemos que existem universidades e escolas de ensino técnico federais. Os deveres de educação básica, mesmo, são dos Municípios e dos Estados.

Aos Municípios cabe oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas, e, com prioridade, o ensino fundamental, sendo permitida a atuação em outros níveis de ensino somente quando estiverem atendidas plenamente as necessidades de sua área de competência e com recursos acima dos percentuais mínimos vinculados pela Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento do ensino.

O Município, assim, deve priorizar o ensino fundamental e, se sobrar uma graninha, fazer creches e pré-escolas. Se ainda assim sobrar dinheiro, aí sim ele pode investir em outros níveis de ensino.

Já aos Estados cabe assegurar o ensino fundamental e oferecer, com prioridade, o ensino médio a todos que o demandarem, lembrando que o ensino médio pode preparar o estudante para o exercício de funções técnicas. O mesmo raciocínio do Município se aplica a este caso: o Estado deve priorizar o ensino médio e técnico, depois o ensino fundamental, e só depois outros níveis de ensino.

Agora sim podemos seguir com a pergunta inicial do texto, “qual é, exatamente, o problema com a educação do país?”

É o currículo das escolas? Brigue com a União.

É a falta de creche ou um ensino fundamental porco? Culpe o Município.

É o ensino médio que não prepara para os vestibulares mais concorridos ou a falta de bons ensinos técnicos como alternativa à faculdade? Aí o negócio é com seu Estado.

Identificar com exatidão o problema que nos incomoda é o primeiro passo para podermos perseguir algo melhor e sair do discurso circular e vazio.

Indo mais fundo nas competências dos entes federativos

A União é o ente mais abrangente e tem como horizonte de preocupações questões que afetam o país em sua inteireza. Declarar guerra e celebrar paz, por exemplo, são atos que afetam a todos os brasileiros, então é natural que a competência para esses atos seja da União.

Questões monetárias – e aqui, refiro-me a questões que envolvem a nossa moeda, cuja unicidade permite a troca de bens dentro do país – e questões cambiais, que envolvem o controle das reservas de divisas internacionais, também são preocupação da União, assim como a manutenção de meios de comunicação dentro do território nacional por meio de serviço postal e da regulamentação das telecomunicações.

Mantendo essa noção de que os interesses da União são amplos, dá uma lida nos artigos 21 e 22 da Constituição Federal para ver quais são as outras competências (mesmo, vale entrar e ler). Você vai perceber que a distribuição de competências faz, pelo menos, um pouco de sentido, e, ainda que não saiba de cor todas elas, você poderá pensar suas opiniões políticas de maneira mais consciente.

Indo dos interesses mais amplos aos mais específicos, o Município tem competência para legislar sobre assuntos locais, como o plano de ocupação do solo, e organizar e prestar os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo. Entenda que a questão não tem a ver com a importância da matéria, mas sim com sua amplitude.

Só para não dizer que não falei de flores, os Estados têm competências comuns com a União, como cuidar da saúde e proteger o meio ambiente, algumas poucas competências exclusivas, como a exploração de gás canalizado e a determinação de zonas metropolitanas, e competências residuais, que, como já dito, são aquelas competências que não são nem da União, nem dos Municípios.

Este assunto é um campo fértil e entender que os entes federativos têm vidas separadas é um bom começo para avaliar de forma mais clara os governos federal, estaduais e municipais. Questões como educação, sobre a qual tratei muito brevemente, saúde e segurança são mais bem analisadas após a identificação das competências e responsabilidades de cada ator político.

Seria excelente se pudéssemos eleger um único bode expiatório para problemas dessa complexidade e malhá-lo como Judas, mas a verdade é que esses temas envolvem uma coordenação política cuja ineficiência raramente se deve a apenas um governo.

Agora não vá mais deixar os candidatos te enganarem prometendo o que está fora da alçada deles

Rir de um candidato com mote ridículo é óbvio, certo? Mas e o seu candidato com cara "real", já checou a proposta dele?

Rir de um candidato com mote ridículo é fácil. Mas e o seu candidato com cara “real”, já checou a proposta dele?

Um último aspecto sobre as competências que eu gostaria de indicar e que talvez possa lhe ser útil ao pensar seu voto é que os partidos e os próprios candidatos devem ter propostas condizentes com os cargos que pretendem ocupar (e, de forma reflexa, nós temos que ter expectativas reais sobre o âmbito de atuação de cada cargo).

Não nos adianta de nada que um candidato a Deputado Estadual defenda o matrimônio poliafetivo ou a redução da maioridade penal, pois essas matérias são de competência privativa da União – assim, o que ele pensa ou deixa de pensar sobre esses assuntos podem indicar uma possível identificação pessoal com os ideais do candidato, mas são inúteis do ponto de vista juspolítico.

Juro que tentei me conter e tratar dos assuntos básicos de forma direta. Assim como nos outros textos, muitas questões importantes e interessantes ficaram de fora, mas os comentários estão aí para isso.

Enquanto conversamos, vou agilizar o quarto texto dessa sériepara entender política, que tratará da divisão de competências entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

* * *

Nota do editor: esse é o terceiro texto da série “Para entender política, por meio da qual pretendemos elucidar, de maneira apartidária, conceitos políticos básicos para que possamos ter diálogos mais produtivos sobre esse tema tão importante. Afinal, é bem difícil palpitar quando não sabemos do que estamos falando. 


por Thiago Trung








25 Sep 14:18

iOS 8 já chegou a 46% dos dispositivos, mas sistema trava 78% mais que antecessor

by Felipe Ventura
Silvano.pereira

Meu deus iPhone trava =O

Uma das vantagens do iOS é que suas atualizações são distribuídas mais rápido que a concorrência: no mesmo dia, todo mundo (com dispositivos compatíveis) pode baixar a nova versão. O problema é que, com isso, bugs também se espalham mais rápido.

Cinco dias após o lançamento do iOS 8, 46% de todos os iPhones, iPads e iPods Touch já estavam rodando o novo sistema – isto é medido através dos acessos à App Store. O iOS 7 estava em 49%; e versões anteriores, em apenas 5%.

É uma dinâmica diferente do Android: em quase um ano, a versão 4.4 KitKat chegou a apenas 25% dos dispositivos, segundo o próprio Google. (A próxima versão, o Android L, deve ser lançada em outubro.)

No entanto, receber atualizações mais rápido tem suas desvantagens, tanto no Android como no iOS. No caso da linha Nexus, é preciso lidar com alguns bugs que o Google resolve após algum tempo.

No iOS 8, as reclamações são diversas: o Wi-Fi está mais lento que o normal; a bateria está acabando mais rápido; apps para o HealthKit não estão funcionando; e ele fica lento em dispositivos mais antigos.

Travamentos

E há outro problema: apps estão travando mais do que antes: a taxa de travamentos no iOS 8 é de 3,56%, contra 2% no iOS 7.

Os travamentos são maiores no iPhone 5S e anteriores (3,57%) que nos novos iPhones 6 e 6 Plus (pouco mais de 2%). Os números vêm da Crittercism, empresa que ajuda a monitorar o desempenho de apps, e fornece um serviço para desenvolvedores que atinge 1 bilhão de usuários ativos por mês.

Os travamentos são resultado de bugs no iOS 8 e nos apps. Portanto, à medida que forem lançadas atualizações para o sistema e para os apps, isso deve melhorar. Por enquanto, é mais um problema de atualizações que vêm rápido demais.

A Crittercism não divulgou dados recentes sobre o Android. Em março, a empresa disse que o KitKat, Ice Cream Sandwich e Jelly Bean tinham uma taxa de travamento próxima a 0,7%. O iOS 7.1 tinha uma taxa de 1,6%. [Apple via TechCrunch; ZDNet]

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25 Sep 14:14

Parece fácil entortar o iPhone 6 Plus

by Paulo Higa

iphone-6-plus-entortando

Um dos problemas citados logo após o lançamento do iPhone 5s, no ano passado, era o fato do smartphone entortar quando alguém sentasse com o aparelho no bolso de trás da calça. Até aí, tudo bem — estamos falando de um descuido, um peso muito grande aplicado sobre um aparelho eletrônico. O problema é que alguns usuários estão relatando que o iPhone 6 Plus está entortando mesmo no bolso da frente da calça.

Com tela de 5,5 polegadas e 7,1 mm de espessura, o iPhone 6 Plus é significativamente maior e um pouquinho mais fino que o iPhone 5s, mas também possui um corpo de alumínio, um metal bastante maleável. Ao MacRumors, um usuário relata que, depois de dirigir, dançar e cochilar durante o dia, com o aparelho no bolso da frente da calça, notou que seu smartphone grandalhão estava levemente entortado.

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O caso não parece ser isolado. Outro usuário, identificado como DevinPitcher, notou o mesmo inconveniente com o iPhone 6 Plus de um amigo — o aparelho estava no bolso da frente da calça e, ao tirá-lo, seu colega recebeu uma surpresa não muito agradável:

iphone-6-plus-entortado

Será que o iPhone 6 Plus está fino e frágil demais para um aparelho tão grande, que naturalmente sofrerá mais pressão dentro do bolso da calça? O fato é que o Unbox Therapy fez o teste para ver se o iPhone 6 Plus, de fato, entortava (e conseguiu). Obviamente foi feita uma força maior, mas é péssimo saber que existe uma possibilidade clara de envergar o aparelho permanentemente:

Mas isso é um problema específico do iPhone 6 Plus? Não dá para ter certeza, mas o mesmo teste foi feito com um Galaxy Note 3, de 5,7 polegadas. O phablet da Samsung, com corpo de plástico, chega a entortar um pouco ao aplicar bastante força, mas logo volta ao formato original:

Pelo menos já sabemos qual será a grande novidade no design do iPhone 6s Plus.

Parece fácil entortar o iPhone 6 Plus








24 Sep 20:26

Justiça quebra sigilo de grupos do WhatsApp usados para espalhar montagens de estudante

by Daniel Junqueira

A Justiça de São Paulo determinou a quebra do sigilo do WhatsApp após um caso de troca de fotomontagens de uma estudante universitária em posições pornográficas que fez a garota cogitar suicídio.

A 8ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça determinou que o Facebook deve abrir todas as informações relativas aos IPs dos envolvidos em dois grupos e as conversas trocadas entre os dias 26 e 31 de maio – e isso deve ser feito em cinco dias.

O problema é que o Facebook alega não ser possível fazer isso. A rede social comprou o WhatsApp em fevereiro por US$ 19 bilhões, mas a aquisição ainda não foi concluída. Por isso, segundo o Facebook, essas informações não estão com a rede social, e sim com a WhatsApp Inc, uma empresa com sede nos EUA e sem representação no Brasil. O relator do caso, desembargador Salles Rossi, não quer saber. “O serviço do WhatsApp é amplamente difundido no Brasil e, uma vez adquirido pelo Facebook e somente este possuindo representação no País, deve guardar e manter os registros respectivos, propiciando meios para identificação dos usuários e teor de conversas ali inseridas – determinação, aliás, que encontra amparo na regra do artigo 13 da Lei 12.965/2014 (conhecida como Marco Civil da Internet)”, disse em seu voto.

De acordo com o G1, as imagens da estudante universitária eram montagens feitas a partir de fotos do seu perfil do Facebook e colocavam a garota em posições pornográficas. Essas imagens, compartilhadas em dois grupos, ainda continham o número de celular da garota, que passou a receber ligações com pedidos de programas sexuais. Segundo a mãe da estudante (que também é sua advogada), a ideia é identificar os responsáveis pela montagem e a divulgação das imagens para responsabilizar criminalmente essas pessoas – a estudante chegou a pensar em suicídio por causa da repercussão das fotos.

É triste ver uma ferramenta como o WhatsApp sendo usada para essas coisas. É assustadoramente comum pessoas usarem o app para chamada pornografia de vingança – quando fotos e vídeos íntimos de mulheres são distribuídas sem o consentimento delas. Neste caso, montagens da garota foram feitas para fins de difamação. Felizmente dessa vez a estudante aparentemente seguirá com sua vida – mas, em muitos outros, a vítima não aguenta o sofrimento. [TJSP, G1]

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